A ‘aliança perversa’ contra a vida das mulheres

Em painel no Fórum Social Mundial, ativistas alertam para os desafios em torno da busca por igualdade, raça, gênero e classe

Jornal GGN – Diversas ativistas pela igualdade de gênero denunciaram no Fórum Social Mundial (FSM) o impacto da chamada “aliança perversa entre o capitalismo, patriarcado e colonialidade” sobre os corpos das mulheres em todo o mundo – e que, apesar das diferenças culturais, existe uma união em torno do combate à violência estrutural contra a vida da população feminina e LGBT+.

Outras barreiras para o acesso feminino à democracia são os fundamentos religiosos, políticos e econômicos do Estado e da sociedade, e soma-se a isso um cenário de pandemia global por conta do novo coronavírus.

Como explica reportagem do site Geledés, o painel do FSM “Feminismos revolucionários para outros mundos possíveis e necessários” apontou os relatos de violações e dores vividos por muitas mulheres ao redor do mundo.

Um dos casos apresentados foi o da doutoranda em Estudos Feministas Cheja Addallahi. Nascida nos campos de refugiados saarianos, ela “cresceu dentro de uma sociedade matriarcal”. O Saara Ocidental tem as mulheres à frente em grande parte de suas atividades, inclusive na administração da força de resistência no território ao Norte, disputado há décadas pelo Marrocos e a Mauritânia.

“As mulheres sarauís, enquanto os homens lutavam, construíam as casas de refugiados. Nos colocavam (quando crianças) nas costas e procuravam poços de água para que pudéssemos beber e seguir ao menos com vida”, recorda Cheja. Desde 1975, os sarauís estão refugiados no Tindouf, região cedida pela Argélia.

Contudo, essas mulheres estão atualmente “trancadas” pela ocupação marroquina. “A lógica patriarcal, colonialista e invasora, que utiliza o Marrocos e seus aliados, e também a União Europeia, o estado da França, da Espanha e dos Estados Unidos, estão silenciando as mulheres sarauís. Eles as intimidam, as violam para silenciar as ativistas. Estão violando em frente aos seus familiares, eles também as desnudam. Não é só uma violência ao território, mas ao próprio corpo (das mulheres sarauís)”, descreveu.

Enquanto denuncia a violência contra o povo sarauí, Cheja externa seu desejo de voltar para sua terra e, enfim, plantar suas raízes. Enquanto isso não é possível, ela revive os ensinamentos da mãe. “A mulher sarauí é uma amostra de tudo e tem muito em comum com todas as outras mulheres, estejam onde estiver”, enfatizou a doutoranda.

 

Leia Também
Agenda anti-gênero de Bolsonaro torna população trans uma inimiga, diz ativista
O desmonte dos Direitos Humanos no Brasil de Bolsonaro: Gisele Ricobom no Cai na Roda deste sábado
Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador