2008 x 2011. Lições aprendidas

Em novembro de 2008, quando o presidente Lula começou a fazer apelos à população para que mantivesse o consumo, sem se assustar com a crise, a inflação não estava baixa, ao contrário. Acumulava, até aquele mês, 5,9%, muito acima dos 4,18% que somava em novembro de 2007.

Também havia argumentos para os que sustentavam que o consumo crescente era um fator de aumento dos preços: daí a dois meses, em janeiro, o salário mínimo teria uma elevação de 12% (passando de R$ 415 para R$ 465. Elevação semelhante à que teremos em janeiro, de 14%.

O dólar havia experimentado uma alta maior que a de hoje. A crise fizera com que ele alcançasse patamares de mais de R$ 2,38, contra cotações de R$ 1,56 em agosto.

Parece replay?

Nem vou reproduzir as advertências da Miriam Leitão, naqueles dias, sobre o estouro da inflação. Se você quiser, assista aqui a comovente preocupação com a renda dos mais pobres.

Bem, parece não haver mais dúvidas de que o mundo desenvolvido, centro da crise, vá se tornar pior.

Mesmo que continuasse como está, já seria um desastre, porque a fila de países em situação financeira caótica anda mais depressa do que se podia imaginar. A Itália já é a Grécia e a Espanha candidata a ser Itália.

Como ocorreu com os bancos, em 2008, agora é entre os estados nacionais da Europa que o “efeito-dominó” começa a se alastrar.

A área econômica do Governo está cada vez mais desafiada a entender as semelhanças – e as diferenças, é claro – dos dois momentos: 2008 e 2011.

O cenário, se olharmos para fora, é desolador.

Não se olharmos para dentro, porém.

Se a nossa inflação não está tão baixa quanto gostaríamos, também não dá nenhum sinal de que vá crescer perigosamente, muito menos com a retração do mercado internacional. E devemos considerar que com uma inflação na Europa e nos EUA em torno de 3%, o dobro da de um ano atrás, a desvalorização do real em paridade do poder de compra com o exterior é muito menor que os 6,5% com que deve fechar o ano.

Mais: temos pleno emprego, alto nível de reservas cambiais, fôlego no crédito – os bancos brasileiros estão muitíssimo longe de estar “alavancados”, com excesso de valores emprestados e a inadimplência tem níveis muito baixos.

Não há fuga de capitais do Brasil, o que é a nova “historinha” que vão nos contar para evitar que o Governo motive um reaquecimento da economia com reduções dos juros que estimulem o consumo e com elevação dos gastos públicos – em políticas corretas de desenvolvimento, é claro, não na máquina administrativa.

Vamos sofrer, com a crise? Sim, óbvio. Mas sabemos onde está o caminho para passar por ela sem andar para trás.

Por: Fernando Brito

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador