A tolice da condenação do gesto de Dória

Tratar como jogo de marketing, passa. Considerar como erro político, só passa por cabeças que ainda não conseguiram escapar da armadilha da polarização.

A campanha sistemática de ódio na política começou com José Serra em 2010. Agravou-se nos anos posteriores e na campanha do impeachment. Cresceu exponencialmente com Bolsonaro. E foi colocada em xeque pelo coronavirus.

A ameaça externa contra todos os brasileiros fez ressurgir um sentimento de solidariedade que se tornou hegemônico entre os medianamente informados.

De repente, ao menos para os racionais, a ideia do grande pacto nacional contra a doença tornou-se realidade.

O governador de São Paulo João Dória Jr cavalgou a política em cima do discurso da intolerância. Vitorioso nas eleições para prefeito de São Paulo, gastou sua imagem repetindo o discurso de ódio, mostrando uma postura arrogante. Foi eleito governador muito mais pelo antipetismo – e pelo bolsodoria – do que pela imagem pública que consolidou. Tanto que sua rejeição explodiu nos últimos anos.

À medida em que o radicalismo estéril de Bolsonaro foi se esgarçando, cresceu a demanda pelas lideranças agregadoras, que superassem as antigas divergências em nome de uma causa maior.

Dória está se aproveitando desse espaço. Montou um gabinete de crise, passou a se dirigir à população, a tratar os jornalistas com uma lhaneza surpreendente e culminou com o aceno a Lula, em um twitter no qual Lula elogiava o papel dos governadores.

Tratar como jogo de marketing, passa. Considerar como erro político, só passa por cabeças que ainda não conseguiram escapar da armadilha da polarização.

 

 

Luis Nassif

7 Comentários

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  1. Sobre o bom mocismo do governador, com relação ao ex-presidente tenho muitas dúvidas. O destaque nesta história é mesmo do Lula, que elogiou atitudes do governador na crise e ele nem deveria se embasbacar, pois na comparação com o paraquedista, Idi Amim Dadá merece ser canonizado. Não apedrejo o Dória, mas é razoável lembrar de que faz apenas 5 meses de, quando da saída de Lula da carceragem do reino curitibano, aliado aos tucanos que em palavras do Dória:
    – “o lugar do Lula é na cadeia”
    – saída de Lula da cadeia não anula os crimes que cometeu, diz Dória. ‘O Brasil quer justiça’
    – “Queremos que Lula volte para a cadeia”

    E que em agosto/19, quando os lavajatistas quiseram mandar o petista para ser maltratado/exterminado nas prisões paulistas, o governador destilou suas abjeções em rede sociais, a ponto do STF vetar a entrega de Lula ao partido aliado ao lavajatismo e ao PCC. Que o governador quis aproveitar e embarcar em quem é popular, é o seu método comum de negociante da lide. Em sua curta carreira na novíssima política, já foi AlkminDória, BolsoDória e aproveita do momento LulaDória. Nem precisa de condenação, pois o espelho e a realidade já são suficientes para lhe retratar.

    1. O presidente Lula foi e continua a ser uma liderança mundial devido a sua grandeza, em pensar o todo.
      O boneco de plástico tem uma oportunidade única de transformar-se em Político e não em marionete do marketing.

  2. Perfeito. Concordo plenamente, Nassif. Mesmo porquê, é assim que se faz boa política. Lula é um grande líder por isso mesmo. Grande negociador….Força pra você! E saúde pra todos nós…

  3. Dória é um alpinista social sem caráter, oportunista de carteirinha, que pisará no pescoço da própria mãe ou se aliará ao demo, se isso lhe trouxer vantagem ou benefício.

  4. Comparar Bolsonaro a Trump é um erro. O nosso Trump é Dória. Estes seguem a cartilha que eu colo naquilo que vai me ajudar agora, mesmo que ontem eu o tenha destratado.

  5. A frase de Dória neste post já diz tudo. Ou seja: petistas e bolsonaristas, não sejam mesquinhos e polarizadores num momento de crise como esse. Todos podemos MORRER e vocês aí, pensando em eleição.
    Façam como eu, o tucano consciente e conciliador, e pensem no povo que tanto sofre e não em si mesmos dessa forma mesquinha, mostrando apenas o que são, dois grupos radicais ideológicos, um a esquerda e outro a direita. Sigam meu exemplo, se espelhem na minha altivez e imparcialidade, ó pessoas ignorantes.
    Se isso não é demagogia de um oportunista que passou os últimos anos apoiando pessoas e decisões políticas que nada tem a ver com os interesses do povo, eu não sei o que é.
    Acorda esquerda. Parem de se voluntariar. Se tem alguém que tem que fazer acenos em direção a melhoria coletiva é a direita. Se tem alguém que tem que aprender como agir para o bem do povo é a direita. Não disperdicem tamanho conhecimento genuinamente acumulado. Apenas apontem quem é quem de forma objetiva para que o povo saiba.

  6. A notícia é a mídia sendo mídia, normal Mas ler “lavajatistas”, “nosso Trump é Dória”,”Lula é um grande líder por isso mesmo. Grande negociador…”,”mandar o petista para ser maltratado/exterminado nas prisões paulistas,”,”O presidente Lula foi e continua a ser uma liderança mundial devido a sua grandeza, em pensar o todo.”. Quase faz perder a fé na humanidade.

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