A Transparência Internacional e o maná da anticorrupção

No item 8, o Memorando estipula que a instituição a ser criada terá “autonomia jurídica, administrativa, financeira, institucional e programática”.

A Transparência Internacional se tornou a melhor parceira da Lava Jato para gerir multas bilionárias levantadas pela operação.

Tempos atrás, mostrei como um dos principais parceiros da Lava Jato, o empresário Josmar Verrillo, prestou serviços a um grupo asiático, envolvido até o pescoço em corrupção, contra a JBS, em uma disputa em torno de uma usina de álcool. O movimento seria seguido, tempos depois, pelo ex-juiz Sérgio Moro, aceitando parecer milionário contra um empresários israelense, também envolvido até o pescoço em denúncias de corrupção, em ação contra a Vale do Rio Doce.

Antes disso, mostramos um dos braços desse movimento, a indústria do compliance, pela qual as empresas prejudicadas pela Lava Jato eram obrigadas a contratar escritórios de advocacia internacionais, com contratos milionários, em alguns casos – como na Eletrobras – por valores muito maiores do que aqueles envolvidos em operações suspeitas.

O envolvimento da TI ficou nítido na proposta de criação da tal fundação que administraria as multas da Petrobras. Ela seria a instituição escolhida para administrar o dinheiro.

Agora, repete-se o mesmo modelo pela Lava Jato Distrito Federal, tentando destinar a multa da J&F para a mesma Transparência.

Na resposta às denúncias da mídia, a Transparência Internacional, seção Brasil, produziu o melhor levantamento sobre suas relações nebulosas com as duas Lavas Jatos.

A nota em que procurou rebater matérias de imprensa, inclui links para os acordos firmados com procuradores, atropelando as determinações legais, que obrigam que o dinheiro das multas sejam encaminhados ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos.

O acordo foi firmado entre a J&F no bojo das operações Greenfield, Sépsis, Lava Jato e Carne Fraca.

Na distribuição das indenização, definido no documento Acordo de Leniência, o acordo destina R$ 2,3 bilhões para “projetos sociais, em áreas temáticas relacionadas em apêndice deste Acordo”.

Mesmo antes de discutir a legalidade do acordo, os procuradores da Lava Jato – falando em nome do Ministério Público Federal – firmaram um acordo de entendimento com a Transparência Internacional.

No Memorando, é lembrado o primeiro acordo firmado com a matriz da Transparência Internacional, em 2017.

No item 8, o Memorando estipula que a instituição a ser criada terá “autonomia jurídica, administrativa, financeira, institucional e programática”. No item 9, define como objetivo  “traçar um plano de custeio e investimento que assegure uma proporção justa, eficiente e equilibrada entre a destinação de recursos para atender aos fins da entidade responsável pelos investimentos e ações destinados à manutenção da própria entidade”.

Por aí, entende-se o ato político da Lava Jato do Distrito Federal, de empreender uma demissão coletiva, como forma de protesto contra o Procurador Geral Augusto Aras.

Todas as regras de governança seriam definidas pela TI, junto com os procuradores que conseguiram os recursos para cacifá-la.

É hora de se exigir transparência da Transparência Internacional. No seu balanço, há contribuições provindas da TI México. Qual a razão para a TI México transferir recursos para a TI Brasil? Qual o interesse por trás dos financiadores da TI México?

Pode ser apenas uma profissão de fé na Lava Jato. Podem ser outras coisas. Enquanto esses fluxos de recursos não foram esclarecidos, sempre haverá desconfiança sobre possíveis operações triangulares.

Luis Nassif

12 Comentários

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  1. 90 anos de AntiCapitalismo de Estado. Como é fácil lidar com trouxas?!! Ou espetos demais, já que conseguiram quase 1 século de extorsões e rapinagens, enquanto transformavam uma Nação Continental e Nanico QuintoMundista. Anão Diplomático. Neste quesito é preciso reconhecer a competência do Golpe Civil Militar de 1930 e a criação do Estado Ditatorial Caudilhista Absolutista Assassino Esquerdopata Fascista a partir do pária Getúlio Vargas, comparsas e lacaios como Jango, Tancredo Neves, Alzira Vargas, Juscelino Kubscheck, Leonel Brizola, Sindicalismo e Trabalhismo Pelego, Ditaduras de Federações como OAB ou CBF ou CFM, UNE, USP, UF’s,…Ou seja toda Elite que surge junto à estrutura fascista de Estado a partir da década de 1930. Assim como o AntiCapitalismo de Estado destruindo EMPRESAS E EMPREGOS BRASILEIROS (“Indústrias são para a Bélgica”. A tal Industrialização Tardia de Eugênio Gudin, adivinhem em qual Governo GV?!!) !! Descobriram isto agora? E Sozinhos? Inacreditável !!!! A busca pela “CPI da Odebrecht” durante o Governo Dilma, apoiado pelo Prefeito Fernando Haddad e pelo Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso (não acusem o vitimizado PT, pois dirão que perseguição!!!) com o objetivo explícito da aprovação dos Financiamentos Públicos de Campanhas Eleitorais e a condenação pelo STF dos Financiamentos Privados, não foi o passo inicial da Operação lava Jato? Criminalizar e condenar Empresas e Capitalismo Brasileiro a partir da Nova Esquerda Brasileira criada em SP, acusando Paulo Maluf não é aonde está assentada toda Estrutura Progressista da Redemocracia? Somente agora é que começaram a Criminalizar e Judicializar a Política? Canalhice ou Hipocrisia? Ou os dois?! “…prestou serviços a um grupo asiático, envolvido até o pescoço em corrupção, contra a JBS, em uma disputa em torno de uma usina de álcool…” O ESTADO BRASILEIRO, SUAS ELITES E TODO SEU ANTICAPITALISMO CONTRA EMPRESAS, DESENVOLVIMENTO E EMPREGOS BRASILEIROS. Por coincidência e apenas por coincidência, toda esta Elite Política Progressista que surge e se amplia nestes 40 anos de Redemocracia, são os mesmo que doaram através de PRIVATARIAS, todas EMPRESAS E RECURSOS NATURAIS E ENERGÉTICOS que receberam na década de 1980, sendo 100% NACIONAIS. Agora, Eles próprios, seu Futuro, Filhos, Netos e Bisnetos vivem e residem nos Países que foram beneficiados por tais PRIVATARIAS, entre Cidadanias, Residências, Fortunas, Ações negociadas em Bolsa de Valores de NY. Mas é tudo coincidência !! A Imprensa só descobriu agora, como mostra a Matéria, toda esta falcatrua de lesa-pátria. Agora que também já fixou residência nos mesmos países. Ou não é verdade?! Diga para Nós, Mariana Nassif? Mas já tem seu Bode Expiatório: Sérgio Moro e uma tal Lava Jato. Carregarão todos pecados destes 40 anos de farsante Redemocracia. Pobre país rico. ‘Conheceis a Verdade. E a Verdade Vos Libertará. Mas de muito fácil explicação.

    1. “(“Indústrias são para a Bélgica”. A tal Industrialização Tardia de Eugênio Gudin, adivinhem em qual Governo GV?!!)” (sic)
      Esse Zé é um mané mesmo: Eugenio Gudin só foi ministro da Fazenda, por alguns meses, exatamente APÓS a morte de Getúlio Vargas.
      Em qualquer livro de História (que este zé mané não lê) sabe-se que a industrialização do Brasil decolou mesmo foi APÓS o golpe getulista contra as oligarquias. Antes disso o Brasil era só “café com leite”, marromenu como estamos voltando a ser agora nestes tempos bozobscuros, com a soja, cana, boi, etc.
      Esse mané que enche o saco aqui (fazêuq, é um direito!) com seu pensamento mononeurônico obsessivo, não sabe nada e não sabe nem pensar, mas para desgosto geral, aprendeu a escrever.
      E escreve cada vez mais linhas dos seus “recorta e cola” repetitivos, que nada acrescentam e desinformam
      Haja “passiênssia”!

      1. Xá : “…A destruição programada da Petrobras
        por Andre Motta Araujo
        A criação da PETROBRAS, em 1953, foi um ato de confronto ao consenso conservador das chamadas “classes produtoras” do Brasil dos anos 50, lideradas por Eugenio Gudin, o avô dos neoliberais de hoje. Gudin achava que o Brasil NÃO DEVERIA TER INDÚSTRIA, coisa para a Bélgica, dizia ele. O Brasil deveria se contentar em ser exportador de café.
        Gudin e a Associação Comercial do Rio de Janeiro representavam o comércio importador do Rio, a indústria de São Paulo era um estorvo, atrapalhava os negócios de importação da Praça Mauá, uma ironia, Mauá era a favor da indústria no Brasil. A alma de Gudin se plasmou na Escola de Economia da PUC do Rio e na comunidade dos economistas do Rio de Janeiro, com raras exceções ANTI INDÚSTRIA no Brasil. Há uma marcação sociológica profunda nessa antinomia entre Rio e São Paulo, que se mantém até hoje…” Pensar, eu tento, pratico e exercito. Já alguns…?! Sei que nada sei, mas não posso falar o mesmo André Motta Araújo, que escreve neste Veículo. Se informe melhor, até porque parece que já descobriram a cura para Bipolaridade. abs.

        1. PoiZé, não melhora muito mas já melhorou algo: Nenhum “cut & paste” nesta sua (imprecisa e equivocada) réplica! Mas já fico orgulhoso de ajudá-lo a progredir um tanto.
          Observe que a Petrobrás foi fundada por … Vargas. Observe que (o gaúcho) Vargas privilegiou … a indústria (CSN, FNM, Petrobrás…) e não os oligarcas do café com leite de SP/MG. Observe que Gudin não tem toda essa importância que vc lhe atribui, nunca foi da PUC, e dentre outras, é homenageado na Mackenzie de SP. Observe que ele virou ministro da Fazenda de um presidente (“Café”!) indicado por um governador de SP (Adhemar) e sua visão, conforme vc diz, era contra a indústria e a favor dos oligarcas (que estão aí até hoje, como “ruralistas”). Observe que o café era exportado eminentemente pelo porto de Santos, que nasceu por e para isso (e era privado, dos Guinle do Rio). Observe que até o início do século passado, a maior indústria do país era no Rio e não em SP, onde os interesses eram voltados à até então rentável monocultura cafeicultora.
          A então capital federal não vivia de café e portanto não precisava defendê-lo. Quem o defendia LÁ era a bancada oligarca paulista, que atrasou o Brasil desde a resistência à abolição que derrubou um imperador progressista, até 1930. Com as diversas crises, o farto dinheiro dos “barões” e as políticas desenvolvimentistas de Vargas, os oligarcas de SP começaram a investir mais fortemente na indústria. Um bom resultado!
          Portanto meu caro, primeiro precisa se informar. Depois é preciso assimilar as informações. Para isso é preciso pensar. Saber e pensar.
          E suspeito que já estou contribuindo para V.Sa. melhorar nisso.

          1. Xá : Mais um Atestado de Bipolaridade. Mas parece que tem cura. Procure. Mas é maravilhosos observar como a Doutrinação impõe a anomalia do Pensamento Unipolar e Pétreo. Petrobrás de GV? Leia o que o Paulista Monteiro Lobato fez para manter “O Petróleo É Nosso”. Leia o entreguismo dos Acordos de GV doando Empresas e Setores Estratégicos aos NorteAmericanos na 2.a Grande Guerra. Está aqui nas Matérias de André Motta Araújo, que além de gigantesco conhecimento do Brasil ainda é Testemunha e Parte desta História. Mas tudo bem a doutrinação impõe um cabresto que direciona a visão dos seus Alienados. Sobre Gudin (Wikipédia) “…foi ministro da Fazenda (1954-1955), promoveu uma política de estabilização econômica baseada no CORTE DAS DESPESAS PÚBLICAS E NA CONTENÇÃO DA EXPANSÃO MONETÁRIA E DO CRÉDITO, o que provocou CRISE DE SETORES DA INDÚSTRIA. Sua passagem pela pasta foi marcada, ainda, pelo decreto da Instrução 113, da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que facilitava os investimentos estrangeiros no país, e que seria largamente utilizado no governo de JUSCELINO KUBITSCHEK. Foi por determinação sua também que o imposto de renda sobre os salários passou a ser descontado na fonte…” Alguma semelhança com Políticas Privataristas de Malan, Fraga, Franco, Meirelles, de PUC/RJ e FGV? è só coincidência; Afinal estamos na Pátria das Coincidências. Mas não acredite em mim, “mononeurônico”, leia André Motta Araújo. Aqui mesmo. É difícil e doloroso a descontaminação da doutrinação e bipolaridade. Mas tem cura. abs.

        2. “…Uma construção intelectual aberrante imperou no Brasil nos estudos e prática da ciência econômica. Através da herança ortodoxa de Eugenio Gudin transportada para o Século XXI através da Escola de Economia da PUC Rio, o Brasil absorveu e transformou em uma espécie de “ciência econômica brasileira” um conjunto de ideias ortodoxas sobre a prática da economia como ciência e operação que não tem paralelo em nenhum outro grande País.
          É uma espécie de “neoliberalismo caboclo”,… ANDRÉ MOTTA ARAÚJO/GGN

          1. Continuando a contribuir pro seu adestramento em saber e saber pensar (já até logrei vários comentários sem aquela pataquada repetitiva), note que não defendo Gudin, apenas lhe informei que ele nem foi ministro de Vargas (o foi APÒS sua morte em 54, por pouco mais de meio ano), por influência indireta de Adhemar, governador de SP na eleição de GV, nem foi tão importante na economia, apenas mais um neoliberal (“treinado” em Bretton Woods), que também não defendo. Quanto a Monteiro Lobato (um brasileiro), li 90% de suas obras completas ainda jovem. Vc está confundindo DEFENSOR de idéias ou visões (que não são exclusividade dele, que reputo muito bem) com REALIZADOR. Há coisas que as vezes são defendidas por várias pessoas, por muito tempo (ex. transposição do Chico, abolição, independência), mas que são realizadas por alguém (ex. Imperatriz Leopoldina). É quem FAZ! Gudin falou muito (e errado em minha visão), mas não teve tempo de fazer grandes estragos. Já FHC e seu livrinho “dependente’ sim, falou pouco, mas FEZ muito pelo neoliberalismo e pela privataria. Destruiu o Brasil como poucos. Sou anti-neoliberal, anti-Gudin anti-privataria marota e a favor da gente brasileira, mas não de sua “elite” medíocre.
            Quanto à bozo, não é uma questão dele ter culpa em1 ano ou 2 anos. É dele ser tosco como pessoa e seu governo é alinhado aos mesmos “culpados” de tantos séculos de atraso. É apenas um continuador” do que há de pior neste país onde “a Bíblia está acima da Constituição” (Jair Jones).
            Quanto ao André, já tivemos excelentes debates aqui na última década, o respeito e temos uma visão em muito (mas não em tudo) convergente. Não significa que se ele disser que o sol gira em torno da terra eu vá transformá-lo em guru. Nossos debates construíram conhecimento, ainda que divergentes, em mão dupla.
            Quanto à “bipolaridade”, suspeito que sequer saiba do que está falando, pois não fico balançando entre uma opinião e outra (embora possa mudá-las, se consistentemente). Talvez V.Sa. queira dizer outra coisa, como dicotomia, binaridade, vai saber né?
            Como pode ver, pelo bem do blog, estou empenhado em melhorá-lo. Aproveite!

            PS: respondi aqui pois seu comentário de 14:07 não abriu resposta.

          2. Muito devagar mas não é que enxergamos que realmente tem Cura ?!! Biruta muda a favor do vento. Mas muda, conforma sopra o vento. Amém !!!!

      2. Todavia, a revolução dos costumes acarreta um processo de reformulação e modernização do orçamento setorial.
        Desta maneira, a competitividade nas transações comerciais assume importantes posições no estabelecimento das novas proposições.
        Pensando mais a longo prazo, o consenso sobre a necessidade de qualificação exige a precisão e a definição das diversas correntes de pensamento.
        A certificação de metodologias que nos auxiliam a lidar com a contínua expansão de nossa atividade pode nos levar a considerar a reestruturação dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

  2. Luis Nassif,
    Sempre fui crítico desse esquema da elite internacional em estabelecer classificação nos índices de corrupção em cada país. Não acuso a elite internacional de corrupta. Afinal segundo Argeline Cheibub para Theodore Löwi “[e]scândalos de corrupção decorrem de conflitos na elite política, escândalos de corrupção não têm relação com níveis de corrupção”.
    Daí ela conclui que o tamanho do escândalo não tem nada a ver com o tamanho da corrupção, depende do grau de dissenso na elite. O artigo de Argeline Cheibub Figueiredo “Conflito na elite e escândalos de corrupção”, de segunda-feira, 15/02/2016, pode ser visto no seguinte endereço:
    http://doxa.iesp.uerj.br/wp-content/uploads/2016/02/Argelina_artigo-Valor_Conflito-na-elite-e-esc%C3%A2ndalos-de-corrup%C3%A7%C3%A3o.pdf
    Já com esta desconfiança em relação a elite internacional que não difere muito da elite brasileira, eu sempre que vejo o quadro de classificação de país por nível de corrupção eu o viro de cabeça para baixo e observo que os dados mais comprovam a nova classificação do que a anterior.
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 09/12/2020

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