A Vila Olímpica de Hitler Enfrenta Batalha Pela Conservação

VoaNews

BERLIM – Enquanto todas as atenções estão voltadas para o legado dos Jogos Olímpicos de Londres, há uma praça olímpica que sobrevive como um notável quadro da história do século 20. Adolf Hitler tentou transformar os Jogos Olímpicos de Berlim de 1936 em uma peça da propaganda nazista. Setenta e seis anos após o acontecimento, a Vila Olímpica ainda sobrevive.

Os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, serviu a Adolf Hitler como uma vitrine ideal para a propaganda nazista.

O famoso filme do diretor Leni Riefenstahl, Olympia, sobre os jogos, imortalizou a façanha esportiva e o contexto político do torneio. Depois de 76 anos, alguns conservacionistas tentam restaurar a importante parte das instalações físicas da Olimpíada que remanesceu.

Situada nos arredores de Berlim, a Vila, onde 3.878 atletas viveram e treinaram, ainda sobrevive em termos, e Jens Becker do Kredit Deutsche Bank Foundation, que está financiando a maior parte do trabalho, levou o pessoal da VOA em uma turnê pelos bastidores da obra, incluindo a piscina, onde somente sua recuperação externa custou US$ 2,7 milhões.

“Eu acho que a vila não é muito conhecida na Alemanha”, disse Becker. “Isso é quase um segredo. Esta é uma situação agradável, porque quando as pessoas passam por aqui, demonstram muitas surpresas pelas coisas que aqui permaneceram por mais de 75 anos”.

Um prédio foi totalmente restaurado: o bloco do alojamento que abrigou o velocista americano, Jesse Owens. Vários quadros mostram como o homem do Alabama ganhou quatro medalhas de ouro, destruindo as esperanças de Adolf Hitler que os Jogos seriam uma vitrine para mostrar a suposta superioridade da raça ariana.

Uma carta de uma fã pede a Owens que se recuse a aceitar sua medalha entregue por “mãos manchadas de sangue”. Ele nunca leu essa carta, pois foi interceptada pela Gestapo, a polícia secreta alemã.

No ginásio ainda se encontra um cavalo com alças utilizado pelos atletas.

Algumas dezenas de turistas alemães participam das visitas guiadas todos os dias. Grupos de escolares locais são levados a fim de aprenderem a história de sua nação.

“Nós sempre tentamos colocar o lema dentro dessas demonstrações, porque aqui foi chamada a Vila da Paz, mas na verdade, a propaganda nazista não parou nas portas da vila”, disse Becker.

Havia sinais do militarismo. Um mural esculpido no teatro interno mostra soldados alemães marchando.

“Inicialmente disseram que aqui seria uma vila olímpica, que depois seria transformado em um quartel. Mas na verdade, quando os atletas chegaram encontraram as melhores instalações que uma vila olímpica poderia ter”, explicou Becker.

Dias após a saída dos atletas, centenas de soldados se alojaram por aqui. O salão, onde antes era o “Refeitório das Nações”, serviu como um hospital para soldados das tropas alemãs feridos durante a Segunda Guerra Mundial.

Depois de 1945, virou alojamento do exército soviético – que pintou propaganda comunista nas paredes, inclusive um mural mostrando as tropas soviéticas fincando a bandeira com o martelo e a foice no parlamento alemão.

Com a queda do comunismo, a antiga vila foi abandonada em 1992 e negligenciada por mais de uma década.

Lentamente, a vida está voltando na vila. Os trabalhadores construíram um exuberante campo de atletismo no centro. No próximo mês um torneio será realizado aqui com atletas olímpicos alemães que acabam de retornar de Londres, parte de um esforço para preservar este museu vivo da história do século 20.

 

Redação

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