Raimundo Francisco de Souza, o Louro Fera!
por Luciano Hortencio
Vi o Louro Fera pela primeira vez sendo preso pela polícia, ao tentar roubar um cofre do Laboratório Lepetit, vizinho à nossa casa na rua Guilherme Rocha, ainda na década de 1960.
Meu irmão Franzé chegava de uma festa e acordou-me para ver a embuança. Eu tremia como vara verde de tanto medo.
Passados muitos anos eu o tornei a ver como condenado e interno no IPPS. Se havia sido Louro Fera não se notava. Era uma boa pessoa, educado e prestativo e eu gostava de conversar com ele quando ele vinha saber do andamento de seus processos.
Certa vez contei ao Raimundo Francisco que havia presenciado sua prisão e ele contou-me todos os lances do assalto frustrado. Relatou como se não fora ele o personagem principal. Acho que ele não atingia o grau de responsabilidade que deveria ter.
Era tuberculoso e muito magro, porém sempre muito asseado e usava roupas bem lavadas e engomadas.
Tinha muitos processos pendentes e algumas condenações, porém tinha muita esperança em conseguir algum benefício legal. Consegui com a direção que ele fosse trabalhar como porteiro no setor jurídico e, certa feita, houve um concurso de composições elaboradas pelos internos e ele resolveu participar. Havia de tudo naquele concurso… Até Olinda, Cidade Eterna, foi incluída como composição, porém liminarmente excluída… rsrsrs
Raimundo Francisco de Souza participou do concurso com a música cuja letra segue abaixo. Achei-a tão sui generis que a aprendi e sei cantá-la até hoje.
Essa gravação é em homenagem ao compositor, que deve ter morrido, se Deus quiser, como RAIMUNDO FRANCISCO DE SOUZA.
Você é treiçoeira
Sem moral e desordeira
E não presta para amar ninguém
Não tem moradia certa
Bebendo faz a orquestra
Tocar o que não convém
Se você é sem moral
E também cara de pau
Só merece meu desdém.
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