A prisão do Nobel da Paz no Egito

Ainda sobre os protestos na terra dos faraós, acaba de ser preso o Nobel da Paz Mohamed ElBaradei:

Do UOL

28/01/2011 – 10h17 / Atualizada 28/01/2011 – 11h46 

Governo do Egito enfrenta nova onda de protestos e detém prêmio Nobel da paz

Do UOL Notícias* 
Em São Paulo  

Apesar das tentativas do governo do Egito de desarticular a “sexta-feira da ira”, convocada por manifestantes que desde terça-feira protestam contra o presidente Hosnik Mubarak, pelo menos um confronto entre manifestantes e policiais já foi registrado hoje em Cairo, segundo a AFP.

Cerca de 2.000 pessoas estavam reunidas para uma oração na mesquita de Guiza, no centro de Cairo, entre elas, o opositor egípcio e Nobel da paz Mohamed ElBaradei. Os fiéis oravam e gritavam “Abaixo (o presidente) Hosni Mubarak!”. A polícia disparou para o ar e usou gases lacrimogêneos e jatos de água para dispersar a multidão ao término da oração, tentando evitar novas manifestações.

Segundo a rede de TV “Al Jazeera”, ElBaradei teria sido detido pelas autoridades egípcias ao tentar deixar a mesquista ao lado de outro dirigente da oposição, Ossama Ghazali. Quatro jornalistas francesas também teria sido detidos durante as manifestações.

No quarto dia de protestos contra o regime do presidente Mubarak, o governo do Egito montou um esquema de segurança no Cairo e bloqueou sites da Internet e o sistema de telefonia celular para tentar desarticular a “sexta-feira da ira” convocada por manifestantes. Desde terça-feira, os confrontos já deixaram pelo menos cinco mortos e centenas de pessoas foram presas.

O bloqueio à internet, que começou à meia-noite, priva os ativistas de uma ferramenta essencial para a mobilização – durante a semana, a rede social Facebook foi o principal instrumento para a convocação dos protestos para esta sexta-feira, ao lado do celular e das mensagens de texto.

A companhia telefônica Vodafone disse que recebeou ordens do governo para suspender todos os serviços para celulares em “áreas selecionadas” no país. Em nota, a empresa disse que “sob a legislação do Egito as autoridades têm o direito de fazer tal solicitação e nós somos obrigados a cumpri-la”.

O policiamento também foi reforçado nas ruas. Caminhões de bombeiros capazes de disparar jatos de água estão estacionados em locais que podem reunir manifestantes, como os arredores da mesquita Al Azhar, do palácio presidencial e nas ruas que dão acesso à praça Tahrir, no centro do Cairo.

Além de protestarem contra a ditadura de Mubarak, há 30 anos no poder, os jovens manifestantes se queixam do desemprego, da inflação, da corrupção e do autoritarismo do governo. São queixas semelhantes às que levaram à rebelião na Tunísia, e que também desencadearam protestos em países como Argélia e Iêmen.

“A inflação exauriu o povo. Os preços da comida, do combustível, da eletricidade e do açúcar estão subindo… Os ricos ficam mais ricos, e os pobres, mais pobres”, disse um taxista, que não quis dizer seu nome. “Só Deus sabe o que vai acontecer hoje. Após a Tunísia, tudo é possível.”

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, fez um apelo nesta sexta-feira para que os líderes e o povo do Egito não permitam uma maior intensificação da violência, pedindo respeito pela liberdade de associação e de expressão.

“Todos os envolvidos — povo ou líderes — deveriam garantir que a situação naquela região, particularmente no Egito não conduza a uma violência maior”, disse Ban em coletiva de imprensa no Fórum Econômico Mundial. “Eu venho pedindo às autoridades para que encarem isso como uma oportunidade para abordar as preocupações legítimas de seu povo.”

Membros do proscrito grupo oposicionista Irmandade Muçulmana, inclusive oito dirigentes e seus principais porta-vozes, foram detidos durante a noite. Uma fonte oficial de segurança disse que as autoridades ordenaram que o grupo seja reprimido.

O governo acusa a Irmandade de tentar explorar os protestos juvenis em prol da sua “agenda oculta”. O grupo islâmico afirma estar sendo usado como bode expiatório.

*Com Agências Internacionais

Luis Nassif

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