A lógica do poder: general Ramos se humilha para responder ataques da Terça Livre

Um bom exemplo de como funciona a lógica de governo Bolsonaro está no general Luiz Eduardo Ramos.

Ramos tem todos os galardões do poder. É general, ainda que da reserva, e, como tal, opera em duas mãos. A participação de um general no governo confere a Bolsonaro o argumento da autoridade, de invocar suas relações com as Forças Armadas contra os críticos. Na outra ponta, serve como avalista do governo Bolsonaro junto às Forças Armadas, ao ser apresentado como membro da ala racional do governo – ao lado dos generais Braga Neto e Hamilton Mourão. É Secretário de Governo. E, como tal, o Ministro mais próximo de Bolsonaro.

Mas bastou um ataque do Terça Livre, certamente comandado por Carlos Bolsonaro, para assumir a atitude humilhante de ir ao Twitter hipotecar publicamente lealdade ao Presidente da República.

O blog o acusou de ser “comunista”, sabe-se lá por quê. Para se defender, Ramos não abriu a porta do gabinete, andou alguns metros no corredor, entrou na sala do Presidente e exigiu moderação do filho mais abilolado. Foi ao Twitter e fez juras públicas de lealdade ao pai, lembrou a amizade desde os tempos de caserna.

Como dizem por aí, não é preciso que desenhe para se entender como funciona a lógica de poder no Palácio.

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Nassif, há um erro no seu artigo: Luiz Eduardo Ramos não é general da reserva... O general Luiz Eduardo Ramos deixou Comando Militar do Sudeste para ser ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, mas não passou para a reserva....

  • Não entendo a surpresa.
    Nao está subentendido que para participar deste desgoverno tem que ser propenso à humilhação e ao descrédito?
    Os generais que não o são já meteram o pé há muito.

  • A coisa mais ociosa é supor, crer, afirmar que existe uma "ala racional" neste governo...

    Trata-se de um bando de boçais desvairados. So duvida quem acha engraçadinho, quer aparecer, etc.

    Eu não tenho dúvida alguma de que é este tipo de superstição que levou um Celso de Melo, por exemplo, a acordar, com remela nos olhos, somente agora.

    Os mais "espertinhos", como o Gilmar Mendaz, por exemplo, também, que acreditam que tecendo elogios e salamaleques aos generais, no intuito de fazer um suposto "cavalheirismo" prevalecer, vão cair do cavalo também.

    Como não vai doer neles, ainda vão dizer que "tentaram"...

  • A cor vermelha que os militares tanto demonizam está tomando conta do uniforme dos militares. Mas, antes que pensem em acusar de terrorismo, como costumam classificar as críticas que fazem a incompetência e submissão dos generais ministros e, também, antes que pensem em afronta a farda das FA, a cor vermelha que me refiro é a da vergonha que tão laureada e honrada farda deve estar passando, por esse gesto tão constrangedor.

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