Tecnólogo que previu Fake News adianta “apocalipse de informações”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

 
Por Charlie Warzel
 
Ele previu a crise de notícias falsas de 2016. Agora está preocupado com um apocalipse de informações
 
“O que acontece quando qualquer um pode fazer com que pareça que qualquer coisa aconteceu, independente de ter acontecido ou não?”, pergunta o tecnólogo Aviv Ovadya.
 
Do BuzzFeed
 

Em meados de 2016, Aviv Ovadya percebeu que havia algo fundamentalmente errado com a internet — tão errado que ele abandonou seu trabalho e soou um alarme. Algumas semanas antes das eleições de 2016, ele apresentou suas preocupações a tecnólogos na Área da Baía de São Francisco e advertiu sobre uma crise iminente de desinformação em uma apresentação que chamou de “Infocalypse”.

A web e o ecossistema de informação que se desenvolveu nela estavam doentios, argumentou Ovadya. Os incentivos que governavam suas principais plataformas foram ajustados para recompensar informações que eram enganosas e/ou polarizadas. Plataformas como Facebook, Twitter e Google priorizavam cliques, compartilhamentos, anúncios e dinheiro em detrimento da qualidade de informação, e Ovadya não pôde ignorar a sensação de que tudo isso estava tomando um caminho ruim — um tipo de limite crítico de desinformação viciante e tóxica. A apresentação foi praticamente ignorada pelos funcionários das plataformas das empresas Big Tech (como Google, Amazon, Facebook e Apple).

Aviv Ovadya
Stephen Lam for BuzzFeed News

Aviv Ovadya

“Naquela época, parecia que estávamos em um carro fora de controle. O problema não era que todo mundo estava dizendo ‘estamos bem’ — é que eles nem mesmo estavam vendo o carro”, disse ele.

Ovadya estava dizendo o que muitos — incluindo legisladores, jornalistas e CEOs das Big Tech — não captariam até meses depois: o nosso mundo cheio de plataformas e otimizado por algoritmos é tão vulnerável — de propaganda, desinformação e anúncios direcionados a governos estrangeiros — que isso ameaça minar uma pedra fundamental do discurso humano : a credibilidade do fato.

Ainda assim, é o que ele vê se aproximando que realmente é assustador.

“O alarmismo pode ser bom — vocês deveriam ser alarmistas sobre essas coisas”, disse Ovadya em uma tarde de janeiro antes de delinear calmamente uma projeção profundamente perturbadora sobre as próximas duas décadas de notícias falsas, campanhas de desinformação assistidas por inteligência artificial e propaganda. “Isso é algo que está além do que muitos aqui imaginam”, disse ele. “Estávamos completamente fodidos um ano e meio atrás e estamos ainda mais fodidos agora. E, dependendo da distância que você vê no futuro, só piora.”

Esse futuro, de acordo com Ovadya, chegará com ferramentas muito ágeis e fáceis de se usar para manipular a percepção e falsificar a realidade. Ações que até já ganharam termos próprios, como “apatia com a realidade”, “phishing via laser automatizado” e “fantoches humanos”.

É por isso que Ovadya, tecnólogo formado pelo MIT que já trabalhou com engenharia em empresas de tecnologia como a Quora, largou tudo em 2016 para tentar evitar o que ele viu como uma crise de informação causada pelas empresas Big Tech. “Um dia, algo clicou na minha cabeça”, disse ele sobre seu despertar. Ficou claro para ele que, se alguém quisesse tirar vantagem da nossa economia de atenção e utilizar as plataformas que reforçam isso para distorcer a verdade, não haveria controle ou equilíbrio para parar tal ação. “Eu percebi que, se esses sistemas saíssem do controle, não haveria nada para controlá-los”, disse.

“Estávamos completamente ferrados um ano e meio atrás e estamos ainda mais ferrados agora”

Hoje, Ovadya e um grupo de pesquisadores e acadêmicos estão se preparando para um futuro distópico. Eles estão projetando cenários de desastre a partir de tecnologias que começaram a surgir, e os resultados são bem desanimadores.

Para Ovadya — agora chefe-tecnólogo do Centro de Responsabilidade de Mídias Sociais da Universidade de Michigan e membro de inovação Knight News do Tow Center for Digital Journalism na Universidade Columbia —, o choque e a ansiedade contínua sobre os anúncios russos no Facebook e bots do Twitter são pouco se comparados à maior ameaça: tecnologias que podem ser usadas para distorcer o que é real estão evoluindo mais rapidamente do que nossa habilidade de compreendê-las e controlá-las ou mitigá-las.

As apostas são altas, e as possíveis consequências são mais desastrosas do que intromissões estrangeiras em uma eleição — uma impugnação ou reviravolta das instituições nucleares da civilização, um “infocalypse”. Ou seja, qualquer um poderia fazer com que “parecesse que qualquer coisa aconteceu, independente de ter acontecido ou não”.

“O que acontece quando qualquer um pode fazer com que pareça que qualquer coisa aconteceu, independente de ter acontecido ou não?”

E assim como as campanhas de desinformação patrocinadas por entidades estrangeiras não pareciam uma ameaça plausível de curto prazo até acontecerem, Ovadya avisa que as ferramentas impulsionadas pela inteligência artificial, pelo aprendizado de máquina e pela tecnologia de realidade aumentada podem ser sabotadas e utilizadas por pessoas ruins para imitar humanos e causar uma guerra de informação.

E estamos mais perto do que alguém pode pensar de um “Infocalypse”, segundo ele. Ferramentas já disponíveis de manipulação de áudio e vídeo já começam a aparecer. Em recantos sombrios da internet, pessoas começaram a utilizar algoritmos de aprendizado de máquina e software de código aberto para criar vídeos pornográficos que, com facilidade, sobrepõem realisticamente rostos de celebridades — aliás, de qualquer um — nos corpos dos atores pornô. Em instituições como a Stanford, tecnólogos desenvolveram programas que combinam e misturam gravações de vídeos com monitoramento facial em tempo real para manipular vídeos. Similarmente, na Universidade de Washington, cientistas da computação desenvolveram com sucesso um programa capaz de “transformar recortes de áudio em um vídeo realista com sincronização labial da pessoa que fala as palavras”. Como prova de conceito, ambas as equipes manipularam vídeos em que líderes mundiais pareciam dizer coisas que nunca disseram.


Youtube.com / Via washington.edu

Conforme essas ferramentas se popularizam e são difundidas, criam-se as condições para cenários desestabilizantes.

Pode haver “manipulação de diplomacia”, segundo ele: um ator malicioso utiliza tecnologia avançada para “criar a crença de que um evento ocorreu” para influenciar a geopolítica. Imagine, por exemplo, um algoritmo de aprendizado de máquina (que analisa massas de dados para ensinar a si mesmo a realizar uma função em particular) alimentado com centenas de horas de gravações de Donald Trump ou do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un. A partir disso, seria possível criar um áudio ou vídeo quase perfeito — e virtualmente impossível de distinguir da realidade — de um dos líderes declarando uma guerra nuclear ou biológica. “Não precisa ser perfeito — só bom o bastante para fazer o inimigo achar que algo aconteceu para provocar uma resposta automática e imprudente de retaliação.”

“Não tem que ser perfeito — só bom o bastante”

Outro cenário, que Ovadya chama de “simulação de Estado”, é uma combinação distópica de botnets políticos e astroturfing, em que movimentos políticos são manipulados por campanhas falsas de base. Na previsão de Ovadya, bots impulsionados por IA progressivamente críveis poderão competir eficientemente com humanos reais pela atenção dos legisladores e reguladores porque será muito difícil distingui-los. Assim, as caixas de entrada dos senadores poderiam ser inundadas com mensagens de “eleitores” feitos, na verdade, de programas de aprendizado de máquina trabalhando juntos, como se fossem pontos em uma colcha de retalhos, na reprodução de conteúdo selecionado a partir de textos, áudios e perfis de mídias sociais.

Aí então, há o phishing via laser automatizado, uma tática sobre a qual Ovadya observa que os pesquisadores já estão discutindo. Essencialmente, ela utiliza IA para escanear coisas, como nossas presenças em redes sociais, e criar mensagens falsas, porém fidedignas, de pessoas que conhecemos. O elemento decisivo, segundo Ovadya, é que algo como o phishing por laser permitiria que atores visem qualquer um e criam uma imitação crível utilizando dados publicamente disponíveis.

Stephen Lam for BuzzFeed News
 

“Antigamente, precisaria haver um humano para imitar uma voz ou criar uma conversa falsa que parecesse autêntica — nessa versão, só se precisaria apertar um botão utilizando software de código aberto”, disse Ovadya. “É aí que vira uma confusão — quando qualquer um pode fazer, porque é trivial. Aí, é um jogo completamente diferente.”

Imagine, sugere ele, mensagens de phishing que não são só links confusos que você pode clicar, mas uma mensagem personalizada com contexto. “Não só um e-mail, mas um e-mail de um amigo que você estava ansiosamente esperando por um tempo”, diz ele. “E, por poder ser muito fácil criar coisas que são falsas, neste futuro distópico, você se sentiria oprimido. Se cada pedacinho de spam que você recebesse fosse idêntico aos e-mails de pessoas reais que você conhecesse, cada um com sua própria motivação tentando convencer você de algo, você acabaria dizendo: ‘OK, vou ignorar minha caixa de entrada’.”


Via YouTube

Isso pode levar a algo que Ovadya chama de “apatia da realidade”: sitiadas por uma torrente de desinformação constante, as pessoas simplesmente começariam a desistir de se informarem. Ovadya é rápido em nos lembrar que isso é comum em áreas onde a informação é deficiente e, logo, considerada incorreta. A grande diferença, observa Ovadya, é a adoção de apatia por uma sociedade desenvolvida, como a nossa. O resultado, ele teme, não é bom. “As pessoas param de prestar atenção às notícias, e aquele nível fundamental de informação necessário para uma democracia funcional se torna instável.”

Ovadya (assim como outros pesquisadores) vê o phishing via laser como algo inevitável. “Obviamente é uma ameaça, mas, ainda pior, eu não acho que haja uma solução no momento”, disse ele. “Há coisas de infraestrutura na escala da internet que precisam ser desenvolvidas para parar isso, caso comece.”

Além disso tudo, há outros cenários de longo prazo que Ovadya descreve como “irrelevantes”, mas que ainda assim são assustadores. “Fantoches humanos”, por exemplo — uma versão de mercado negro de um mercado de redes sociais com pessoas em vez de bots. “É essencialmente um mercado sem fronteiras futurista para humanos manipuláveis”, disse ele.

As premonições de Ovadya são particularmente aterrorizantes dada a facilidade com que nossa democracia já foi manipulada pelas técnicas de desinformação mais rudimentares e grosseiras. As fraudes, farsas e ofuscações que estão surgindo não são nada de novo; só são mais sofisticadas, mais difíceis de serem detectadas e trabalham em conjunto com outras forças tecnológicas que não são só desconhecidas atualmente, como também são provavelmente imprevisíveis.

Stephen Lam for BuzzFeed News

Para aqueles que prestam bastante atenção à evolução da inteligência artificial e do aprendizado de máquina, nada disso parece mais que um desafio. Um software atualmente em desenvolvimento pela fabricante de chips Nvidia já pode gerar convincentemente fotos hiper-realistas de objetos, pessoas e até algumas paisagens fazendo buscas rápidas por dezenas de milhares de imagens. A Adobe também lançou recentemente dois projetos — Voco e Cloak — o primeiro é um “Photoshop de áudio”, e o segundo é uma ferramenta que pode remover objetos (e pessoas!) perfeitamente de vídeos em questão de cliques.

Em alguns casos, a tecnologia é tão boa que assustou até seus criadores. Ian Goodfellow, um cientista pesquisador do Google Brain que ajudou a desenvolver a primeira “rede adversária gerativa” (GAN), que é uma rede neural capaz de aprender sem supervisão humana, acredita que a IA poderia regredir o consumo de notícias em uns 100 anos. Em uma conferência da MIT Technology Review, em novembro do ano passado, ele disse ao público que as GANs teriam “imaginação e introspecção” e “poderiam dizer se o gerador está indo bem sem se apoiar em feedback humano”. E isso, enquanto as possibilidades criativas das máquinas não têm fronteiras, a inovação, quando aplicada à forma com que consumimos informação, provavelmente “fecharia algumas das portas que nossa geração está acostumada a deixar abertas”.

Imagens de celebridades falsas criadas por Generative Adversarial Networks, ou GANs (Redes Adversárias Gerativas, em tradução livre).
Tero Karras FI / YouTube / Via youtube.com – Imagens de celebridades falsas criadas por Generative Adversarial Networks, ou GANs (Redes Adversárias Gerativas, em tradução livre).

À luz disso, cenários como a simulação de Estado de Ovadya parecem genuinamente plausíveis. No ano passado, mais de um milhão de contas falsas de bots inundaram o sistema aberto de comentários da FCC para ampliar o apelo de revogação das proteções de neutralidade da rede.” Os pesquisadores concluíram que comentários automáticos — alguns usando processamento de linguagem natural para parecerem reais — obscurecerem comentários legítimos, minando a autenticidade do sistema aberto de comentários inteiro. Ovadya concorda com o exemplo da FCC, e também com a recente campanha ampliada por bots #releasethememo como uma versão grosseira do que está por vir. “Pode ficar muito pior”, diz ele.

“Você não precisa criar o vídeo falso para essa tecnologia ter um impacto sério. Você só mostra o fato de que a tecnologia existe, e pode minar a integridade das coisas que são reais.”

Comprovadamente, esse tipo de erosão de autenticidade e da integridade de declarações oficiais, juntas, são as mais sinistras e preocupantes dessas ameaças futuras. “Seja IA, truques de manipulação peculiares da Amazon ou ativismo político falso — essas escoras tecnológicas levam ao aumento da erosão da confiança”, disse Renee DiResta, pesquisadora de propaganda computacional, sobre a ameaça futura. “Isso torna possível lançar difamações sobre se um vídeo é real.” DiResta apontou a negação recente de Donald Trump de que era sua voz na infame fita do Access Hollywood, citando especialistas que disseram que era possível que sua voz tivesse sido digitalmente falsificada. “Você não precisa criar o vídeo falso para essa tecnologia ter um impacto sério. Você só mostra o fato de que a tecnologia existe, e você pode minar a integridade das coisas que são reais.”

É por isso que pesquisadores e tecnólogos como DiResta — que passou anos de seu tempo livreaconselhando a administração Obama, e agora é membro do Comitê de Inteligência do Senado, contra campanhas de desinformação de trolls — e Ovadya (apesar de trabalharem separadamente) estão começando a conversar mais sobre as ameaças pairantes. Recentemente, o NYC Media Lab, que ajuda as empresas e acadêmicos da cidade a colaborarem, anunciou um plano para reunir tecnólogos e pesquisadores em junho a “explorarem os piores cenários de caso” do futuro das notícias e tecnologia. O evento, que eles chamaram de Fake News Horror Show, é listado como “uma feira científica de ferramentas aterrorizantes de propaganda — algumas reais, outras imaginadas, mas todas baseadas em tecnologias plausíveis”.

O primeiro passo para pesquisadores como Ovadya é difícil: convencer o grande público, assim como legisladores, tecnólogos de universidades e empresas de tecnologia, de que um apocalipse de informação que distorce a realidade não é só plausível, como também iminente.

“Levará apenas algumas grandes farsas para convencer o público de que nada é real.”

Um funcionário do governo americano encarregado de investigar sobre a guerra de informações disse ao BuzzFeed News que não sabe quantas agências públicas estão se preparando contra cenários como os que Ovadya e outros descrevem. “Estamos menos com o pé atrás do que estávamos há um ano”, disse ele, antes de observar que isso não é bom o bastante. “Eu penso nisso no sentido de iluminação — que tudo se tratava da busca pela verdade”, disse o funcionário ao BuzzFeed News. “Eu acho que o que você está vendo agora é um ataque à iluminação — e documentos iluminados como a Constituição — realizado por adversários tentando criar uma sociedade da pós-verdade. E isso é uma ameaça direta às fundações da nossa civilização atual.”

Esse é um pensamento aterrorizante — mais porque prever esse tipo de coisa é complicado. A propaganda computacional é muito mais qualitativa do que quantitativa — um cientista climático pode apontar dados explícitos mostrando temperaturas em elevação, enquanto que é virtualmente impossível desenvolver um modelo de previsão confiável mapeando o impacto futuro da tecnologia que ainda está por ser aperfeiçoada.

Para tecnólogos como o funcionário federal, o único caminho viável em frente é recomendar atenção, avaliar as implicações morais e éticas das ferramentas que estão sendo desenvolvidas e, fazendo isso, evitar o momento frankensteiniano de quando a criatura se volta contra você e pergunta: “Você considerou as consequências das suas ações?”.

“Eu sou da cultura livre e de código aberto — o objetivo não é parar a tecnologia, mas garantir que haja um equilíbrio que seja positivo para as pessoas. Então, não estou apenas gritando “isso vai acontecer”, mas, sim, dizendo: ‘Considere com seriedade, examine as implicações'”, disse Ovadya ao BuzzFeed News. “O que eu digo é: ‘acredite que isso não vai acontecer’.”

Dificilmente é um pronunciamento animador. Dito isso, Ovadya admite um pouco de otimismo. Há mais interesse no espaço da propaganda computacional do que antes, e aqueles que foram anteriormente lentos em levar ameaças a sério agora estão mais receptivos aos avisos. “No começo, era tudo árido — poucos ouviam”, disse ele. “Mas nos últimos meses, vem sendo promissor.” Da mesma forma, há soluções a serem encontradas — como verificação criptográfica ou imagens e áudio, que poderiam ajudar a distinguir o que é real e o que é manipulado.

Ovadya e outros avisam que os próximos anos podem ser instáveis. Apesar de alguns pedidos de reforma, ele sente que as plataformas ainda são governadas pelos incentivos errados e sensacionalistas, onde o conteúdo caça-cliques e de baixa qualidade é recompensado com mais atenção. “No geral, é uma noz difícil de quebrar, e quando você combina isso com um sistema como o Facebook, que é um acelerador de conteúdo, se torna muito perigoso.”

A distância que estamos desse perigo ainda há de ser vista. Questionado sobre os sinais de alerta aos quais está atento, Ovadya pausou. “Eu não sei mesmo. Infelizmente, muitos dos sinais de alerta já aconteceram.” 

Este post foi traduzido do inglês.

Charlie Warzel is a senior writer for BuzzFeed News and is based in New York. Warzel reports on and writes about the intersection of tech and culture.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

17 Comentários

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  1. A História é isso: fazer crer que a mentira é real

    e que a realidade é mentira. É que a história é escrita pelos vencedores, não pelos vencidos.

     

    Perguntas de um Operário Letrado

    (Brecht)

    Quem construiu Tebas, a das sete portas?
    Nos livros vem o nome dos reis.
    Mas foram os reis que transportaram as pedras?
    Babilónia, tantas vezes destruída,
    Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
    Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
    No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
    Foram os seus pedreiros? A grande Roma
    Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
    Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
    Só tinha palácios
    Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
    Na noite em que o mar a engoliu
    Viu afogados gritar por seus escravos.

    O jovem Alexandre conquistou as Índias
    Sozinho?
    César venceu os gauleses.
    Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
    Quando a sua armada se afundou, Filipe de Espanha
    Chorou. E ninguém mais?
    Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
    Quem mais a ganhou?

    Em cada página uma vitória.
    Quem cozinhava os festins?
    Em cada década um grande homem.
    Quem pagava as despesas?

    Tantas histórias
    Quantas perguntas

    1. Pois é, o que esse cara

      Pois é, o que esse cara descobriu não foi que a realidade virtual pode dominar a “realidade real”, mas que tudo não passa de um “mundo virtual” – governado por ideias.

      Afinal, por que uns podem jogar comida fora, enquanto outros morrem de fome?

      Quer algo mais “fake news” do que acreditar que isso é normal?

      É normal porque quem joga comida fora contou essa mentira para aqueles que morrem de fome. E os pobres coitados acreditaram. E aí, a mentira virou realidade.

      Transporte esse exemplo para a realidade do jatinho do Hulck, Dória e cia comprados a juros subsidiados e que não pagam imposto, e compare com nossos carrinhos velhos comprados a juros de mercado e que pagam IPVA, e veja se a realidade não é assim. Uma história mal contada.

       

  2. Antes fosse SO na

    Antes fosse SO na internet…

    A coisa chegou a tal ponto no caso de “virtualidade realizada” que tem DOIS ANOS que eu estou tentando me livrar dos vendedores de “poder solar” na minha casa!  Primeiro eles falavam exatamente a coisa errada pra falar comigo, que era programa DO GOVERNO e que era gratis(!!!).  E como todos sabem eu jamais aceitaria maquinas instaladas na minha casa, carro, ou conputador apos computador apos computador se soubesse que wh tudo “gratis” e fornecido pelo governo “para meu proprio bwneficio”!!!  Em mil anos eu nao quereria maquinario “gratis” deles!

     Ai…  Ao invez de aceitar uma porra de “nao”, eles so mudaram de discurso.  Por DOIS ANOS.  Discurso apos discurso e historia apos historia e narrativa apos narrativa sempre fluidas e liquidas mas sempre a mesma marca registrada.  ACEITAR ou ACEITAR.

    Chegou ao ponto que eu tava respondendo as mesmas prrguntas tres ou quatro vezes POR MES.

    E NEM ASSIM EU VOU ACEITAR ESSAS PORRAS DE MAQUINAS “GRATIS” NA MINHAS COSTAS.  Vai entrar seus “solar powers” no olho do cu, filhos da puta!

  3. Nao acabei ainda:

    A outra situacao foi pior ainda.  Por SEIS anos eu recebi chamadas de robots sobre alguma Gisele Freitas.  Nao sei quem eh, nunca ouvi falar.  O ponto eh que se Gisele Freitas deve mil dolares aa compania de luz ou de gas, a falta de data de expiracao pra essa Importantissima Informacao requer que compania de debito apos compania de debito apos compania de debito tenha permissao legal pra encher o raio do saco de TODO MUNDO Por um ano e depois somente VENDER a lista de nomes de devedores, amigos, parentes, e suspeitos para que qualquer OUTRO filho da puta te estorrique o saco por mais um ano, depois mais outro, depois mais outro, dep…

    Am caso alguem perdeu o ponto principal:  nao ha data de expiracao!

  4. Antes fosse SO na

    Antes fosse SO na internet…

    A coisa chegou a tal ponto no caso de “virtualidade realizada” que tem DOIS ANOS que eu estou tentando me livrar dos vendedores de “poder solar” na minha casa!  Primeiro eles falavam exatamente a coisa errada pra falar comigo, que era programa DO GOVERNO e que era gratis(!!!).  E como todos sabem eu jamais aceitaria maquinas instaladas na minha casa, carro, ou conputador apos computador apos computador se soubesse que wh tudo “gratis” e fornecido pelo governo “para meu proprio bwneficio”!!!  Em mil anos eu nao quereria maquinario “gratis” deles!

     Ai…  Ao invez de aceitar uma porra de “nao”, eles so mudaram de discurso.  Por DOIS ANOS.  Discurso apos discurso e historia apos historia e narrativa apos narrativa sempre fluidas e liquidas mas sempre a mesma marca registrada.  ACEITAR ou ACEITAR.

    Chegou ao ponto que eu tava respondendo as mesmas prrguntas tres ou quatro vezes POR MES.

    E NEM ASSIM EU VOU ACEITAR ESSAS PORRAS DE MAQUINAS “GRATIS” NA MINHAS COSTAS.  Vai entrar seus “solar powers” no olho do cu, filhos da puta!

  5. A coisa preocupa, hein?

    Se com os mecanismos toscos já conseguem enganar tanta gente, imagine com essas mais modernas de inteligência artificial.

    Tá osso…

  6. As correntes de face e Whats…

    Constantemente recebo correntes de ódio reaça relatando fatos incríveis e facilmente indentificáveis como falsos, de que o filho do Lula teria um yate, uma ferrari dourada, de que Lula teria um jato que valeria dezenas de milhões, de que teriam pego 20 bilhões na casa do Lula , tudo falso.

    O pior, é que os reaças recebem, acreditam, repassam à exaustão.

    Outro dia recebi, de um contato reaça, um vídeo de um ator parecido com o Lula, e que imitava a voz dele quase perfeita, no qual ele confessava que a polícia federal tinha pego 20 bilhões na casa dele.

    Respondi como se isto fosse brincadeira:

    – Vinte bilhões? kkk. Você quase me pegou, fulana, quase que eu ia acreditando, pois o ator realmente se parece com o Lula. Mas vinte bilhões? Não… Se a PF tivesse pego vinte bilhões na casa do Lula, acha mesmo que o Juiz de curitiba não teria anexado no processo, e não teria saído no Jornal Nacional, inclusive em todos os jornais, estrangeiros tbm? Isto é fake news, vc quase me pegou, kkk.

    Não me mostrei pró Lula, nem pro PT, tentei demonstrar neutralidade, respeitei o direito dela de ser reaça, só que desnudei bem humoradamente a fake news.

    A pessoa acabou concordando, meio envergonhada, e continuou suas correntes de ódio, só que… agora ela toma o maior cuidado para enviar apenas material que seja verdadeiro. Eu cortei o barato dela, de disseminar fake news, sem perder a amizade.

     

  7. Estamos ferrados mesmo.

    Noticias falsas potencializadas por tecnologia num país atrasado como o Brasil, engrossará o caldo dos milhares de milhões alienados pela globo. A manada mansa se tornará agressiva e como zumbís, prontos a morder e devorar aqueles que discordarem e ousarem pregar a razão.

  8. As Redes Sociais

    Uma grande mudança foi propiciada pela internet, e inclusive, pelas redes sociais, que é o fato de que qualquer um pode noticiar e propagar as informações e que a velocidade que ela é visualizada é gritante. 

    Isso mostra que tantas informações consideradas boas como as “fake news”, ganham destaque porque elas se baseiam no que aflige mais a sociedade e fomenta um ódio enraizado, mas que pelo fato de fácil acesso na internet, ele é facilmente propagado.

    Este é o mundo em que vivemos, que semeia a intolerância e o ódio ao próximo em detrimento do amor e do respeito.

  9. E quem controla realmente as máquinas? Não são as pessoas…

    As máquinas e a IA não foram criaads e se desenvolveram do nada, mas na cultura do mercado, onde o objetivo principal é reprooduzir o capital (lucro). Então, a capacidade das máquinas de acelerar as atividadades antes exercidas por humanos é usada para acelerar a reprodução do capital, pois no capitalismo, o “humano” serve ao capital e, por consequência, as máquinas também: a IA automatiza e potencializa a reprodução do capital, ao invés de atender às necessidades humanas.

    McLuhan disse que as as mídias elétricas (rádio, TV, cinema, mais computares e internet  que ainda não existiam) são extensões do sistema nervoso das pessoas. Como, no capitalismo, as pessoas existem para o capital, o que acontece é que as máquinas computacionais são extensões do capital e reproduzem a sua lógica, cega e amoral. Como as máquinas são muito eficientes nisto, elas aceleram ao infinito a irracionalidade e as contradições do capital, levando o sistema à paradoxos intransponíveis, como a desiformação de que trata o artigo, mas também o desemprego tecnológico – que teria um ótimo potencial para criarmos uma sociedade do ócio, mas que no contexto atual é uma pesadelo, pois nega às pessoas a relação social mais importante do capitalismo, o trabalho, tornando-as, em consequência, supérfluas para a sociedade.

    A única alternativa ao caos que se anuncia seria a emancipação do capital, que interromperia a subordinação das máquinas à sua lógica de reprodução cega. Num sistema social emancipado, toda a tecnologia desenvolvida até aqui serviria às necessidades humanas e não às do capital. Poederíamos, por exemplo, com a ajuda das máquinas, reduzir trabalho humano ao mínimo necessário e dividir o “bolo” de trabalho humano restante de forma a não sobrecarregar as pessoas.

    Um bom texto que trata deste assunto pode ser lido no site da Exit:

    Inteligência artificial e capital

    1. O capitalismo e mídia capitalista ainda viverão muito

       

      Wilton Cardoso Moreira (domingo, 23/803/2018 às 22:18),

      Não tenho o menor conhecimento a respeito de Charlie Warzel e não vi nenhuma referência a alguém que tenha feita a indicação deste artigo e o trazido para o blog de Luis Nassif. Ia mencionar um problema neste artigo um pouco semelhante a um problema que o comentarista Douglas Barreto da Mata, em comentário enviado quinta-feira, 22/03/2018 às 10:29, apontou no texto de Luis Nassif no post dele “A irrelevante defesa da mídia por Ascânio Seleme” de quinta-feira, 22/03/2018 às 09:34, e que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/a-irrelevante-defesa-da-midia-por-ascanio-seleme

      Talvez mais à frente eu volte a falar no problema neste post “Tecnólogo que previu Fake News adianta “apocalipse de informações”” de domingo, 25/03/2018 às 16:16, com a transcrição do artigo de Charlie Warzel, problema este bem semelhante ao problema apontado por Douglas Barreto da Mata no texto de Luis Nassif no post dele “A irrelevante defesa da mídia por Ascânio Seleme”.

      Ocorre que para falar do problema eu o tinha que endereçar para alguém e então fui ler os comentários para saber se em algum deles havia algo que me permitisse puxar o assunto do problema semelhante apontado nos dois posts.

      O primeiro comentário que eu li foi o seu que trouxe à baila a razão em cima da qual se ancorava o problema que se assemelhava em dois posts distintos. Só que você tratou da ancoragem do problema como se fosse necessário de imediato que esta ancoragem desaparecesse.

      E então me pareceu que eu devia indicar um outro post que trata do sistema de ancoragem fazendo referência aos avanços tecnológicos como você faz em seu comentário, mas sem que fosse necessário de imediato acabar com a ancoragem. O post a que eu me refiro foi reproduzido aqui no blog de Luis Nassif e trata-se de um artigo de Fernando Nogueira da Costa saído no Brasil Debate e aqui no blog de Luis Narrif reproduzido com o título “Advogado do diabo em defesa da ‘desindustrialização’, por Fernando Nogueira da Costa” de sexta-feira, 14/07/2017 às 07:00, e que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/advogado-do-diabo-em-defesa-da-%E2%80%98desindustrializacao%E2%80%99-por-fernando-nogueira-da-costa

      Não sou economista e não sei se você o é. O Fernando Nogueira da Costa é economista e me parece que ele é daquela espécie de economista de esquerda que percebeu que o sistema capitalista é o sistema que oferece maior possibilidade de aumento de produção.

      E ele percebeu também que só o aumento de produção, salvo raras exceções, é que tem trazido melhorias palpáveis em direção ao desenvolvimento humano. Então se for para acabar com o capitalismo que ele acabe quando ele se exaurir e não para ele ser substituído a força por outro sistema.

      Creio que é com esta visão que o Fernando Nogueira da Costa apresenta os últimos parágrafos do texto dele e que são a seguir transcrito:

      Em vez da velha tática de “combater o inimigo do povo”, encarnado seja na chamada “financeirização“, seja na dita “desindustrialização”, sob o risco de nos tornarmos cada vez mais anacrônicos, senão reacionários ao reagir contra o avanço da história, devemos examinar as distintas possibilidades do novo como um todo. O capitalismo industrial, em suas linhas de montagem alienantes, não era melhor do que o capitalismo contemporâneo, denominado apressadamente de “capitalismo desindustrializado e financeirizado“.

      “Face ao admirável mundo novo, devemos dirigir nossos esforços para a conquista de direitos e o exercício de deveres da cidadania. Assim, conseguiremos a mudança social de modo de vida (e não apenas de modo de produção), por exemplo, diminuindo a jornada de trabalho semanal para 4 dias de 9 horas de trabalho alienante, com a manutenção dos salários e encargos trabalhistas. Sobrarão 3 dias para o trabalho criativo. Melhoraremos a qualidade de vida e evitaremos a concentração da renda em favor apenas de acionistas. Senão, eles se apropriariam de quase toda elevação da produtividade dos poucos trabalhadores empregados na futura indústria.”

      Eu suponho que, como todo ser humano que olha para a humanidade com o desiderato civilizatório, Fernando Nogueira da Costa deve perceber a essência do capitalismo: a possibilidade de acumular capital com o trabalho de terceiro, como resquício da barbárie que ainda predomina neste mundo. Quando o capitalismo se exaurir e não mais poder ser o sistema mais produtivo, a essência do capitalismo deixará de ser possível e o sistema econômico que virá será outro.

      Então a proposta de Fernando Nogueira da Costa para o mesmo aspecto crítico do sistema capitalista que você também percebe é uma solução para o aqui e agora enquanto a sua fica um tanto para as calendas gregas.

      Dito isto volto ao problema apontado pelo comentarista Douglas Barreto da Mata, em comentário enviado quinta-feira, 22/03/2018 às 10:29, no post de Luis Nassif “A irrelevante defesa da mídia por Ascânio Seleme”. Nos quatros parágrafos que transcrevo do comentário de Douglas Barreto da Mata ele bem descreve e delimita o problema que ele detectou no texto de Luis Nassif no post dele: Diz assim Douglas Barreto da Mata:

      “Esse sistema que agora costumamos chamar de pós-verdade, com um corte ou uma clivagem mais pelo aspecto tecnológico do que pela sua natureza (porque tais controles ideológicos impostos pela mídia são bem antigos, que os digam os romanos, o pão e o circo), também necessita de uma narrativa específica, ou seja, narrativas circulares.

      Por definição narrativa circular é aquele que o emissor (da mensagem) diz ao receptor (e a si mesmo, por que não?) que ele é parte da solução de um problema, quando, na verdade, ele é ao mesmo tempo, causa e efeito desse problema!

      Tomo por narrativas circulares a auto-indulgência com que se tratam jornalistas, por exemplo:

      Nassif diz que o moço fez uma bela carreira no “velho” jornalismo, como esse limite, supostamente temporal e desbragadamente sentimental-nostálgico, legasse a ele um passado digno de nota, ou que houvesse um tempo que a mídia comercial fosse diferente do que é hoje, não pela sua forma (porque sabemos que tecnologicamente não será igual NUNCA!), mas antes pela sua natureza, ou seja, funcionar como instância não-eleita e privada de disputa de poder político (hegemonia), e não raro exercer funções de controle e repressão que não lhes são próprias, ou não deveriam ser.”

      Na verdade, é o último parágrafo que conta. Nele o Douglas Barreto da Mata repete critica que é possível fazer em quase todos os textos de Luis Nassif quando ele fala sobre a imprensa. Isto porque em quase todos os seus textos sobre a imprensa, Luis Nassif parece querer dizer, quando não diz, que nos tempos dele havia uma imprensa de verdade.

      É preciso entender um empreendimento jornalístico como um empreendimento comandado por um capitalista. E como tal sobreviverá quanto maior for a capacidade do capitalista em acumular capital com o trabalho de terceiro.

      Então o comando de empreendimento jornalístico será um comando capitalista não só que precisa reforçar o caráter capitalista do sistema no qual o empreendimento se insere como precisa criar as condições de sobrevivência capitalista, ou seja, de que forma ele possa acumular mais capital com o trabalho de terceiro do que a concorrência.

      Ora, a maior possibilidade de acumulação de capital mediante o trabalho de terceiro já que isso em si não é considerado roubo e descartando também as possibilidades sujeitas a tipo penal como fraude, engodo e furto ou ainda de corrupção em associação com o poder público, é aumentando a quantidade de leitores, ouvintes ou telespectadores.

      E aí está o grande segredo do sucesso do empreendimento jornalístico comandado capitalistamente e que é em vez de formar a cabeça do leitor deixar que o leitor em maioria forme a cabeça do empreendimento jornalístico.

      A velha mídia e a nova mídia funcionam assim: nenhuma faz sucesso criando atrito com o leitor, trazendo ideias novas contrárias as ideias da maioria dos leitores. Luis Nassif sabe disso, mas tenta criar uma auréola em torno da mídia em que ele se formou. Daí ele se zangar quando pessoas como o Douglas Barreto da Mata, pertinente e percucientemente, chamam atenção para as falhas narrativas dele. E na irritação Luis Nassif descamba para a perda de bom senso quando diz em resposta enviada quinta-feira, 22/03/2018 às 11:06, o seguinte comentário:

      “Prezada,

      e digo prezada porque é mais um dos perfis fake utilizado por uma professora de Campos de Goytacazes, que já incorporou vários perfis, o último dos quais é Hydra.

      Você tem bom nível. Porque não assume seu perfil e utiliza seu blog para artigos – que serão prazeirosamente compartilhados no GGN – em vez de mesclar suas análises com provocações permanentes? É ideia fixa comigo, pegando no pé em qualquer detalhe? Quer chamar atenção? Quer se mostrar iconoclasta juvenil? Gosta de irritar pelo prazer de irritar?

      Tenha paciência!”

      Um adendo. Bem pelo menos ficamos sabendo que a Hydra, que em um blog com a maioria de comentaristas homens eu pensava se tratar de o Hydra, é uma professora Campos de Goytacazes. Eu gostava dos comentários dela, embora me parecesse que ela já se dispunha a chutar o pau da barraca. Algo que um conformista como eu jamais o farei.

      E que se faça aqui mais uma crítica a Luis Nassif, No texto de Ascânio Selene, o jornalista da Globo, hoje mais blogueiro, não só procura redimir a imprensa de qualquer culpa, como em relação a outros aspectos ele põe a crítica no PT. E Luis Nassif não faz a menor menção a esta deficiência do texto de Ascânio Selene.

      E a semelhança que eu vi neste post “Tecnólogo que previu Fake News adianta “apocalipse de informações”” de com a falha apontada por Douglas Barreto da Mata no texto de Luis Nassif no post “A irrelevante defesa da mídia por Ascânio Seleme” foi a seguinte passagem que reproduz fala de Aviv Ovadya:

      “”Eu percebi que, se esses sistemas saíssem do controle, não haveria nada para controlá-los””

      Então, conforme apontado por Douglas Barreto da Mata, Luis Nassif não se mostra propenso a revelar o fato de que o sistema antigo do jornalismo possibilitava o controle da informação informando somente aquilo que o leitor, ouvinte ou telespectador ou internauta, se este então houvesse, avaliasse favoravelmente.

      E na frase transcrita de Aviv Ovadya, ele, infantilmente, e aqui cabe referir-se ao caráter juvenil da frase de Aviv Ovadya, quando ele menciona a possibilidade do sistema sair de controle, o que pressupõe que o sistema tem o controle.

      Ocorre que se Aviv Ovadya compreendesse bem o sistema em que as redes sociais se inserem ele veria que o temor dele é infundado. Não há como a mídia operando capitalistamente saia de controle. Elas continuaram informando aquilo que o povo quer ouvir, ler ou ver.

      As fakes News publicadas nas novas redes sociais e que serão aceitas serão como aquelas que na velha mídia eram também aceitas, ou seja, aquelas que vão em direção ao pensamento do receptor da mensagem. E o pensamento majoritário como dito por Gilles Deleuze representa um “padrão: homem, adulto, macho, cidadão”.

      Essa descrição de Gilles Deleuze podia ser vista em vídeo, que já não há, tanto em “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção” de segunda-feira, 18/04/2016 às 11:04, que fora sugerido por Jair Fonseca ao trazer texto do blog de Luiz de Queiroz, e publicado aqui no blog de Luis Nassif, como em comentário de Arkx de quinta-feira, 21/12/2017 às 20:02, em resposta ao meu enviado para ele quinta-feira, 21/12/2017 às 17:00, no post “Os Brasis: dentro do labirinto, por Arkx” de quinta-feira, 21/12/2017 às 08:31, de autoria dele e publicado também aqui no blog de Luis Nassif.

      O endereço do post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/para-deleuze-esquerda-ou-direita-e-uma-questao-de-percepcao

      E o endereço do post “Os Brasis: dentro do labirinto, por Arkx” é:

      https://jornalggn.com.br/blog/arkx/os-brasis-dentro-do-labirinto-por-arkx

      A grande dimensão que as Fakes News estão assumindo no mundo guarda relação apenas com a corrida armamentista. Sem o mundo comunista, uma grande mola propulsora do capitalismo: o investimento desmedido em armamentos e em tecnologia de guerra seria praticamente insustentável de se fazer.

      E ai se lança a ideia de que a Rússía teria interferido na eleição americana. A Rússia com um PIB em torno de 1 trilhão de dólares e com 142 milhões de habitantes teria interferido em um país com o PIB de quase vinte trilhões de dólares e uma população de mais de 326 milhões de habitantes. Se isso fosse possível, não daria nem para imaginar o que ocorreria nas outras democracias no mundo sob a interferência do maior PIB do mundo.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 25/03/2018

      1. Aumento da produção (superprodução) e pioras palpáveis

        Consta do comentário do Clever Mendes de Oliveira os seguintes parágrafos:

        “Não sou economista e não sei se você o é. O Fernando Nogueira da Costa é economista e me parece que ele é daquela espécie de economista de esquerda que percebeu que o sistema capitalista é o sistema que oferece maior possibilidade de aumento de produção.

        E ele percebeu também que só o aumento de produção, salvo raras exceções, é que tem trazido melhorias palpáveis em direção ao desenvolvimento humano. Então se for para acabar com o capitalismo que ele acabe quando ele se exaurir e não para ele ser substituído a força por outro sistema”.

        Ao contrário dos modos de produção anteriores, as crises da sociedade burguesa não decorrem da escassez, mas da abundância. Nesse sentido, o economista David Ricardo escreveu:

        “If we lived in one of Mr. Owen’s parallelograms, and enjoyed all our productions in common, then no one could suffer in consequence of abundance, but as long as society is constituted as it now is, abundance will often be injurious to producers, and scarcity beneficial to them”.

        Quando a produção aumenta além da demanda, os preços caem e a burguesia queima o excesso de produção, isso quando ela não promove guerras com o objetivo de conquistar países para pilhar seus recursos naturais ou para conquistar mercados para exportar sua produção, para destruir forças produtivas e o excesso de produção.

        Marx e Engels constataram que:

        “As relações burguesas de produção e de intercâmbio, as relações de propriedade burguesas, a sociedade burguesa moderna que desencadeou meios tão poderosos de produção e de intercâmbio, assemelha-se ao feiticeiro que já não consegue dominar as forças subterrâneas que invocara. De há decênios para cá, a história da indústria e do comércio é apenas a história da revolta das modernas forças produtivas contra as modernas relações de produção, contra as relações de propriedade que são as condições de vida da burguesia e da sua dominação. Basta mencionar as crises comerciais que, na sua recorrência periódica, põem em questão, cada vez mais ameaçadoramente, a existência de toda a sociedade burguesa. Nas crises comerciais é regularmente aniquilada uma grande parte não só dos produtos fabricados como das forças produtivas já criadas. Nas crises irrompe uma epidemia social que teria parecido um contra-senso a todas as épocas anteriores – a epidemia da superprodução. A sociedade vê-se de repente retransportada a um estado de momentânea barbárie; parece-lhe que uma fome, uma guerra de aniquilação universal lhe cortaram todos os meios de subsistência; a indústria, o comércio, parecem aniquilados. E porquê? Porque ela possui demasiada civilização, demasiados meios de vida, demasiada indústria, demasiado comércio. As forças produtivas que estão à sua disposição já não servem para promoção das relações de propriedade burguesas; pelo contrário, tornaram-se demasiado poderosas para estas relações, e são por elas tolhidas; e logo que triunfam deste tolhimento lançam na desordem toda a sociedade burguesa, põem em perigo a existência da propriedade burguesa. As relações burguesas tornaram-se demasiado estreitas para conterem a riqueza por elas gerada. – E como triunfa a burguesia das crises? Por um lado, pela aniquilação forçada de uma massa de forças produtivas; por outro lado, pela conquista de novos mercados e pela exploração mais profunda de antigos mercados. De que modo, então? Preparando crises mais omnilaterais e mais poderosas, e diminuindo os meios de prevenir as crises”.

        Se formos esperar pela exaurimento do capitalismo, a natureza será destruída e a sociedade será escravizada cada vez mais e extinta. A produção capitalista não se destina à satisfação das necessidades sociais, mas à acumulação do capital. É puro nonsense.

        O Fernando Nogueira está redondamente enganado.

        1. Seus comentários são bem instrutivo mas discordo aqui e ali

           

          Rui Ribeiro segunda-feira, 26/03/2018 às 11:42),

          Gosto bastante dos seus comentários que são bem instrutivos. Não significa que eu concorde com todos eles. Um exemplo de divergência com comentário seu ocorreu junto ao post “Xadrez do abuso e de um momento de bom-senso da Lava Jato” de segunda-feira, 24/04/2017 às 07:05, de autoria de Luis Nassif e no blog dele e que pode ser visto no seguinte endereço:

          https://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-do-abuso-e-de-um-momento-de-bom-senso-da-lava-jato

          Em comentário que você enviou quarta-feira, 26/04/2017 às 08:44, junto ao meu comentário enviado quarta-feira, 26/04/2017 às 00:37, para Luis Nassif lá no post “Xadrez do abuso e de um momento de bom-senso da Lava Jato” você dava o exemplo da insegurança jurídica alegada pelo Ives Gandra para rebater a minha afirmação para Luis Nassif de que não “há um só exemplo no mundo em que o Poder Judiciário tenha tido efeito direito no PIB”. Eu repliquei essa sua alegação em comentário que eu enviei para você em sexta-feira, 28/04/2017 às 13:53.

          Aqui também não concordo inteiramente com você. Primeiro, entretanto, faço a mea-culpa pelo conteúdo dos dois seguinte parágrafos do meu comentário anterior para junto do comentário de Wilton Cardoso Moreira enviado domingo, 23/803/2018 às 22:18:

          “Não sou economista e não sei se você o é. O Fernando Nogueira da Costa é economista e me parece que ele é daquela espécie de economista de esquerda que percebeu que o sistema capitalista é o sistema que oferece maior possibilidade de aumento de produção.

          E ele percebeu também que só o aumento de produção, salvo raras exceções, é que tem trazido melhorias palpáveis em direção ao desenvolvimento humano. Então se for para acabar com o capitalismo que ele acabe quando ele se exaurir e não para ele ser substituído a força por outro sistema.”

          A mea-culpa deriva de eu ter atribuído a Fernando Nogueira da Costa pensamento que é meu. Avalio que ele esposa esse pensamento tendo em vista alguns artigos dele, mas principalmente o artigo publicado no Brasil Debate e transformado aqui no blog de Nassif no post “Tática fiscalista e estratégia social-desenvolvimentista, por Fernando N. da Costa” de 03/12/2014, e que pode ser visto no seguinte endereço:

          https://jornalggn.com.br/blog/brasil-debate/tatica-fiscalista-e-estrategia-social-desenvolvimentista-por-fernando-n-da-costa

          No artigo Fernando Nogueira da Costa defendia a correção da política econômica para o segundo governo da ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff. Como eu defendia também para aquele momento uma política mais contracionista com o intuito de assegurar mais crescimento econômico à frente, eu fiz a avaliação de que Fernando Nogueira da Costa quer ver o sistema capitalista dar o máximo que pode. Não quer dizer, entretanto, que esse seja o pensamento dele. Assim, o mais correto seria dizer que eu estou errado e não o Fernando Nogueira da Costa.

          E discordo do conteúdo da sua crítica implícita no seu comentário tanto a mim como a Fernando Nogueira da Costa, embora Fernando Nogueira da Costa entrasse nessa história um tanto de esguelha. E discordo à medida que não vejo nela uma separação importante que deve existir na análise da economia empresaria posta em prática no mundo há um bom par de séculos. Para mim o capitalismo, a possibilidade de acumular capital mediante o trabalho de terceiro, convive quase em contradição com o mercado que é basicamente o direito de ir e vir e de livre concorrência, dos direitos de propriedade e semelhante.

          Uma vez visualizado essa divisão e sabendo do antagonismo entre o princípio da eficiência, que atua sobre o capitalismo, e o princípio da Justiça, que atua sobre o mercado, torna-se mais fácil compreende o quanto o mercado age em sentido exatamente contrário ao capitalismo. O capitalismo é eficiente e por consequência é injusto. O capitalismo tende à concentração. O mercado tende a se pulverizar e por consequência é ineficiente e por consequência é justo.

          O grande problema que surge na linha do antagonismo existente entre mercado e capitalismo é que há uma tendência inexorável da vitória do capitalismo. O capitalismo vencer o mercado significa a tendência a concentração absoluta de capital que inviabiliza o capital.

          Aqui é preciso lembrar que o Estado não é empurrado para fora dessa dicotomia. Na verdade, há uma tricotomia em que o Estado se posiciona do lado do capitalismo, ou mais pessoalmente, do capitalista.

          Só que ao mesmo tempo, o Estado percebe que ele pode atuar de modo a evitar que via a concentração absoluta ocorra a morte súbita do capitalismo. Então, muitas vezes o Estado atua protegendo o mercado e outras vezes protegendo o capitalismo.

          Ao incentivar ou permitir a formação de grandes empresas, o Estado favorece a eficiência e, assim reduz a justiça. Mais à frente como fez o governo de Reagan no início da década de 80 quebrando a ITT e a IBM, o Estado favorece a criação de empregos, reduz a eficiência e torna mais justo o sistema. É preciso apenas reconhecer o timing para a tomada de decisão correta.

          Como você mencionou as crises de superprodução, nesse momento cabe a o Estado ser um grande agente de consumo dessa superprodução para que o sistema possa continuar na sua marcha forçada.

          E considero que se deve mencionar aqui duas espécies distintas de crescimento. Um crescimento que é puxado pelo consumo da população de um país, e o crescimento puxado pelo consumo externo ou da população estrangeira. Os Estados Unidos têm um crescimento puxado pelo consumo interno. A China tem um crescimento puxado pelo consumo externo.

          Para os Estados Unidos é imperativo que os países do terceiro mundo ou países de periferia sejam pobres e que possam fornecer a preço vil os produtos que a economia daquele país do norte necessita. Para a China é preciso que os países de periferia fiquem cada vez mais rico para comprar cada vez mais os seus produtos.

          A solução para esse imbróglio é que países como o Brasil faça uma grande desvalorização e eleve o dólar para por exemplo 7 reais o que atende à demanda dos Estados Unidos e em seguida ele abra a economia para a China para que a China possa fazer com que o país cresça a taxas de mais de 10% ao ano.

          Assim, penso que ainda há um grande espaço temporal pela frente até que a economia capitalista se exaure. Esse grande espaço será cada vez mais um espaço em benefício da justiça e não da eficiência, mas dado o atraso produtivo dos países da periferia há que se pensar neste primeiro momento em não perder o foco na eficiência.

          Clever Mendes de Oliveira

          BH, 26/03/2018

    2. Emancipação do capital?

      Emancipação do capital ou emancipação do proletariado?

      “Na sociedade burguesa o trabalho vivo é apenas um meio para multiplicar o trabalho acumulado. Na sociedade comunista o trabalho acumulado é apenas um meio para ampliar, enriquecer, promover o processo da vida dos operários.

      Na sociedade burguesa domina, portanto, o passado sobre o presente, na comunista o presente sobre o passado. Na sociedade burguesa O CAPITAL É AUTÔNOMO E PESSOAL, ao passo que o indivíduo ativo não é autónomo nem pessoal”. – Marx e Engels, Manifesto Comunista

      E emancipação do proletariado é tarefa do próprio proletariado.

      Acho que você se equivocou, Wilton.

  10. Fake News existem desde que a sociedade foi dividida em classes

    Fake News existem deliberadamente desde que a sociedade foi dividaida em exploradores e explorados, opressores e oprimidos. Trasncrevo uma informação falsa a seguir e logo em seguida transcrevo uma tentativa de desmontá-la:

     

    De blá-blá-blá ao mi-mi-mi

    Eugenio Arima

    É impressionante a capacidade de se chegar a conclusões causais. Quisera que a ciência tivesse tal segurança e capacidade, a maioria dos problemas lógicos, seriam fáceis.

    Não quero ofender a capacidade dos opinionistas, mas convenhamos que por vezes, o raciocínio resvala pelo simplório. Mesmo que todos saibam que as causas são multifatoriais, geralmente insistem naquelas que mais vão ao encontro das suas crenças.

    Quando se fala em distribuição de riquezas, assumimos que o tal “povo” queira o que? Saúde, habitação, segurança, alimentação, cultura? Porque acreditamos que estas pressuposições são mais válidas que a conclusão do Joazinho Trinta: pobre gosta de luxo?

    Celso Furtado já advertia que se todos tivessem o padrão de consumo dos países ricos, as reservas do planeta se esgotariam em poucas décadas. Desafiadora situação pois teríamos de mudar a cultura do consumismo, substituindo pelo consumo consciente, já que ausência de consumo provocaria a derrocada econômica, como os çábios da Globo e políticos agora sabem.

    Se déssemos o mesmo padrão de consumo a todos, tomando por parâmetros a prática de consumo atual, isto acabaria com a violência?

    Se legalizássemos a droga, e esta pudesse ser revendida pagando impostos e cumprindo exigências sanitárias, isto diminuiria a violência? o jovem inutilizado pelo abuso da droga, sem emprego, não roubaria para ter acesso a droga? em surto psicótico, pelo fato de ser legal, a droga não interferiria numa explosão de violência? Dirigir sob o efeito de drogas (alcool é droga) não gera violência no trânsito? um problema que os debatedores daqui nem mencionam, pois sabe como é, transito é acidente..

    Sufocar economicamente rastreando as conta de traficantes? Perdão, mas que sandice é esta? Para ser considerado traficante, precisa ser condenado por tal e sabendo do risco, provavelmente, não seria tão idiota em colocar tudo em seu nome, mas da família, amigos. Estes seriam investigados?  Não criaria um estado policial ainda mais vigilante e opressor? Isto não é violência? Neste caso, violência de estado?

    Alguém aí está certo no fato que se o tráfico não tiver lucro econômico, pois boa parte da lógica se escora no ganho, haverá menos incentivo ao ingresso numa atividade de caridade. Mas se for privatizada, ai daqueles que pensam em usar o recurso típico das propagandas. Não me venham falar de proibição de propaganda e ações de marketing, isto é hipócrita e venenoso, tanto quanto decidir se um homem nu pode ou não ser exibido ao público e tocado por uma criança.

    Pensem melhor, Senhores, antes de sairem deitando boutades por conta das idiossincrasias alheias quando mal a veem em si mesmos.

    Nem a repressão é solução, tampouco o laissez faire de permitir.

    A violência é intrinsica ao ser humano. Temos que administrar o nível de violência com o qual podemos conviver em sociedade.

    Se houvesse uma dura repressao às armas de fogo e munições, já teríamos ao menos, redução das mortes com o uso destas. Numa fronteira deste tamanho, e com a corrução que assola a mente tupiniquim, difícil se lograr sucesso nisto.

    O abandono dos jovens pelos pais, que tem carreiras e dedicam “momentos qualitativos” aos filhos, ajuda a abrir as portas das drogas. O conhecimento venenoso, o consumismo desenfreado, o trabalho sem sentido, alimentam a violência.

    Precisamos de algo mais profundo e mais urgente: reformar moralmente nosso povo. Dar sentido ético às nossas existências, o restante é apenas reflexo do animal que somos e do humano que escolhemos ser.

     

    Primeiro vem o estômago, depois, a moral

    Rui Ribeiro

    As causas da violência são multifatoriais, entretanto, para o Eugênio, a solução é basicamente a reforma moral do ‘nosso povo’. Como é que se reforma a moral de alguém que nasceu numa palafita, não tem saúde, não tem segurança alimentar, não tem segurança pública, não tem educação nem cultura?

    Pobre gosta de luxo. Entretanto, se todos tiverem o padrão de consumo das populações dos países ricos, as reservas do planeta se esgotarão em poucas décadas. Logo, as reservas do planeta devem ser preservadas a fim de que as populações dos países ricos continuem com seus consumismos desenfreados, sem necessidade de mudarem tal cultura para um consumo consciente, o que significa que os pobres tem que continuar sem moradia digna, sem educação, sem alimentação, sem segurança, sem cultura e sem saúde, a fim de que as reservas do planeta durem muitas décadas, a fim de que meia dúzia de parasitas sociais continuem vivendo na luxúria enquanto bilhões vivem nos lixões.

    O Jenial Eugenio pergunta:

    “Se déssemos o mesmo padrão de consumo a todos, tomando por parâmetros a prática de consumo atual, isto acabaria com a violência?

    Se legalizássemos a droga, e esta pudesse ser revendida pagando impostos e cumprindo exigências sanitárias, isto diminuiria a violência? O jovem inutilizado pelo abuso da droga, sem emprego, não roubaria para ter acesso a droga? Em surto psicótico, pelo fato de ser legal, a droga não interferiria numa explosão de violência? Dirigir sob o efeito de drogas (alcool é droga) não gera violência no trânsito?”

    Se toda a população do planeta tivesse moradia digna, saúde, educação, cultura, segurança alimentar, segurança pública, lazer, a violência não se reduziria, ao contrário, ela se elevaria, pois dariam aos pobres o mesmo padrão de consumo dos ricos e se esses ex-pobres beberem, eles dirigirão e causarão violência no trânsito.

    Tu veio aqui prá beber ou prá dirigir, EuJênio?

    Você tem notícia de que algum alcóolatra cometeu latrocínio a fim de comprar cachaça?

    É comum na Holanda os viciados cometerem latrocínios para satisfarem seus vícios?

    Você não é simplório, não, Amigo.

    Quer dizer que se a receita federal chamar um contribuinte para justificar, para apontar a origem dos seus ganhos, isso cria um estado policial ainda mais vigilante e opressor e, portanto, não se pode rastrear os ganhos do tráfico. Quem morre por violência privada é mais feliz do que quem morre por violência estatal.

    A violência é intrinseca ao ser humano. Logo, Gandhi, Tolstoi, Buda, Henry David Thoreau e os Pacifistas não são humanos.

    O Eugenio afirma que ‘se houvesse uma dura repressão às armas de fogo e munições, já teríamos ao menos, redução das mortes com o uso destas’. Mas como é que você, Eujênio, explica o fato da taxa de homicídios intencionais por cada 100 mil habitantes ser 4,88 nos EUA, onde o porte de armas não é ilegal, enquanto no Brasil, onde a população trabalhadora não tem segurança pública nem privada e não pode usar armas, tal taxa é 26,74?

    Quase todos os hippies, que eram anti-consumistas, usavam drogas. Em sendo assim, não há relação de causalidade entre consumismo desenfreado e uso de drogas.

    Porque o Canadá, um dos países onde as desigualdades sociais são pequenas, é menos violento do que o Brasil, um dos países campeões das desigualdades sociais?

    Fala, Eujênio!

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