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Viagem sonora pelas músicas indígenas da Colômbia na capital federal, por Valéria Amorim

Viagem sonora pelas músicas indígenas da Colômbia na capital federal

por Valéria Amorim

Brasilienses terão a oportunidade de prestigiar viagem sonora pelos sons indígenas colombianos. Entre os dias 24 de abril a 04 de maio, Brasília recebe Teto Ocampo, um dos mais renomados violonistas da Colômbia, para realizar palestras, oficinas, workshop’s e o show de lançamento do disco de Mucho Indio, “Ati” (mãe, na língua arhuaca).

Teto Ocampo busca encontrar novas músicas nas raízes antigas da Colômbia. Nessa trajetória, conheceu os indígenas Pits Piñacué, Seykumekun (Maria Teresa Villafañe) e Seyarin (Julio Torres), que lhes ensinaram música, medicina tradicional, práticas ancestrais e trabalho espiritual, tendo, a partir daí, junto à música, um compromisso com os povos indígenas.

O Músico, compositor e produtor musical colombiano é Diretor do grupo Mucho Indio, dentre as composições do primeiro disco publicado pela Polen Records em 2012, com músicas compostas por melodias arhuacas, nasas, kankuamas, huitotas e wayúu, uma delas, “Bunayama”, faz parte da trilha sonora do filme “El Abrazo de la Serpiente”, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2016.

https://www.youtube.com/watch?v=J0gz_Gisia8 align:center

O violonista é um dos artistas que influenciaram as pesquisas da nova música colombiana nos últimos 20 anos, seu novo álbum, sintetiza a última década de sua obra e vida, um registro de suas próprias notas a partir da linguagem da música indígena. Como parte do trabalho que vem desenvolvendo de composição e produção musical, busca mostrar o encontro entre diferentes culturas, unindo a música ancestral e a música moderna, tocando instrumentos indígenas e tradicionais e instrumentos modernos, junto à liberdade do jazz e a improvisação, onde se experimenta e se cria desde então uma música e arte nascidas de uma nova mestiçagem cultural.

 

MUCHO INDIO

“Mucho indio é uma expressão do racismo colombiano. As pessoas se referem aos povos indígenas como “mucho indio”, com condescendência. E em vez disso, descobrimos que “índio” é riqueza. A cultura indigena é uma ótima cultura que temos na Colômbia, que estamos começando a apreciar, e sobre a qual percebemos que não sabemos nada – eu também não sabia nada sobre isso. Então, eu tenho esse grupo chamado Mucho Indio, no qual eu escrevo novas músicas usando músicas muito antigas. Eu chamo isso de “paleofuturismo”: encontrar a música do futuro usando música muito antiga. Eu conheço melodias que vêm de espíritos antigos, de milhares de anos atrás, e que servem ao nosso propósito. Eu tento tratá-los de uma maneira que os dignifique.” conta o Músico.

As melodias que compõem o repertório de Mucho Indio foram chegando ao longo do tempo através dos encontros e compreensão de saberes “Cículo de Palabra” (Círculo da Palavra), prática ancestral indígena, onde sentados em roda diante do fogo são feitas práticas de limpeza da palavra e do pensamento. Segundo esses conhecimentos, estas melodias são espíritos muito antigos com os quais entramos em contato quando as escutamos. Para cada uma há um propósito espiritual e quem aprende a cantá-la, pode sentir a sua força em seu próprio corpo.

Por estarem desprovidas de fundamentos intelectuais da música ocidental e do drama como fonte de criação artística, as músicas de Mucho Indio conseguem transmitir a alegria e a serenidade dos índios, tendo o grupo também o propósito de ser um guardião da sabedoria antiga e de aproximar seus territórios desde a música. Graças à simplicidade de suas melodias e de sua repetição constante, quem as escuta pode entrar em transe e se conectar com o momento e o verdadeiro sentido espiritual da música.

O segundo álbum de Mucho Indio, ATI (“Mãe”, na língua arhuaca), acompanhado de um livro de partituras para violão. Surgiu no páramo (ecossistema acima de 3.000 metros de altitude, importante retentor de água) e em cerimônia diante do fogo da maloca, nele se encontram composições fundamentadas em melodias arhuacas e desenvolvidas com contraponto e instrumentação urbana. Você não pode perder a oportunidade de fazer parte desta viagem sonora!

 

AGENDA

A agenda do violonista é coordenada pelo projeto “Música e Cultura Brasileira”, que em parceria com Escola de Música de Brasília, Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, Projeto Clube do Choro 40 anos e a Universidade de Brasília realizam as atividades.

O violonista faz uma palestra na Escola de Música no dia 24 de abril, das 15h às 17h. E outra na UNB no departamento de música, no dia 26 de abril (quinta-feria). A entrada é gratuita (aberta à contribuição voluntária). Na palestra ‘Laboratório Paleofuturista’, Ocampo fala um pouco sobre seu método para encontrar uma nova música.

Já no dia 27 de abril (sexta-feira), acontece o workshop comandado pelo músico, na Escola de Choro Raphael Rabello. Das 15h às 18h, Teto Ocampo mostrará gravações, melodias e abordará vários métodos de composição. As inscrições podem ser feitas pela internet e o investimento é de R$120.

No dia 2 de maio (quarta-feira) acontece o show de lançamento do disco Ati (mãe, na língua arhuaca), no Clube do Choro de Brasília, as 21h. Os ingressos custam R$30(inteira). No repertório, Teto Ocampo apresentará músicas indígenas e tradicionais da Colômbia e composições autorais.

Fechando a sua visita ao Brasil, o músico ministra a oficina ‘Círculo da palavra, música & tradições indígenas’, nos dias 3 e 4 de maio, no Centro de Convivência Multicultural dos Povos Indígenas da Universidade de Brasília e faz participação no Concerto Cerimonial, no Memorial dos Povos Indígenas, das 20h às 22h. Ambos com ENTRADA GRATUITA, aberta à contribuição voluntária.

Mais informações e inscrições: www.musicaeculturabrasileira.com.br

Produção: Música e Cultura Brasileira

Catarina Bastos Daniel (61) 9 82534312

Assessoria de Comunicação: Candiá Produções

Valéria Amorim (61) 9 8242 4262

Redação

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