A mulher que acreditou na PM mineira e expôs o filho ao risco permanente da morte

A moça humilde nada queria falar. Tinha medo de represálias. Mas não tinha mais a quem recorrer.

Cidade pequena de interior de Minas, apareceu por lá um Policial Militar, remanejado de uma cidade vizinha por excesso de violência.

A mulher tem um filho que teve problemas antes da maioridade. Ela o flagrou com uma pequena dose de maconha e resolveu denunciar para a polícia para dar uma lição no menino. Ou seja, ela buscou a lei, a justiça, para ajudar a educar o filho, mostrando o que é certo e o que é errado. Uma pessoa preta, pobre, de periferia, religiosa e acreditando na Justiça e na PM mineira. Depois do susto pedagógico, o menino não mais se envolveu com a droga.

Ela não sabia que, dali em diante, o filho passaria a ser um alvo permanente de mentes sádicas abrigadas  atrás de uma farda da Polícia Militar mineira.

Foi chegou o PM e passou a perseguir o filho, já maior de idade, já devidamente educado sobre os riscos da droga. Ele e colegas passaram a ser perseguidos diuturnamente pelo PM. Uma vez, ele pegou um dos meninos com um celular e 38 reais. O celular era dele. Levou até a delegacia por suspeita de roubo e o agrediu. Passou a deter seguidamente os meninos, humilhando, agredindo. Noutra feita, arrastou outro menino ralando seu rosto em um muro de tijolos. Deixou o menino com o rosto disforme. E sempre dizia: um dia ainda pegaremos vocês com a mão na massa.

Dia desses invadiu a casa da mulher sem autorização judicial. A filha, que também acreditava na Justiça que nem a mãe, disse que ele não poderia fazer aquilo sem ordem judicial. Entrou na alça de mira do PM. Imediatamente foi alertada que ela poderia desaparecer e nada iria acontecer com ele, porque PMs têm autorização para matar.

Lá em Brasília, em um gabinete com ar refrigerado, estava a pessoa empenhada em conferir aos policiais, inclusive a assassinos potenciais como o nosso personagem, o supremo gozo do assassinato sem risco, o Ministro Sérgio Moro defendendo pela décima vez a excludente de ilicitude, para permitir a qualquer PM, das periferias da metrópole aos pequenos municípios, poder perseguir jovens, abusar, até matar, sabendo que a tendência é ser absolvido pelos abusos, a menos que seja flagrado pelo celular oculto de alguém e sua imagem jogada nas redes sociais.

Na pequena comunidade, ele não teria essa liberdade. Mas centenas de desequilibrados mentais como ele, se escudam na autoridade de um uniforme policial para matar. São preservados pelos colegas, porque faz parte das práticas e costumes, e do processo de aceitação pelos colegas, o PM matador, o que coleciona marcas na coronha da arma.

O que causa espécie é não saber o que a gloriosa Polícia Militar de Minas Gerais faz para impedir a atuação desses assassinos nas suas hostes. Não há teste psicotécnico, acompanhamento de psicólogos, análise de histórico de violência? Na escola do PM não ensinam os policiais que excesso de violência é crime, que essa violência sem freios compromete a imagem da corporação como um todo?

 

Luis Nassif

12 Comentários

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  1. Quanta pergunta retórica ingênua? Difícil acreditar que sejam feitas por um jornalista experiente, que não saiba que as polícias militares, e principalmente suas “academias”, são fábricas de assassinos. Admitem pervertidos e pervertem os que são mais influenciáveis. Ora, ora, o jornalista não sabe disso? Onde esteve nos últimos 60 anos???!!!

      1. Mas você é uma pessoas que decidiu ter um nome público. Foi a sua escolha, não a minha. Mas esse não é o ponto. Não há por que tergiversar. Já que decidiu ser jornalista, não pode ser ou bancar o ingênuo. Ah, isso não! “Enfrentando a polícia”, onde? Nas ruas? Nas favelas? No campo? “Enfrentar” a polícia com algum suporte da burguesia industrial é, convenhamos, um pouco mais fácil. Mas não deixo de reconhecer algum espírito de coragem e altivez. Mas a ingenuidade…

  2. “O que causa espécie é não saber o que a gloriosa Polícia Militar de Minas Gerais faz para impedir a atuação desses assassinos nas suas hostes. Não há teste psicotécnico, acompanhamento de psicólogos, análise de histórico de violência? Na escola do PM não ensinam os policiais que excesso de violência é crime, que essa violência sem freios compromete a imagem da corporação como um todo?”
    Ora, o que faz a PM? O que é a PM? A PM é o que a sociedade violenta e hipócrita quer que ela seja. Então, o que ela faz para impedir assassinos? Não faz. Ao contrário, estimula e incentiva a prática da violência. A atirar na cabecinha, como demonstraram que querem os eleitores cariocas.

    1. Acho que o editor (ainda) acredita que o comportamento de facínoras seja algo recente, de uns 10, 5 anos pra cá. Está na hora de acordar. A truculência, a covardia, a estupidez do nosso aparato repressivo é muito, muito, muuuuuuuito antiga. Essa “turma de escritório” achava que só havia repressão “política” e que esta teria acontecido somente durante a Ditadura 1964-1985 e, desde então, debelada. A velha repressão policial pré-64 alçou um patamar mais elevado durante a Ditadura e, desde a Constituinte de 88, por não ter encontrado nenhum limite que a contivesse, vem escalando níveis cada vez mais sinistros. Do primeiro governo Dilma pra cá, depois dos tais grandes eventos promovidos pelo gangsterismo multinacional, a repressão atingiu níveis jamais vistos por aqui, com novas técnicas, equipamentos, instruções etc. A máquina de matar, agora, tem plena representatividade política. Mas nada é novo. Tudo veio ocorrendo lentamente. A questão, de fato, é que, agora, atinge a classe média e pode respingar em alguém mais graúdo. Esta, sim é a novidade. E muita gente faz aquela cara de espantado, “Que absurdo!”, “De onde surgiu este monstro?!”. É simples: o monstro está aí há muito, mas convinha fingir que não o via. Mas, no presente, ele assumiu proporções gigantescas. E o jornalista faz essas perguntas tão ingênuas quanto a pobre mãe que chamou o carrasco para dar um jeito no filho. É muita ingenuidade!

  3. Fazendo um tipo de perguntinha de almanaque:
    Qual o erro desta frase?
    Frase: Uma pessoa preta, pobre, de periferia, religiosa e acreditando na Justiça e na PM mineira.
    Resposta: religiosa e acreditando na Justiça e na PM mineira.
    Explicação: Quem é de classes desfavorecidas jamais deve confiar na justiça e na polícia, simplesmente porque estas instituições foram criadas para defender os mais favorecidos.

  4. Essa realidade é vivida diariamente na grande maioria dos municípios brasileiros. É hora da sociedade reagir. Nossa juventude está sendo humilhada e nós nada fazemos.

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