Sobre a busca da ‘patente de invenção’ da Bossa Nova

Por Imbentoire

Comentário ao post “O Relógio da Vovó, de Garoto, obra seminal e desconhecida da bossa-nova

Como compartilhamento de conhecimento (aos que eventualmente não sabem):
 
Na área de “patentes”, existe (sem falar em direitos autorais) 3 tipos de “registro”, genericamente descritos assim:
 
Patente de Invenção (PI): quando algum produto ou processo é inédito (e viável).
 
Modelo de Utilidade (MU): Quando há um uso inédito ou inovador de algo que eventualmente já exista.
 
Modelo de Design (MD): Quando há uma forma inovadora de algo que já exista, mesmo para um uso já existente (ex: uma cadeira, uma chaleira, um eletrodoméstico, telefone, etc.).
 
Eu acho curioso que continuemos a buscar a “patente de invenção da Bossa Nova” (e seu respectivo “inventor”).
 
Continuo na defesa de que a BN foi um processo (musical, social, cultural, etc.) de contínuas agregações e modificações por vários contribuintes, até que se consolidou como um “estilo” (as vezes entendido como “ritmo” ou “batida”) facilmente identificável (no mundo).

 
Daqui a pouco alguém vai descobrir um músico do século XII que fez uma música com uma batida semelhante e será então o novo “inventor”.
 
Em termos de estilo, a bossa sintetizou samba com jazz e mesmo baião, além de outros e resultou em música com uma característica peculiar, que não era nenhuma delas.
 
Este “samba maxixado e soluçado” (que tem sons rescendendo até a tango) tem também um pouco da futura consolidação que viria então a ser chamada de Bossa Nova. Daí a jogar-lhe como “seminal”, o Nassifãome parece ter usado de sua conhecida “boa vontade”.
 
Outro dia aqui mesmo trouxeram o “nascimento” do rock em uma (excelente, como Garoto) música e cantora negra lá dos anos 30 (é tinha mesmo o estilo!). Mas o fato é que o rock & roll (música E dança), nasceu mesmo foi nos anos 50 e teve como rastilho os baby boomers e todo um estilo da prosperidade pós-guerra, de carros rabos de peixe, roadsters e dragsters, lanchonetes de burgers e hotdogs, calçsa e penteados, etc. Depois tornou-se uma geléia geral panacéica.
 
Assim como a Bossa Nova que se generalizou (ou descaracterizou), com os festivais caça níqueis e audiências e a tropicálica geleía geral na “MPB” (que tecnicamente já deveria existir).
 
Aí cabô o “cantinho e violão” de boates e becos.
 
Mas ficou!
Redação

2 Comentários

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  1. Com certeza, Macedo!

    Que não se entenda meu comentário como qualquer crítica ao nosso eterno Garoto ou a pérola trazida pelo Nassifão e seu jeitão bossa novista! Até porque Garoto participou deste “processo”, seja como referência. mestre, parceiro ou companheiro.

    Diria o mesmo do também grande João Gilberto, do nosso maestríssimo Tom, de Vinicius, Oscar, Carlinhos Lyra. Ou de Elizeth, Dolores Duran, Leni, Nara  e tantos outros e outras que jamais serão apenas “outros e outras”,

    Só temos que agradecer a estas gerações desde os tempos de Pixinga e mesmo de Chiquinha Gonzaga, que vieram num crescendo de poesia, ritmo, brasilidade, intrumentalidade, etc. com tantas referências para tantos inovadores que viraram referências que viraram …

    Lamento apenas que este “processo”, hoje, dê um pouco uma impressão daquele rio que chegou ao mar…

     

    PS: Nassif, pela minha omissão no comentário: valeu demais o Relógio da Vovó!

     

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