“A perspectiva de que as instituições vão parar Bolsonaro é ilusória”, diz Marcos Nobre

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – “A perspectiva de que as instituições vão parar Bolsonaro é ilusória”, diz o filósofo Marcos Nobre, em entrevista divulgada pelo El País. Segundo Nobre, as “instituições estão funcionado de maneira disfuncional desde 2016, e não têm condições de corrigir ou limitar o rumo da maneira que deveria.” 

É por isso que, na visão do analista, uma frente democrática precisa ser formada, para representar não apenas uma oposição a Bolsonaro, mas para estabelecer as pautas que não serão aceitas.

“É preciso ter um mecanismo dissuasório de qualquer medida autoritária. Precisamos de uma força social e política que diga: olha, nós não estamos aqui para atacar o Governo Bolsonaro, estamos aqui para dizer que qualquer medida de caráter autoritário será repudiada coletivamente por essa mesa. Ela tem que incluir todas as forças de oposição a Bolsonaro, da direita até a extrema esquerda. Por outro lado, essa mesma grande frente democrática não pode só agir de maneira reativa. Precisa ser capaz de conversar para repactuar os termos da competição política no sistema, algo que a gente perdeu. Tem que repactuar a democracia no Brasil. E isso precisa ser feito à margem do Governo para, quando chegar o momento, implementar de tal maneira que todo mundo sinta que são regras justas de competição. É um trabalho muito grande.”
 
Na visão de Nobre, nessa frente “cada um faz oposição como acha que deve fazer, mas todo mundo defende a democracia junto, para sinalizar para a sociedade que aqui existe uma referência, ao mesmo tempo que repactua as regras de competição.”
 
Nobre disse que parte da classe política aposta corretamente que o governo Bolsonaro deve naufragar nos primeiros anos mas, se isso ocorrer, será o pior dos cenários, porque abre espaço para radicalização. “Essa é a pior perspectiva. Um bicho acuado que falou todas as barbaridades autoritárias e sociais é arriscadíssimo.”
 
O filósofo ainda avaliou que Bolsonaro foi eleito não por representar a renovação, mas porque é a face da “destruição”. “E ele não só foi o candidato do colapso, como também precisa do colapso para se manter no poder. Interessa a ele manter o sistema destruído. Caso o sistema se organize, vai ser contra ele. Também não existe a possibilidade de ele se tornar um polo porque não vai existir nada parecido com o bolsonarismo.”
 
Leia a entrevista completa aqui.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Uma frente pela democracia com todos os democratas

    Por isso acho que a frente da qual os irmãos Gomes pretendem serem donos esta fadada ao fracasso. Ela ja começa de forma antidemocratica ao excluir zezinho ou miltinho. Nos precisamos de uma Frente Democratica ampla, que englobe o PT, PSOL, PC do B etc. 

    1. Nao uma Frente Ampla PRÉVIA, Maria Luísa

      É preciso que cada força política, partido, etc, mantenha sua independência. Quando alguma medida for proposta, cada partido poderá apoiá-la ou nao. Quando Bolsonaro propuser algo inaceitável, os partidos deverao lutar contra juntos, mas nem todos vao querer lutar contra as mesmas coisas. Nao vejo o PSDB, por ex., apoiando a revogaçao da reforma trabalhista, ou do decreto do fim do mundo. Se apoiar deve vir junto, claro, mas nao vejo isso podendo acontecer… Alianças se fazem ou nao em cima de propostas concretas, nao previamente, sobretudo quando sao propostas alianças nao só entre caes e gatos, mas entre caes, gatos, cobras, escorpioes e ratos. Se estiverem juntos com as propostas corretas devem ser aceitos, claro, mas CASO A CASO, nao previamente.

      1. Pretendem ser os donos…

        Analu, a Frente Democratica é uma proposição para ficar claro ao poder que ha força no outro campo. Por isso que cobras, lagartos, ratos e gatos precisarão engolir sapos e unirem-se. Eh possivel que em algum momento, se as coisas não se passarem como pretendem Bolsonaro e seu vice, eles endureçam. Nesse caso de figura, uma Frente com diversas personalidades e partidos, sera necessaria para enfrenta-los e denuncia-los. Acho que luta armada não da mais, né…

        1. Mas nao adiant uma frente q nao deseje coisas ao menos parecidas

          Leia tb o comentário da Cristiane Vieira. Frentes, nao Frente. Que podem se unir A CADA CASO CONCRETO.

  2. Sobre o medo
    Aí você pergunta para um sapientíssimo Magnoli por que a democracia estaria ameaçada, e ele vai a folha de SP para dizer que é só estultícia dos intelectuais, que são funcionários públicos, os quais estão desesperados por seus cargos.
    Eu sinceramente não consigo trabalhar na minha mente tamanha ma-fé: um pseudo intelectual analisando a produção intelectual! Um falacioso proclamador do medo da era lula insinuando que Bolsonaro não merece tamanho receio. Ta na hora de a academia pegar fogo, contra esse tipo de falastrice.

  3. Concordo em parte. De fato,

    Concordo em parte. De fato, também acredito que é uma ilusão (inclusive do próprio Bolsonaro) imaginar que o General vice aceitará ser subalterno do Capitão. Vilas Boas, o comandante geral do Exército, disse há pouco tempo que Mourão será um excelente “comandante em chefe”. É preciso prestar atenção na expressão que ele usou, pois no Brasil o “comandante em chefe” não é o vice e sim o presidente.

  4. Evitar tropeços

    Acho que esta idéia de frente democrática idealizada em prol da democracia não é possível porque o país está polarizado demais e há muito lobo em pele de cordeiro, muito oportunista que já mostrou que a frente não funcionaria ainda quando era possível pra evitar a ocupação do vácuo pelo desgoverno da terra plana e presidente Flat-o, hahahaha, piadinha infame. 

    E talvez seja melhor assim. Acho que o que precisamos mesmo é que haja frentes representativas e mobilizadas, porque uma unificação de todos contra o Vergonhoso seria um problema, mais na frente, para separar o joio do trigo ao ver da população que mal conhece os personagens da política e da vida social organizada – não passam na TV nem no Zap ou no FacePop.

    Então que a separação comece agora, e as frentes se formem com bases sólidas em projetos comuns e para além da reatividade contra o retrocesso. Nesse momento, quanto maior a decepção com a diarréia nas urnas maior a necessidade da população em se voltar para opções que pareçam organizadas e factíveis – depois da catarse destrutiva, o desejo costuma se inverter e buscar paz e equilíbrio, o ser humano não aguenta tanta confusão por tanto tempo, a não ser em estado de putrefação coletiva – e se estivermos confusos com uma frente que está junta aqui mas se digladia ali, advinha o que vai acontecer de novo? O povo vai buscar um bloco unificado ainda que seja em nome da destruição. 

    Acho que temos tempo para deixar que as afinidades e projetos se formem em novos contratos com as forças sociais e políticas, sem forçar a barra. 

    Até porque quem tinha que formar a frente democrática em defesa do país já o fez durante as eleições, quando era possível um novo contrato social-eleitoral. Agora as máscaras já caíram e tem gente que flexibiliza os riscos do Vergonhoso mas não sua ira insana contra o PT e outros da esquerda – o sr. Ciro Gomes não bate só no PT, basta acompanhar suas falas antes, durante e depois das eleições para conhecer seu alinhamento e não se iludir, novamente, com “todos contra o mal comum”, como ocorreu durante  a redemocratização com caciques do PSDB que depois foram os primeiros artífices do golpe contra a democracia – 2016 não foi contra o PT, foi contra o país e sua democracia com imunodeficiência congênita, e enquanto isso não for entendido por mídia progressista, partidos de esquerda, e população em geral, os conservadores terão tempo e argumentos para mobilizar uma população cansada, desatenta, medrosa e reativa. 

    Se é para ir para o Jogo, então não temos tempo para a disputa dos aspirantes que só querem fechar contratos milionários para ir para a Europa assim que possível, rs. Precisamos descansar o time, fazer jogos recreativos, trabalhar a motivação, lembrar  a graça do jogo e não apenas da vitória, recuperar a confiança da torcida, nos afastar dos cartolas, dos jogadores pipoqueiros, dos cambistas, dos vira-casaca, lutar pelo nosso artilheiro contundido pelo adversário desonesto, cuidar do coração que pulsa para fazer um jogo bonito que valha a pena ser vencido. E do gramado, porque em um campo devastado, ressecado, sem grama, não há jogo possível. 

     

    Sampa/SP, 21/11/2018 – 16:45  

  5. Frente Ampla Única

    Haddad falou hoje que formaram DUAS Frentes. Está me parecendo acomodação para divergências internas.

    Se essas Frentes forem exclusivamente para ação parlamentar, tudo bem. Mas se elas pretendem extrapolar o parlamento e criar uma rede social engajada politicamente em defesa da Democracia e do Estado de Direito, creio que duas frentes vão criar confusão.

    Eu acredito que a proposta de Marcos Nobre é a mais adequada.

     

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