A ausência, o descompromisso e a cortina de fumaça

Por Breno Cunha

O Partido dos Trabalhadores sempre almejou o poder, virou uma obsessão de Lula, que ao chegar ao poder impôs ao jogo político as bandeiras levantadas durante as diretas já, com o amadurecimento da democracia e das instituições públicas, dando sequência ao pragmatismo político do PSDB, partido estabelecido em bases intelectuais e de dissidentes do MDB.

As bandeiras alçadas pela visão socialista de sua fundação foram abandonadas já no início do governo lulista, onde as alianças mais espúrias foram respaldadas em nome de uma governabilidade, e dentro deste contexto não há concessão sem compensação, o jogo já estava armado antes de Lula ditar as regras políticas, o PT só seguiu a toada anterior, em nada inovou no jeito de se fazer política, o toma lá da cá permaneceu até estourar em caixa dois, ou se preferirem em mensalão…

Maluf, Barbalho, Calheiros, Collor e Sarney são os novos baluartes da estabilidade política petista, onde em nome do “pragmatismo” tudo é aceito, tudo é válido, tudo é lícito conforme as aspirações governamentais do partido, e sua manutenção no poder em um plano de 20 anos no Planalto Federal. Esses políticos e partidos são conhecidos não pelos feitos administrativos, mas pela corrupção e manutenção de monopólios midiáticos e industriais nas devidas regiões federativas, verdadeiros coronéis modernos que detêm o controle absoluto da macroeconomia regional.

O programa fome zero aplicado pelo primeiro governo Lula/PT falhou em seu formato, sendo posteriormente formulado conjunto com os demais programas existentes da era FHC, como vale gás, bolsa auxílio, dentre outros que compuseram mais tarde o “bolsa família”. O Fies já existia antes da administração petista, que aperfeiçoou o programa de acesso a educação superior com o ENEM e o programa Sisu, transferindo recursos federais para instituições particulares de ensino, que não privilegiam a pesquisa e produção científica, mas são verdadeiros bolsões de consórcio educacional, onde o aluno é contemplado com o diploma ao final do curso. Não por coincidência o País e o Governo Dilma conclamam a necessidade de se exportar mão de obra estrangeira para operacionar alguns setores estratégicos do País.

Não houve até agora o interesse de uma reforma política, pois muitos partidos apoiadores da esfera federal desapareceriam, pois são verdadeiras legendas de aluguel, prostitutas políticas prontas a deitar-se com o grande cafetão brasiliense.

Não há interesse em uma reforma tributária, pois muitos aliados necessitam dos recursos públicos para sustentar à máquina partidária e os grupos financiadores de campanha, resumindo o famoso caixa dois, prática comum entre “todos” os partidos!

A política econômica faz o jogo do mercado, onde a manutenção do lucro e a desregulação dos juros transforma a riqueza gerada em lucro de grandes conglomerados empresariais, que comercializam seus produtos e serviços com grande facilidade capital – BNDS – e operam no atacado e varejo agressivamente, quase que um monopólio, a exemplo da linha branca e automóveis, que são comercializados com uma margem de lucro quatro vezes maior do quê em outros Países, vide o combustível comercializado na Argentina pela Petrobrás – gasolina pura sem etanol – a um custo aproximado de R$ 1,90, o mesmo preço por litro do mercado Americano… Impostos? Também, mas principalmente o lucro em cima do dinheiro cedido pelo BNDS – Público – repassado ao mercado sem nenhuma regulação.

A infra-instrutora portuária, aérea e rodoviária caminha lentamente nestes anos de Lula e Dilma, onde houve a real e urgente necessidade de implementar as políticas de parcerias público-privada, por incapacidade de gerenciamento governamental, a exemplo das estradas federais, dos portos decadentes e ultrapassados, além do abandono da malha ferroviária nas mãos estrangeiras, que crescem conforme os interesses da sociedade e no horizonte dos dividendos, não na necessidade de se escoar produção do Norte ao Sul – ALL e MRS.

Os movimentos sociais estão calados, não há mais o Outubro Vermelho, a luta por terras e moradias como antes, não por ausência desta demanda, mas por conveniência política, já que os lideres são ligados ao PT, como CUT e MST, que procuram não importunar o sacrossanto governo petista, movimentos notórios durante os anos 80 e 90.

Inegável considerar os avanços das instituições democráticas pós a era ditatorial, mas da mesma forma se manifesta a nossa pior mazela: corrupção; A ética fora abandonada em nome da governança, e o pragmatismo superou a busca pelo Estado de Bem Estar Social, onde recursos que deveriam suprir todas as necessidades nas áreas educacionais, de segurança e saúde escoam nos ralos dos interesses espúrios de caciques políticos, verdadeiros déspostas que se apresentam como “Senhores do Estado Brasileiro”.

Luis Nassif

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