“A nova criação do Porto Digital”

 

Por Diogo Zarzar* I Do Recife para o mundo

 

No último dia 2 de junho, no Recife (PE), houve o encontro inaugural do ‘L.o.u.c.o’, sigla para “Laboratório de Objetos Urbanos Conectados”, evento cunhado como “Surto L.o.u.c.o”.

O L.o.u.c.o é mais uma criação advinda do parque tecnológico e ‘cluster’ de empreendedorismo Porto Digital.

A ideia, ao que parece, é conectar jovens, empreendedores, pensadores, idealizadores afins que moram e vivem na cidade para propor soluções de melhorias urbanas e resoluções de problemas estruturais da cidade envolvendo tecnologia da informação (através da ‘internet das coisas’). Talvez até culmine em germinação de novas empresas (ou startups) com foco nesse propósito dentro dos encontros no laboratório, como no caso das recifenses: epitrack – que propõe soluções tecnológicas para a contenção de epidemias e doenças infecciosas que assolam o meio urbano brasileiro (casos da dengue, zika virus, chikungunya, etc.)- e a 3Ecologias – que utiliza a internet das coisas para propor soluções em geral.

O encontro se mostrou de alto nível com diversos pontos de vista mostrados em campos multidisciplinares. Os assuntos variaram e chegaram até a rumar para sociologia e antropologia da tecnologia, discussão sobre gênero e qualidade de vida, democracia no transporte, excesso de precipitação recorrente na região metropolitana do Recife, etc.

Gostaria de pontuar uma excelente intervenção de um participante sobre os rumos da tecnologia, a serventia das soluções tecnológicas modernas e a uma possível falta de preocupação com a economicidade da energia elétrica e da internet.

Um assunto tão moderno e explorado por alguns gurus “tecnomaníacos”, de forma, às vezes equivocada, porém, já visto talvez com antecedência por outros intelectuais tradicionalistas como Gilberto Freyre em seu “Homem, Engenharia e Rumos Sociais”.

Houve também a explanação da ideia de que o surgimento das novas ideias e novas tecnologias não tinha muita linearidade.

Uma linearidade talvez no sentido de ser disciplinar e rotineira demais, eu acredito.

No entanto, o grande desafio do laboratório – ao meu ver – é consolidar uma espécie de sistematização de percurso na finalidade-alvo do mesmo. Explico de maneira mais popular: “fazer acontecer!”

É necessário um planejamento para que a (excelente) ideia não caia no ostracismo a médio prazo.

E os ‘mini desafios’ cotidianos serão enormes nesse sentido.

A ‘internet das coisas’ não é uma coisa tão fácil de se criar soluções envolvendo grandes impactos urbanos,economicidade ambiental e sustentabilidade empresarial de médio e longo prazo. Equacionar isso tudo é a questão.

No debate chegaram a pontuar (de forma oportuna) que o lucro a todo custo e o modelo desenvolvimentista de se preocupar apenas em ser robusto não era o ideal. E de fato. Todavia, jovens (ou maduros) idealistas com boas ideias precisam de uma certa estabilidade financeira e sustentabilidade social. É muito difícil classes menos abastadas conseguirem trabalhar intelectualmente sem uma remuneração média, portanto não é tão fácil o discurso de abdicar do lucro ou pró-labore.

Se consolidada, a ideia pode tornar Recife uma grande plataforma de soluções urbanas e tende a elevar a publicidade e auto-estima da cidade em meios internos e externos. Além de, claro, melhorar os problemas reais da cidade.

O grande legado da ideia é a democracia propositiva e a abertura à novas ideias externas por parte do Porto Digital, fazendo talvez germinar outro ambiente de discussão sobre a qualidade urbana da cidade muito além de uma mera questão político-partidária mesquinha ou um mero fórum de internet onde já existe uma certa unidade de discurso.

A ideia do presidente do Porto Digital, inclusive, tirando pelas próprias declarações aos grandes veículos de mídia, foi a de expandir os horizontes do parque tecnológico, que andava meio parado de 2010 para cá.

Na minha explicação, funcionando como um ambiente de encontro das mesmas pessoas (empresários) e uma localização geográfica de isenção fiscal. Mas acredito que o surto disruptivo veio da auto reflexão de que o ‘cluster’ tinha potencial para mais. E trazendo gente nova. Algo louvável.

Algo a se pensar também seria a abertura de novos horizontes tecnológicos além da ‘internet das coisas’. De toda forma, que tenha longa vida o L.o.u.c.o e tudo de positivo que possa surgir por lá.

 

* Diogo Zarzar I Estudante de economia e tecnologia.

 

Redação

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