Animais podem ter dons paranormais

Por Assis Ribeiro

O poder secreto dos animais: eles têm dons paranormais

 

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Cães telepatas, gatos capazes de prever a morte das pessoas, elefantes que sabem quando um terremoto irá acontecer. Os animais percebem muito mais do que nossos sentidos conseguem captar. A ciência reconhece isso, mas ainda não consegue explicar

18 de Janeiro de 2013 às 17:11 

Por Luis Pellegrini

Oscar, um lindo gato de pelo malhado, possui o dom de prever a morte de alguém. Oscar mora no Steere House Nursing and Rehabilitation Center, no Estado de Rhode Island (EUA), uma instituição que toma conta de pacientes idosos que sofrem de demência senil. Ele foi adotado pela equipe médica em 2005, junto com outros animais abandonados, para distrair e fazer companhia aos pacientes e a seus familiares, nas horas de visita. Oscar, no entanto, para consternação geral, passava a maior parte do tempo escondido ou arredio, não parecendo muito interessado em socializar com os pacientes e visitantes. Mostrava-se, na verdade, bastante distante. Um ano se passou, até que Oscar deu mostras de querer se dedicar a tarefas bem mais especializadas: confortar pacientes moribundos durante as suas últimas horas de agonia.

A equipe, composta de médicos e enfermeiros, percebeu que Oscar começara a fazer rondas de quarto em quarto. Na porta de cada um deles, repetia o mesmo ritual: empurrava a porta com a cabeça, observava o paciente e cheirava o ar. Raramente ele passa muito tempo com alguém – exceto com aqueles que estão vivendo suas últimas horas.

O gato Oscar

O gato Oscar

Companheiro das últimas horas

No início, parecia que a presença de Oscar sobre a cama de um paciente moribundo devia-se a um mero acaso. Mas, com o tempo, o seu número de acertos ficou tão grande que, quando ele sobe na cama e se deita ao longo do paciente, os enfermeiros já ligam para a família avisando que o doente está nas últimas. Se impedido de entrar no quarto de um paciente nessas condições, Oscar se mostra teimoso e, com a pata, procura empurrar a porta e forçar a própria entrada. Vinte e cinco vezes seguidas, Oscar previu com exatidão qual paciente seria o próximo a morrer. Em todas as vezes, ele penetrou no quarto e, silenciosamente, permaneceu lá dentro até o desenlace.

O médico David Dosa, clínico da Steere House, no início duvidou do talento peculiar de Oscar. Depois, mudou totalmente de opinião. Em artigo escrito em 2007 para o New England Journal of Medicine, ele conta: “A Senhora K. permanece tranquilamente em seu leito, com respiração calma porem muito fraca… Oscar entra no quartos e cheira o ar. Rodeia a cama duas vezes, até saltar sobre ela e colocar-se ao lado da senhora K. Uma enfermeira entra no quarto para ver como estava a paciente. Nota a presença de Oscar. Preocupada, ela telefona para a família da paciente. Meia hora depois, os familiares da senhora K. chegam à clínica. Oscar permanece tranquilo sobre o seu leito. Um garoto, neto da paciente, pergunta a sua mãe: ‘O que o gato está fazendo ali?’ A mãe, segurando as lágrimas, responde: ‘Ele está ajudando a vovó chegar ao céu”.

Meia hora depois, a senhora K. dá seu último suspiro. Logo em seguida, Oscar se levanta, olha ao redor, e deixa o quarto tão silenciosamente que a família nem percebe.

O gato Oscar nos braços do médico David Dosa, da clínica Steere House,

O gato Oscar nos braços do médico David Dosa, da clínica Steere House,

Oscar, um superdotado

Trazido de um abrigo de animais, Oscar cresceu na unidade para dementes senis da Steere House. A clínica adotou há anos um programa em que animais são levados à companhia dos pacientes, a fim de que estes tenham manifestações de afeto e amizade. Cerca de seis animais residem ali, promovendo conforto aos pacientes. Mas só Oscar demonstrou a capacidade especial de perceber qual paciente morrerá em breve.

Depois de aproximadamente seis meses, médicos e enfermeiras da clínica notaram que o gato fazia sua própria ronda entre os pacientes. Ele cheirava e observava os doentes, e às vezes escolhia um deles para ir deitar-se junto. O que surpreendia a todos era que os pacientes com quem Oscar dormia vinham a falecer cerca de duas a quatro horas depois de sua chegada.

Um dos primeiros casos anotados referia-se a uma paciente que tinha um coágulo na perna. Oscar aninhou-se em volta de sua perna e ali permaneceu até a mulher falecer, cerca de duas horas depois. Outro caso exemplar foi o do médico que havia feito um prognóstico de morte iminente, baseado nas condições do paciente: Oscar simplesmente se afastou, fazendo com que o médico acreditasse que o dom do gato houvesse desaparecido. Dez horas depois, Oscar aproximou-se novamente do doente e se aninhou junto dele. A morte do paciente ocorreu cerca de duas horas depois – um intervalo muito longo para o prognóstico inicial do médico.

Oscar sai do quarto de um paciente após uma visita

Oscar sai do quarto de um paciente após uma visita

O que poderia explicar o fenômeno

A precisão de Oscar, que até agora conta com muitas dezenas de casos comprovados, levou o pessoal que trabalha na clínica a instituir um novo e incomum protocolo: toda vez que ele dorme com um paciente, os parentes deste são notificados de sua morte iminente. Na maioria das vezes, a família do paciente não presta atenção no fato de que Oscar está presente na hora da morte; em algumas ocasiões, entretanto, quando é afastado do quarto a pedido dos parentes, o gato fica andando de um lado para o outro em frente à porta, miando em protesto. Quando permanece, Oscar fica com o doente até que este venha a exalar seu último suspiro – momento em que o gato se levanta, dá uma olhada e parte silenciosamente.

Várias foram as hipóteses formuladas para explicar os poderes de Oscar. Os gatos conseguem cheirar as substâncias químicas que são eliminadas pelas pessoas, pouco antes de morrer? Os gatos simplesmente são ótimos observadores, melhores do que os próprios médicos? Os gatos possuem algum sentido ou sensibilidade especial, que não conseguimos explicar mas que realmente funciona? Serão donos de algum poder paranormal? Nenhuma resposta definitiva foi encontrada até agora, e na clínica Steere House Oscar continua tranquilamente a desempenhar o seu papel.

Oscar, no entanto, está longe de ser o primeiro e único animal a manifestar capacidades extraordinárias e inexplicáveis. Todos os animais, algumas espécies mais particularmente, possuem capacidades de percepção que superam em muito aquelas humanas. A tal ponto que seus feitos, observados um sem-número de vezes, em todos os tempos e lugares, fazem com que se confundam e se percam os limites entre a ciência e a magia. Nas últimas décadas, um cientista famoso pesquisou o complexo universo das estranhas percepções dos animais e construiu a respeito uma teoria unitária. Esse homem é Rupert Sheldrake, escritor e biólogo inglês, que explicou os resultados de sua pesquisa no livro Dogs that know their owners are coming home (Cachorros que sabem que seus donos estão chegando em casa).

Os gatos não são os únicos

No livro são relatados diversos testemunhos relativos a prodigiosos eventos que têm como protagonistas animais capazes de perceber coisas que o homem não consegue. Um estudo particular de Sheldrake é dedicado à telepatia. A palavra significa aproximadamente “perceber de longe” e, nos casos relatados no livro, são descritas situações nas quais, por exemplo, gatos previram antecipadamente o retorno a casa do próprio dono, ou alguma situação de perigo a ele relacionada ou, mais simplesmente, captaram com o pensamento um chamado a distância do dono, sem que houvesse nenhuma possibilidade de ouvi-lo com os ouvidos físicos.

Há, em todo o mundo, inúmeros episódios de animais que, afastados de suas casas ou dos seus donos pelas causas mais diversas, encontram o caminho de casa até mesmo depois de anos de busca e de perigosas viagens. Sheldrake fala disso em seu livro, examinando casos de cães, gatos, cavalos e pássaros que conseguem voltar a seu domicílio, pouco importando a imensa distância que parecia tornar o feito praticamente impossível. A conclusão das suas pesquisas é que são de pouco ou nenhum valor o olfato e a memória visual dos lugares que os animais cruzaram. Em muitos casos, era na verdade impossível tomar consciência dos espaços percorridos – por exemplo, no caso de viagens aéreas ou de trem (e pensemos que os citados animais escolheram meios e estradas totalmente diversas daquelas usadas durante a viagem de ida). Tudo se passa como se os animais tivessem um mapa magnético na cabeça, um “radar” funcionando o tempo todo, capaz de conduzir seus passos em situações críticas. Uma espécie de GPS biológico.

As corujas, um dos animais prediletos dos magos e adivinhos

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Conexão afetiva incrementa o dom paranormal

Existem também capacidades particulares dos animais que, além de nos deixar atônitos, podem nos ser muito úteis. Por exemplo, alguns cães preveem os ataques epiléticos nas pessoas, capacidade estudada e demonstrada em estudo conduzido pelo neurologista Adam Kirton, do Children’s Hospital, de Alberta, Canadá, em 2004. O estudo, realizado com 60 cães, demonstrou que 15% deles são bastante precisos na previsão de uma crise epilética do próprio dono, sem necessidade de treinamento. Há vários casos em que o animal, mesmo estando a grande distância do dono, corria subitamente em direção a ele quando o mesmo estava na iminência de ter um ataque.

Essa virtude extraordinária parece ligada unicamente ao grau de conhecimento afetivo, por parte do cão, da pessoa que apresenta esse problema. Para alguns cientistas, isso provavelmente deriva da capacidade olfativa que os animais possuem: antes de um ataque epilético, o corpo humano poderia sofrer alterações fisiológicas que levariam a mudanças na sudorese e na composição química do suor, mudanças que os cães conseguiriam perceber, ou melhor, cheirar. Mas trata-se realmente apenas de olfato?

A mais conhecida capacidade paranormal dos animais é, sem dúvida, a de prever terremotos e outros importantes cataclismos geológicos. Em 2004, horas antes do tsunami que devastou o litoral de vários países asiáticos, elefantes nas proximidades de praias na Indonésia e no Sri Lanka começaram a manifestar sinais de grande inquietação. Vários arrebentaram as correntes que os prendiam e fugiram para o alto de colinas, como que prevendo que as áreas estavam prestes a serem inundadas.

As serpentes, desde os tempos mais remotos, estiveram associadas à vida e à morte, à espiritualidade e à medicina

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Os animais também vão ao paraíso

Na Europa e na China, zonas sujeitas a abalos sísmicos, todos prestam atenção quando animais em cativeiro – como aqueles trancados em zoológicos – mostram sinais de inquietação. Desde a antiguidade há relatos que falam dessa capacidade de previsão dos animais, que, bem antes do momento da catástrofe, começam a comportar-se de maneira estranha, mostrando um forte desejo de abandonar a casa do dono e fugir para longe, como se quisessem, ao mesmo tempo, salvar a própria pele e avisar as pessoas de que não é mais o caso de permanecer naquele lugar.

Outra obra sobre o tema, Anche gli animali vanno in paradiso (Os animais também vão ao paraíso), dos pesquisadores italianos S. Apuzzo e M. D’Ambrosio (Edizioni Mediterranee), narra muitos episódios surpreendentes e inexplicáveis. No capítulo sobre experiências conduzidas em laboratório e destinadas a provar que alguns animais percebem nitidamente os acontecimentos até mesmo quando são impedidos de usar seus sentidos normais, narra-se a história de um cão boxer que foi ligado a um eletrocardiógrafo numa sala à prova de som, enquanto sua dona se encontrava em outro aposento. Sem que a mulher fosse avisada, um indivíduo estranho invadiu a sala e começou a insultá-la e a ameaçá-la de agressão física. A mulher ficou realmente amedrontada, e seu cão, trancado na outra sala, pareceu perceber que sua dona estava em perigo. O boxer entrou em agitação e seu ritmo cardíaco subiu violentamente.
Outro relato fala de um norte-americano que hospedou em sua casa o gato persa de sua mãe, que partira em viagem à Inglaterra. O gato e a idosa senhora tinham vivido juntos no mesmo apartamento durante quatro anos, e nunca tinham se separado por mais de um dia. Era compreensível, portanto, que durante vários dias o animal parecesse assustado e arredio, mas ele logo se habituou ao novo ambiente e parecia então razoavelmente sereno. Mas um dia, um mês depois da partida de sua dona, ele se encolheu num canto da sala, miando desconsoladamente, recusando a comida e toda a atenção que quiseram lhe dar. No entardecer do segundo dia, esse gato passou a emitir miados pungentes, desesperados. Uma hora depois, o dono da casa recebeu um telefonema avisando-o de que sua mãe acabara de falecer de um ataque cardíaco, quando a transportavam para o hospital.

O que os animais ensinam

A psicóloga de animais Beatrice Lydecker, autora do livro What the animals tell me (O que os animais me ensinaram), defende a idéia de que o esforço que os animais fazem para se comunicar conosco é muito maior do que podemos perceber. Para ela, a maioria das mensagens que eles nos mandam escapa totalmente à nossa atenção. Para Beatrice, os animais não se comunicam conosco verbalmente, e sim por intermédio de percepções extrassensoriais. Ela cita os resultados de uma série de testes que demonstrariam como uma pessoa pode se comunicar com seu animal preferido usando uma linguagem não verbal e visualizando aquilo que deseja. Essa opinião é compartilhada também pelos zoólogos Maurice e Robert Burton, autores da enciclopédia Inside the animal world (Por dentro do mundo animal), que trata de comportamento animal. A obra narra vários exemplos extraordinários de telepatia animal.

Por seu lado, o pesquisador norte-americano J.B. Rhine, considerado o pai da parapsicologia científica, já afirmava que experimentos bem controlados sobre a percepção extrassensorial dos animais confirmavam a evidência e sugeriam que a capacidade dos animais de transmitir e receber mensagens telepáticas é uma propriedade adquirida do organismo animal e precede a consciência sensorial.

 

O gato, animal mágico no antigo Egito

No Egito dos tempos faraônicos, matar um gato era um crime punido severamente, não importando se essa morte fosse provocada ou acidental. Mas quando um gato morria naturalmente, conta o historiador Heródoto, as pessoas da casa choravam em luto, como se tivessem perdido um membro da família. O gato era embalsamado e ritualmente sepultado.

Os egípcios o chamavam Myu, uma evidente onomatopéia. O gato era venerado em muitas outras regiões do país, sobretudo em Bubastis, cidade do Baixo Egito, onde a principal divindade era Bastet, a deusa com cabeça de gato.

Assim como a própria Bastet, o gato era inimigo das serpentes. Seu culto era muito difundido também em Tebas e Mênfis. Nos arredores dessas cidades foram descobertos cemitérios de gatos contendo cerca de 200 mil múmias desses animais. Parece que o gato macho era animal consagrado ao Sol e ao deus Osíris, e a gata, à Lua e à deusa Ísis.

O gato, cuja pupila sofre variações que lembram as fases da Lua, costumava ser comparado à esfinge por causa da sua natureza secreta e misteriosa e por sua sensibilidade aos fenômenos elétricos e magnéticos. Além disso, sua posição “enrolada” habitual e seu hábito de dormir dias inteiros faziam dele, aos olhos dos sacerdotes, a imagem ideal do meditador, mostrada como exemplo aos neófitos. No Livro dos Mortos egípcio o gato é chamado Matu, quando combate contra Apófis, a serpente píton dos pântanos, símbolo das forças maléficas e traiçoeiras. Afirmava-se, também, que o gato possuía nove almas e gozava de nove vidas sucessivas.

Luis Nassif

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