Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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A América Latina e seu Labirinto, por Aldo Fornazieri

A América Latina e seu Labirinto

por Aldo Fornazieri

Nas eleições colombianas deste domingo, o candidato da direita Iván Duque foi eleito presidente com cerca de 53% dos votos derrotando, no segundo turno, o ex-prefeito de Bogotá e candidato da esquerda, Gustavo Petro, que fez cerca de 41% dos votos – o melhor desempenho das esquerdas na Colômbia. Com o programa “Colombia Humana hacia una Era de Paz”, Petro apresentou uma das mais audaciosas, corajosas e modernas plataformas  políticas já surgidas na região. Além de programas sociais, a plataforma propôs mudar o modelo econômico da Colômbia, sobretaxar as grandes propriedades de terra improdutivas, mudar o padrão energético baseado no petróleo e carvão para fontes de energia limpa e um duro combate à corrupção, além de continuar com o processo de paz do atual presidente.

Uma observação mais atenta acerca do padrão político da América Latina indica que ela oscila entre a centro-direita e a centro-esquerda e que a maior ou menor permanência de um desses agrupamentos nos governos depende, fundamentalmente, do crescimento econômico atrelado ao desempenho das commodities. Durante esses períodos de crescimento, a exemplo do que ocorreu entre 2002 e 2012, praticamente todos os países conseguiram reduzir a pobreza, independentemente da coloração ideológica dos governos. Em favor dos governos de esquerda, o que se observou foi uma maior intensidade de programas sociais focalizados no combate à pobreza e às vulnerabilidades sociais.

Mas nem a centro-direita e nem a centro-esquerda conseguiram remover as condições e as instituições históricas das desigualdades e, em vários casos, a redução da pobreza não representou a redução das desigualdades. A troca de comando da centro-esquerda pela centro-direita pode produzir, também, uma rápida remoção dos programas sociais, pois, de modo geral, são programas de governo e não políticas consolidadas e estruturadas de Estado. Muitas vezes, a fúria discursiva anti-Estado da centro-direita é apenas um disfarce esconder o uso do poder público como instância de altos negócios via privatizações e de drenagem de recursos orçamentários para o grande capital via múltiplos mecanismos.

Com poucas exceções como o Uruguai, a Costa Rica e, talvez, o Chile, os países da América Latina vivem padrões de trágica normalidade assemelhados entre si, segundo vários estudos e pesquisas. Por exemplo, os sistema legal, envolvendo as polícias e o Judiciário, é autoritário e tendencioso, contra os pobres, contra os negros, contra os indígenas, contra as mulheres e contra outros grupos carentes de direitos civis.

As liberdades e garantias fundamentais individuais, reconhecidas pelos textos constitucionais, são negadas na prática. No âmbito desse fundamento da democracia, pode-se dizer que a democracia é efetiva para apenas 35% dos latino-americanos. Quanto à democracia política, radicada na universalidade do voto e nas eleições, só recentemente ela foi consolidada e ainda com vários problemas a depender do país. Se as cartas de direitos e garantias individuais não são efetivas, isto significa que temos um Estado de Exceção desde sempre para a maioria das populações desses países, o que nunca foi objeto de atenção especial por parte das próprias esquerdas. Somente quando o Estado de Exceção atinge as lideranças políticas há um alarde maior.

Na verdade, as esquerdas se debruçaram mais sobre os direitos políticos, tendo em vista as instaurações recorrentes de regimes autoritários.  Desta forma, ao contrário da Europa, da Austrália e da Nova Zelândia e com exceção do Uruguai, da Costa Rica e do Chile, os direitos civis foram relegados a um segundo plano nas estratégias das esquerdas latino-americanas. Com isso, instituiu-se um padrão estatal e social de humilhação e violência contra os pobres e demais grupos vulneráveis da região. Só recentemente vários movimentos de luta por direitos civis têm emergido no seio das próprias sociedades e eles se instituem numa gama variada de novos movimentos sociais – muitas vezes com dificuldades para transitarem rumo a um programa transformador mais universalizante.

Junto com a falta de direitos civis, a pobreza e a desigualdade se somam como os maiores problemas da região, que é a mais desigual do mundo, além de ser a mais violenta. Em que pesem as discrepâncias entre os vários organismos que medem a pobreza, o fato é que depois dela cair na primeira década deste século, agora voltou a subir desde 2014. Naquele ano estava em torno de 28,5% e em 2016 subiu para 30,7%. No mesmo período a extrema pobreza passou de 8,2% para 10%. A distribuição desse percentual varia de país para país. Ambas, no Brasil, estão acima dessa média. Somente cerca de 32% da população da região é considerada de classe média.

A tese de que a educação é o caminho para sair da pobreza e da desigualdade, por si só, não é verdadeira. A educação só será eficaz se for acompanhada de políticas fortes de combate à pobreza e à desigualdade, pois a pobreza carrega condições desiguais de aprendizagem entre as crianças e jovens ricos e bem alimentadas e com boas escolas e as crianças e jovens pobres e mal alimentados que estudam em escolas precárias. Junto com as mudanças na educação é crucial remover as instituições iníquas da desigualdade, a exemplo dos sistemas tributários regressivos, que drenam recursos dos pobres para os ricos, e a exemplo dos altos salários e privilégios inescrupulosos dos políticos, do judiciário e das castas superiores do funcionalismo público.

Um terceiro grande conjunto de  problemas se relaciona à corrupção e a ineficiência governamental e estatal. Grosso modo, existe um padrão de corrupção generalizada na região, com exceções, claro, que na maior parte das vezes se associa à incompetência dos governos e à ineficiência estatal. Os governos, independentemente de partidos, não são capazes de entregar resultados satisfatórios e de realizar reformas profundas e transformações inovadoras. Nem sempre o problema é falta de dinheiro: os custos com educação na América Latina giram em torno de 3,7% do PIB em média, contra 3,4% dos países asiáticos. Os resultados, porém, são desequilibradamente favoráveis aos asiáticos.

A América Latina tem graves problemas de infraestrutura, saneamento e meio ambiente, saúde, comunicações, baixo investimento público e privado etc.. Mas, junto com os problemas indicados acima e outros não citados, há o problema da prisão ao modelo de desenvolvimento atrelado às commodities. O Brasil, por exemplo, vem sofrendo cerca de 40 anos de desindustrialização. Este modelo é a causa do baixo crescimento, da baixa inserção global da região, do seu pouco peso no comércio global e, consequentemente, do seu baixo protagonismo político internacional. Na era da revolução robótica, a América Latina perdeu a corrida tecnológica e vai se tornando cada vez mais dependente de conhecimento e tecnologia.

As formas como os partidos, candidatos e políticos tratam os problemas dos modelos econômicos, contudo, podem ser enganosas. Não são os modelos econômicos em si que transformarão a América Latina, assim como não serão os modelos educacionais em si. Eles podem contribuir. Mas se não for transformada a natureza pobre e desigual das sociedades latino-americanas, as demais iniciativas parciais serão frustradas. Somente sociedades iguais, justas e democráticas poderão alcançar altos padrões de desenvolvimento e de conhecimento. Nenhuma estratégia econômica dissociada de uma grande reforma social terá êxito.

Por isso, o candidatos progressistas deveriam colocar no centro de seus programas as propostas de remoção dos mecanismos da iniquidade que mantêm as sociedades prisioneiras da pobreza, da desigualdade e da falta de direitos e a afirmação de políticas publicas orientadas para uma sociedade de direitos e de garantias universalizantes. Nenhuma força política conseguirá estabilizar-se como hegemônica se não efetivar reformas com esta orientação. O perfil populista e carismático das lideranças progressistas dificulta a formação racional dessa força e desse programa e reforça a tendência dispersiva das esquerdas que tendem a se aglutinar em torno de indivíduos que, se vitoriosos, constituem Arcas de Noé para governar. A Frente Ampla do Uruguai e o modelo da “Concertación” do Chile parecem exceções à regra.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

 

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

6 Comentários

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  1. Tem que mudar o sistema..

    .. apesar de achar que ninguém liga mais, segue mais uma opinión..

     

    O mundo está em ebulição em decorrência de enormes transformações de ordem econômica, política e comportamental.

    É tudo novo.

    Um exemplo, só prá chamar a atenção para o fenômeno: já existe uma nova mulher.

    É por isso que uma parcela da população masculina está enlouquecendo (decorrência da perda de vários “poderes”).

    Em outro texto os chamei de “machos em extinção“, facilmente instrumentalizados por terroristas.

    Essas profundas transformações sacodem o planeta e muita gente acaba perdendo a referência, sobretudo aqueles que se agarram mais fortemente aos conceitos tradicionais.

    O conservadorismo intelectual em momento de transformações é um peso amarrado aos pés, estando vc em mar revolto.

    Se o mundo já está confuso, imagine a situação nas colônias sul americanas, onde a lei e a ordem são “relativas”..

    Quero dizer o seguinte: não dá para analisar política sem considerar o viés de transformação do comportamento humano que já é realidade entre nós.

    Especificamente no caso de eleições (existem várias outras transformações em andamento), quem está ganhando na América Latina, e também aqui no Brasil em Out/2018 (se houver) é a REJEIÇÃO.

    Isso está absolutamente claro, aqui no Brasil a pelo menos uns 2 anos (municipais/2016).

    As pessoas rejeitam o modelo, não querem nenhum político.

    E quer saber qual a pior notícia?

    A parcela da população que rejeita o sistema é a mais esclarecida, eleitora da esquerda.

    A situação fica ainda pior quando os políticos não são muio diferentes entre si, no caso da Colômbia tivemos um de centro direita contra outro de centro esquerda.

    Também conhecida como zona do agrião.

    Somente os mais esclarecidos conseguiam enxergar diferenças reais entre Trump e Hillary, e esses não foram votar.

    Aproveito para criticar o apoio de muita gente da “esquerda” (inclusive o ilustre professor Fornazieri) à candidatura Ciro Gomes.

    Ciro Gomes x Bolsonaro, é 100% de chance de vitória do Bolsonaro.

    Porque ninguém quer Ciro Gomes, ninguém quer mais essa política opaca, de conchavo, ninguém gosta de político boca mole.

    O Ciro é cara do conchavo, não é de esquerda, nem de direita, é amplo, é tudo, é nada.

    Depende da platéia.

    As pessoas não querem mais isso, estão cansadas desse jogo.

    O que as pessoas querem é mudar o sistema.

    A insistência dos políticos de “esquerda” no Brasil nas eleições 2018 é demonstração de miopia, e é a principal razão, ao lado dos intelectuais estarrecidos, pela qual não começamos os movimentos de transformação.

    O povo está ávido pela transformação, sonha com isso..

    .. veja aí, os caminhoneiros em organização “quase” espontânea, pelo whatsapp, “quase” deflagaram uma revolução no país, mostraram um poder de mobilização superior a qualquer partido político, sindicato, frente de esquerda, o escambau..

    Por outro lado, falando em simbologias, essa semana o prezado petista Eduardo Suplicy foi participar de um movimento chamado “Pacto pela Democracia” junto com PSDB, Novo, PPS, Rede, etc..

    .. será que ele não percebe a mensagem confusa que transmite para seus eleitores?

    Seria algo como vamos esquecer as diferenças, fazer um pacto pela democracia, dialogar, respeitar mutuamente, fazer uma eleição limpa e vida que segue..

    ??????????

    Isso é um desastre semiótico..

     

    O fato é que as pessoas estão hiper saturadas desse sistema corrupto e ineficiente.

    E é preciso reconhecer de fato que o sistema não funciona.

    O capitalismo capturou a democracia em todo o ocidente.

    Ganha eleição quem tem mais dinheiro.

    A sociedade não avança ou avança muito pouco com essa democracia que nos ofereceram.

    Nesse ambiente, único ativismo que faz sentido é o de criar um novo sistema.

    1. Brilhante comentário, jruiz.

      Brilhante comentário, jruiz. Você conseguiu, em poucas palavras, abtrair a complexidade do nosso atual zeitgeist.

      E sua conclusão final é quase uma aviso… O povo quer mudar o sistema, sim. Mas mudar para qual sistema? O povo não sabe, não tem conhecimento mínimo para saber o que é melhor do que tem, e isso pode ser uma receita para o desastre.

      No final, o único sistema que ainda não foi tentado foi o socialismo de verdade, em que pessoas são mais importantes que o lucro das corporações. Mas será que o povo aceitaria esse sistema? Lembrando que as organizações midiáticas, militares, governamentais e econômicas JAMAIS irão aceitar tal sistema sem derramamento de sangue.

      Estamos entre o comunismo e a barbárie, mas ninguém está lendo Marx.

       

  2. O labirinto de Fornazieri.

    O texto semanal de Aldo Fornazieri nos convida a uma ideia sedutora:

    – Aos ciclos capitalistas de expansão e retração de seus fluxos de liquidez correspondem movimentos pendulares entre orientações centro-direitistas e centro-esquerdistas na administração do Estado (governos), mais ou menos autoritárias, mais ou menos distributivistas.

    – Essas oscilações provocam uma precariedade institucional, que se materializa nos países da periferia latinoamericana na eleição de governos ineficientes e corruptos.

    Eu confesso que esse texto, talvez, seja o maior esforço intelectual que Fornazieri fez nos últimos meses. E tal esforço merece respeito, ao contrário das outras estultices que ele tem escrito recentemente.

    Mas é só isso.

    Um esforço e nada mais.

    Primeiro a dificuldade clássica, ou seja, definir, tomando o Brasil como exemplo, o que seria um governo de centro-esquerda.

    Será que ele coloca Vargas e Jango nesse espectro para construir sua série história?

    Não sei, ele não cita, mas o fato é que ao menos no Brasil, talvez os governos Lula e Dilma possam ser considerados, com rigor teórico, de “centro-esquerda”, embora eu tenha inclinação a colocá-los em um eixo mais ao centro que à esquerda.

    Isso não é uma crítica decepcionada (não é só crítica) de quem esperava algo mais incisivo desses governos, mas uma leitura pragmática:

    Desde a Carta aos Brasileiros de Lula, até a unção de Joaquim Levy como solução salva-vidas de Dilma, não se pode dizer que um programa DE ESQUERDA foi implementado, embora algumas das bandeiras da esquerda fossem satisfeitas, ainda que timidamente.

    Como disse Fornazieri, as estruturas judiciais-policiais e tributárias, bases dos estamentos, sequer receberam a mais tênue atenção dos governos Lula e Dilma, senão para confirmar tragicamente a tendência de acomodação reformista-acovardada.

    Nem vamos citar os monopólios de mídia.

    Mas onde então está o problema de Fornazieri e de seu longo texto?

    O cacoete economicista, que tenta associar a indigência da esquerda aos ciclos de expansão e retração do capital em zonas periféricas, e pior, após fazer esse parto teórico à fórceps, ele emenda com as conhecidas elocubrações morais sobre as plataformas políticas de atuação.

    Na mesma toada, Fornazieri traça uma hierarquia “moral”, onde alguns países na América Latina seriam oásis de civilidade democrática e governança (Chile? Como isso?), equiparando-se a Europa, como se o continente europeu não fosse apenas um tipo “mais sofisticado” de manipulação e exploração capitalista, suscetíveis as mesmas fraudes e autoritarismos, que nos parecem diferentes pelas óbvias submissões culturais a que estamos expostos, onde o Fornazieri, infelizmente, não escapa.

    O que dizer da gigantesca maracutaia da EuroLibor?

    Da escandalosa história da Suíça (e outros menos famosos, como Mônaco e Lichenstein) de lavagem de dinheiro sujo?

    Da atuação corrupta das empresas europeias junto aos orçamentos públicos dos países da América Latina?

    Do caso VW?

    Da manutenção de “Adolph” Merkel 10 anos no poder? Isso é estabilidade?

    Do plebiscito da Grécia?

    Da situação grotesca da Itália?

    Da perenidade de Le Pen na cena francesa?

     

    Eu poderia resumir o pensamento fornazeriano na comemoração que ele faz pela plataforma do candidato colombiano, que oriundo da luta armada, se compromete a manter o processo de paz herdado da direita e lutar contra a corrupção!

    Piada não?

    É o chamado infantilismo republicano.

    Ou seja, o mais original e visceral no projeto político da esquerda foi domesticado, e ele comemora!

    Claro que ninguém deseja um interminável rio de sangue vertendo nas ruas de qualquer país, mas ao menos na Colômbia tínhamos o consolo de que a elite também estava com medo de sangrar!

    Agora, nem isso.

    Resultado? Se é para repetir os chavões da direita, a população prefere o original à cópia.

     

    Vou extrair um trecho de um ótimo texto de ontem, que trazia Zizeck falando da utopia de Piketty, é a síntese da “esquerda” representada por Fornazieri:

    “(…)É como – e perdoem-me o paralelo esdrúxulo – um certo simpatizante nazista que disse basicamente: “Ok, Hitler está certo, a comunidade orgânica e tal, mas porque ele não se livra logo desse asqueroso antissemitismo”. E houve uma forte tendência, inclusive dentre os judeus – e isso é realmente uma história curiosa –, houve uma minoria de judeus conservadores que inclusive se dirigiam a Hitler dessa maneira: “Pôxa, concordamos com você, unidade nacional e tal, mas por que você nos odeia tanto, queremos estar com você!” Isso é pensamento utópico. E é aqui que entra o velho conceito marxista de totalidade. Tudo muda se você abordar os fenômenos com a perspectiva da totalidade.”

     

    1. A América Latina e seu Labirinto

      -> Claro que ninguém deseja um interminável rio de sangue vertendo nas ruas de qualquer país, mas ao menos na Colômbia tínhamos o consolo de que a elite também estava com medo de sangrar!

      como soy loco por ti America, converso o tempo todo com el pueblo.

      principalmente os “invisíveis”: frentistas de postos, faxineiras de shopping, garçons de self-service, atendentes de comércio barato, desesperados motoristas de táxi, vendedores de água de coco nas calçadas, ambulantes…

      aquela gente que tão bem serve a todos, mas que a maioria prefere nem sequer enxergar.

      este é um povo cansado, sofrido, humilhado, desesperançado.

      mas também um pueblo que afirma categoricamente:

      – voto sim no Lula, não apenas porque ele fez pelo pobre, mas principalmente para contrariar, para mostrar aos poderosos nossa indignação;

      – mas sabemos que eleição não muda nada e não há saída sem derramamento de sangue.

      quem conversa com o povo, certamente tremerá. há uma clara pedagogia no Golpe de 2016: só a Antropofagia nos une. ou se devora ou se é devorado.

      mas para conversar com el pueblo é preciso ser loco por ti, Latino-America.

      .

      .

  3. E OS ANJOS DIZEM; AMÉM !!!!!

    Democracia Plena , Livre, Republicana, Liberal, Facultativa. Direitos Civis acima da Ditadura do Estado? Abandonaremos a idéia do Stalinismo? Só foram precisos mais 40 anos, dentro destes 88 anos de Ditadura Fascista fantasiada de Busca Democrática para enxergarmos o ÓBVIO?  Mas NÓS BRASILEIROS, já tinhamos isto. Enquanto Mundo se degladiava em miséria, atraso, caudilhos, ditadores, guetos, governos medievais, perseguições raciais, limpezas étnicas, NÓS já tinhamos construído uma República Liberal e Democrática. Nascida dentro do Povo Brasileiro, Cidadãos Comuns que formavam uma Elite Intelectual e Cultural baseada na Faculdade de Direito do Largo São Francisco em São Paulo. Periodo Aúreo de Machado de Assis, Lima Barreto, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Cruz e Souza, Santos Dumont, Oswaldo Cruz, Emilio Ribas, Carlos Chagas,…O País que mais crescia no planeta.  Jogamos tudo idto fora em troca de Caudilhismo Ditador Fascista de Quartéis Militares que ascenderam juntamente com a volta de Corornelato dos mais baixos apoiado por Elite Esquerdopata, cuja figura simbolo é Carlos Prestes. Restolho Ditador dos mesmos Quartéis Militares.88 ANOS em que a Nação, com condições de ser a mais prospera da história da Humanidade, jogou tudo fora se atolando em atraso. Voto Obrigatório, Contribuição Sindical Obrigatória, Código Civil Fascista,… nos lembram o porque desta barbarie em pleno 2018. O Brasil se explica. 

  4. A América Latina e seu Labirinto

    -> Uma observação mais atenta acerca do padrão político da América Latina indica que ela oscila entre a centro-direita e a centro-esquerda

    ainda vagamos num labirinto. dele não haverá qualquer saída sem nos desvencilharmos das correntes, como invertidos fios de Ariadne, mantendo-nos prisioneiro de uma impossibilidade habitando o cerne da questão:

    – houve de fato uma onda de “governos progressistas” na América Latina?

    em outras palavras, para ser mais direto no cerne da questão:

    – há de fato diferença fundamental na América Latina entre a centro-direita e a centro-esquerda?

    muitos imediatamente poderiam retrucar:

    – lógico que há! haja vista a comparação entre Temer e Lula!

    por mais que seja inegável, esta afirmação acima apenas mais uma vez escamoteia o cerne da questão:

    – se com o Golpe de 2016 ficou óbvio a insustentabilidade do modelo de governabilidade do Lulismo, ainda mais claro deveria ser sua impossibilidade de reedição, dada a completa alteração das circunstâncias (econômicas, sociais, políticas e históricas).

    eis então nosso inevitável encontro com o Minotauro no centro do labirinto:

    – não há, nunca houve, nem nunca haverá “burguesia nacional” na América Latina!

    as “burguesias periféricas” são anti-nacionais, anti-povo e anti-democracia.

    assim para nosotros, latino-americanos, só nos cabe uma incessante contra-revolução burguesa, para manter inalterado o apartheid e a guerra de extermínio contra os negros, os índios, os pobres e todos que ousarem desafiar o Partido da Ordem.

    analise-se a dita “onda progressista” de governos na América Latina deste início de séc. XXI, abrindo-se com a brilhante esperança de Chávez em 1998 para um ocaso melancólico com o Golpeachment de Dilma em 2016.

    mesmo no caso mais avançado de Venezuela, Bolívia e Equador, a Izquierda jamais abandonou a seara do consentido.

    para encontrar alguma saída do labirinto será preciso olhar alhures. para o sumak kawsay e o EZLN. no caso específico do Brasil, resgatar o movimento anarco-sindicalista esmagado pela Revolução de 1930.

    só escaparemos desta definitiva noite da America Latina, nesta noche em que nascemos e há séculos nos asfixiando, quando não mais nos iludirmos com algum El Salvador e tivermos a coragem de gritar:

    – el nombre del hombre es povo!

    p.s.: os dados da eleição de 2018 na Colômbia comprovam o cerne da questão: a crise de representação escancarada nos 47% do eleitorado ausente das urnas no segundo turno.

    vídeo: Manu Chao – EZLN… Para Todos Todo…

    [video: https://www.youtube.com/watch?v=Iw-YPypUtmg%5D

    .

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