A oferta do PSB a Kassab e Colombo

Do Valor

PSB oferece controle local a Colombo e Kassab 

Cristiane Agostine, Ana Paula Grabois e Júlia Pitthan | De São Paulo e Florianópolis
16/02/2011

O PSB aumentou o assédio ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e ao governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, para que saiam do DEM rumo ao partido e não migrem para o PMDB. Segundo interlocutores do prefeito e do governador, o PSB teria oferecido o comando dos diretórios paulista e catarinense. A negociação é acompanhada de perto pelo Planalto, que resiste à possibilidade de o prefeito de São Paulo filiar-se ao PMDB. A migração de Kassab, Colombo e seus aliados ao PSB seria uma forma de evitar que a bancada do PMDB supere a do PT e volte a ser a maior da Câmara.

De saída do DEM, Kassab planeja levar consigo seu grupo político e alavancar sua candidatura ao governo de São Paulo em 2014. Colombo não diz ter interesse de mudar de partido, mas mantém o diálogo com o PSB.

A oferta do PSB a Kassab foi feita pelo presidente nacional da legenda, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ao PSB, a entrada de Kassab ajudaria o partido a expandir-se em São Paulo.

HáreHá resistências no PSB paulista. Descontente com o poder que o prefeito poderia ter no comando partidário em São Paulo, o deputado federal Gabriel Chalita avisou a interlocutores que pode deixar a sigla. Chalita é a principal aposta do PSB para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2012. Na eleição de 2010, foi o segundo deputado federal mais votado no Estado, com 560 mil votos, só atrás de Tiririca (PR). Diante desse quadro, PMDB e PTB já acenam a Chalita. Ex-tucano ligado ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), deixou o PSDB expondo divergências com o ex-governador José Serra.

Dentro do PMDB, também há divergências quando a possível entrada de Kassab. Com a morte do ex-governador Orestes Quércia, que presidia o diretório paulista do PMDB, pemedebistas ligados ao vice-presidente Michel Temer e ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, temem que o prefeito tome o controle do diretório estadual e dos rumos do partido em São Paulo.

Na semana passada, Kassab ofereceu um jantar em sua casa, em São Paulo, a Eduardo Campos e Raimundo Colombo. Campos ofereceu benesses políticas ao prefeito e ao governador. “Existe todo interesse da direção nacional do PSB para que Kassab ingresse no partido”, afirma o deputado federal Jonas Donizette, vice-presidente do diretório estadual do PSB paulista. “A ideia não é tirar ninguém da direção do partido para dar cargos a Kassab, mas sim permitir que ele tenha espaço para fazer o trabalho político dele”, diz Donizette.

Para fugir da regra da fidelidade partidária, Kassab terá que fundar um partido com seu grupo antes de rumar ao PSB ou ao PMDB. Para criar a nova legenda, o prefeito também busca insatisfeitos do bloco de esquerda (PSB, PDT e PCdoB) em São Paulo.

Em Santa Catarina, Campos colocou o presidente estadual do PSB, Djalma Berger, para reforçar o convite ao governador. Prefeito de São José, na grande Florianópolis, Berger se disse esperançoso com a possibilidade da migração de Colombo. Colocou até o próprio cargo de direção partidária a Colombo. Oficialmente, Colombo informou não ter interesse em trocar de partido.

O PSB tem expressão pequena na política catarinense. Berger “comprou a franquia” do partido no início de 2007, depois de ter sido eleito como o terceiro deputado federal mais bem votado pelo PSDB. O irmão, Dario Berger, prefeito de Florianópolis, deixou os tucanos para se filiar ao PMDB de Luiz Henrique da Silveira com a esperança de disputar o governo do Estado em 2010.

A prefeitura de São José, cidade com 180 mil habitantes na região da Grande Florianópolis, é o maior legado político do PSB em Santa Catarina. Sem deputados estaduais ou federais, só teria a ganhar com a vinda de Colombo e outros demistas ao partido.

Berger diz que a posição governista do PSB é mais uma vantagem a Colombo. “A última eleição nos obriga a uma reflexão sobre a identidade dos partidos”, declarou. O deputado federal Paulo Bornhausen (DEM) diz que é natural o assédio ao governador, mas defende a união do partido.

O líder do DEM na Assembleia Legislativa catarinense, deputado Darci de Mattos, afasta a possibilidade de uma saída dos parlamentares para o PSB e diz que Berger não fez contato oficial com a bancada. Segundo Mattos, as divergências da executiva são apenas rumores para o DEM catarinense. “Em Santa Catarina, o partido está unido e tem representatividade”, disse o parlamentar. As turbulências no DEM nacional estarão na pauta da reunião convocada por Colombo hoje. O partido detém seis das 40 cadeiras na Assembleia. 

Luis Nassif

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