Stanley Burburinho: Estadão pode ter encoberto Serra em relatório da PF

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Stanley Burburinho ajudou a desvendar, em parte, o mistério em torno da tarja preta que colocaram sobre o nome do senador José Serra em um relatório da Polícia Federal divulgado pelo jornal Estadão essa semana, no âmbito da Lava Jato. Segundo Burburinho, pelo horário e pela forma como o arquivo foi criado, pode ser que um jornalista tenha optado por esconder alguns nomes que aparecem em troca de mensagens captadas no celular do presidente da Odebrecht, antes de disponibilizar o documento na internet.

Outro ponto que Burburinho destaca é a possibilidade de baixar o arquivo e descobrir todos os nomes que aparecem sob a tarja preta. Além de Serra, foram omitidas menções feitas pela PF a José Eduardo Cardozo, Edinho Silva, Fernando Haddad, Luís Inácio Adams, Blairo Maggi, Fernando Pimentel e Carlos Zarattini.

Burburinho sabe quem pôs tarja preta em Cerra

Do Conversa Afiada

O Conversa Afiada recebeu este e-mail do incansável Stanley Burburinho:​

Quem colocou as tarjas pretas no documento da Polícia Federal, sobre os e-mails do Marcelo Odebrecht, publicado pelo Estadão: um jornalista do Estadão ou alguém da Polícia Federal? Posso estar enganado. Veja abaixo:

Fiz  download do arquivo “.pdf “ pulicado pelo jornal Estadão com o relatório da Polícia Federal sobre os e-mails de Marcelo Odebrecht. Para acessar o documento publicado pelo Estadão, use este link: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-content/uploads/sites/41/2015/07/relatoriotelefonemarceloodebrechtok1.pdf

Abri o arquivo com o Adobe Reader e cliquei com o botão direito do mouse sobre o arquivo “.pdf” e cliquei no item “Propriedades do documento” que é o último item da janela que aparece e depois cliquei na aba “Descrição”. Surgiu a janela com a imagem abaixo. (Você não conseguirá fazer isso sem fazer download do “.pdf” publicado pelo Estadão. Dentro do Chrome ou qualquer outro browser você não conseguirá ter acesso às propriedades do documento. Acho que não previram isso como também esqueceram de inibir a opção “Salvar como” que permite fazer o download.)

Reparei que alguém no Estadão, no dia 20/07/2015, às 23h15m, converteu o documento original enviado por alguém da Polícia Federal para o formato “.pdf” usando o software PDFCreator Version 1.3.2. (ver a marcação na cor verde). Pode ser também que alguém na PF fez a conversão. Mas devido a hora que a conversão foi feita, acho difícil. Será fácil de saber.

Reparei que o autor do “.pdf” é alguém que usa o login “mc110215” (ver a marcação  na cor vermelha) que é colocado automaticamente pelo software que faz a conversão  para o formato “.pdf”.

Posso estar enganado, mas “mc110215” pode ser Mateus Coutinho, um dos jornalistas do Estadão que assinou a matéria que publicou o documento da PF:

​http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/relatorio-mostra-siglas-de-marcelo-odebrecht-para-politicos/

No documento existem vários trechos com tarjas de diversas cores, que vazam o texto embaixo, somente para realçar algum ponto, mas nenhuma com a cor preta opaca com o objetivo de esconder. Se você der um “copy” no parágrafo que têm as tarjas pretas e em seguida der um “paste” em qualquer editor de texto, tipo Notepad, o texto embaixo das tarjas pretas aparecerão.

O número “110215” do login “mc110215” pode ser, não estou afirmando, o número de matrícula de funcionário do Estadão? O juiz Moro disse hoje na imprensa que pediu que esclarecessem o motivo das tarjas pretas. Veja abaixo:

“PF terá que explicar por que blindou Serra no Código Odebrecht” –

Alguém da PF terá que aparecer para dizer se colocou ou não as tarjas pretas o que pode revelar quem da PF vaza para a velha mídia. Desconfio que algum jornalista do Estadão assumirá para não comprometer a sua fonte na PF.

Curiosidade: as páginas 23, 24 e 25 estão em branco no documento publicado pelo Estadão. Mas se você copiar e colar em qualquer editor de texto verá a troca de e-mails com os bastidores de uma entrevista que alguns grandes empresários dariam ou deram para a Folha durante a eleição passada. 

 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

21 Comentários

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    1. *

      O que abunda não prejudica do latim – quid abundat non nocere

      E tudo já está vindo à tona!  Haja visto esse trabalho de detetive cibernético.O que começou com um burburinho se transformará enfim num grande clamor.

       

    1. Pode ser do Fausto Macedo, ou

      Pode ser do Fausto Macedo, ou mesmo de outra pessoa interna ou um estagiário, responsável por preparar os documentos para postagem, mas a existência de outros documentos do mesmo usuário confirma que a alteração foi feita no Estadao, e não na PF.

  1. Ah, bom…

    Serrra é de que partido?

    PSDB? Adiantando 15?

    Meu diletto anigo leitor, num vai dar em nada.

    Invicto, aceitando apostas e contando.

  2. O que realmente importa.

    A anotação registrada sob o número 2110, com data de 25/05/2015, faz referência a visita da presidente Dilma ao México, sendo cogitado por Luis Weyll (Odebrecht) em e-mail dirigido a Marcelo Odebrecht, a possibilidade da presidente visitar as obras da empresa no México, sendo então feitas algumas observações por Marcelo no tocante a este assunto. (relatório da PF). 

    Assunto: Re: Visita Pr. Dilma ao Mexico Até por “educacao” temos que oferecer/tentar. Ainda que ache bem improvavel a visita oa projeto. 1º) porque ela ja chega nos lugares querendo sair, e nao gosta de fazer nada que ja nao seja obrigada. 

    Esta é a nossa presidenta, uma pessoa afável, cordata, que não é irascível, impaciente, que não sofre de fobia social, que sabe que o cargo exige sacrifícios, qual sejam visitar a planta industrial da Brasken, uma importantíssima e estratégica empresa nacional em solo estrangeiro, capaz de se relacionar de forma civilizada com um dos maiores empresários do país, enfim, “uma pessoa que não gosta de fazer nada que já não seja obrigada”, tipo assim um doce de pessoa. (sqn) 

    1. *

      Com o GOLPISMO que anda grassando por nossas paragens, você gostaria que ela agisse de que forma?

      O cargo exige sacrifícios… (faz-me rir).

      Exige sim, muitos sacrifícios mas só daqueles presidentes que como a presidente Dilma, procuram cumprir as leis, da qual a principal é governar para todos e não somente para as elites.

      Imagina se ela fosse um doce de pessoa, a turma que você defende já a teria trucidado faz tempo.

      Você está confundindo o cargo da Presidencia da República com o papel de apresentadora de programa televisivo infantil, no qual essa última tem que representar o papel de “doce”.

      [video:https://youtu.be/RdqmOXP7pF4%5D

      As pessoas demonstram falta de senso quando lhes é conveniente!

    2. Se ela tivesse ido vc estaria

      Se ela tivesse ido vc estaria enchendo o saco do mesmo jeito, mas dessa vez a estaria acusando de praticar crime.

       

    1. Perguntar ao “Caneta”

      #TarjaPreta seria a irmã menor de #PodemosTirarSeAcharMelhor ?

      Tambem me lembrei do Itagiba hoje. Ele a sua equipe de arapongas da PF seguem trabalhando para o Serra…

  3. Burburinho está certo.

    Burburinho, sobre quem fez, eu sei tanto quanto você, mas fiz o que você fez e relmente aparece o nome do notável tucano. Só os idiotas são enganados. Parabéns!

     

    “Identificação de Jose Serra (JS) o telefone da secretária (11) 3087.1450 está

    registrado em nome de Jose Serra, o endereço da Joaquim Antunes, possui telefone

    (11) 2157.2104 registrado em nome de Jose Serra.

    Identificação de Cesar Mata Pires (CMP)”

     

     

  4. ai, ai… Dizer o quê de

    ai, ai… Dizer o quê de Burburrinho?

    No inicio do relatório está assim escrito:

     

    II – Da análise:
    A análise é realizada utilizando-se o material espelhado, sendo
    referendados neste relatório somente os dados que em tese possam ser úteis para a
    investigação em tela, ressalvo, porém, que em determinados pontos deste relatório
    foram colocadas tarjas a fim de preservar informações sobre possíveis agentes cujos
    cargos detém prerrogativa de foro.

     

    O estranho não é o fato de José Serra ter seu meu protegido com tarja. O estranho é o documento do estadao ter sido apresentado (ou o recebeu assim) sem tarjas para quem tem prerrogativa de foro.

    A  pergunta correta não é quem a pf/estadão quis proteger. A tarja está de acordo com o documento.

    A pergunta correta é: por que a pf/estadão expôs certos nomes?

     

     

  5. Só falta ele dizer que o

    Só falta ele dizer que o estadao adiciou no início do relatório uma frase sobre tarjas em nomes com prerrogativa de foro.

    Quem colocou as tarjas foi o APF (provavelmente agente de polícia federal) WILIGTON GABRIEL PEREIRA 

     

  6.  
    O que há debaixo das

     

    O que há debaixo das “tarjas brancas” do texto da Odebrecht ? A conversa com a Folha que “só fale para mandar recados”

    Autor: conspícuo e impávido jornalista Fernando Brito

    22 de julho de 2015 | 20:34

    O leitor CM fez o mesmo que Stanley Burburinho, que identificou o autor das “tarjas pretas” com que a Polícia Federal (ou o Estadão) ocultaram alguns nomes – e divulgaram outros – nos textos de e-mail contidos nos celulares do empresário Marcelo Odebrecht.
    Desta vez, porém, tirou as tarjas brancas que apagam, no arquivo divulgado pelo Estadão, os trechos das páginas 23,24 e parte da 25 do relatório da Polícia Federal – arquivo do jornal aqui – e nos permite saber do que elas tratam.
    Mas o amigo leitor teve um trabalho que qualquer um pode fazer, sem qualquer conhecimento maior de informática.
    Basta selecionar o texto “em branco” e colar num editor de texto ou mesmo no bloco de notas e…bingo! Lá está todo o “conteúdo secreto” que omitiram dos leitores.
    E o que é?
    Um belo exemplo do jornalismo “podemos tirar se achar melhor”…
    São e-mails entre Marcelo e seus assessores combinando entrevistas, com conhecimento prévio do conteúdo – que beleza! – com a Folha de S. Paulo que só serviria se fosse “para mandar recados”.
    Transcrevo os “arquivos confidenciais de Polichinello”, para que os leitores possam ter acesso a tudo…
    (…)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://tijolaco.com.br/blog/?p=28453&cpage=1#comment-210149

  7. Essa conversão para PDF é por uma “impressora virtual”

       É possível que as “tarjas” estivessem no original e quem converteu para PDF usando o PDFCreator esperasse que se gerasse uma imagem estática no arquivo final, a conversão é feita mandando imprimir o arquivo em um aplicativo qualquer escolhendo a impressora “PDFCreator”, o outro PDF do mesmo usuário também no site do estadão é de outro documento da lava-jato mas é somente uma imagem escaneada ficando até meio torta no documento final, isso poderia explicar o primarismo do erro ao tentar se esconder algumas informações se é que foi mesmo a intenção.

       Difícil afirmar quem foi, a a data da última modificação no servidor é 21/07/2015 02:18

  8. Yo no creo en las brujas, pero…

    Nassif: o termo “conspiração” parece inapropriado ao fato. Como esta, mais parece suspense de Hitchcock. O que, na verdade, se constata é um verdadeiro ato de “terror” que certo grupo desse senador (que assusta criança, até rindo) tem imposto ao cenário político brasileiro, nos últimos vinte anos. Desde o “affair” Caymã, que se nunca foi cabalmente provado, não foi, também, cabalmente desmentido, vemos a presença desse pessoal. Alí era, se não me trai a memória, US$ 500 milhões para cada um dos nominados, botim originado na privatização da telefonia; e desde então os temos envolvido em histórias pouco lisonjeiras. A questão da quebra de patentes dos remédios, lembra? E mais à frente, o namoro com a Chevron (que dizem, atualmente se encontra em união estável). Isto, sem levantar outras financiadoras de campanha. O Estadão, por sua vez, nunca foi flor de cheiro. Seus proprietários (ouvi dizer que hoje são meros laranjas), sempre cultivaram ódio visceral contra seus desafetos. Associando a fome com a vontade de comer, chegamos ao cenário ideal da notícia, com parte da PF e o MP de pano de fundo. Ah! entra ainda parte do Judiciário, só para apimentar o caldo. Ora, “teoria da conspiração” relembraria uma trama “secreta”. A canalhice política dos desse pessoal nada tem de secreto. Nem sequer de discreto — locupletam, difamam, esculhambam a vida política e pessoal dos outros e ficam impunes, imaculados. Uns protegendo os outros, como autêntica gang, com tarjas pretas e outros artifícios. Este é o cenário e o contexto do texto. Não se trata de conspiração. É golpe mesmo, e dos mais sórdidos!

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