Editoriando um Golpe

Caro Nassif, extraído dos arquivos do serviço Google News (news.google.com/newspapers), fiz uma seleção de textos nos editoriais das edições do Jornal do Brasil nos dias que antecederam e sucederam ao Golpe da Ditadura. Neles é possível traçar um paralelo dos ataques golpista feitos por aquele importante jornal ao governo da época com os realizados recentemente nos editoriais do chamado PIG durante o Governo Lula.

A seguir estão os links dos editoriais selecionados (com alguns comentários narrativos):

Jornal do Brasil

Diretor-Presidente: C. Pereira Carneiro

Diretores: M. F. do Nascimento e Celso de Souza e Silva

Editor-chefe: Alberto Dines (respeito muito o trabalho do Alberto Dines no Observatório da Imprensa, mas creio que esse seja um período no mínimo vergonhoso desse grande jornalista)

A voz do soldado – Jornal do Brasil – 19 de março de 1964. (despertando o espírito golpista)

A semente da discórida – Jornal do Brasil – 27 de março de 1964. (instigando a crise)

Aos leitores – Jornal do Brasil – 28 de março de 1964. (preparando o terreno)

Na Ilegalidade – Jornal do Brasil – 30 de março de 1964. (chamado ao golpe)

Fora da Lei – Jornal do Brasil – 1 de abril de 1964. (o golpe propriamente dito)

Presente – Passado – Jornal do Brasil – 2 de abril de 1964. (festejando o golpe da “legalidade”)

Decisão Urgente – Jornal do Brasil – 4 de abril de 1964. (arando o terreno para a ditadura)

Presidente militar e imediatamente eleito – Jornal do Brasil – 6 de abril de 1964. (semeando a ditadura)

Desejo da Nação – Jornal do Brasil – 7 de abril de 1964. (irrigando a ditadura)

Tarefa Urgente – Jornal do Brasil – 8 de abril de 1964. (preparando a colheita da ditadura)

Lei instituicional sai do próprio Congresso – Jornal do Brasil – 9 de abril de 1964. (legalizando a ditadura)

O Ato Institucional – Jornal do Brasil – 10 de abril de 1964. (vendendo a ditadura, essa foi a melhor!!)

Como em 64 não havia internet e os pareceres dos jornais faziam a cabeça da elite pensante (sic) da época, imagine a agonia de um cidadão comum que, ao discordar dessas opiniões, soubesse que não haveria nenhuma outra fonte midiática poderosa e acessível para amparar suas idéias contrárias ao pensamento vigente. De certo, esse cidadão não emitiria juízo nem mesmo em discussões políticas com os seus familiares dentro de sua própria casa.

O PIG de hoje deve sentir muitas saudades do poder que tinha antigamente.

Redação

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