O passado, o presente e o estranho futuro de Eike Batista

Do Jornal GGN – Um cenário quase perfeito: o mundo em uma crise profunda pós-2008, com o estouro da bolha norte-americana e a desvalorização exacerbada do euro levando os investidores de grande porte a se voltarem para os países emergentes, como Rússia e China, favorecidos por um ambiente econômico de palpável otimismo.

E a situação no Brasil era ainda mais animadora, com a figura do presidente Lula brilhando na imprensa internacional e um volume considerável de capital estrangeiro a caminho do país. O momento certo para uma janela de oportunidades que, talvez, poderia não se repetir. O momento em que magnatas como Eike Batista começam a surgir, simultaneamente à flexibilização da economia.

O professor do MBA de Gestão de Riscos da Trevisan Escola de Negócios, Claudio Gonçalves relembra este momento. “Nesse ambiente de ascensão dos mercados emergentes, cerca de 70% da receita vinha de fora. O cenário era muito positivo para os Brics, com o Brasil à frente, um histórico de estabilidade macroeconômica com o projeto do plano real, novos ambientes de investimentos recomendados, país ganhando graus de investimentos de três agências de ratings. Era propício para o surgimento de novos empresários com o perfil de Batista”, conta.


Segundo Claudio, também aparecem neste momento oportunidades de investimento para as empresas abertas e fundos private equity para empresas não listadas na bolsa, o que aumenta o apetite desses investidores para correr riscos. “Tenho conhecimento, receita, mão de obra, um banco de investimentos dando suporte, país com economia estável. Sou bem relacionado, com um bom histórico familiar e empresarial, estou cercado de bons profissionais. A empresa vai ao mercado para captar dinheiro, consegue barato, e tem facilidade para os aportes. Assim começa a saga do grupo EBX”, explica.

Eike afirma ter aprendido a ter autoestima e disciplina com a mãe, que nasceu na Alemanha – segundo ele, requisitos fundamentais em sua fundação de empreendedor. Estudou em Genebra, Dusseldorf e Bruxelas e em 1974, entrou na faculdade de Engenharia Metalúrgica, que nunca concluiu. Aos 18 anos, vendeu apólices de seguro, no esquema porta a porta e, no inicio dos anos 1980, passou a dedicar-se ao comércio de ouro e diamantes – sua primeira empreitada no mundos dos negócios. Falando cinco idiomas, conseguiu se comunicar facilmente com investidores estrangeiros ao aceitar ser intermediário entre produtores da Amazônia e compradores de grandes centros nacionais do setor e europeus. Aos 21 anos, já tinha sua própria empresa de compra e venda de ouro – em um ano e meio de atividade, conseguiu acumular US$ 6 milhões.

Com os lucros provenientes de seu negócio recente, resolveu implantar a primeira planta aurífera aluvial mecanizada na região, criando um grupo, o TVX Gold. Pouco antes de completar 30 anos, teve sua empresa listada na Bolsa de Toronto, no Canadá, o que marcou o início de sua história com o mercado de capitais. Até 2000, mais que triplicou fortuna liderando a operação de oito minas de ouro no Brasil e no Canadá, e uma mina de prata no Chile. Em 2001, a TVX Gold acabou sendo comprada por uma empresa canadense por US$ 875 milhões (de dólares canadenses).

Com a venda, começou a operar três minas de ferro no Brasil (Mina 63, Tico Tico e Ipê), pouco antes de estruturar e abrir o capital de seis companhias no período entre 2004 e 2012: OGX, MPX, LLX, MMX, OSX e CCX (petróleo e gás, energia, logística, mineração, indústria naval e carvão), as companhias que integram o conglomerado EBX.

Segundo o professor da Trevisan, ao se lançar no mercado, Eike foi correto e, em nenhum momento, enganou investidores e empresas envolvidas com seu grupo – especialmente no que diz respeito ao IPO do EBX. “Num primeiro momento, foi aberto apenas para investidor qualificado, que tem na sua poupança valor superior a R$ 300 mil, por ser de alto risco. Depois, pessoas físicas com menos patrimônio também poderiam comprar. Ninguém foi enganado. O prospecto/book com a história do projeto foi bem claro e descrevia tudo o que se pretendia fazer com o dinheiro captado do investidor. No capítulo dos riscos, também tudo está descrito. Quanto maior o risco, maior o retorno associado a ele, e se eu ganhar com isso, será muito. Foi assim que pensaram os investidores. Vale lembrar que um fator preponderante avaliado pela CVM quando está avaliando e aprovando uma empresa no mercado de capitais é clareza de suas informações no prospecto. Todos os projetos do Grupo X têm com capítulo de risco muito claro. O que houve foi uma empolgação de um contexto otimista, onde as pessoas podem cometer erros ou fazer escolhas precipitadas”.

No entanto, para se ter uma ideia em números do tamanho do “tombo” sofrido pelo empresário e seus negócios nos últimos tempos, sua fortuna, que chegou a ser avaliada em US$ 10 bilhões em 2010 praticamente “derreteu” e, hoje, não ultrapassa os US$ 73 milhões. Alguns jornais internacionais, que têm noticiado o famoso “calote” de US$ 45 milhões aplicados recentemente, quando o grupo não honrou o pagamento de juros de alguns de seus empréstimos, chamaram o mineiro empreendedor de ex-bilionário em seus artigos sobre o assunto.

Antecipação às operações foi erro estratégico

Muitas teorias se formaram a respeito de como Eike conseguiu esvair o próprio patrimônio tão rapidamente após um estouro vencedor no novo mercado da Ibovespa. O professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), Evaldo Alves, acredita que o empresário se utilizou de mecanismos pouco comuns no Brasil, mas bastante conhecidos lá fora. “O grande empreendedor monta o negócio, a economia cresce a partir destes grandes desafiadores, começa a produzir. Nos Estados Unidos e na Europa, a partir do momento em que começa a produzir e tem resultados, se lança no mercado de ações e obtém recursos pra expandir os negócios, inovar, etc. Bill Gates, Stevie Jobs são os maiores exemplos disso”, explicou.

Contudo, Alves explica errou ao apenas executar metade da operação, apenas contratando gente, montar as operações e se lançar no mercado antes de começar a produzir. “Quando não há resultado concreto, quem compra esses papeis quer o dinheiro de volta, que é quando a empresa naufraga.” Para o professor da FGV, criou-se sobre o grupo EBX como um todo um modelo de financiamento de país desenvolvido sem a apresentação de resultados ou cumprimento do chamado “script”.

 

O professor de Economia do Insper, Otto Nagami concorda. “É uma empresa que não se consolidou de fato. Era um sonho que estava sendo apresentado e vendido ao mercado. Por uma questão de marketing ou mesmo de interesses, o projeto conseguiu sensibilizar bancos, fundos, investidores estrangeiros”.

O ministro Guido Mantega disse recentemente que o governo não deve ajudar o grupo EBX a sair da crise, por se tratar de uma empresa privada e, principalmente, por estar “complicando a imagem da economia brasileira lá fora”, o que segundo o professor da FGV não é uma verdade absoluta. “O que está no radar e que deve afetar o Brasil no exterior é o crescimento modesto da economia. A possível falência não afeta de maneira contundente a nossa economia brasileira. A imagem empreendedora brasileira pode ter respingos desgasta a imagem, mas o Brasil não é conhecido como tal. Investidores colocam seu dinheiro aqui não porque somos exímios e sofisticados empreendedores, mas sim porque aqui temos mercado, recursos, sobretudo naturais, produzimos commodities agrícolas, minerais e energéticas. Ele não vem pra cá em função dos recursos. Em resumo, apenas da desorganização aparente, o investidor está mesmo cauteloso com outras coisas: perspectivas de pouco crescimento e alta inflação”, alertou o acadêmico.

Outra questão que preocupa é de como as outras empresas devam reagir em relação ao fracasso da OGX, já que respiram interligadas. “Uma naufraga, as outras vão atrás”, disse uma fonte ao Jornal GGN, que completou dizendo que com o dinheiro e o volume captados no IPO, as empresas de Eike ainda poderiam respirar por mais 10 anos, no mínimo, não fossem seus graves problemas de gestão. “Qualquer empreendimento grande é um processo lento, agrega, e não se inicia grandioso como foi o caso. Não nasce no ponto final.”

Os especialistas consultados foram categóricos em afirmar que a OGX sofrerá com a má gestão, mas o país não sofrerá este desgaste. Dizem que ela não é tão grande assim. Que empresas nacionais nesta situação geram desconfiança, mas o que existe de maior é a cautela em investir no Brasil diante das perspectivas de um crescimento modesto até na comparação com os próprios emergentes. Agrega também desconfiança o nível de inflação atingindo o limite superior. A meta era 4,5% e chegamos aos 6%. Tudo isso pode provocar uma posição de cautela nos investidores. Portanto, Eike e suas empresas não contaminam o Brasil, nem a bolsa de valores, de maneira irremediável.

Para Nagami, o vencimento dos novos juros previstos para 30 de outubro é que determinará o destino de Eike e da OGX – ou a empresa consegue um pouco de oxigênio com algum investidor que banque a dívida ou entra na falência definitiva. “Será um dano financeiro social e enorme para muitas pessoas, por conta de uma irresponsabilidade na hora de se autointitular empresário. Teremos um levantamento de ativos que serão vendidos, para pagar as dívidas trabalhistas e depois os direitos fiscais. Porém, se não há ativos, de onde tirarão dinheiro para acertar as contas com 3 mil funcionários somente da OGX?”, alerta o professor.

Redação

10 Comentários

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  1. golpe

    em qual medida a quebra?, melhor dizendo, a falta de suporte das empresas do Eike foram tramadas por interêsses externos motivados pelo avanço estrangeiro no présal ?

    quem puxou o tapete do Eike? 

    o grupo X ao menos é empresa nacional, interesse privado mas…nacional.

    em janeiro (2013) o bndes emprestou $  5,4 BILHÕES para a falida e “gringa” OI telefonia, que nada produz, apenas explora (mau) serviços……………

  2. Luis Nassif decifra

    Nassif decifra muitas stuações no seu brilhante livro “Os cabeças de planilha”, quiça tenha antecipadamente decifrado os problemas econômicos atuais. Segue um comentário do Observatório da Imprensa e um trecho do livro:

    Quais são os interesses por trás dos fracassos econômicos do Brasil? Quem foram os arquitetos dos fragorosos desastres do Encilhamento, no início da República, e da explosão dos juros logo após o Plano Real? Inteligentes, persuasivos, bem relacionados, eles são os Cabeças-de-planilha, expostos com maestria neste livro por Luís Nassif.

    Aliando conhecimento do passado a uma notável familiaridade com os temas próprios da economia e do jogo político, o autor faz uma análise lúcida de diferentes períodos históricos. Sem misturar alhos com bugalhos, Nassif delimita bem as diferentes conjunturas, não transpõe tempos e personagens, mas demonstra uma realidade pertubadora: por trás das estruturas, das teorias econômicas, das leis do mercado e dos governos há seres humanos com qualidades e seus defeitos, como obstinação, voluntarismo, vaidade e ganância.

    Fruto de profunda pesquisa e de anos de experiência no estudo das questões econômicas nacionais e internacionais, o livro consegue mostrar com clareza quem são estes homens, em quais momentos eles agem e como utilizam seus argumentos a fim de favorecer o triunfo do grande capital especulativo – com o qual, não raras vezes, mantêm uma perigosa proximidade.

    Nassif decifrou números, combinou pessoas, fatos políticos e oscilações da economia, destrinchando o discurso hermético dos homens que definem os rumos da nação. E acabou deixando evidente um fenômeno importantíssimo para a compreensão do estrutural atraso brasileiro em relação aos países desenvolvidos: em momentos que estamos prestes a sair da mediocridade, somos travados pelos “cabeças-de-planilha” – homens do governo que fazem jogo duplo e condenam o país inteiro à estagnação. Claro, conciso, erudito e polêmico, o livro não faz concessões: revela as tramas políticas e as negociatas financeiras, mostra os caminhos do dinheiro e diz quem é quem, com todas as letras, entre os “cabeças-de-planilha”.

    Sem mágicas

    Ao analisar dois momentos muito especiais, a política financeira de Rui Barbosa na Primeira República, e a insistência de homens fortes de Fernando Henrique em atitudes como a supervalorização do real frente ao dólar, Luís Nassif conclui: “Os cabeças-de-planilha são tão antigos quando o diabo. (…) quebraram o país do Cruzado, quabraram o país do Real. Mas cumpriram sua missão de enriquecer os rentistas e desmoralizar princípios de trabalho, produção, projetos de país e solidariedade nacional”.

    Entretanto, Nassif não assume uma postura derrotista, nem acredita na velha ladainha que rotula o Brasil como “país do futuro”. Ao contrário, argumenta que nos tornaremos desenvolvidos no momento em que todos, Estados e sociedade civil, se unirem em torno de um projeto que não tem nada de mágico: uma estratégia com base na realidade do país e do exterior, gestão pública isenta, pacto político, educação universal e de qualidade. Ao fim de Os cabeças-de-planilha vemos que a grande mudança poderia começar agora.

    O autor

    Jornalista econômico, formado pela Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo, Luís Nassif foi um dos introdutores do jornalismo eletrônico no país. Membro do Conselho Deliberativo do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, é autor dos livros O Menino de São Benedito (finalista do Prêmio Jabuti em 2002) e O jornalismo dos anos 90 (2003). Pelas suas matérias sobre o Plano Cruzado, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo em 1986.

    ***

    Prefácio

    Luis Nassif

    Na primeira metade dos anos 1990, li o clássico América Latina: males de origem, de Manuel Bonfim, obra do começo do século XX. Nela, pela primeira vez, pude perceber as semelhanças entre o início da República e o convencionou chamar de Nova República.

    Havia um modelo conservador, com poucos se apropriando do butim. Foi criado um movimento de “republicanização” do Estado, que juntou, primeiro, os carbonários. À medida que foi ganhando musculatura, conquistou adesões de aliados ao velho regime. No poder, foram esquecidas as bandeiras da republicanização, e cada qual tratou de buscar sua parte do tesouro.

    Essa corrida quebrou o Estado. Era uma crise do Estado, não da Nação. Como o Estado pôde emitir moeda, emitiu e provocou uma inflação que passou a afetar a Nação. Quando a população começou a se dar conta de que o problema estava no Estado, surgiu a figura mágica do “financista”, o sujeito que estudou fora e que volta com as últimas teorias econômicas. “Façam o que eu digo, e o país será salvo” é o seu lema mágico. Propõe cortes orçamentários. Mas onde cortar? Na época, cortar soldo das Forças Armadas derrubava governos. Não dava também para cortar favores de aliados políticos. Corta-se, então, na linha de menor resistência: saúde, educação, recursos para estados. No final, o Estado estava salvo, a Nação, mais pobre.

    Esse papel tinha sido claramente desempenhado pelos economistas do Plano Cruzado, capítulo da história que acompanhei de perto e que me permitiu o Prêmio Esso de 1986.

    A partir da leitura da Bofim, sempre mantive a curiosidade de prosseguir na análise da analogia entre os dois períodos.

    Ao mesmo tempo, sempre me intrigaram os erros flagrantes cometidos nas áreas de câmbio e juros pelos economistas do Real – os mesmos do Cruzado – na partida do plano. De julho de 1994 em diante, tornei-me um dos críticos mais persistentes dos erros cometidos. Por aqueles dias, dava para perceber não apenas o desfecho dos erros, como as motivações – em coluna daquele ano, a propósito da vinda de Winston Fritsch para comandar um banco estrangeiro no Brasil, chamei a atenção para os componentes de negócio que poderiam explicar os erros do câmbio.

    Naquele mesmo mês de dezembro, houve um vento na sede do Banco Central no Rio de Janeiro. Como já havia começado a escrever sobre as semelhanças entre os dois períodos, nele Gustavo Franco me presenteou com sua monografia sobre o Encilhamento, livro que escreveu com apenas 27 anos.

    Li, guardei e prossegui na guerra contra os erros do Real, especialmente a partir de abril de 1995, quando a violenta elevação dos juros para brecar a economia confirmava os prognósticos de todos os que apontavam os erros da apreciação cambial.

    No meu livro, O jornalismo dos anos 90, há um longo capítulo com colunas que escrevi no período, alertando para tudo o que veio a acontecer posteriormente.

    Quando terminou o governo de FHC, resolvi retomar a analogia com o início da República. Quem teria sido FCH? Campos Salles, como ele gostava de se definir, preparando o país para um Rodrigues Alves?

    Comecei a me aprofundar nas leituras do período. De Campos Salles, FCH herdou a tecnologia da política dos governadores. No final do seu governo saudei essa habilidade com a coluna “Uma obra de arte política”, que acabou fechando a segunda edição da sua biografia, escrita pelo brasilianista Ted G. Goertzel.

    Mas não batia com Campos Salles. Estes pegara uma situação catastrófica, herança do Encilhamento, e fornecera as bases para um período de estagnação que vigoraria até a Revolução de 1930. FHC comandara a catástrofe, com os erros do Real. A analogia teria que ser com o período anterior, com a quadra que se convencionou chamar de Encilhamento.

    Então me lembrei da monografia de Gustavo. Como não a encontrava em minha biblioteca, escrevi-lhe pedindo uma cópia. Sua resposta foi objetiva: “Eu não! Senão você vai usá-la para me atacar”.

    Embora crítico acerbo dos erros de Gustavo, sempre nos demos muito bem. Sempre admirei seu brilhantismo, até para defender teses incorretas, sua coragem de dar a cara a tapas, a maneira como aprendeu rapidamente as manobras de mercado, sua ambição política de querer mudar o país, e até sua longa purgação, tendo de carregar nas costas o estigma de ter cometido alguns dos mais graves erros da história econômica do país.

    No dia seguinte, por coincidência, achei a monografia em minha biblioteca. É um livro pequeno, em que o jovem Gustavo ainda não desenvolvera o estilo claro que viria com os anos. Mas tinha uma profusão de dados que permitia ao leitor, inclusive, questionar as conclusões.

    Era patente o entusiasmo do jovem Gustavo com seus personagens. Considerava o conselheiro Mayrink um vulto do tamanho de Mauá. E tinha em Rui Barbosa seu ídolo absoluto. O que mais intrigava no livro era a preocupação central de Gustavo em saber por que o modelo de Rui não dera certo. Não questionava os privilégios conferidos a Mayrink, nem sequer via correlação entre esses privilégios político de Rui, ou com as medidas que ele tomou no decorrer de 1890 para consertar o erro de partida, privilegiando um banqueiro sem capital, um empreendedor sem escrúpulos. A pergunta reiterada de Gustavo era: o que faltou para dar certo? E conclui que faltou um Banco Central para impedir as ondas concêntricas que se seguiram à quebra do Banco Baring na Argentina.

    Uma leitura mais acurada permitia entender que o que encantava o jovem Gustavo não eram as formulações econômicas em si. Era algo muito mais sofisticado: como aproveitar o momento para inverter o jogo de poder, mudar o país, impor uma nova elite. E tornar-se sócio dela.

    Rui era seu símbolo máximo, porque era o intelectual classe média que lograra utilizar o poder do conhecimento não para ir a reboque desses empresários “atrasados”, ou desses políticos “malandros”, preconceitos que ficaram evidentes em quase todos os seus discursos, mas para ser, ele próprio, fonte autônoma de poder.

    A partir da percepção sobre o que se passava na cabeça do jovem Gustavo, mais as possibilidades de riqueza fácil abertas pelo Encilhamento, comecei a reconstruir os erros do Plano Real a partir de uma ótica mais comezinha.

    Durante alguns meses, em minha coluna de domingo na Folha de S. Paulo iniciei um exercício de formular hipóteses, para os leitores e para mim mesmo, para entender algo que escapava à minha compreensão: como podem economistas preparados, como os que fizeram o Real, cometer erros tão bisonhos na partida do Plano, e persistirem neles até o limite de comprometer o próprio destino do Brasil?

    A resposta demorou para sair, até por bloqueio. Mas acabou ficando cada vez mais nítida. A razão é que, na partida do Plano, assim como Rui Barbosa, não resistiram a, primeiro, dar a grande “tacada” – expressão empregada pelo sócio e cunhado de Rui Barbosa, Carlito, e de uso corrente no mercado nos anos 1990, que serve para definir oportunidades únicas de enriquecimento fácil.

    Este livro é fruto dessas reflexões e dessas pesquisas sobre esses dois momentos, o Encilhamento e o Plano Real, em que se mataram as duas maiores oportunidades de desenvolvimento do Brasil.

    Agradeço a revisão crítica de Rodrigo Elias.

    http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/nassif-desvenda-os-cabecasdeplanilha

  3. Putz….

    Qual o sentido de perguntar a um “profeçor de emibiei” da FGV, ou seja de qualquer outra franquia deste tipo, o que ele acha sobre a “honestidade” do senhor X?

    Claro que todo mundo(ao menos a maioria) sabia do risco, ou pelo menos minimizou estes riscos pela expectativa de enormes e rápidos lucros…afinal, na outra ponta de um estelionato sempre tem um idiota metido à esperto…

    A questão é: Se tudo foi tão correto, tão dentro dos limites da instabilidade corporativa e dos riscos sistêmicos, por que gastar zilhões de reais para trazer jornalistas, colunistas, e outros analistas na coleira para dourar a pílula.

    Por que gastar outros zilhões em campanhas eleitorais de futuros governantes que promoveriam as “facilitações” na aquisição de terras (Porto do Açu), em uma verdadeira reforma agrária invertida, quando, por exemplo, o Estado do RJ desapropriou enormes faixas de terras, tomadas à força de pequenos sitiantes, para um tal distrito industrial que na verdade virou uma “imobiliária” de aluguel de terrenos para galpões da indústria do petróleo, tudo a preço de banana, e que está sendo revertida na Justiça?

    Para que adular estas autoridades com passeios a China, em helicópteros e jatinhos?

    Tenham santa paciência… 

  4. Troca de empresa.

    Mandei meu curriculo para a OGX varias vezes e nao fui chamado. Hoje em dia agradeco a Deus por nao ter sido chamado. Pois eu iria trocar meu emprego na empresa atual, que considero excelente,  pela OGX, que oferecia um salario mais atrativo. No dia de hoje, eu estaria bastante preocupado……… e tambem na epoca, eu me arrepedi muitas vezes de nao ter investido meu dinheiro na compra de acoes……..

    Antonio Matos

  5. Eike: o passado, o presente e o futuro

    È interessante nós vermos o ministro Guido Mantegna atribuir ao Eike os problemas atuais por que estamos passando.

    O Brasil viu na crise internacional uma oportunidade de se despontar como economia estável e em pleno desenvolvimento. Buscou expandir o consumo interno, como formar de fazer  a “roda girar”, mesmo sabendo que haveria um “day after”, quando se teria que efetuar o pagamento das despesas e desse consumo desenfreado. Hoje estamos todos endividados e assoberbados com o pagamento dos “empréstimos consignados” que foram o “ovo de Colombo” do governo anterior (o BMG e o Rural foram os precursores desse comportamento): os aposentados recebem mensalmente do INSS suas aponsentadorias e pensões e porque não comprometê-las, espandindo o consumo das famílias e tornando a tal crise internacional uma “marolinha…..”. Ao mesmo tempo o preço das comodities (minério de ferro, soja, milho, etc…) estavam elevados. Tudo era paz e amor!!!!

    Entretanto, uma crise leva as pessoas de “boa índole” a reduzirem o consumo e a pouparem, e esse pensamento fez com que grande parte dos países do mundo “freiassem” suas economias, e com o gigante chinês não foi diferente.

    Mas nós somos diferentes: o Brasil e seu “desgoverno” apostou no consumo, reduzindo os impostos para elevar o consumo e assim tornou a todos nós em endividados eternos.

    Errou o governo, errou o PT e todos os seus apêndices. Essa é a origem da crise atual.

    Quanto ao Eike, apostou no que o governo vendia: na produção de petróleo no pré-sal. Interessante, nós somos mais inteligentes que todos os noruegueses, dinamarqueses, ingleses, americanos e só nós é que descobrimos a existência do petróleo em águas tão profundas. E o pobre ex-presidente Itamar Franco preferiu deixar esse descobrimento sem o estardalhaço, pois sabia que explorar esse petróleo era economicamente inviável à época.

    Pois bem, Eike foi o garoto propaganda dessa empreitada e auxiliou o governo a vender o “peixe” do pré-sal. Entretanto as coisas não sairam como previam. O petróleo está lá, mas não nas condições esperadas.

    As grandes empresas petrolíferas e os países estão com o “pé atrás” ante a essas manobras mirabolantes que o nosso “arquiteto” Mantegna formula para explicar a situação economica atual do nosso Brasil.

    E ainda, digo que o Eike está nesta situação por ter acreditado no governo e em seu projeto. A Petrobrás não têm enfrentado os mesmos dissabores por contar com o apoio de todos nós brasileiros que pagamos uma das gasolinas mais caras do mundo.

    Vejamos: cadê as 4 refinarias que o Lula nos “vendeu” e a maior captação na Bolsa de Valores da história mundial: tudo não passou de uma renúncia de recursos que nos era devido pela Petrobrás (70 Bilhões de Reais) e a venda ao trabalhador brasileiro de ações com recursos do seu FGTS (50 Bilhões de Reais). Desse montante, 24 bilhões de Reais já foram pelo “ralo” para manter a inflação nos patamares atuais.

    Portanto, Sr. Ministro Mantegna, assuma a sua responsabilidade e apoie o empreendedor Eike Batista, pois o Brasil só se tornará um país desenvolvido se tiver pessoas dispostas a investir e apostar no futuro dessa Nação.

  6. Análise

    Professor Trevisan. usou muito  eufemismo, para descrever  um drama  que só o Tempo

    irá apagar.

    Admiro o  entusiasmo do  empreendedor Eike Batista. Certamente, agora mais  realista.

    Tem agido  novamente com Visão Empresarial,  ao vender ativos para os quais, no momento,

    não poderia honrar  financeiramente.

    Acredito que a estória  ainda está em curso, e  que haverá.   muitos  novos fatos a se somar à

    biografia.

    Muito bem colocada sua Análise.

    Jornalismo bem feito Juliana.

     

     

     

  7. Análise

    Parabéns pela análise professor Trevisan.

    Admiro o entusiasmo do Eike, embora acredite que  agora esteja mais realista.

    Boa Postura na venda de ativos que não poderia honrar.

    A estória ainda. está em curso e deverá ocorrer, muitos novos fatos a acrescentar

    à Biografia.

    Trabalho de qualidade Juliana.

     

  8. resumindo

    Eike foi um grande empresário,com muito tino e perspicácia.

    Errou,fatalmente,ao se deixar utilizar pelo governo petista como garoto propaganda. A falta de credibilidade do governo transferiu-se a ele.

  9. Era nítido que Eike era um
    Era nítido que Eike era um vendedor de sonhos
    e muitos tolos aspirando aos lucros .
    Chamou minha atenção a defesa fervorosa
    deste gênio nacional.
    Empresas que não entregaram nada.

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