Hangout para o Arena NET Mundial levanta bandeira da democracia na Internet

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A Secretaria-Geral da Presidência da República e o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) lançaram ontem (20) a consulta pública “Que Internet você quer?” no Participa.br, precedendo a realização da Arena NET Mundial, evento que discutirá os direitos e princípios para o futuro da internet, nos dias 22, 23 e 24 de abril, em São Paulo. Para marcar esse lançamento, foi realizado um Hangout, contando com a participação de diversos ativistas, profissionais da mídia e gestores da internet.

Assuntos como direito a conexão, acesso ao conteúdo, privacidade e neutralidade da rede foram debatidos no Hangout. “O evento NET Mundial vai tratar de governança, conferência multissetorial, interesses diferenciados e, o mais importante, tentará reunir o máximo de consenso possível em torno desse tema”, disse Pedro Pontual, educador popular, diretor de participação social da Secretaria-Geral da Presidência da República.

A preocupação pela liberdade na internet foi lembrada por quase todos os participantes. “Precisamos trabalhar a proteção dos conceitos que a internet trouxe, que são constantemente questionados, e que podem estar à margem dos riscos”, lembrou Demi Getschko, um dos responsáveis pela primeira conexão TCP/IP brasileira, em 1991, considerado um dos pais da Internet brasileira.

O artista e produtor do Teatro Mágico, Gustavo Anitelli, também participou do Hangout, levantando como o debate sobre a internet está sendo ameaçado hoje. “Uma das discussões é como os veículos de grande comunicação da internet tentam barrar a internet, a rede. Esses grandes veículos de comunicação vão ter sempre um motivo para cercear a rede, e os governos são sempre muito suscetíveis a essa grande mídia”, questionou o músico.

“O NET tem tudo para ser um marco global para uma discussão importante: manter uma internet livre exige uma grande mobilização social”, destacou Veridiana Alimonti, membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

“Esse é o ano em que a Web completa 25 anos, um ano de celebração desses princípios. A internet tem que ser global, não só geográfica, mas muito mais como meio e ferramenta em que todos possam participar, sem nenhum mecanismo de exclusão”, lembrou Vagner Diniz, gerente geral da W3C Brasil. “Pela primeira vez passamos a ter mais dispositivos conectados a internet do que pessoas conectadas”, destacou Diniz ao justificar por que é preciso discutir o assunto.

Democracia na rede foi o tema central.

O jornalista Luis Nassif lembrou o poder do mercado de ideias dentro da questão da Internet. “Durante o século 20, esse mercado teve dois atores soberanos: nas ditaduras, o governo; nas democracias, os grupos de mídia. Em ambos os casos, houve prejuízo à democracia e aos processos civilizatórios de inclusão social. E, em ambos os casos, o caráter extraordinariamente democratizante das mídias sociais se impôs sobre o poder arbitrário”, disse.

Dentro do aspecto democrático da rede, o ponto de maior alinhamento foi a neutralidade da rede, que essa semana esteve no centro dos debates do Congresso, durante a análise do Marco Civil da Internet.

O pensamento comum defendido no Hangout e que será também levado ao Arena NET Mundial é de que é preciso manter a neutralidade, com o tratamento igualitário de todos usuários, impedindo a venda de pacotes diferenciados por serviços pelos provedores de acesso ou o bloqueio de alguns sites ou aplicativos pelas empresas que gerenciam conteúdo.

 

http://www.youtube.com/watch?v=tWbRQ125LW4 width:700 height:394

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Maravilha!A sociedade se

    Maravilha!

    A sociedade se mobiliza e expressa claramente que quer a internet livre

    Na briga entre

    população  X  corporações

    Vamos ver de que lado estão nossos deputados.

  2. Sério?

    Discutir o “Futuro da Internet”, “Internet Livre”, Espionagem, NSA, Marco Civil da Internet no FaceBook e no Hangout? É Isso mesmo? É o mesmo FB que desde 2003 coleta dados privados dos usuários para fins comerciais? O mesmo FB, que como a Microsoft, Google e outras grandes corporações disponibilizam seus dados abertamente para o governo americano? O mesmo FB que censura, cria tendências e vai no caminho das grandes empresas de mídia tradicional (Globo, Fox News e etc)?

    Onde esta o “Futuro da Internet” e a “Internet Livre” nessa história? Redes Sociais Livres e Federadas (Friendica, Diaspora*, identi.ca e tantas outras)?

    Não é possível que o povo não enxergue (ou finja não enxergar), depois de tantos anos, a incoerência desta prática. O meio que se transmite a mensagem também faz parte do significado desta mensagem.

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