Murillo Da Rós entre as feras

Pode um artista independente, ou seja, sem nenhuma grande ou pequena gravadora por trás dele, tocando música instrumental estar concorrendo a um prêmio da MPB do porte do Prêmio da Música Popular Brasileira, do Ministério da Cultura?

Pois o violonista curitibano Murillo Da Rós está entre os pré-selecionados do 24º Prêmio da Música Popular Brasileira com CD e DVD, junto com nomes consagrados como Alcione, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Marisa Monte, Ana Carolina, Frejat, Alexandre Pires, Vitor e Léo, Zeca Pagodinho, Nação Zumbi, João Nogueira, Diogo Nogueira, Arnaldo Antunes e outros.

Tá certo que Murillo tem uma carreira sólida, é super conhecido no Paraná, virtuose que mistura o flamenco com a MPB, e já tocou com Badi Assad, Gilson Peranzzetta, no Brasil, com Jorge Pardo, Giuliano Pereira e Flavio Rodrigues, na Espanha, e excursionou por S. Petersburg (Russia) e Roma (Itália), além de ter tocado em várias cidades brasileiras. Mas daí a estar indicado a um grande prêmio entre artistas consagrados, tocando exatamente música instrumental abarrotada de informações, são quinhentos a considerar. Ou seja, não é pouco para um instrumentista original que tem somente a sua música para mostrar.

A mistura rítmica que Murillo enxerta nas suas composições são como as brincadeiras lépidas de outro gigante do violão: Raphael Rabello. Apesar da forte influência de Paco de Lucia e do jazz, a sua brasilidade não esconde o samba que, lá no fundo, pinça de gingado seus rápidos acordes, sua ágil mão direita, sua limpeza de primoroso concertista erudito. A ele, minha homenagem ao Dia do Músico.