Te amo São Paulo, de Tom Jobim

Enviado por jns

 TE AMO SÃO PAULO

 

Redação

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  1. Urubu

     Tom Jobim

    Jereba é urubu importante como, aliás, todo urubu. Mas entre eles, urubus, observam-se prioridades. E esse um é o que chega primeiro no olho da rês. Sem privilégios.

    Provador de venenos, sua prioridade é o risco. O que ele não toca é intocável. Jereba é urubu importante e, por isso, ganhou muitos nomes. Peba. Urubupeba. Urubu Caçador. Achador. Urubu Procurador. Urubu de Cobra. Urubu de Queimada. Camiranga. Urubu de Ministro. De cabeça Vermelha. Urubu Gameleira. Urubu Peru. Perutinga.

    Um Mestre. Cathartes aura.

    Não confundir com Urubu Rei. Nem é Urububu. Não tem pompas; nem é tão igual assim. Só se parece consigo mesmo.

    Não é Urubutinga. Nem Urubu do Mar, Carapirá. Nem o de Cabeça Amarela, nem o famoso Urubu Chacareiro, que voa baixo sobre chácaras e quintais, só come manga e não existe. É mentira de caçador perna-de-pau, de cadeira de balanço, de aposentada carabina.

    Nem mera citação de nomes – Urubu Sonho. Nem conotação de azar – Urubu Morcego.

    Na verdade não és culpado da nossa devastação. Corcovado de duas corcovas, solenes ombros altos de tanta asa sobrante, as mãos cruzadas às costas, narinas conspícuas vazadas, grave, ministro de assuntos impossíveis, só tu sentas à mesa com o Rei.

    No chão não te moves bem. Fraco de pernas, maljeitoso, troncho, pousado és o mais feio dos urubus.

    Despropositado passarão.

    Matas com fezes ácidas a árvore onde dormes à espera do dia solar. E vem o dia, as termais e o vento, e a necessidade de voar.

    Dia velho, as asas aquecidas, o Jereba mergulha na piscina. Pé de serra, fim de baixada onde começa a ladeira e os contrafortes azulam na distância, o Jereba sobe na chaminé do dia. Urubupeba. As rêmiges das asas púmbleas, prata velha fosca, dedos de mão apalpando o vento, adivinhado tendências.

    Urubu Mestre. As grandes asas expandidas cavalgam as bolhas de ar quente emergentes da ravina. Tolo papagaio, tola pipa boiando no ar, não-querente, não desejo navegante, à deriva, à bubuia – pois sim! – preguiçoso atento dormindo na perna do vento. Esse sabe o que há de vir. Aquário do céu.

    Teu canto imita o vento. Hisss… As asas agora curtas, sobraçando trilhos de ar, pacote negro compacto, bico cravado no vento, velocidade feita letal, muro de azul aço abstrato – e adeus viola que o mundo é meu.

    Nas lentes dos olhos, a águia oculta y entrabas e salias por las cordilleras sin pasaporte.

    Urubu procurador. Urubu Achador. Que sabes do alto o que se esconde no chão da mata virgem e dos muitos perfumes que sobem do mundo.

    Eterno vigia de um tempo imperecível. Guardião de dois absurdos.

    Nos vetustos paredões de pedra, esculpidos pela millennia, dorme de perfil um urubu.

    A vida era por um momento.

    Não era dada. Era emprestada.

    Tudo é testamento.

    *

    Texto: http://paxprofundis.org/livros/tj/tj.htm

    1. Há beleza em todo lugar

      “Não tenho explicações para as minhas músicas. Fiz o que estava com vontade.”

      “Minha obra é toda um canto de amor ao Brasil, minha terra, povo, flora e fauna. À vista da minha janela ou da janela do avião.”

      “Sou brasileiro por determinação e não por opção. E não sou tolo de escrever ‘jazz’, ‘pop’ ou ‘rock’, porque nunca poderia competir com seus autênticos criadores.”

      “Eu não sou homem de negócios, não tenho apartamentos alugados, nem terrenos. O dinheiro que entra é para a casa, o carro, o uisquinho, a cervejinha.”

      “Os grandes músicos que eu conheço são sujeitos que só pensam em música. Eu não sou assim. Eu gosto de chope, eu gosto de conversar com as pessoas, eu gosto de falar numa outra língua, de entender o que o sujeito está dizendo em espanhol, em italiano, em…”

      “Mulher chega a um ponto em que quebra garrafa de ‘whisky’ na pia. Vocês sabem o que elas fazem… É a revolta, né? Mas não adianta, a gente compra mais.”

      “Uma coisa lamentável essa de sempre destruir tudo e plantar café, de plantar cana, que é a história do Rio de Janeiro, a história de São Paulo, a história do Paraná, a história da Mata Atlântica. Que pega essa coisa que Deus nos deu, linda, e transforma num deserto. Quer dizer: quando você vem dos Estados Unidos e olha pra baixo, a zona da Mata, em Minas Gerais, não tem mais mato nenhum. Está tudo destruído. Você vê aquelas voçorocas, aquelas gretas, a terra toda despencando, a serra despencando, não tem árvores… Está tudo erodido, pra não dizer…”

      “O Brasil persegue as pessoas que fazem sucesso. Não só o Brasil: o imposto de renda, os generais. Você, sendo um cidadão que trabalha, se transforma em um alvo nacional. É um negócio pavoroso.”

      “Há aquele que escreve pensando que é a ‘intelligentsia’; mas, de fato, é a ‘burritsia’.”

      Crédito:

      Frases do gênio Jobim publicadas na Internet

  2. Governador Valadares

    “Deixo suas margens ricas sob a sombra lírica da Ibituruna” – Zé Geraldo

    “Por ver se apagar a ilusão ardente/ Tão inconseqüente da paixão primeira” – Zé Geraldo

    Fotos disponibilizadas na Internet

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