Gilberto Maringoni
Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.
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A sangue frio: atentado, eleições e TV, por Gilberto Maringoni

A sangue frio: atentado, eleições e TV

por Gilberto Maringoni

Jair Bolsonaro foi o assunto único no primeiro bloco do Jornal Nacional desta quinta (6), com quase 15 minutos de duração. A exposição adentrou parte do segundo, com várias chamadas ao vivo no decorrer do noticiário que, excepcionalmente se prolongou por uma hora e oito minutos. O atentado ao presidenciável é fato jornalístico de repercussões mundiais. Pelo que se informa, ele está fora de perigo.

Era inevitável que o principal informativo da TV brasileira desse ao candidato tudo o que ele não tem: tempo de exposição. Mas Bolsonaro pode ter ganho algo muito mais importante, um lugar oposto ao que vinha ocupando no palco da disputa. E isso é decisivo.

Se havia sinais de exaustão na persona pública encarnada pelo ex-militar, a facada em Juiz de Fora pode ter alterado a fase final de campanha. Pode sair de cena o agressor incondicional e maior incentivador de uma campanha pautada por xingamentos, calúnias, exaltação da ditadura e da eliminação física de adversários. E entra o agredido por esse mesmo ambiente.

Vamos combinar, é uma metamorfose surpreendente pela radicalidade e celeridade da pirueta.

O capitão reformado pode aparecer – ironicamente – em lugar semelhante ao de Lula, o de vítima. Não faltou a grave locução de William Bonner a ressaltar que o atentado foi contra o “líder na corrida presidencial”. Constrói-se um anti-Lula com sinal trocado, que pode ampliar sua escala de intenções de votos aparentemente limitada a um teto ao redor de 20% do eleitorado.

Até a criançada sabe que esse não é o primeiro ato de violência na mais atípica campanha eleitoral em décadas. A jornada teve início com o assassinato de Marielle Franco, os tiros nos ônibus da caravana do verdadeiro líder nas sondagens, seguida por sua prisão e um conluio entre judiciário e mídia, que busca normalizar a anormalidade de vivermos sob um golpe.

Embora o atentado seja repulsivo, Bolsonaro agora tem sua campanha bombada a quatro semanas da votação. O posto no segundo turno está consolidado. O que o JN parece indicar é que ele se fortalece diante do indicativo de derrota em todos os cenários da última volta, exibida na pesquisa Ibope.

Ou seja, há uma tática em progresso, na qual a Globo parece ter assento: fazer com que todo o campo conservador conflua para o candidato da extrema-direita. Meirelles já se desidratou. A bola da vez, com possíveis defecções nas chapas regionais, é o tucano Geraldo Alckmin.

A esquerda tem – corretamente – condenado com veemência o atentado. Daqui até 3 de outubro é quase impossível que Boulos, Ciro ou Haddad abram mão de suas candidaturas em favor de uma chapa única. Mas a realização de pelo menos um evento conjunto seria de bom tom, para se mostrar à sociedade a existência de lados nessa batalha.

A partir daqui, a campanha eleitoral entra em um tempo político acelerado e muito mais tenso, em meio a uma crise econômica que não dá sinais de refluir.

P.S. O neandertahl que atende pelo prosaico nome de “General Mourão”, vice de Bolsonaro já urrou: “Agora é Guerra”. Será que a mudança de papéis ainda não está acertada?

Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.

12 Comentários

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  1. Bolsonaro diz que nunca fez mal a ninguém

    Em um vídeo gravado e divulgado nas redes sociais do candidato à reeleição ao Senado Magno Malta, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) falou pela primeira vez após ter sido esfaqueado durante um evento de campanha em Minas; no vídeo, gravado dentro da UTI, onde continua internado, Bolsonaro – que já defendeu a tortura durante o período da ditadura militar, além de atacar minorias, e mais recentemente simulou “metralhar petistas”, afirma “nunca fez mal a ninguém”

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  2. Como sou absolutamente…….

    Paranoico, tomo a liberdade de “pinçar” algumas frases do texto para emitir uma hipótese………

    O capitão reformado pode aparecer – ironicamente – em lugar semelhante ao de Lula, o de vítima.

    Numa tentativa de copia da estrategia(que da certo, até agora) do PT e Lula, o objetivo final poderia ser  lançar o “plano B” no ultimo minuto…..

    P.S. O neandertahl que atende pelo prosaico nome de “General Mourão”, vice de Bolsonaro já urrou: “Agora é Guerra”. Será que a mudança de papéis ainda não está acertada?

    Ja imaginaram a possibilidade de ter como presidente um general no lugar de um capitão?

    Sera esse o “plano B” dos golpistas? Um general “eleito” por vias “democraticas”???

    Dependedendo do tempo de recuperação(ou não, vai saber…..)do Bolsonaro é uma hipótese um tanto quanto “maluca” mas……………seguro morreu de velho……

    PS:Sou um tantinho paranoico…..confesso……

     

     

  3. Atentado Bollonado

    Nassif

    Meio esquisito esse atentado. Não tem sangue em lugar nenhum.

    Um cara que teve a artéria cortada deveria estar com a camisa, o pano branco encima do corte e a barriga encharcada de sangue

    Ta parecendo fake event

  4. Atentado Bollonado

    Nassif

    Meio esquisito esse atentado. Não tem sangue em lugar nenhum.

    Um cara que teve a artéria cortada deveria estar com a camisa, o pano branco encima do corte e a barriga encharcada de sangue

    Ta parecendo fake event

  5. atentado bollonado

    Até na maca do hospital sendo atendido. Não há sangue na camisa dele atrás da cabeça dele, nem lugar nenhum do peito

    Fake atentado é o que parece

    Investiguem

  6. Ainda bem que confio no vice

    Ainda bem que confio no vice do PT. No atual, assim como confiamos no Alencar, a bem da verdade. O último  vice foi o desastre nacional a que assistimos até hoje.

  7. Odair estava estagnado,

    Odair estava estagnado, Alckmin estava estagnado e no fundo, Álvaro Dias inexistente, Ciro avançava e havia ainda um crescimento de Haddad. Imaginar um segundo turno entre Ciro e Haddad pode parecer precipitado, mas com a imagem do militar já cansada isso não seria impossível no decorrer dos póximos dias. E aí, eis que acontece esse fato para lá de suspeito, cheio de contradições, inusitado, com cenas pouco plausíveis, faltando um elemento muito característico em um ato daquela violência. Para arrematar a ampla cobertura da Globo, a insistência em dizer que a as informações vinham de “duas fontes graduadas”, a não cobertura ao vivo da coletiva dos médicos, sendo que o repórter informou que ela “acabara de ocorrer” em pleno JN. 

  8. E alguém aqui é ingênuo a

    E alguém aqui é ingênuo a ponto de acreditar que foi tudo acidental depois que o Paulo Guedes fez uma reunião com a máfia dos Marinho?

    Tava na cara que a Globo ia apostar pesado em Bolsonaro e vai fazer de tudo para elegê-lo dentro das “regras”. Se não der nas regras, vai ser contra as regras, ou seja, com golpe militar puro e simples….  Afinal aquele vice-general-neanderthal tá lá pra isso…

    E que Bolsonoro não se iluda: quem faz as regras é a Globo et caterva, senão da próxima vez a facada pode ser mais certeira…

    Tudo é possível no país dos medíocres.

  9. Pronto mamãe, eu também sei

    Pronto mamãe, eu também sei falar  ..a democracia não é perfeita, exige de regras e respeito, não pode ser confundida como permissividade irrestrita

    BOZOSSAURO há anos passou dos limites, recebeu da democracia a MELHOR lição que ela, democracia, pode dar a alguém  ..a ISONOMIA : teve a si o que pregava pros outros

    “corte rapido ? faca, é Tramontina !!  ..é assim o vídeo dele na rede ? 

    Outra realidade é que o SUPER-ego do agressor não foi capaz de segurar o que seu ID sonhou  ..o dele e o de MILHÔES de brasileiros que há décadas se veem ofendidos por este SUB cidadão e por esta realidade kafcaniana em que nos envolveram

    O resto ? o resto é exploração, disputa de poder (pra alguns, questão de sobrevivência) vitimização barata pra ver se colam na sociedade MAIS este ESTRUPÍCIO partido das TREVAS de algumas de nossas Instituições

  10. “P.S. O neandertahl que

    “P.S. O neandertahl que atende pelo prosaico nome de “General Mourão”, vice de Bolsonaro já urrou: “Agora é Guerra”. Será que a mudança de papéis ainda não está acertada?”

    Devem ter tentado explicar mais cedo a Mourão. Mas sabe como é, ele não é conhecido por ser assim tão… err…inteligente, sagaz.

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