A DESCONSTRUÇÃO DE SERRA

ESCRITORES costumam dizer que nada é mais complicado do que se fazer a biografia de algém ainda vivo. Lógico, a cada dia um ser humano está sujeito a influências devido a suas relações com outras pessoas. E também ao seu posicionamento diante da História. A História também se constroi diariamente e influencia na vida das pessoas.

Exemplos:
1) E se Mandela tivevesse aceitado ofertas para sair da prisão em troca de abandono, ou pelo menos de maleabilização de suas convicções. Seria o homem-unanimidade em que, com toda justiça se transformou? Lógico que não. Sua grandeza foi construída ali, na ilha onde ficou preso por 27 anos. Foi dali, que pediu a radicalização do povo negro. A radicalização levou ao impasse que foi resolvido com a sua libertação. E, livre, livrou-se também de todo ranço autoritário, de toda vontade de vingança e construiu um novo país. Depois de um mandato, deixou a política. Divorciou-se de Winnie, que o traía, e se casou novamente.

2) E se Salvador Allende tivesse fugido do Palácio La Moneda quando foi atacado pelas forças fascitas de Pinochet? Poderia ter ido à Europa e de lá comandado a resistência. Seria respeitado ao deixar seus companheiros morrendo em Santiago? Não. Optou pela morte e entrou na história.

Pobre de quem estiver escrevendo a biografia de José Serra. O ex-presidente da UNE em 1964 – dizem que foi dele o discurso mais radical no comício de 13 de março – o desenvolvimentista, o democrata dão lugar, em seu último capítulo de vida pública a um homem que resolveu ocupar, sem nenhum pejo o lado direito do expectro político.

Não sou contra alianças com alguém de direita. Você só faz aliança com quem pensa de forma diferente, em nome de uma estratégia política. Não é isso que ocorre com Serra. Ele mesmo tem falado coisas que parecem ter saído da pena de um Reinaldo Azevedo. Primeiro, acusou EVO MORALES de ser convente com o tráfico. Depois, fica na ridícula posição de adular Luis Inácio e atacar Dilma, a quem chama de poste. Ofende, dizendo que é fujona. Agora, vem com a ridícula acusação de ligação do PT com as Farc. O PT negocia com as Farc? Não significa que seja a favor. É como chamar Fernando Henrique de maconheiro porque ele defende a liberalização da maria joana.

Serra não discute política. Ele partiu para a baixaria. Só pensa na desconstrução de Dilma. E, ao fazer isso, o que consegue é desconstruir a própria biografia. Tá no lixo.

Redação

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