30 milhões de pessoas vivem em desertos de notícia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Em 30% dos municípios, onde habitam 34 milhões de brasileiros, há só um ou dois veículos de comunicação: são desertos

30 milhões de pessoas vivem em desertos de notícia, mostra Atlas da Notícia 2.0
Foto: Reprodução Atlas da Notícia 2.0

Da Abraji

Mais da metade dos municípios brasileiros são desertos de notícia, ou seja, não contam com meios jornalísticos locais. A conclusão é da segunda etapa do Atlas da Notícia, que contou com uma campanha de crowdsourcing (levantamento de dados colaborativo) e foi divulgada nesta semana. 

O estudo concluiu que não há veículos de comunicação em 51% dos 5570 municípios brasileiros, onde vivem 30 milhões de pessoas. Em 30% dos municípios, onde habitam 34 milhões de brasileiros, há só um ou dois veículos de comunicação. São considerados “quase desertos” e correm o risco de se tornarem “desertos”.

Projeto inédito de mapeamento de veículos de jornalismo — especialmente local — no Brasil, o Atlas da Notícia é uma realização do Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo) e tem a pesquisa, análise e publicação dos dados desenvolvida pela agência Volt Data Lab. 

Para a presidente do Projor Angela Pimenta, o “direito humano universal de receber informações de interesse público sobre o poder local fica comprometido com a ausência de jornalismo local”, como declarou em entrevista recente

Segundo o Atlas da Notícia, quase 60% dos veículos de comunicação brasileiros são de rádio ou impresso. Foram catalogadas 4007 iniciativas de rádio, 3368 jornais impressos, 2773 veículos de televisão, 2263 iniciativas on-line e 56 revistas. Os desertos de notícia são mais presentes nas regiões Norte (70% dos municípios) e Nordeste (64%). A região Sudeste (38%) é a que menos tem vazios de iniciativas jornalísticas.

Sergio Spagnuolo, editor do Volt Data Lab, considera que ao “se obter conhecimento sobre vazios de notícia e sobre a característica de veículos no interior do Brasil, fora dos grandes centros de mídia, será possível orientar iniciativas, programas e políticas que possam fortalecer o jornalismo local”.

O levantamento também constatou uma correlação entre a presença de veículos jornalísticos e um maior índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM). O estudo completo está disponível no site do Atlas da Notícia.

O estudo recém-divulgado não é comparável com os divulgados anteriormente, já que leva em consideração informações pesquisadas em 2017, enquanto os demais utilizam-se do Censo 2010. Além disso, é a primeira vez que o Atlas da Notícia considera veículos de TV, rádio, impresso e on-line conjuntamente.

O Atlas da Notícia se inspira no projeto America’s Growing News Deserts, da Columbia Journalism Review. Com apoio do Facebook Brasil, ele conta também com a parceria institucional da Abraji.

 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Talvez …

    Talvez os blogs sejam uma saída.

    Mídia impressa morreu , morre nas grandes cidades.

    Mas, pelo que sei , ser jornalista nesta terra que ainda tem coroneis é atalho para o cemitério….

  2. A Folha do Inferno

    O PT caiu mais uma vez no conto da Folha do Inferno. Agora foi o ex-prefeito Fernando Haddad. Aquele que mesmo no pântan acha que está pisando em terra firme. Depois de conceder uma entrevista à sua mais importante jornalista a Mônica Puglia como a chama PHA, Fernando haddad é detonado menos de 12 horas depois em Editorial da mesma Folha  do Inferno. Meu Deus quando será que o PT deixa de ser tão subserviente ao PIG e vai parar de dar entrevista que só servem para contra-propaganda? Já não basta Josias Maripousa que persegue Lula todos os dias na sua coluna?

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