A longeva aventura de José Serra na corrupção política, por Luis Nassif

Justiça tardia é justiça falha. Ou antes tarde do que mais tarde. Mas é evidente que a demora em se chegar a Serra obedeceu a interesse políticos e alianças que passavam pela mídia, pelo Supremo Tribunal Federal e pela Procuradoria Geral da República.

No programa TV GGN 20 horas, apresentaremos um resumo da longa carreira política de José Serra e de sua filha Verônica Serra. As investigações da Lava Jato São Paulo tangeciam a maior máquina de lavagem de dinheiro da política nacional, ao lado de Aécio Neves.

Os primeiros movimentos dele ocorreram no governo Franco Montoro. Como Secretário da Fazenda, Serra passou a controlar dois setores passíveis de corrupção. Um deles, a fila de pagamentos dos precatórios. O outro, a compra de medicamentos e equipamentos médicos. Nesse período, muda-se do pequeno sobrado que morava, na Vila Madalena, para um sobrado nobre nas imediações da Praça Pan-americana.

O caso Banespa de 1990

No governo Fleury, houve a divisão do Banespa entre dois grupos: um deles controlado por Serra, tendo no Diretor de Crédito Vladimir Riolli a peça central. O outro em Saulo Krishanã Rodrigues, ligado a Fleury. Foram aprovadas diversas operações suspeitas. A Justiça paulista investiu contra membros da diretoria, que meramente avalizavam as operações aprovadas pelo Departamento de Crédito. O único condenado foi Nelson Nicolau, Diretor do Departamento de Agricultura, dono de uma carreira política ilibada. Serra e Riolli não foram incomodados.

O caso Patagon

No governo Fernando Henrique Cardoso, Serra aprimora o seu modo de operação, que consistia em lavagem de dinheiro através das operações de Internet de sua filha Verônica Serra. Ela passa a representar grupos argentinos que, posteriormente, montariam o Mercado Livre.

Uma reportagem encomenda em uma revista econômica a apresenta como gênio do mercado. Quem a conhecia, sabia de suas limitações. Mas a tentativa de criar essa imagem visava preparar o terreno para a lavagem de dinheiro.

A primeira grande operação foi na privatização do Banespa, adquirido pelo Santander. Pela legislação nacional, apenas bancos públicos poderiam ter contas do setor público. E a grande base do Banespa eram as contas do funcionalismo público paulista. Sabe-se lá porque meios, o Santander conseguiu preservas as contas públicas.

Na mesma época, o presidente mundial do Santander, Emilio Botin, participa diretamente da mais extravagante operação de investimento do recém-nascido mercado de startups: adquire por R$ 500 milhões (valores da época) a compra de um protótipo de banco eletrônico de nome Patagon. A assessora era Verônica. Anos depois, o sistema foi devolvido aos seus antigos proprietários, mediante o pagamento de R$ 5 milhões. Ou seja, o Santander pagou os antigos donos para devolver o sistema.

Como Serra, na época, era Ministro do Planejamento de Fernando Henrique Cardoso, é óbvio que a operação contou com a autorização de outros setores do governo FHC. E do próprio FHC, dada a dimensão da operação.

No Ministério da Saúde

Há uma enorme relação de operações suspeitas, a maior das quais foi a inviabilização da empresa brasileira de insulina animal, a Biobrás, em favor da norueguesa Nordisk. Mas há operações também com bancos de sangue e outras suspeitas.

Foi a partir da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), que Serra montou sua máquina de dossiês, tendo como pontos centrais o procurador José Roberto Santoro, o delegado federal Marcelo Itagiba e uma empresa de arapongagem que, depois, passou a acessar todos os PABXs do governo de Estado, quando Serra governador.

Os sites de Miami

No mesmo período, Verônica aproximou-se de Daniel Dantas e montou um site em Miami, com informações sobre exportações brasileiras. No projeto, conseguiu acesso a todos os dados bancários de empresas brasileiras. Na mesma época, Verônica recebeu R$ 5 milhões, que foram repassadas ao Brasil e serviram para Serra formalizar a compra da casa adquirida. Até então, ele declarava morar de aluguel.

O vazamento de contas de parlamentares atrapalhou o projeto.

O caso Serasa-Experian

No final do seu mandato no governo de São Paulo, Serra repassou para o grupo Serasa-Experian o Cadin  (Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades Estaduais), a cereja no bolo das empresas de análise de crédito.

Pouco depois, Verônica adquiriu uma empresa de etila-marketing, a Virid, por algo em torno de R$ 15 milhões e revendeu para a Experian por R$ 120 milhões. Na época, solicitei à Experian internacional informações sobre os valores pagos – a empresa tem ações na bolsa de Londres. A resposta foi de que os dados eram sigilosos.

O patrimônio de Verônica

O patrimônio de Verônica Serra ascende a várias dezenas de milhões de dólares. Tem participação de 10% no Mercado Livre. A quebra do sigilo de suas contas nos Estados Unidos e em paraísos fiscais ajudará a localizar o rumo do dinheiro.

A Lava Jato e Serra

Justiça tardia é justiça falha. Ou antes tarde do que mais tarde. Mas é evidente que a demora em se chegar a Serra obedeceu a interesse políticos e alianças que passavam pela mídia, pelo Supremo Tribunal Federal e pela Procuradoria Geral da República.

O advogado de Serra é o ex-procurador José Roberto Santoro, que tinha como auxiliar Frederick Wassef. Na Polícia Federal, havia a influência do delegado Marcelo Itagiba.

Luis Nassif

13 Comentários

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    1. O tempo é senhor da razão, E a Verdade, Libertadora. ERA ISTO REDEMOCRACIA? Quer dizer que Dossiê Cayman, que tantos afirmavam (O Tucanato em peso, indignado. E inclusive a maciça maioria da Imprensa) não se tratar mais que uma armação proveniente da Campanha de Maluf. Na realidade era muito pior do que suspeitavam?!! Mas neste tempo todo onde estava o Estado Brasileiro? Onde estava OAB a permitir tais Crimes, embaixo de toda sua ânsia por Justiça e Democracia combatendo a Corrupção? Onde estava ABI? Onde estava o MP. o Judiciário, a PF, Tribunais de Contas Progressistas e Petistas? Onde estava a sede por Justiça nos Governos Progressistas? Permitindo tais Crimes?!! Onde estava Nassif, Mino Carta, Dines,… e suas Canetas e Imprensas, a querer uma Nação de lisura democrática? VOCÊS forma cúmplices de todas estas décadas de farsante Redemocracia. Ajudaram a doutrinar uma Nação inteira a crer que Criminosos seriam seus ‘Messias’. Vergonhosa Verdade. Mas somente agora, finalmente? A Verdade entre Túmulos e Decrepitos? Mais 40 anos de NecroPolítica estendendo 90 anos de Estado Ditatorial Absolutista Caudilhista Assassino Esquerdopata Fascista, enquanto lacaios e comparsas juravam Democracia. Era isto?! Família, Filhos, Netos entre S/A’s, Privatarias, Fortunas e Cidadanias Europeias e NorteAmericanas. Ima Nação estuprada e extorquida. Pobre país rico. Hora de vomitar.

      1. Não podemos escrever palavras de baixo coturno mas suponho que tais acusações às instituições poderiam ser melhor explicadas e mais fundamentadas. Talvez seja apenas mais um inqualificável sodomita enrustido que não suporta a liberdade dos seus iguais e passa a desqualificar a tudo e a todos para compensar a miséria ridícula de sua vida que, conforme diz bela canção, não vale simplesmente nada sem que possa dizer “eu sou o que sou”. Lamentável como sua laia.

  1. Outros tucanos foram protegidos. Oriundos do antigo MDB paulista, outros enriqueceram com a políticagem desde o falecido Quércia que morava em um casebre em Campinas e se tornou grande fazendeiro e empresário das comunicações, tendo até feito negócios com a globo, através do antigo Diário Popular. Outro que foi assumidamente protegido nos 70% que Moro pediu para deixar de fora da lavajato para não ter melindres foi o falastrão FHC, que não quer confusão com Bolsonaro pois sabe que seu passado tem manchas. De um professor de cursinho no final dos anos 1970 passou a proprietário de imóveis no Brasil e na Europa e também fazendeiro.

  2. Ora, não seria a promessa, cumprida, de entregar o pre-sal o motivo de sua blindagem?
    Qual o valor do pre-sal, estratégico e monetario?
    Isso não valeria a proteção de lojistas, canalhas a serviço dos interesses internacionais?
    Alias, hoje é dia dessa turma rodopiar mais que pião, celebrando o seu deus….o dinheiro? não, o cramunhão, o pe de pato, o coisa-ruim, o tinhoso…..a noite será pequena…….

  3. Tudo como dantes no quartel de abrantes. Chegando no Gilmar ele mata no peito. Ou a Carmencita das farmacêuticas, ou o Fux autor da frase, ou o ridículo Toffoli, ou o exótico Marco Aurélio, ou….qualquer outro ministro do STF empregado dos plutocratas espoliadores do país. Sem esquecer que o Serra (e o Nassif esqueceu) é siamês com Lehman no caso das cervejarias. E foi Lehman que pagou os estudos da Verônica.
    Que juiz desse país vergonhoso tem culhão para mexer com apadrinhado do Lehman? Só se o Valois estivesse em uma corte superior. Mais quantos Valois subiram na carreira?

  4. Nessa investida desesperada da moribunda Lava Jato contra o grande tucano Serra é ver como irá se comportar a bancada do PSDB no STF, liderada por Gilmar Mendes.

  5. Como dizem os especialistas em comédia, tempo é tudo. E na série cômica de combate a corrupção chamada operação lava jato, que este ano está em sua sexta temporada, ajusta o tempo correto de lançamento de novos episódios de forma a causar mais impacto e provocar mais risos.
    Justo no momento em que a operação é enquadrada e seus atores elevados a posição de suspeitos de irregularidades, de novo, ela lança essa nova temporada que, provavelmente, irá se chamar: Imparcial.
    Só falta, agora, a esquerda sair batendo palmas trombeteando para todos os lados que, depois de tempos sombrios e desmandos, o Brasil e a justiça voltam aos trilhos. Que as instituições estão retomando seu protagonismo democrático.
    O brasileiro é realmente bem humorado.

  6. Perto dessa gangue tucana, Sérgio Cabral não passa de um batedor de carteira…
    ninguém me tira da cabeça que Moro e o Delenguidol sabiam de tudo isso

    ou que a corrupção tucana acumulada já passava de um bilhão

  7. “Pela legislação nacional, apenas bancos públicos poderiam ter contas do setor público. E a grande base do Banespa eram as contas do funcionalismo público paulista. Sabe-se lá porque meios, o Santander conseguiu preservas as contas públicas.”

    No estado do RJ, o Itaú, a quem foi doado o banco fluminense (e não carioca) BANERJ, recebeu de mãos beijadas as contas do funcionalismo fluminense (e não carioca).

  8. Imagino que a grande mídia tenha sérias e preocupantes razões para não alardear o caso Serra e sua filha Verônica, da mesma forma que demonstra continuar evitando noticiar as graves e fartas denúncias no uso de práticas ilegais adotadas pela Lava Jato, Sérgio Moro, PF e os órgãos da justiça que cuidam dos casos denunciados. A proteção, ou o faz de contas que não ouvi, não li e não assisti, contra José Serra e a grande maioria das estrelas do PSDB, certamente são os maiores responsáveis pelo descrédito e a imensa falta de confiança que essas instituições recebem da população e das grandes autoridades ilibadas do judiciário. Chega bem próximo a um deboche contra o estado de direito, contra a honra e contra a ética. Agride a constituição e ao conjunto das leis ali inseridas, sem se saber qual é a razão que os levam a correr tanto risco ao promoverem tanta sequência de abuso de poder.

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