Os 85 anos de Chet Baker, uma lenda do jazz

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Enviado por Mara L. Baraúna
 
 
85 anos de Chesney Henry “Chet” Baker, Jr. (Yale, Oklahoma, 23 de dezembro de 1929 – Amsterdã, 13 de maio de 1988)
 
Nascido Chesney Henry Baker Jr. em 23 de dezembro de 1929, em Yale, Oklahoma, Chet Baker era filho de Vera Baker e Chesney Henry Baker.
 
Baker nasceu e foi criado em uma família musical. Seu pai, Chesney Baker, Sr., era um guitarrista profissional, e sua mãe, Vera, era uma pianista talentosa que trabalhava em uma fábrica de perfumes. Baker começou sua carreira musical cantando em coro de igreja. Seu pai o apresentou a instrumentos de metal como um trombone, que foi substituído por um trompete quando o trombone revelou-se demasiado grande.
 
“Quando eu tinha treze anos, papai chegou em casa com um trombone. Tentei tocá-lo durante umas duas semanas, sem muito sucesso. Eu era pequeno para minha idade e não conseguia alongar até o fim a vara do trombone. Além disso, o bocal era muito grande para os meus lábios. Depois de umas semanas, o trombone acabou desaparecendo, e em seu lugar surgiu um trompete, que era muito mais apropriado para o meu tamanho”.
 
Desde o primeiro momento com seu instrumento o talento era visível. Dominou rapidamente o modo de soprar no trompete e desenvolvia sua habilidade mais rápido do que assimilava a teoria musical. Talvez este tenha sido o fator decisivo para que Chet Baker preferisse tocar de ouvido, um hábito que o acompanhou durante toda a sua carreira.
 
Baker recebeu alguma educação musical em Glendale Junior High School, mas deixou a escola em 1946, para se juntar ao exército dos Estados Unidos. Ele foi enviado para Berlim, onde se juntou à banda Army 298. É nesse período que ouve jazz pela primeira vez, pela rádio do exército.
 
Quando Baker retornou à vida civil começa a estudar teoria musical no El Camino College, na Califórnia. Logo ele estaria conduzindo seu próprio grupo. Ele gravou muito durante a década de 1950 – muitas vezes cantando com uma voz sedutora que complementou sua boa aparência – bem como tocando.
 
Sem motivo aparente decide se realistar no exército e  volta a tocar na banda militar. Entediado, deserta e volta para Los Angeles
 
Iniciou, com apenas 22 anos,  a sua carreira de sucesso com Charlie Parker quando este estava à procura de um trompetista para acompanhá-lo em sua turnê pelos Estados Unidos e Canadá. Baker tinha grande afeição por Charlie Parker, por sua gentileza, honestidade e pela maneira como protegia os músicos da banda, tentando mantê-los longe da heroína que tanto lhe corroía.
 
 
Em 1952, quando Gerry Mulligan começou a formar seu famoso quarteto sem piano – chamado de pianoless jazz (a importância dessa inovação é grande pelo fato de ser o piano o instrumento que geralmente conduz a harmonia das canções), escolheu Baker, com quem já havia tocado em jam sessions, para dividir a frente do palco. Gerry Mulligan criou o estilo ‘west coast’, um estilo de jazz mais calmo, menos frenético cujas músicas caracterizavam-se por composições mais elaboradas. Sua versão de ‘My Funny Valentine’ com Mulligan é clássica.
 
http://youtu.be/Q-0mBZn5yRM]
 
Amante do jazz, Baker não tardou em conquistar o sucesso, sendo apontado como um dos melhores trompetistas do gênero. Rapidamente se tornou uma estrela.
 
Quando Mulligan se afastou do conjunto por motivos diversos – seu envolvimento com drogas era o maior deles – Chet Baker tomou pra si a liderança e rearranjou o quarteto adicionando o pianista Russ Freeman, um de seus mais notórios parceiros durante toda a sua carreira.
 
Chet conquistou um novo público ao lançar-se como cantor, à frente do próprio quarteto. Viajaram pelos EUA com grande sucesso, e nessa época Chet Baker começou a ganhar prêmios nas revistas especializadas. Após desentendimentos o quarteto se desfez e Baker seguiu para a Europa. Sozinho, permaneceu na Europa tocando com músicos de todos os níveis.
 
Em 1950 foi preso pela primeira vez por porte de drogas e quando voltou aos EUA começou a consumir drogas pesadas por volta de 1956. Com isso, se envolveu em diversos problemas tendo sido internado no Hospital de Lexington e preso em Riker’s Island por porte ilegal de drogas. Sem uma autorização para tocar em lugares que servissem bebidas, resolveu voltar para a Europa. Vive e toca na Europa pelos próximos quatro anos, sediado na Itália, onde também é preso por drogas.
 
Em 1954 Baker venceu o Downbeat Jazz Poll.
 
Por causa de sua beleza, Hollywood se aproximou de Baker e ele fez sua estreia como ator no filme Hell’s Horizon, lançado no outono de 1955.
 
http://youtu.be/V4R8xopeGCM]
 
Em 1956 ele se casou com Halema, uma bela mulher paquistanesa que aparece em algumas das famosas fotografias de Baker tomadas por William Claxton. Eles tiveram um filho, Chesney Aftab Baker, em 1957 (“Aftab” é mais ou menos equivalente a “júnior” na pátria de Halema). Em 1959, Baker saiu para fazer um show e deixou Halema e Chesney Aftab com o escultor americano Peter Broome em Paris. Broome e Halema começaram um relacionamento e, posteriormente, o escultor adotou a criança.
 
 
Em 1961, Baker conheceu uma atriz Inglesa, Carol, na Itália. Eles se casaram em 1964 e tiveram três filhos: Dean,  Paul e Melissa
 
Ele foi um dos músicos mais importantes da sua geração e esteve sempre à frente do seu tempo. Além de tocar seu instrumento como poucos e com absoluta suavidade, Chet Baker também inovou ao colocar sua voz pequena, porém sempre bem colocada e muito afinada, inaugurando um estilo único, que influenciou vários artistas. Ele ajudou a estabelecer o que viria a ser identificado como “cool jazz”: uma música econômica, de poucas notas, mais tranquila e fria, oposta ao bebop incendiário de Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Bud Powell, cujos temas tinham ritmo veloz e fraseados cheios de notas.
 
A vida pessoal de Baker muitas vezes ofuscou a profissional. Ele era extremamente talentoso, mas sua dependência de drogas arruinou sua reputação nos EUA, mas valeu-lhe grande de simpatia entre muitos europeus. Esta simpatia não foi compartilhada, no entanto, por parte das autoridades na Europa, e ele foi banido de vários países durante a década de 1960, só sendo permitido retornar no final de 1970.
 
A maior crise, entre tantas, em sua vida foi um agressão física por traficantes no final dos anos 1960 que destruiu seus dentes. Em consequência da agressão sofrida, Chet teve que tirar todos os dentes da arcada superior, fato desastroso para um trompetista, que mudou toda a sonoridade das suas canções e até da sua voz quando cantava. Na fase em que teve mais problemas com drogas, vagou pela Europa e chegou a trabalhar como frentista em um posto de gasolina.
 
O músico foi preso várias vezes em função do vício, sua vida, no geral, foi nômade e desorganizada. Sempre precisando de dinheiro, aceitou propostas duvidosas de gravadoras precárias, nas quais não ficava muito tempo. O resultado disso tudo foi uma discografia extensa e de alguns itens descartáveis.
 
Existem diferenças de opinião sobre os altos e baixos na qualidade do seu trabalho , mas todos concordam que a década de 1950 – especialmente a parte inicial da década – fosse seu apogeu. A avaliação geral é que pouco do que ele gravou em 1960 foi particularmente bom; No entanto, enquanto alguns pensam que ele nunca se recuperou, muitos aficionados sustentam que ele realmente melhorou durante seus últimos 14 anos de vida, quando ele voltou após a perda de seus dentes.
 
Em 13 de maio de 1988, Baker caiu de uma janela de quarto de hotel em Amsterdã. Até os dias de hoje as circunstâncias da sua morte são imprecisas, deixando dúvidas e várias versões foram sugeridas sobre o que realmente aconteceu. Suicídio, acidente, assassinato são algumas das hipóteses possíveis, pois ele despencou estranhamente do 2º andar do hotel, com apenas 58 anos de idade, mas com aparência de mais de 80 anos, principalmente em razão da sua dependência às drogas pesadas.
 
A heroína foi encontrada  em sua corrente sanguínea, e tanto a heroína como a cocaína foram encontradas em seu quarto, que estava trancada por dentro. Seu corpo foi enviado de volta para a Califórnia e enterrado ao lado de seu pai. Ele foi socorrido por sua mãe Vera, a esposa Carol e quatro filhos.
 
Em Oklahoma, funciona a Chet Baker Foundation, sem fins lucrativos, que preserva sua memória. Seu filho Paul Backer é o diretor executivo e responsável pelo acervo do artista, acompanhado de perto por vários conselheiros, que inclui a atriz Sharon Stone.
 
Em 1985, Chet esteve no Brasil em duas apresentações no primeiro Free Jazz. Acompanhado por uma banda liderada pelo pianista Rique Pantoja, com quem já havia gravado dois discos, o show carioca, segundo alguns, foi decepcionante, mas em compensação, o paulista foi um arraso.
 
Na sua cola, a organização contratou um médico que ministrava doses de metadona no combate a seu vício em heroína. Porém, Chet driblou a todos, conseguiu drogas e quase morreu de overdose em uma suíte do Hotel Maksoud Plaza.
 
Homenagens:
 
Ganhou o prêmio New Star para trompete no prestigiado Critics Poll Downbeat, em 1953.
 
O filme All The Fine Young Cannibals (1960), é uma produção levemente inspirada na sua vida (o personagem chama-se Chad Bixby)
 
Introduzido no Big Band e Jazz Hall of Fame em 1987.
 
Em 1991, o cantor / compositor David Wilcox gravou a canção “Unsung Swan Song de Chet Baker” em seu álbum Home Again , especulando sobre o que poderia ter sido os últimos pensamentos de Baker, antes de cair para a morte. A canção foi coberta por kd lang como “My Old Addiction” em seu álbum de 1997.
 
http://youtu.be/kEBncfBVmxQ]
 
Em 1991, ele foi introduzido no Oklahoma Jazz Hall of Fame .
 
Foi homenageado no documentário “Let’s Get Lost”, dirigido pelo fotógrafo americano Bruce Weber, feito com a colaboração do próprio Chet e que estreou alguns meses depois da sua morte, ocorrida no ano de 1988. Todo gravado em preto e branco, apresenta trechos de programas de TV e fotos do início da carreira, onde era comparado ao astro James Dean. A trilha sonora do documentário foi lançada também em CD.
 
Em 2013, com o álbum I Thought about you, a pianista e cantora brasileira Eliane Elias presta tributo  a Chet Baker, interpretando temas do repertório do saudoso trompetista. Vieram ao estúdio Randy Brecker, ao trompete, Oscar Castro Neves e Steve Cárdenas nas guitarras, Marc Johnson ao contrabaixo, Victor Lewis e Rafael Barata se revezando na bateria e mais o percussionista Marivaldo dos Santos.
 
http://youtu.be/vz2c_X18suU]
 
Fontes:
 
Candelabro aceso para Chet Baker (1929 – 1988) 
 
Chet Baker na Wikipédia 
 
Chet Baker na Wikipédia , em inglês 
 
Chet Baker no IMDb
 
Chet Baker (1929-1988), por V.A. Bezerra  
 
Chet Baker, a atuação que mudou a vida de João Gilberto, por Alfeu 
 
Chet Baker: o gênio branco do jazz , por Fernando do Valle
 
Chet Baker: o poeta do jazz, por Marcelo Lopes Vieira 
 
Conheça as músicas essenciais de Chet Baker 
 
O disco que João Donato não gravou com Chet Baker 
 
Gigantes do jazz: Chet Baker 
 
Livro revela as memórias de Chet Baker
 
Sobre Chet Baker: uma divagação apaixonada, por Andreza Spinelli Balln           
 
Toda vez que dizemos adeus, por Sergio 
 
A tragédia do esfolado vivo, por Antonio Gonçalves Filho
 
Discografia 1
 
Discografia 2
 
 
Livros:
 
Funny Valentine – The Story Of Chet Baker, por Mathew Ruddick
 
Memórias Perdidas
 
No fundo de um sonho: a longa noite de Chet Baker, por James Gavin
 
No rastro de Chet Baker: um caso, de Evan Horne 
 
 
Vídeos:
 
http://youtu.be/gfPeqWtvEYQ]
 
http://youtu.be/2Ynn3mzC2E4]
 
http://youtu.be/l7MlyBuLM5s]
 
http://youtu.be/GZGys4CH6CE]
 
[video:http://youtu.be/28OtugoJeXQ]
 
[video:http://youtu.be/-C-4V4-R_J4]
 
[video:http://youtu.be/asv5G50FKkI]
 
[video:http://youtu.be/jG7v8bMyQE0]
 
[video:http://youtu.be/6Xv65_OOZIE]
 
[video:http://youtu.be/1T9Q7FBve_U]
 
[video:http://youtu.be/VGx67-CttaA]
 
[video:http://youtu.be/lcjFM7MbNJI]
 
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[video:http://youtu.be/65e3EuXfH7Q
 
[video:http://youtu.be/OqQWVrfjatA
 
[video:http://youtu.be/thciE7l8Mz4
 
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[video:http://youtu.be/cb2qQJ-56Jk
 
[video:http://youtu.be/msOWXUTNlh0
 
[video:http://youtu.be/feW-n7uxzbY
 
 
Fotos
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

10 Comentários

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  1. Obrigada!!

    Que bom que gostaram, obrigada!!

    Fiz a pesquisa para o post inspiradíssima e com muita vontade de prestar uma bela homenagem a este incomparável músico. Tão talentoso e com uma trajetória tão conturbada, tão difícil, tão pesada. 

    Abraços.

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