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A política americana de pintar papel para comprar o mundo de graça

“Nunca vi tanta estupidez em torno de um assunto quanto o que a imprensa vem vomitado por conta da declaração da nova presidente do Banco Central americano, Janet Yellen. Ela disse que está se lixando em relação às consequências da política monetária dos Estados Unidos sobre os países emergentes, principalmente o Brasil. E nós, como coelhinhos envergonhados, nada fazemos a não ser chorar”, comentou o professor Galileu.

– Mas há outra coisa a fazer a não ser chorar?, perguntou Simplício.

– É tarde, mas dá para recuperar algum tempo. Contudo, a primeira providência é desligar o Jornal da Globo, que só vocifera imbecilidades, para entender o que está se passando na realidade.

– Então nos explique, disse Angeline.

– Primeiro, os Estados Unidos entulharam o mundo de papel pintado, isto é, dólar emitido aos borbotões, sem qualquer relação com a produção. A isso chamaram “quantitative easing”, porque era necessário dar um nome bonitinho a esse assalto em escala mundial.

– E depois?, cutucou Simplício.

– Agora eles estão retirando um tiquinho por mês do crescimento dessa moeda. Notem, não estão reduzindo a quantidade de moeda. Nada disso. Estão reduzindo a expansão do papel pintado. Curiosamente, muita gente é contra essa redução.

– E daí?, observou Angeline.

– Daí que, idiotamente, não tivemos qualquer reação diante da expropriação de nossas riquezas pela via da expansão monetária norte-americana. Sim, porque na medida em que emitiam dinheiro do nada, podiam tranquilamente comprar nossas empresas por uma ninharia. 

– Dava para reagir? 

– Claro, não temos poder nuclear mas podemos aplicar o controle de capitais. Evitar que esse dinheiro fácil entrasse na economia para especular.

– E agora?, perguntou Simplício.

– Agora é difícil aplicar controles de saída. Mas alguma coisa nessa direção precisa ser feita. Alguém tem que ter cujones para isso já que, do contrário, os especuladores esgotarão nossas reservas internacionais num prazo muito curto.

– E mais essa…, disse Angeline, desanimada.

– Mas agora observem isso, disse Galileu: o que se havia de esperar de uma nova presidente do BC americano além de defender o interesse americano? Acham que será boazinha conosco? Na verdade, vão nos fritar direitinho, caso não adotemos uma política econômica de efetivo interesse nacional. Pode ser difícil. É que nenhum país tem um Mantega como ministro da Fazenda impunemente.

Simplício escreveu na agenda vermelha: Confúcio poderia ter dito – se não cuidarmos de nós meses, certamente ninguém cuidará.

Redação

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