A procura do “novo”

Por Assis Ribeiro

Ref. ao post: É hora de abrir espaço para o novo

O fato é que, não só no Brasil, se vê a escassez de lideranças novas e isso se dá em todas as áreas, salvo nas áreas de tecnologias.

Essa é a primeira constatação para se avalar o que aconteceu com o mundo.

A segunda informação é que esse vazio surge a partir dos movimentos da década de 60 e a batalha da guera fria.

Com essas pistas pode-se notar que se formou uma cultura que reprime a ideologia e a substitui pelo pragmatismo que engessa a política como forma de se buscar o novo; novas propostas são consideradas “desestabilizadoras” do sistema.

Nessas condicionantes acima é que durante as últimas décadas se debate, ou se ouve falar, mais de “gestão”, “tecnologias governamentais”, “fim da história, de Fukuyama”, “mercado”, “experiência” e o  “político experiente”, do que em politica. Uma outra determinante foi a economia vitoriosa da turma dos “Chicago boys” que parece ter condensado essas máximas no princípio do “estado mínimo”.

Essa nova cultura tornou o mundo velho, sem a visão juvenil que impulsiona mudanças, daí a percepção da falta do “novo”, da falta de lideranças que proponham mudar algo.  O mundo passou a ter medo de fraturas em seu sistema e passou a seguir bovinamente a rigidez da ordem incapaz de insuflar qualquer renovação.

O que ocorreu pós década de 60 dito por Luiz Carlos Maciel serve como parámetro para se entender o imobilismo criativo e a falta do “novo”:
Hoje, as manifestações juvenis de nosso passado recente, depois de domadas, assimiladas e distorcidas pelo sistema, foram substituídas por um fetiche abstrato e bastante ridículo que é o jovem tal como é definido pelas agências de publicidade, delineado pelas pesquisas de opinião, incensado pela mídia, tomado por paradigma de eficiência empresarial (o tal do Yuppie) e, o que é pior de tudo, imposto como modelo aos ainda mais jovens, ou seja, nossas crianças. Esse “jovem” é o que, no meu tempo, chamávamos de alienado e, depois, de careta. Trata – se de uma domesticação dos instintos naturais da juventude em função dos interesses do sistema.”

Por outro lado esse imobilismo de criatividade contou com a ajuda da mídia de massa quando determina quais os valores a serem seguidos, e dentro da sociedade de consumo  transforma tudo em mercadorias e estabelece hegemonia da economia sobre a politica. Na esfera política, a grande mídia desempenhou o papel na dissociação das pessoas das suas raízes culturais e participação politica, substituindo-as com necessidades criadas a partir dos espelhos e das vitrines dos shoppings.  O efeito político foi o de alienar pessoas dos vínculos interpessoais e participativos, atomizando e separando os indivíduos um do outro.

Por tudo isso passamos a ser uma sociedade pragmática, do ser prático que segue uma praxe estabelecida e não inova.

Segundo Mannheim: “A desaparição da utopia ocasiona um estado de coisas estático em que o próprio homem se transforma em coisa. Iríamos, então, nos defrontar com o maior paradoxo imaginável, ou seja o do homem que, tendo alcançado o mais alto grau de domínio racional da existência, se vê deixado sem nenhum ideal, tornando-se um mero produto de impulsos. (…) o homem perderia, com o abandono das utopias, a vontade de plasmar a história e, com ela, a capacidade de compreendê-la” 

Este estado de politica estático engessa a democracia como instrumento de renovação e avanço das relações em sociedade e por isso, e não raro, é que ouvimos as pessoas afirmarem que “não gostam de política”, ou quando observamos a cristalização de um conjunto de noções antipolíticas no senso comum.

Essas expressões de tendências indicam fenômenos bem mais amplos do que a simples falta de renovação de políticos, ou surgimento de novas lideranças, ou, ainda, do surgimento do “novo”, como consequência de um quadro da politica; trata -se um um problema de cultura.

E, dentro desse quadro, nada mais novo (ainda que apenas dentro do possível), do que as politicas do PT nestes 12 anos de governo pois mesmo com as resistências culturais conseguiu avançar, modificando a nossa politica antiga e fazendo surgir novos nomes mesmo que impostos por Lula e novas ideias. A formatação do ENEM e a obrigatoriedade do ensino de folosofia nas escolas irão mudar no Brasil essa cultura estagnatória do pensamento.

Comentário ao post :

https://jornalggn.com.br/noticia/e-hora-de-abrir-espaco-para-o-novo

Redação

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