A necessidade de imigrantes na Alemanha

Por MiriamL 

Do UOL

Organização Econômica diz que Alemanha precisa de mais imigrantes 

El País

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) diz que a Alemanha enfrenta uma drástica escassez de mão-de-obra. O país está em último lugar entre os industrializados na proporção entre os que entram no mercado de trabalho e os que saem dele. A imigração pode ser a única esperança, diz a OCDE.

Segundo o governador da Baviera, Horst Seehofer, a Alemanha não precisa de mais imigrantes. O líder da influente União Social Cristã (CSU) – partido irmão na Baviera dos democratas-cristãos (CDU) da chanceler Angela Merkel – afirmou em outubro que o país deveria se concentrar em reintegrar os antigos desempregados ao mercado de trabalho. Em particular, ele disse, a imigração de “culturas alienígenas” deve ser interrompida.

MuitMuitos na Alemanha discordariam. E hoje eles têm um poderoso novo aliado: a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. A OCDE descobriu que em apenas dez anos o número de pessoas que deixarão a força de trabalho na Alemanha será até 75% maior que o número das que entrarão no mercado de trabalho. Entre os 28 países industrializados pesquisados, a Alemanha ficou em último lugar.

Os motivos enumerados pela OCDE são simples. De um lado, a sociedade alemã está envelhecendo rapidamente. Seu índice de nascimentos não chega perto do necessário para substituir o número de pessoas que chegam à idade de se aposentar. De outro lado, a imigração na Alemanha estagnou, e o país experimentou uma perda líquida de população nos últimos anos em consequência da emigração.

Segundo a OCDE, é uma tendência que não será fácil de reverter. A organização diz que aumentar a idade da aposentadoria e reduzir o desemprego não serão suficientes. Em vez disso, o grupo diz que aumentar a imigração – tanto de dentro como de fora da União Europeia – poderá ser a única solução.

28 mil empregos vagos

Já existem indícios de que o mercado de trabalho alemão tem escassez de trabalhadores altamente qualificados. Enquanto a economia se recupera rapidamente da crise – deverá crescer 3,4% este ano -, vários setores têm se queixado de dificuldades para encontrar candidatos qualificados para as vagas de empregos. Segundo a Associação Federal para Tecnologia da Informação, Telecomunicações e Novas Mídias, a principal organização da indústria de alta tecnologia da Alemanha, há cerca de 28 mil empregos vagos nesse setor atualmente.

Ainda em março a firma de consultoria McKinsey divulgou um estudo prevendo que as firmas alemãs terão dificuldades para preencher os cargos em aberto em apenas cinco anos. Até 2020, segundo o estudo, a falta de trabalhadores qualificados para cargos desocupados poderá chegar a 2 milhões.

A chanceler Angela Merkel, respondendo ao apelo de Seehofer pelo fim da imigração, concordou que o enfoque deveria ser para reintegrar os antigos desempregados ao mercado de trabalho.

Mas muitos afirmam que essa linha de pensamento é ilusória. “Especialistas para cargos que precisam de alta qualificação são dificilmente encontrados nesse grupo”, disse Frank-Jürgen Weise, diretor da Agência Federal de Empregos da Alemanha, referindo-se aos que estão desempregados há muito tempo. A OCDE, do mesmo modo, vê pequena probabilidade de que os antigos desempregados consigam preencher o buraco crescente.

Em vez disso, a organização sugere que um sistema de pontos semelhante ao utilizado pelo Canadá e outros países, destinado a atrair imigrantes altamente qualificados, é inevitável. Mas esse sistema provavelmente agradaria algumas partes do governo alemão. Os democratas livres, amigos das empresas, parceiros juniores de coalizão de Merkel, há muito tempo apoiam a adoção desse sistema. Os democratas-cristãos de Merkel, porém, até agora o repudiaram.

Em uma entrevista ao “Spiegel” publicada no fim de semana, porém, Merkel disse: “Um sistema de pontos não resolveria todos os nossos problemas”. Ela comentou que o acordo de coalizão do governo afirma que “o acesso de trabalhadores estrangeiros altamente qualificados e experientes deve ser condicionado sistematicamente às necessidades do mercado de trabalho alemão e organizado segundo critérios claros, transparentes e sopesados, por exemplo, com relação aos requisitos, qualificações e capacidades de integração”.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Luis Nassif

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