A ira da população confirma fracasso de resgate ao sistema econômico

Até mesmo o Fórum de Davos admite ineficiência de processo de injeção de trilhões para salvar economias; desigualdade ameaça democracias

Foto: Reprodução

Jornal GGN – As manifestações populares vistas em cidades como Santiago, Barcelona, Hong Kong e Bagdá mostram que a ira contra as autoridades têm ganhado força recentemente, principalmente devido à descrença em relação aos compromissos estabelecidos pelos líderes em relação a servir os cidadãos.

“Abusados em suas inteligências, sofrendo para pagar suas contas e fartos de uma elite que insiste em não reconhecer a disparidade de renda cada vez maior na sociedade, esses locais foram tomados por um profundo desgosto em relação à autoridade”, afirma o articulista Jamil Chade em artigo publicado no jornal El País.

Existem muitos questionamentos sobre o que tem levado a esse levante popular em países com características tão diferentes, e um dos pontos que ajuda a explicar tal quadro é a constatação do fracasso em atender quem realmente precisa.

Levantamento divulgado recentemente pelo Fórum Econômico Mundial alertou que a crise econômica de 2008 continua a afetar negativamente o mercado, mas ficou claro que grande parte da população não foi beneficiada pelos US$ 10 trilhões injetados no socorro às economias ao longo da última década.

Essa crise foi traduzida de forma diferente nas ruas, mas o elemento da fúria contra “tudo o que está aí” é comum em todas. E quem se aproveita da cegueira causada pela fúria é o movimento populista – que pode aproveitar essa raiva e canalizá-la a seu favor, prometendo soluções fáceis.

Na visão de Jamil Chade, o chamado mundo livre está em uma encruzilhada. Caso as elites não ouçam os clamores da sociedade civil e não ocorra uma transformação do sistema político, tanto sua permanência no poder como a própria democracia podem estar em jogo.

Redação

4 Comentários

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  1. Vem de encontro a um comentario que fiz em outra postagem. Minha questão seria qual tipo de governo poderiamos ter apos impérios, ditaduras, democrata-social, governos autoritarios e messiânicos. Sera que enfim poderiamos experimentar um modelo de governança mais ampla, com participação social…

  2. Lendo uma matéria da bbc, os gráficos mostravam o salario minimo do Brasil como um dos mais baixos da américa latina, enquanto os graficos dos custos dos produtos eram mais caros aqui……como o tal big mac….
    Junte-se ao alto desemprego, não precisa ser um grande analista para saber que essa é uma combinação explosiva….aliás, outra amiga não tinha dinheiro para comprar gás……a segunda numa semana…..a diferença é que, por aqui, o povo ainda sofre calado.

  3. O Estado e a classe governante têm de se organizar e fazer o dinheiro arrecadado recircular para estimular a atividade econômica, fomentando a melhora geral, coibindo abusos do poder estatal e das corporações, isto é, das pessoas que só querem levar vantagem. O setor privado precisa se ajustar e buscar oportunidades para sair do marasmo, oferecendo oportunidades para conter o crescimento da desigualdade na distribuição da renda. Num regime de liberdade a circulação do dinheiro tem de ser continuada, mantendo a produção, o trabalho e o consumo. A economia mundial se apresenta com estagnação e juros negativos. Qual a causa? Está em andamento um processo de queda da renda que reduz o consumo. Os países da América do Sul, e inclusive o México, há séculos têm sido vítima de maus governos.
    A democracia se apresenta instável no mundo todo. Há os que acham que a solução é impor governo forte com supressão da liberdade.

  4. Confesso que não entendi sua inclusão da China na questão da crise da democracia. A crise da democracia é uma das manifestações mais evidentes de que o mundo em que o capital organizou a sua sociedade, a democracia burguesa, faliu. A falência não se apresenta por igual em todos os países. Parece que o Chile está indo na frente no sentido de achar uma solução urgente. Essa solução, se é que podemos falar em democracia na China, já completou décadas por lá. O que importa talvez fixar para entender o momento atual, essa realidade em veloz transformação, é que os Piñera, Macri, Bolsonaro, Lênin (esse do Equador, evidentemente) não podem fazer nada diferente do que estão fazendo. O mesmo vale dizer em se tratando do povo. O mundo caminha célere em direção ao Poder Popular, o único que é capaz de expressar, historicamente falando, a revolução tecnológica e científica que está a pedir passagem.

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