A visão de mestre Wanderley sobre o novo e as manifestações de junho

Há muito tempo tenho Wanderley Guilherme dos Santos como minha referência maior nas ciências políticas brasileiras. 

É referência por dois motivos.

Primeiro, pela inigualável capacidade de entender a história de acordo com as forças sociais e políticas que a compõem e/ou interferem na democracia representativa. 

Segundo, pelo não-dogmatismo. Quando surge um fenômeno novo, Wanderley não se prende ao dogmatismo nem às suas próprias primeiras conclusões. É capaz de analisar, re-analisar e tornar a analisar, acompanhando os fenômenos e conformando suas análises ao que observa.

Nas manifestações de junho, ousei divergir do mestre.

Tomou posições radicais contra os movimentos, considerando-os de um niilismo inconsequente (http://tinyurl.com/jwdwxeu). “Sob cartolinas e vocalizações caricaturais não se abrigam senão balbucios, gagueira argumentativa e proclamações irracionais”. Ironizou os “semi-cultos” que pretendem enxergar um novo Ágora ateniense. E garantia que “das ideias, táticas e projetos que difundem não surgirá uma, uma só, instituição política decente, democrática ou justa”. Nada substituiria a democracia representativa e suas instituições.

Sua influência intelectual contaminou um exército de seguidores, que se tornou mais radical que o mestre, interpretando os movimentos como manobras da direita visando retirar dos sindicatos e movimentos sociais a primazia das ruas e tratando os que ousassem discordar como traidores da causa. Em casa mesmo senti o impacto dos ecos da crítica de Wanderley.

Respondi com o artigo “Ao mestre Wanderley Guilherme dos Santos” (http://migre.me/huEUN)).

Nele, procurei apontar o que via como o divisor de águas explicitado pelo movimento e a importância da manifestação difusa de insatisfação como sinal de esgotamento dos canais convencionais, com o advento das redes sociais.

Não considerava as manifestaçÕes nem manipulação política nem mera questão pontual, mas o sinal de um novo quadro sócio-político em formação, devido aos seguintes fatores em mudança:

1. A mídia como elemento de pressão sobre as políticas públicas.

Na democracia representativa, os meios de comunicação se constituem no instrumento mais eficiente de influenciar políticas econômicas. (…) O simples fato do modelo convencional ter implodindo muda o cenário de políticas públicas – gostando-se ou não do novo modelo.

2. As instituições capilares como meio de arregimentação política

Os principais agentes da política brasileira são os partidos tradicionais, sindicatos, igrejas e interesses difusos influenciados pela mídia. Todos com capilaridade garantindo massa crítica de votos. Com as redes sociais, muda o modelo. (…)

3. O novo Ágora

Wanderley não gostou da comparação das redes sociais com o Ágora grego. Mostrou que o Ágora grego legislava sobre pontos muitos específicos das cidades gregas e obedecia a regras claras de participação. Não foi essa a intenção ao comparar as redes sociais com o Ágora, mas o fato de toda discussão pública se dar dentro de uma mesma plataforma tecnológica. (…)  Um comentário bem posto de um blog é capaz de derrubar a matéria do maior jornal brasileiro pelo simples efeito viral. Há implicações radicais sobre o jogo de pressões democrático.

4. A rapidez do ativismo digital e o ritmo da democracia.

Democracias embutem processos inevitavelmente lentos, seja de incorporação de novos atores ou aceitação de novos conceitos. O ativismo digital trouxe um componente de urgência incompatível com os ritos democráticos tradicionais. Não se trata de gostar ou não: são dados da realidade. O desafio consistirá em aceitar a nova realidade e debruçar-se sobre as formas capazes de dar organicidade e disciplina a essas demandas.

Das ruas não brotarão os novos conceitos, dizia Wanderley. Ao que eu rebatia: “De Wanderley, certamente que sim, assim que aceitar o ativismo online como um dado da realidade, irreversível, e o caos atual como a desordem que precede a nova ordem, uma realidade que surgiu com o advento das novas tecnologias e com as quais se terá que conviver, disciplinar e institucionalizar. E esse processo civilizatório será pavimentado pelo conhecimento, sabedoria e engenho dos verdadeiramente cultos, como Wanderley”.

O cenário atual, por Wanderley

Em artigo de duas páginas na Carta Capital desta semana, com sua competência habitual  Wanderley monta o quebra-cabeças político atual, onde se encaixa cada ator e passa a incluir nas análises os manifestantes de junho como o fato novo. Não os aceita ainda como manifestações de um novo modelo. Mas é questão de tempo para que, com sua invejável capacidade analítica e abertura para o novo, passe a incorpora-las de forma orgânica em suas análises. 

O raciocínio desenvolvido no artigo leva a isso:

1. O ponto central da análise foi a ida do PT para o que ele define como “centro estendido”, empurrando a oposição para a vizinhança da extrema direita e para o naufrágio conduzido pelo almirante José Serra. 

2. Espremido por esse centro estendido do PT, restou à oposição apenas “a encenada indignação moral e acenos genéricos de eficiência”, além de um “reacionarismo religioso e na livre defesa de um mercadismo de fachada”.

3. O centro estendido teve um custo para o PT. Não só atrapalhou o que Wanderley denomina de “campo progressista” como qualquer opinião divergente, autônoma, em relação à cadeia de comando dos líderes do centro-baleia é atacada como reacionária. (Prezado Wanderley, se soubesse o que levei na cabeça de sua discípula por ousar afirmar que havia fato novo nas manifestações de junho…) Com essa interdição – constata Wanderley – há poucas probabilidades das deficiências do governo serem apontadas pelos aliados. “O governo opera com déficit de crítica consistente”. E avanços sociais acabam dependendo de manifestações de inconformismo, desconectadas da oposição.

E como ficam as instituições tradicionais da democracia representativa, aquelas que as manifestações de junho consideraram incapazes de abrigar as novas demandas?

Segundo Wanderley, o sindicalismo copia estereótipos do que ele chama de “pauta direitista genérica”: ensino público de qualidade, saúde pública, transporte, moradia, segurança. Pautas inclusivas, como elegibilidade para analfabetos ou participação de trabalhadores na administração das grandes empresas, “nem pensar”. Para ele, os sindicatos não se recuperaram do choque de terem perdido as ruas, em junho de 2013.

Além disso, o governo montou uma coalizão que tornou irrelevante o apoio do centro-esquerda. O rumo do governo é vigiado pelo núcleo duro da centro-direita.

E aí se chega ao momento atual do governo. “Sob inegáveis vitórias econômicas”, o governo escondeu a pauta da modernização do pluralismo social brasileiro, por imposição da direita do centro. “A Presidência tornou-se forte parlamentarmente ao preço de se enfraquecer perante a sociedade em mudança”.

Onde está o novo

Wanderley enxerga o novo em um conjunto de atores recentes, “menos abrangentes que as classes, corporações profissionais e cristalizados grupos de interesse, que proliferam como “pequenas coletividades de exígua tolerância e com exigentes critérios de pertencimento”.

Wanderley denomina esses movimentos de “micróbios”, pelo pequeno tamanho e por não terem um denominador comum. Isso. Entram nesse universo desde partidos nanicos como PSTU e PSOL, grupos nanicos reivindicando direitos, ou só comemorando a própria existência, avessos a partidos, sindicatos e corporações de ofício. Isso!

Incorpora os conceitos sobre a fragmentação do poder desenvolvidos por Moyses Nain, que chama a esses grupos de “micropoderes”. A posição de Nain é que a proliferação desses grupos não cria uma nova hegemonia mas dilui as formas tradicionais de poder, criando problemas institucionais.

Wanderley ainda os trata como erupções de curto prazo de curta duração. E julga que influirão nas eleições, que “também são fenômenos de curto prazo”. Por isso mesmo: “Os democratas deveriam voltar às ruas para conquistá-las”. Viva!

A explosão dos “micróbios” ou “micropoderes” provocou uma diluição na estrutura de poder, no arcabouço institucional das democracias representativas. Ou se criam novos modelos, capazes de canalizar essa explosão de demandas, dotando o país de uma nova institucionalidade, ou se viverá sob a ótica da instabilidade política permanente.

Em breve, o mestre ampliará sua visão do fenômeno. Quando isso ocorrer, ajudará a iluminar as discussões sobre o novo.

Luis Nassif

47 Comentários

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  1. Com uma
    “pauta direitista

    Com uma

    “pauta direitista genérica”: (ensino público de qualidade, saúde pública, transporte, moradia, segurança) assim, quem é que precisa de esquerda?

    O problema é que falta uma força de esquerda de verdade para colocar em prática essa pauta de “direita”. E para tentar defender o indefensável argumento, cita pautas “inclusivas” que nunca, NUNCA estiveram na pauta do PT pós 2002, como se uma pureza nostalgica do PT ainda servisse para contrapô-lo ao centrão-direta ao qual se misturou.

    O Haddad ao menos atua “como se” estivesse dando poder verdadeiramente democrático ao povo, com as eleições de conselheiros, ensaiando uma abertura ao poder popular. É claro que esse tipo de iniciativa na maioria das vezes acaba sendo apenas uma forma de cooptar as lideranças autônomas, ou por meio de conselhos “consultivos” diz que os movimentos sociais participaram das decisões que o governo tomou completamente à revelia do que diziam tais movimentos. Mas ao menos é um ensaio. O governo Federal está anos luz disso.

    Talvez a mesma distância separe a abordagem do tema Crack: na prefeitura de Haddad se pensa em assistência social e direitos básicos; no plano Federal é “Plano de Enfrentamento”, com câmeras de segurança espalhadas por todos os municipios (ávidos por verbas quaisquer) e tratamento religioso compulsório para quem precisa de atenção de saúde.

  2. Foi sim, Nassif, como você

    Foi sim, Nassif, como você diz, uma “manifestação difusa de insatisfação como sinal de esgotamento dos canais convencionais”. Ficar insistindo na afirmação de que foi uma tentativa de golpe e manipulação da mídia é querer tampar o sol com a peneira por despreparo de lidar com essa realidade. Não conseguem analisar o fenômeno, logo assimilam a teoria da conspiração como fato e, o pior, não se preparam para o que está por vir.

    A tentativa de manipulação aconteceu sim, mas foi depois, basta ver a mudança no tom dos noticiários bem no início das manifestações, em que, repentinamente, o termo “vândalo” foi substituído por “manifestante”. Agora, é óbvio que daqui em diante não perderão a oportunidade de usar todos os meios de manipular… mas o foco não é esse e, para quem não quizer perder o bonde da história, o foco deve ser a origem da insatisfação, não as tentativas do uso politiqueiro dela. Vocês viram as propagandas recentes da Globo sobre a credibilidade das notícias? Pois é, eles perceberam o ponto fraco e já partiram para a ação. Vence quem se prepara melhor, definindo e executando uma estratégia.

    O governo devia estar mais preocupado com o “esgotamento dos canais convencionais”. Falta de representatividade (e é essa a questão) é perigoso, dá margem ao surgimento dos “salvadores da pátria”. Essa insatisfação silenciosa não é coisa nova, vide a expresiva votação de Marina Silva no primeiro turno das últimas eleições. O que quer quem votou em Marina? Se iria conseguir são outros quinhentos….  Agredir e desfiar um rosário de acusações contra Marina não irá suprir a lacuna de expectativas de quem vota nela, muito pelo contrário, só a argumentação em bom nível pode combater – argumentar, ouvir, ceder, compor ao invés da agressão burra e surda.

    Os “clientes” de Dilma deveriam estar satisfeitos com o pleno emprego, não é? Então, pensando como os Titãs vocês deveriam perguntar  “Vocês tem fome de quê? Vocês tem sede de quê?”

  3. Voltar a viver a vida “ao vivo”

    Ao observar todos estes episódios de rolezinhos e, ainda (embora parcialmente) as manifestações de junho passado, além de outros numerosos indícios (pichações, brigas nos estádios, etc.), conclui-se que falta à juventude espaço para se manifestar e para ver mais gente, ou seja, para viver a vida “ao vivo”. O mundo virtual da TV e da telefonia móvel não substitui essa necessidade nem é suficiente para prender o jovem em casa. O jovem está sufocado pelo espaço, pela obrigação de ter sucesso, pela necessidade de se sair bem na prova, de ganhar aquela vaga, mas, os seus hormônios gritam por companhia de amigos, por paquera, por correr de carro, por testar o seu sexo, por ser um pouco “rebelde”, por mostrar habilidades aos colegas, etc. Esporte é hoje para pop-star que ganham milhões. Acabou o interesse pela pelada de final de semana ou de sair a correr por aí. Nem espaço tem mais, nem na rua nem na arquibancada, pois está tudo caro, até para torcer por outro. A obesidade é crescente nos jovens. A população brasileira duplicou e, em compensação, a média nos estádios caiu para menos de ¼ do que era nos anos do bom futebol. Eu tive um conjunto de bossa nova, em Belo Horizonte, que conseguiu levar 504 pessoas numa apresentação simples numa terça-feira (media de 300 pessoas durante vários anos). A última sessão foi suspensa por um senhor importante que morava a dois quarteirões e que ligou para a polícia por conta da Lei do Silêncio. Esse e centenas de outros barzinhos fecharam.

    Que aconteceu nestes últimos 50 anos? Woodstock nunca mais?

    ENTRA Por um lado, avança a tecnologia (que nos individualiza) e o mercado de consumo, com o objetivo de nos prender em casa e consumir mais, em forma isolada. Fazemos compras pela internet. Não sabemos nem falar (muito menos escrever) direito o português. A vida coletiva quase não existe. As famílias são atomizadas, justamente visando à multiplicação do numero de entes consumidores. O mundo virtual de hoje nos divide, nos seduz, e nos faz viver isolados como bichos consumidores e carentes. Ouvimos músicas no youtube. Vivemos uma vida virtual, sofrendo ou rindo com personagens de novela de TV. Soltamos as nossas energias olhando lutas MMA. Trocamos a caminhada no parque por um vídeo game.

    SAI O poder público, erradamente a meu ver, segue a onda da economia global, contribuindo para nos tirar da rua e prender em casa, fomentando o nosso ócio e solidão. A violência e a criminalidade nos afastam das ruas. Quem cuida da violência e da criminalidade parece que acha bom este ”toque de recolher” que realmente vivemos. A Lei do Silêncio tira o direito de milhares de pessoas que querem manifestar alegria, num barzinho, a se submeter ao “direito” de tranquilidade de uma única pessoa que ligou para policia. O comércio se escondeu em shopping Center e o shopping Center se esconde da juventude. Os parques têm grades. As cachoeiras têm dono. As músicas têm direitos autorais. As nossas manifestações cívicas são politizadas por poucos aproveitadores ou servem de cobertura a bandidos saqueadores. Foi-nos tirado o direito de viver a vida “ao vivo”.

    ALGUMAS IDEIAS

    As autoridades devem compreender melhor o problema;Tolerar e deixar mais espaço para a juventude se expressar – enquanto são revisadas as políticas públicas pertinentes;Desenvolver iniciativas para permitir aos jovens voltar a ocupar o seu tempo, os espaços e as ruas, canalizando a sua energia em forma positiva e cívica;Melhorar o transporte público e procurar opções para incentiva a deixar os carros em casa;Reformulação das policias, tirando-as da atual relação próxima e às vezes promiscua com o crime, e aproximando-as das pessoas de bem, fazendo com que a população engajada com a polícia e com o bem comum, no seu conjunto, seja a melhor ferramenta contra o crime;Escola: Integral, com artes, cultura geral, esportes e recreação, saúde e alimentação;Esporte: Política nacional utilizando como elemento irradiador as universidades federais e, junto com elas, penetrar em colégios e escolas. Educação física obrigatória nas escolas. Campeonatos coordenados e planejados pelas universidades de cada área: inter escolas, inter colégios e até universitários – estes últimos em nível nacional; com torcidas, bandas e até meninas “animadoras de torcida”. Fazer ao jovem praticar e viver mais o esporte;Serviço cívico-militar: Trazer à juventude para a construção do país. Cursos técnicos profissionalizantes, atividades comunitárias, estudantes de medicina no interior, etc. Um serviço militar bem servido, qual fosse um mutirão cívico, irá fornecer ao jovem disciplina, amor ao Brasil, e a receita com a qual os chineses são hoje a maior potência econômica do planeta. O jovem vai parar de pichar muros e de jogar lixo na rua e, quem sabe, até parar de cheirar e fumar bobagens;Saúde: Encher de médicos cubanos até que as escolas de medicina do Brasil comecem a tomar vergonha;Revisar Leis que estão na contramão, tornando elas mais adequadas para esta cruzada. Priorizar direitos de todos ao invés de submeter à maioria da população a super direitos de pequenas minorias.  Parques e jardins abertos. Estimular o turismo e caminhadas em áreas rurais próximas dos centros urbanos. Com esta moda de atender apenas às minorias, o país esqueceu-se da sua maioria silenciosa, que hoje explode de reivindicações por todas as partes. Novas Leis têm agido como tesouras cortando assas da gente comum, que não fala, mas que vota e que se revolta algum dia.A nação deve olhar e proteger minorias, sim, mas visando a sua inserção nesta cruzada nacional e não criando apartheid para cada minoria pedinte por super direitos.

    Posso ter-me excedido em alguns pontos ou posso ter errado em algumas definições, mas, alguém mais preparado do que eu, principalmente no Governo, deveria aprimorar esta análise.

    Agradeço a quem chegou até aqui com a leitura (rs, rs, rs)

  4. Prezados e prezadas.
    É

    Prezados e prezadas.

    É imprudência o que vou dizer, mas se o objetivo é o debate, aí vai:

    O eixo do pensamento nassifiano repousa em um erro conceitual grave, que contamina toda a lógica que o sucede:

    Ele coloca a mídia e a produção de conhecimento/disseminação de informação dentro do contexto de pressão democrática, ou seja, ele considera esta instância discursiva como resultado de anseios democráticos onde todos os atores estão em condições semelhantes ou equivalentes, cada qual comprometido com uma visão particular de Democracia.

    Não é.

    Os sistemas de produção de informação e disseminação desta informação não são ajustes ou contrapesos aos sistemas representativos, mas ao contrário, funcionam ora como instrumentos de manipulação, que servem ao controle de classe (se esta classe estiver representada nos governos), ou como enfrentamento destes governos quando não as classes dominantes que ali estão, deste modo, negando e até mesmo golpeando a vontade democrático-popular.

    A mídia só pressiona as políticas públicas pelo viés da anti-política permanente, pelo simples fato de que sua natureza seminal é contar o fato tendo o compromisso de transfigurá-lo para que atendam as expectativas com as quais está comprometida.

    Outro erro conceitual, que Wanderley refuta, é dar uma dimensão estrutural definitiva as novas possibilidades tecnológicas, reificando-as como substitutas as formas orgânicas de fazer política.

    Creio ser um equívoco..

    O descompasse entre o ativismo digital e os números reais de aprovação de governos, e as aceitações (ou rejeições) de políticas públicas revelam que:

    a) embora as novas tecnologias alterem uma das estruturas das esferas de atuação (ver David Harvey), é por outro lado verdade que estas esferas se influenciam mutuamente, mas não são capazes por si só, isoladamente, de mudar a configuração dos arranjos institucionais onde estão inseridas as formas de dominação;

    b) neste sentido, é bem mais provável que, em breve, as dinâmicas de classe e de dominação se reproduzam e se cristalizem neste “novo” ambiente, assim como aconteceu com cada “nova era” da comunicação, desde a impressão de Gutemberg.

    O fenômeno que está se apresentando é conhecido, e novamente Harvey diagnostica: são so contingentes de alienação, os grupo incapazes de agregar valor político strictu sensu às suas manifestações caóticas de desconforto, e que estão à disposição para captura pelos espectros ideológicos já conhecidos, e que ainda não foram reiventados, apesar do desejo do editor do blog.

     

  5. Poderes fragmentados

    Creio que nessa conceituação de micróbios e micropoderes se colocam as várias das questões de ‘valores’.

    Se as pessoas querem diversão, liberdade pessoal e redução do estado penal, isso são demandas de esquerda ou direita?

    Há um outro jogo na política, que é o conflito entre o tradicionalismo padronizante e o pluralismo com liberdades individuais, que não pode ser circunscrito a ideologias.

  6. O ativismo digital trouxe um

    O ativismo digital trouxe um componente de urgência incompatível com os ritos democráticos tradicionais.

    Eu diria que o problema dos “novos tempos” não é só nos ritos democráticos tradicionais, mas também nos ritos burocráticos tradicionais, que não fazem sentido para quem está fora da área pública…e alguns nem para quem está dentro.

    Pouco é feito no sentido de racionalizar a administração pública usando as TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), e muito do que ainda hoje circula em papel na área, poderia ser digitalizado em sistemas integrados, agilizando a circulação da informação e facilitando a identificação de gargalos que precisam ser combatidos. Com a ida e vinda de documentos, se perde um tempo precioso (fora o custo dessa circulação), além do risco dos mesmos serem perdidos ou “sumidos”. E com isso, demandas simples por parte da população podem levar dias ou meses para serem atendidas.

    1. Os perigosos atalhos da História.

      Prezado Ed,

      Há se sabermos e definirmos o quanto o que você reivindica é ceder a fetichização, e o quanto é plausível, e novamente, o que define isto é o tempo da política orgânica, e não a definição daqueles que detêm os meios, ou que se integram a eles.

      Outra ilusão é imaginar uma clarificação automática dos processos decisórios, burocráticos e representativos apenas por que as plataformas são mais ágeis.

      Este “convencimento”, de que tudo é diferente, que tudo ficará melhor, a antagonização do velho e novo, como na marcação entre Idade das Trevas (Média) e Renascimento ou Ilumismo ou Modernidade, estão na raiz da dominação quando ela reinventa seus parâmetros.

      É mais ou menos como supor que tudo melhorou ou mudou para os de baixo da estrutura social porque alguém inventou a prensa de tipos móveis, ou o rádio, o telégrafo, a TV, o telefone, etc.

      Não se trata, por óbvio, de rejeitarmos estas alterações, e nem isto nos será permitido.

      Mas é preciso ter cuidado. É esta a proposição um tanto quanto “antiquada” (ou ranheta?) de WGS.

      Não há atalhos nem botões para quem quer uma realidade melhor e mais justa.

      Atalhos e botões são buscas permanentes de quem mantêm enormes contingentes humanos sob domínio.

      Saudações cordiais.

      1. Caro Obelix,Eu acredito que

        Caro Obelix,

        Eu acredito que não seria fetichização, primeiro porque procuro ter cuidado para não cair nesse erro, e compreendo que tecnologias são em essência, ferramentas, tudo vai depender de como forem usadas, mas de qualquer forma agradeço pelo alerta, pois sei que a fetichização é um risco. E segundo, na época das manifestações, quando o Nassif pedia mais atenção para as demandas vindas das redes sociais eu fazia questão de lembrar que a internet ainda era uma coisa “nova”, e que metade dos brasileiros estão excluídos desse “mundo”. Não dá para achar que as demandas pedidas via rede vão, por exemplo, atingir as necessidades do pessoal da periferia que nem esgoto tem. Vão ser demandas diferentes. Tem gente tão acostumada por aí com educação e saúde paga que já acham natural e torcem o nariz para qualquer medida que quebre com essa realidade, como as cotas e e vinda de médicos cubanos. Com mera fetichização seria como você coloca, iríamos reforçar o status quo ou mesmo criar novas divisões sociais.

        E rapidamente, quanto aos processos decisórios, burocráticos e representativos:

        – Com ou sem nova tecnologia ou sistemas, as decisões precisam ter o timing certo, embora não seja fácil estabelecer que timing seja esse. E sei e vejo na prática que decisões precipatadas e sem pensar podem ser tão desastrosas que uma decisão demorada. O ganho, se houver, seria em ter mais informações adequadas e formatadas para a tomada de decisão. O risco aqui seria embarcar em sistemas “inteligentes” e coisas similares, afastando a política e a democracia da administração pública e do Estado.

        – Acho que o ganho maior é no que falei anteriormente, a parte burocrática (e mecânica), que se melhorada e apressada, não causaria problemas, pelo contrário, reduziria o tempo de atendimento de demandas públicas ou individuais. Temos o INSS e a PF (passaportes) como exemplos positivos e amplos de tal uso. A dificuldade é fazer a coisa decolar, seja pela falta de vontade política ou mesmo ideias. E ainda existe o risco de chegar alguém depois (novo governo) e por abaixo se as coisas não forem bem institucionalizadas.

        – Sobre a representatividade, teoricamente poderia ser reduzida com maior participação da população nas grandes decisões políticas, mesmo que por vias tecnológicas, mas creio que ainda é cedo (até pela exclusão que apontei no início) para se tentar esse caminho. Talvez o meio termo poderia ser uma representatividade numericamente maior, mantendo o custo atual da mesma, mas individualmente de menor custo. Por outro lado, não resolveria muito se forem mantidos a qualidade atual e o sistema de financiamento vigente. Mas sem tempo agora para desenvolver melhor essa ideia.

        Abraços,

  7. “Brasil está vazio na tarde de domingo, né?”

    Ainda não li o artigo na Carta Capital, mas , a priori, perguntaria se Wanderley não estaria preso a velhos compêndios sobre posições fixas: lateral esquerdo, lateral direita, meia-esquerda, meia-direita, centro-avante…

    (Lá no fundo, não será que o Wanderley inda sonha com o center half  e o goalkeeper?)

    O futebol de hoje é dinâmico: quem quer vencer não guarda posição fixa. Tal como o cracaço húngaro do anos 30 Sárosi [pronuncia-se “xároxi”]  – que jogava na zaga, no meio-de-campo e no ataque, segundo as conveniências da partida – quem quer vencer eleição joga em qualquer posição (midiática)…

    …E é tudo o que importa.

    A heresia do gol do lateral Nílton Santos contra a Áustria, na Copa do Mundo de 1958, é coisa do passado. Hoje,  passa fome o lateral que não saiba atacar.

    (No limite, taí os gols do Rogério Ceni que não me deixam mentir.)

    O restante é enche-linguiça das arengas esportivo-radiofônicas dominicaias a preencher as tardes de domingo.

    Nassif, tu que leste o artigo, me diz: “centro-estendido” é assim feito a Holanda de 74 tentando ocupar todos os espaços do campo?

    P.S.: Bem entendido: não estamos a falar daquele outro Wanderley – que, dizem os entendidos na matéria, é um técnico ultrapassado que, há muito, não levanta um título e vive das glórias do passado.

    1. Arquibancadas vazias.

      Prezado,

      Sua colocação é instigante, e a matáfora vai ao âmago do problema.

      Veja que sua preocupação é também a deles (WGS e Nassif), ou seja, se temos uma “modernidade” ou se estamos presos ao “arcaísmo”.

      Eu, na minha ignorância sobre tudo, e inclusive sobre o esporte bretão, temo que o eixo está deslocado, porque apesar de alterarmos as posições, o team, apesar da inovação dos equipamentos, o match se dá sempre da mesma forma:

      Um quadrilátero em grama com as mesmas medidas, e mesma marcação (área, pequena área, meio de campo, corners).

      Regras idênticas às do início do Século XX ou fim do XIX.

      Mesmo número de players para cada team.

      Mesmo tempo de 90 minutos, em dois half-times de 45 minutos cada.

      Jogam todos com camisas, calções, meias e chuteiras.

      Mesma forma de pontuação (score), um gol, um ponto.

      Um coach (técnico).

      A torcida se posiciona no mesmo lugar.

      Há um referee e dois auxiliares.

      Há reservas.

      Então, não se trata de alterações tecnológicas ou mudanças na dinâmica de jogo, até porque, seja em 3-5-2; 3-5-1-1, 4-3-3; 4-3-2-1, o conteúdo do jogo permanece inalterado, ou seja, quem está com a bola segue ao ataque, e quem não está, fica atrás da linha da bola e se defende, e o objetivo sempre é permanecer ou recuperar a posse do balão.

      É isto que WGS defende, e que outros marxianos defendem também, ou seja, é importante se há alterações nas esferas de atuação (posições, polivalência e esquemas táticos), porque afinal, estas inovações dão mais ou menos eficiência (domínio) de certos arranjos (teams/países/concorrentes) sobre outros.

      Mas é mais importante saber se a lógica (estrutura) permanece idêntica ou não, seja usando uma chuteira de pregos ou uma chuteira último tipo.

      Saudaões cordiais.

      1. o jogo é jogado

        Por Belenos e Tutatis, ganhei um marcador que num larga do meu pé: o Obelix…

        (Deixei-te uma amistosa “cotovelada” lá naquele naquela outra peleja : https://jornalggn.com.br/fora-pauta/os-movimentos-sociais-e-o-novo-ciclo-de-governanca-que-surge#comment-196903)

        Mas falemos de assunto menos controverso – e agradável – que a política de Pindorama: o futebol.

        – “Regras idênticas às do início do Século XX ou fim do XIX.”

        Não é bem assim. Contrariamente à política tupiniquim, a International Football Association Board, ao longo do século XX, modificou algumas regras: camisas numeradas, introdução do cartão amarelo e regra do impedimento, penalidade para bola atrasada – com os pés –  para o goleiro.

        Não é muito mas já é alguma coisa.

        -“Jogam todos com camisas, calções, meias e chuteiras.”

        Na Copa do Mundo de 1938, no Brasil x Polônia, Leônidas jogou fora as chuteiras e jogou descalço.

        O Brasil venceu de 6 a 5.

        Em 1962, na Copa do Chile, graças a um “embargo infringente”, Mané Garrincha, mesmo expulso na semifinal contra o Chile, jogou a final contra a Checoslováquia.

        Em suma, a gente sempre dá um jeitinho.

        -“Há reservas.”

        Com certeza, a introdução da regra 3 no futebol é posterior a Copa do Mundo de 1958.

         -“A torcida se posiciona no mesmo lugar.”

        Acorda, Obelix!

        Por Tutatis, nestes tempos de peiperviu, lugar da torcida é no sofá da sala.

        (Hoje, qualquer rolezinho desperta uma paura do capeta…)

        Em 1963, no Maracanã, o Fla-Flu da final do Carioca recebeu oficialmente 194.603 torcedores. Hoje, a lotação do Maraca não chega a 75mil.

         

        Voltando às metáforas: o PT é feito a seleção espanhola: detém a posse de bola, joga feio, vive de 1 x 0, mas ganha eleição.

        Em time que tá ganhando…

        …É isso?

        – Lembras “a verdadeira armadilha hipnótica é o engodo petista de fazer crer que existe no Brasil um real enfrentamento entre esquerda e direita”?

        Pergunta a um petista quem ele gostaria de enfrentar numa final e ele dirá sem pestanejar: o PSDB.

        Quanto a essa lorota de esquerdaXdireita é feito aquelas provocações a que se entregam os jogadores para promover o milésimo “clássico decisivo.”

        Dúvida.

        Lá no fundo, seria Obelix um debordiano?

        “[a sociedade do espetáculo] Acreditava ser amada. Agora, não promete mais nada. Já não diz : “O que aparece é bom, o que é bom aprece.” Diz apenas : “É assim.” Confessa com franqueza que, no essencial, já não é reformável, embora a mudança seja sua própria natureza, para transmutar no pior cada coisa específica. Ela perdeu todas as ilusões sobre si mesma.”

        Abração.

        1. Prezado,
          Eu não imaginei que

          Prezado,

          Eu não imaginei que os seus comentários estivessem sob proibição de réplica, ou que eu lhe causasse tanto incômodo. É o caso? Se for, é só avisar que eu deixo de “marcá-lo”.

          Mas uai, eu pensei que você nem estivesse em campo.

          Uma pena que só hoje possa ter lido o longo comentário com que me brindaste. Pareceu-me um tipo de jogador comum aqui no interior, o ponta enceradeira, roda, roda roda e não sai do lugar.

          Como você disse, falar de futebol:

          Acho que você percebeu que mencionei que a estrutura do jogo, e seus objetivos permanecessem intactos, assim como a forma de jogar, algo parecido com a realidade (capitalista) que analisamos, ou não?

          Bem, é claro que sei que milhões deixaram de estar nos estádios, mas eu me referia ao fato de que eles são espectadores, ou há uma nova regra que adiciona pontos ao time que estiver com mais gente nas arquibancadas?

          Regras foram atualizadas, no futebol e na sociedade, por óbvio, mas a dinâmica de funcionamento parece intacta, ou não?

          Pois é, assim como na estrutura global, onde é verdade que Detroit deixou de fabricar carros, enquanto El Salvador ou outro endereço periférico qualquer esteja montando os bólidos, mas isto ainda é capitalismo, produção, mais valia, eles ainda produzem carros, ou não é?

          Você tem razão: a luta direita X esquerda acabou, e toda a realidade como a vemos não passa de um transe hipnótico petista.

          A dialética da História foi abolida por você. Temos, por uma decisão do árbitro agincourt o fim do jogo de classes no Brasil, e nenhuma destas forças estão representadas em nenhum dos partidos ou na scoiedade brasileira, isto é: até que ele decida reiniciar a partida.

          Toda a ação do STF, da mídia, os movimentos do Eduardo Campos e da Marina, o besteirol dos débeis mentais do PSOL, PSTU, PCB e PCO, enfim, tudo isto é uma espécie de Matrix.

          Bom, eu não sei quantos aos outros petistas, mas como bom jogador que fui sempre disse: não me importa os adversários, e parafraseando Mané, “são todos joões”.

          Cordial abraço, e saiba que não sou chegado a jogadas desleais, como cotoveladas e afins.

      2. Obelix, Já comentei

        Obelix, Já comentei antes. 

        Dentro da minha compartilhada ignorância e na certeza de que o jogo continua (ainda) com as mesmas regras mais ou menos do séc XIX até agora, vejo, como Gutemberg, uma mudança que pode vir a ser paradigmatica uma espécie de conflito, este também anscestral, entre o tamanho do campo e o número de jogadores com poder de “algum” jogo.

         E acho melhor as meninas ajudarem porque as metáforas masculinizantes aqui estão prosperando sem o devido contraponto. Nassif , Chama o Feminino para política.

  8. Novas tecnologias, velha dominação ideológica

    NOVA FORMA DE DISPUTA IDEOLÓGICA – Nem a imprensa de tipos móveis de Gutemberg nem os jornais, rádios ou televisões foram capazes de fazer sucumbir a lutas de classes. As classes dominantes sempre se apropriaram de novas tecnologias de informação e de difusão da comunicação em benefício próprio.

    Não será a internet que irá dirimir os conflitos de classe, muito antes pelo contrário. Aliás, como outras tecnologias do passado, a internet já está sendo utilizada para iludir a classe trabalhadora. 

    Trata-se agora de aprender ao máximo os conceitos e as formas de luta existentes no mundo cibernético, para melhor empreender às lutas que interessam àqueles que não tem outras propriedades que não sejam seus braços e suas mentes. 

    Não tenhamos ilusões, as redes sociais são uma ferramenta, mas não são o elixir mágico que libertará a humanidade da opressão e das injustiças sociais. Qual o poder real que temos para impedir que idéias reacionárias e contrárias aos interesses dos trabalhadores se propaguem pelas redes sociais? 

    Qual o poder que temos para impedir que empresas especializadas do Brasil e do exterior atuem por conta própria ou a mando de serviços de inteligência para desestabilizar um estado ou um país? 

    Enfim, a internet é uma nova ferramenta tecnológica, um meio de divulgação e de criação onde devemos estar preparados para agir e para defender as teses caras à emancipação dos trabalhadores. A classe dominante já está se preparando para interagir a partir das novas plataformas tecnológicas (impondo sua visão ideológica e classista). Fazem isto desde tempos imemoriais, ou, para ficar em períodos mais recentes, desde os tempos de Gutemberg, citado no primeiro parágrafo.

    1. Diogo,
      Apesar das

      Diogo,

      Apesar das divergências, normalmente mais de postura e forma que de conteúdo, gostaria de registrar que para mim, essa foi uma das melhores se não a melhor contribuição sua que já li no blog.

      Foi curto, mas preciso e direto ao ponto.

  9. Na duvida veja onde esta o PIG

    Nassif, dificilmente discordo de voce, mas agora, como em junho,discordo

    Tanto discordo que o PIG esta louco para inflar uma nova onda de protestos do sei lá por que, sei lá aonde como os de junho

  10. Os males da interdição de debates.

       Temos aqui em nossos debates, um exemplo do que diz o professor sobre a falta que faz ao PT a constatação desse ´déficit de crítica consistente´: o petismo irado tem orgulho de exercer com toda a potência a força da máquina de moer reputações.  

       No post de ontem com o artigo de Marina/PSB pedindo o fim das baixarias nas redes sociais  a fim de se viabilizar o debate programático – https://jornalggn.com.br/noticia/campanha-de-limpeza-por-marina-silva#comment-199015 – nos 48 comentários, cerca de 90% deles não debateu a questão posta por Marina e se limitaram às ridículas e falaciosas ofensas ad hominem . 

       Sobre a evoluçao do pensamento político do prof. Wanderley Guilherme dos Santos, Nassif destaca que o professor considera como o ´custo´ do exercício de poder pelo PT nas condições impostas pelo atual sistema político.

       Constatando que hoje o PT representa a ocupação de um espaço político de ´centro estendido´ diz  “O centro estendido teve um custo para o PT. Não só atrapalhou o que Wanderley denomina de “campo progressista” como qualquer opinião divergente, autônoma, em relação à cadeia de comando dos líderes do centro-baleia é atacada como reacionária. (Prezado Wanderley, se soubesse o que levei na cabeça de sua discípula por ousar afirmar que havia fato novo nas manifestações de junho…) Com essa interdição – constata Wanderley – há poucas probabilidades das deficiências do governo serem apontadas pelos aliados. “O governo opera com déficit de crítica consistente”. E avanços sociais acabam dependendo de manifestações de inconformismo, desconectadas da oposição.”

        Há que se destacar que o professor é ainda um dos principais (e dos últimos) grandes intelectuais defensor intransigente do PT ao constatar que “O governo opera com déficit de crítica consistente.”, aponta uma obviedade pois qualquer aliado que o faça será taxado como “um verme reacionário da mais escrota direita.. ou um traidor dos ideais tidos como revolucionários do governo.”  enquanto que Sarneys et caterva somente oferecem apoio e tiram suas vantagens desgraçando a vida de milhões de brasileiros. E impedindo um bom governo progressista comprometido, além das relevantes questões sociais, também de uma sofisticada faxina no ambiente político e institucional. Não dá para conviver com a corrupção e desvio da função pública do estado, impunemente.

        As manifestações de Junho, o rolezinhos desse verão e o que ainda tem por vir até a Copa e depois na campanha eleitoral propriamente dita, em que as redes sociais exercerão o papel de protagonista, vai alterar a percepção política de que a sociedade mudou: com as limitações de programas sociais como o Bolsa Família, o ´Mais Médico´, Minha Casa/Minha Vida e o baixo desemprego de salários pequenos, não adianta apenas ficar com o refrão titânico citado por alguém no post de Marina: “O povo têm fome de que?” O povo não quer só dinheiro: a gente quer felicidade, quer saúde, educação e arte. ´O povo quer por inteiro e não pela metade´ diz a letra do Arnaldo Antunes.

        Os que advogam no petismo irado é isso: interditam qualquer crítica consistente. Não creem no êxito da defesa convincente do atual governo. Por isso, Marina, Eduardo Campos, Erundina, Francisco de Oliveira, Weffort, José Álvaro, Heloisa Helena, Plínio, Chico Alencar, Gunter, Nassif, PSOL, PSTU, PSB ou qualquer outro indivíduo, grupo ou partido que ofereça críticas – independe do mérito – serão sempre taxados reacionários da vez.

       Saudemos a evolução do ilustre intelectual, sempre respeitado, desde os tempos em que foi do PSB, antes do golpe de 1964. Esperamos saudar a evolução do muito que há de bom no PT.

     

    1. Você tem toda razão, Militão

      Há uma dificuldade imensa entre militantes do PT de reconhecer que esse partido também comete erros.

      No lugar de lidarem para corrigir rumos e se recompor com a opinião pública ficam brigando com os portadores das notícias.

      Seria bom para todos que as discussões fossem sobre temas, o que chamamos ‘debate’.

      Mas isso é o que não há. 

      Vejo isso com frequência e isso leva a situações de teatro do absurdo.

      Se eu digo: ‘o PT transigiu com X recuos em relação ao secularismo’ (apresentando os fatos, as datas e as assinaturas), a resposta é ‘não, é Marina Silva que o fará, pois ela é evangélica!’.

      Puro preconceito ou hoax anti-Marina. Ela não participou de nenhum dos equívocos do governo na área. Inclusive ela foi do governo apenas até 2009 e o mais antigo dos retrocessos do governo do PT que eu me lembro é o 1º engavetamento do PLC 122, que ocorreu em nov./2009.

      Perigo ao secularismo ou aos direitos LGBT é representado pelo PT mesmo, sempre disposto a manobrar no Congresso para que isto e não aquilo seja levado a votação.

      E aí querem atribuir o ‘perigo’ (e nem perigo propriamente é, trata-se já de erros cometidos, posto que muito já aconteceu) a Marina?

      Não convence a ninguém com um mínimo de espírito crítico.

      Em outros assuntos, como juros, comunicações ou privatizações é mais ou menos a mesma coisa. Nunca importa se ater a um fato e a discuti-lo, o que seria construtivo. Os militantes do PT limitam-se a defender a posição atual do governo, não importa se for contraditória com a de 3 ou 4 anos atrás.

      É como uma quadrilha de São João, vai-se e volta-se sem a menor preocupação com a coerência.

      E o Brasil todo fica assistindo a isso com espanto.

       

       

       

       

       

      1. A mentira e os sofismas enquanto arma política

        Não há nenhuma ameça ao “secularismo” no Brasil. Isto só existe na mente de coxinhas (fantasiados ou não). O pastor Feliciano (defendido com ardor juvenil por Marina Silva) sairá da Comissão de Direitos Humanos em 2014 ou no máximo em fevereiro de 2015. Absolutamente NENHUMA das pautas obscurantistas da bancada religiosa foi ou será aprovada, jamais, pelo parlamento brasileiro. O que há é um impasse temporário.

         

        A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados foi criada pelo PT e pelo esforço direto do então deputado federal Nilmário Miranda em meados dos anos 90. O PLC 122 é originário de um projeto de uma parlamentar do PT, toda a tramitação deste projeto foi levada adiante na Câmara e no Senado por militantes do PT e Feliciano foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos com os votos do PMDB, PSDB, PP e DEM (PT, PSB, PC do B e PSOL votaram contra).

         

        O problema da crítica ao PT não é a crítica em si (ninguém critica tanto o PT quanto a sua própria militância), o problema são as mentiras fabricadas em série e em escala industrial pela grande mídia e por coxinhas (fantasiados ou não). Por exemplo, tem um coxinha que virou o Rei da Mentira. E como é que este coxinha fantasiado mente? Vamos lá, diz o coxinha que o “primeiro retrocesso” do PT se deu no 1º engavetamento do PLC 122, em 2009. O coxinha fantasiado em questão, adepto da mentira enquanto arma política, não diz que quem recuperou o PLC 122 foi a Senadora Marta Suplicy em 2011, não diz que Marta tirou o PLC do arquivo e trabalhou pela sua aprovação.

         

        Tampouco diz o coxinha fantasiado, sequer faz ao menos uma única menção, algo a respeito do gigantesco e excelente trabalho desempenhado pela guerreira Senadora Fátima Cleide, do PT de Rondônia, em favor do PLC 122. Ou seja, conta meias verdades, que na verdade são mentiras inteiras e nada mais. E o faz porque é sim um militante da raiva e do ódio contra o PT. Ele deveria assumir o ódio que sente com relação ao PT, deveria tirar a máscara de “progressista” e admitir publicamente as suas posições a la Arnaldo Jabor.

         

        Outro exemplo da prática coxinha (fantasiada ou não) é reclamar das alianças que o PT tem que fazer para tocar o dia a dia do governo federal. Já viram estes mesmos coxinhas (fantasiados ou não) reclamarem das imensas alianças montadas por Aécio Neves em Minas Gerais e por Eduardo Campos em Pernambuco? Estas alianças citadas incluem o tão falado PSC e fazem a aliança do PT em nível federal parecer brincadeira de criança…

         

        Mas para a militância coxinha que faz da mentira e do ódio ao PT a razão de suas medíocres vidas, estas alianças feitas pela oposição são absolutamente lícitas e necessárias, mas feitas pelo PT são o “fim dos tempos”. Finalizo dizendo que o problema nunca foram as críticas, mas sim o cinismo da militância fundamentalista que propaga o ódio contra o PT todo o santo dia. E que o faz se utilizando da mentira enquanto arma política. 

          1. Eu sei.

            E inclusive eu fui quem sugeriu o link disso aqui, em abril do ano passado.

            Na época os militantes governistas estavam tão felizes com Feliciano na CDHM que nem pensaram em criticar Marina…

            Não é interessante?

            Bom, eu não omiti isso, portanto. Falei disso muito antes que as falas atuais anti-Marina.

            Ocorre que circulam hoaxs tentando demonizar Marina junto a LGBTs. Já vi vários, difundidos por antagonistas políticos, lógico (que não são só PT, mas PSDB e PSoL também). Até uma notícia de 2010 (quando Marina disse ser contra CG mas a favor de UCH, o que não tem nada de especial pois até Obama falou assim em 2008) foi repostada em blog como sendo de 2013 e adulterando o partido no texto! (de PV para PSB)

            Não é incrível isso, falsificar notícias para tentar prejudicar a oposição?

            Bom, ocorre que Marina apoiou Feliciano em um ponto específico: a existência de preconceitos em relação a evangélicos. Ela conhece o problema, eu conheço o problema de preconceitos em geral e sei que esse existe sim.

            Evangélicos também querem ser incluídos e eu sou um dos poucos por aqui que de vez em quando atenta para isso e escrevo dizendo da necessidade de não ser preconceituoso com evangélicos.

            Andam botando a culpa de tudo neles, mas na realidade a culpa não é de 13% de parlamentares evangélicos, mas dos 87% que se dizem laicos e que fazem um teatrinho endossando bobagens.

            Evangélicos são demonizados e usados como bode expiatório, são chamados de chantagistas por governistas, etc.

            Mas, oras, que não se ceda a chantagem e pronto, né? Não existe corrupção sem corrupto e corruptor ao mesmo tempo.

            Se a parte mais poderosa, o governo, aceita as tolices fundamentalistas, como empurrar alguns PLs absurdos e barrar sensatos, é porque é conivente e favorecido com isso. É o que eu denuncio.

            Mas enfim, Marina não parece representar riscos ao secularismo. O governo atual já mostrou na prática que representa riscos. Na pior das hipóteses, pior que está não fica.

            Inclusive, já citei em outros comentários, que isso de evangélicos quererem ser aceitos é tão relevante que já fez Garotinho ser o primeiro governador brasileiro a sancionar uma lei antihomofobia. E fez Romney o primeiro governador norte-americano a sancionar uma lei de Casamento LGBT.

            Também interessante, não? O processo é tal que faz Alckmin desmentir na prática, através de não concessões em SP, o que se diz sobre Opus Dei (ele é outro perseguido por hoaxs, adivinha de quem?)

            Enfim, as pessoas se informam.

            Eu fiz um levantamento recente na minha base de amigos de facebook. Há bem mais LGBTs curtindo o perfil de Marina que o de Dilma. Curtindo o de Aécio, então, nem se fala.

            Quer dizer, tentar passar esses hoaxs anti-Marina para demonizá-la, ficou parecendo a piada do Pega Ladrão. Ou a aplicação prática do Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço.

            Note como a propaganda feita pela militância em redes sociais anda ruim. Só quero que se atente a isso.

            De qualquer modo pode ser que Marina, política experiente e inteligente, acabe usando isso a seu favor. Ela poderá neutralizar esses ataques que recebe facilmente. Se quiser, claro.

            Mas com o governo fingindo que não foi o responsável por Feliciano na CDHM e fingindo que não é apoiado por ele desde maio/2010?? Isso não cola, não há solidariedade maior a Feliciano do que mantê-lo na coligação depois de tudo, né?

          2. Ah, Gunter, não é verdade que

            Ah, Gunter, não é verdade que os governistas apoiavam o Feliciano, pelo amor de Deus, e as delcarações da Marina não são hoax, elas as fez abertamente. Eu sei que você não é ingênuo para acreditar que Marina estava apenas fazendo uma declaração contra o preconceito ao fazer a declaração que fez, lembre do contexto. Feliciano precisa de compreensão e tolerância para suas mensagens de ódio contra os homosexuais?Você sabe muito bem que o caso não é esse, e Marina, oportunista que é, queria apenas angariar uns votinhos evangélicos defendendo o Feliciano e seu indefensável discurso de ódio e obscurantismo.

    2. O debate interditado sobre o dinheiro

      Podem falar o que quiser, mas em casa que falta pão todos gritam e ninguém tem razão.

      Não discutir o dinheiro que dá origem a moeda que usamos no Brasil e permite a interesses contrários ao do povo e dá nação (irretorquível nos últimos 511 anos) e que controla o volume de dinheiro que circula no Brasil, bem como quem ganha e quem perde na volatilidade da moeda é um crime lesa pátria.

      Sem mais e sem menos.

      O que se segue, é o resto, quem não existiria se isto não acontecesse. Vide China e USA.

  11. Interessante o artigo do

    Interessante o artigo do Wanderley. Caberia publicar a íntegra dele para os comentaristas tomarem melhor ciência do seu conteúdo.

    Pois bem. O Professor aborda, com uma elegância fora do comum, a polêmica, diuturnamente debatida em blogs progressistas Brasil afora, sobre o excesso de pragmatismo do PT ao tocar o seu governo. Este papo de o PT ter se deslocado para o centro, e comandar uma coalizão ampla de centro em que a direita dá as cartas, tem uma ligação umbilical com a discussão sobre o nosso sistema político-institucional.

    Conforme o Frei Betto resumiu magistralmente, no início de 2003 Lula possuía dois arrimos para assegurar a estabilidade institucional do seu governo: (i) os movimentos sociais, sindicatos e militantes; e (ii) os pactos políticos firmados no Congresso. Com o “escândalo do mensalão”, e o abalo institucional provocado por 3 CPI’s simultâneas na Câmara e no Senado, levaram Lula a decidir se escorar, quase que exclusivamente, nos pactos partidários-institucionais para seguir no poder.

    Afastado o risco de impeachment (que, dentre outros fatores, não ocorreu por que o PT ainda tinha movimentos sociais fortes como suporte), o PT foi cada vez mais dando abrigo para vários e vários partidos se acomodarem sob o guarda-chuva governista. O que nas eleições de 2002 era uma chapa minoritária, com tempo de rádio e TV muito menor que o de José Serra, agora em 2014 periga ser uma coalizão monstrenga, dona de quase toda a propaganda eleitoral.

    Este pacto, ao mesmo tempo que dá instabilidade institucional e espaço para dirigentes petistas respirarem aliviados, por outro ocorre o que WGS chama de “vigilância do núcleo duro da centro-direita”. Ora, agora em 2014 a chapa petista terá ruralistas, bispos homofóbicos, malufistas, ex-pefelistas e direitistas de todas as matizes em sua chapa. Aquele medo da “volta da direita” parece um tanto surreal, já que apenas direitistas do PSDB, PPS e o que sobrou do DEM ainda estão fora do governo.

    Para completar o quadro, movimentos sociais históricos, conhecidos pela combatividade e capacidade de mobilização, tal qual CUT e MST, mostraram em 2013 perda de fôlego, o que torna uma aposta muito arriscada a de “radicalizar a esquerda”, pois para tanto seria preciso movimentos sociais fortes e atuantes.

    O que me intrigou foi o Professor fazer referência explícita a estratégia diversionista de rotular como “reacionário” ou “direitista” quem ousa criticar o governo. E jogou luz sobre as razões (psicológicas, sociológicas, políticas) de tal estratégia: o engessamento institucional do governo não permite respostas contundentes contra críticas mais a esquerda do governo, inaugurando-se, então, uma estratégia “avestruz”, só rompida ocasionalmente com críticas vindas de fora da coalizão governista (como agora, com as críticas do movimento Lgbt por causa da morte do jovem negro e homossexual).

    É por isso que, agora, WGS, revendo posicionamento anterior, manifesta tom mais simpático às manifestações difusas que ocorreram ano passado: na falta de autocrítica, seja por falta de vontade ou falta de opções para tanto, a mobilização da sociedade seria uma forma de romper – mesmo que temporariamente e de uma forma bem diminuta – a apatia do sistema político-institucional apodrecido, que induz mesmo partidos como o PT, com sua base social historicamente fortíssima, a cair no ciclo vicioso dos centros estendidos.

    Esta análise deveria ser lida e relida por todo dirigente petista. Pois todo este panorama traçado por WGS poderia ser muito bem o de algum partido socialista ou social-democrata da Itália, França ou Alemanha, em que o excesso de pragmatismo transformou-os em máquina eleitoral forte, só que cada vez mais nulos em termos de representar esperança de avanços sociais contundentes.

    1. A Roupa Nova do Imperador

      É relevante dizer que o núcleo duro de direita (PSC/PR/PRB/PP/PTB/PSD) do governo do PT é mais à direita que a oposição à direita. Na média dá no mesmo que as oposições somadas.

      Ruralismo: o PMDB votou 100% contra o novo Código Florestal do PT. Mas metade do PSDB e todo o PPS votaram a favor de Dilma. Quem faz discurso anti-indígenas, dizendo que vivemos numa ditadura deles, é o PSD, não o PSB ou o PPS. E muito menos Rede.

      Pastores homofóbicos: o governo do PT faz todas as concessões que eles pedem, isso é tão estritamente seguido que nenhum candidato a executivo do PT se manifesta a favor do casamento igualitário ou do combate à homofobia em escolas. Já os candidatos Marina, Aécio, Campos já falaram que casamento igualitário é algo resolvido e o PPS é o partido que questiona no STF o abandono do PLC 122/06. E no maior estado da oposição, SP, os partidos fundametalistas também apoiam o governo estadual, mas não pedem concessões em troca.

      O PPS, aliás, foi o único partido que em 2011 questionou em plenário o abandono do Escola sem Homofobia. Também foi quem questionou o projeto “Cura Gay”. É dos poucos partidos que teve candidato a executivo (Soninha) falando claramente a favor da despenalização do aborto e da maconha. E seus deputados não objetam nenhum programa social. Ficou com fama de “direita” só por questionar o mensalão e se refugiar junto a Serra? Ora, esse tempo já passou, o PPS agora apoia Campos. E desde o ano passado apoia Paes no RJ.

      Quem tirou aborto e maconha do código penal foi um relator do PDT, partido (ainda) da base do governo e (nominalmente) de centro-esquerda, não foi ninguém da “direita”. Há dois ou três projetos no Congresso para reverter o Casamento Igualitário, mais a PEC do Plebiscito, e todos são da base do governo. O PNDH negligenciado pelo PT atual é basicamente igual ao proposto pelo PSDB durante o governo FHC.

      Conservadorismo em segurança: o PT ainda diz formalmente que é contra maioridade penal, mas não questiona que PMDB, PP, PR e PSC tenham posto isso como “programa” (entre aspas porque não deveria ser permitido pôr algo inconstitucional como programa político.) Ora, que mensagem se passa ao eleitor? Que é conivente com a ideia. (No entanto não prejudica muito o PT porque mais de 80% da população e a maior parte do PSDB apoia esse absurdo, mas nenhum partido da “Nova Oposição” apoia e estes podem ser refúgio para o eleitor preocupado com direitos de menores de idade.)

      Economia: O PT só diz que é esquerda porque pega bem em termos de marketing junto a alguns círculos, mas justamente os mais informados notam como isso é contraditório. Nunca houve uma reversão de privatização, nunca se questionou a Reforma da Previdência (e quando o PT era oposição questionava bastante ambos os pontos), não se aumentou por reforma tributária a capacidade de arrecadação do Estado (inclusive, cabe lembrar, a carga tributária atual, que permite os programas sociais, é herança de FHC, que a fez passar de 25% para 33% do PIB.) Nem se tornou a tributação mais progressiva em nenhum ponto.

      Os aumentos reais anuais de Salário Mínimo e a desconcentração de renda começaram em meados dos anos 1990. Só que na década de 1990 todos os países em desenvolvimento viveram restrições de capitais e nos anos 2000 todos foram favorecidos pela triplicação de preços de commodities (quintuplicação no caso de hidrocarbonetos.) A melhora de indicadores econômicos que aconteceu no Brasil não se deve a uma gestão de esquerda, mas a relações de troca. Aconteceu no Peru, na Turquia, na Indonésia, na Argentina, na Rússia. Não tem a ver com ideologia.

      Nem a redução dos juros é uma decisão independente. Os juros no Brasil baixaram nos últimos anos porque baixaram nos EUA, Japão e Europa, mas a diferença é mais ou menos estável. Quando nas economias centrais são 5%, aqui são 12%, quando lá são 2%, aqui são 9%. Zero milagre.

      O PT passou o rubicão e ninguém notou?

      Todo mundo lembra que o PSDB era uma facção programaticamente mais à esquerda que o PMDB que lhe deu origem. Aliou-se ao DEM (então PFL) para conseguir se eleger em 1994 e atingir seu auge em deputados e governadores. Isso endireitou o PSDB de tal modo (por o PFL/DEM ainda ser maior que o PSDB por alguns anos) que o partido nunca mais recuperou sua imagem antiga de social-democrata.

      Quantas discussões mais ainda teremos para que caia a ficha de que o PT fez o mesmo? O PT não é um partido de esquerda, ainda que cheio de ideólogos e militantes de esquerda. É um partido democrata-cristão, nos moldes de vários que governaram a Europa Ocidental nos anos 1950/1960. Conservador em quase tudo mas com políticas sociais voltadas ao Welfare State (que nada mais são que pré-condições para a manutenção de um capitalismo socialmente responsável.)

      É até bom que assim seja. Podem até chamar as experiências latinoamericanas da última década de progressismo, para fins de marketing político, mas não há quase nada delas que já não tenha sido testado com êxito em economias capitalistas centrais  que se desenvolveram décadas atrás. E a maioria da população concorda com isso, tanto que 99% dos deputados estão em partidos que não questionam absolutamente nada dos estatementos sócio-econômicos.

      O PT nunca dará guinada à esquerda daqui pra frente, não só porque não pode (“governabilidade”), mas porque não deseja e não precisa mesmo (não há essa demanda da sociedade). A “direita” (PSDB/DEM ou, agora, a alternativa PSB/Rede/PPS) não dará guinada à direita se voltar ao Planalto. Não porque não deseje, mas porque não precisa (o que falta “endireitar”?) e porque não pode (programas sociais já se tornaram, mesmo que não legalmente, “política de Estado”, a maioria da população não aceitará recuos nisso por décadas.)

      Isto posto…

      Ou seja, agora que ficou claro que há um grande consenso em relação a questões sócio-econômicas, que isso de esquerda e direita é jogo de palavras, podemos falar de ecologia, direitos de minorias, modernização de legislação, reforma tributária, redução de Estado Penal, gestão e aumento de produtividade?

       

       

      1. O arremate de um reacionário. A farsa da direita fantasiada.

        Depois de um imenso e inútil arrazoado de bobagens, mentiras e idiotices típicas do senso comum, o coxinha fantasiado arremata com a seguinte pérola:

         

        ” (…) Isto posto…

        Ou seja, agora que ficou claro que há um grande consenso em relação a questões sócio-econômicas, que isso de esquerda e direita é jogo de palavras, podemos falar de ecologia, direitos de minorias, modernização de legislação, reforma tributária, redução de Estado Penal, gestão e aumento de produtividade? (…)”

         

        É absolutamente incrível constatar a desfaçatez da direita reacionária presente neste blog com roupas pseudo progressistas. Quer dizer então que não existe direita e esquerda e que isto se resume a um mero jogo de palavras? Isto é a visão típica das pessoas mais reacionárias que existem na face da Terra! E ainda mentem descaradamente sobre diversos assuntos, utilizando-se de expressões que os ‘grandes’ colunistas da direita utilizam durante 24 horas por dia desde 2003. 

         

        Porque estes reacionários não se assumem enquanto militantes fundamentalistas de extrema direita? Deveriam assumir suas posições e parar de tergiversar! É possível aguentar ainda o cinismo de um coxinha fantasiado que tem a cara de pau de falar das alianças do governo federal, ao mesmo tempo em que não dá um pio sobre as alianças (maiores e mais heterodoxas) dos oposicionistas em seus estados? A quem este reacionário fantasiado pensa que engana?

         

        E la nava va. A direita fundamentalista e fantasiada segue em marcha batida com o seu ódio visceral contra o PT. E segue em marcha batida com uma das maiores mentiras que a humanidade conhece há 200 anos, que é a mentira de dizer que não mais existe a disputa entre direita e esquerda, que a luta de classes é uma ‘viagem’ e que tudo isto se resume a um mero “jogo de palavras”… 

         

        Bom, pelo menos a direita reacionária, devidamente fantasiada, tira a máscara e mostra a sua verdadeira face. Pelo menos aqui no blog.

        1. Não costumo ler seus comentários, Diogo,

          mas esse me chamou a atenção.

          Achei o começo divertido e ao responder apareceu o comentário completo e acabei lendo.

          Olha só, se eu fosse o protótipo do reacionário fundamentalista de extrema direita estaria muito bom, não?

          Afinal, teríamos uma direita reacionária fantasiada:

          – contra a redução da maioridade penal e contra a PEC do Plebiscito

          – pelo ensino estritamente laico e com educação sexual

          – a favor de renda mínima e programas unilaterais de transferência de renda

          – pela despenalização do aborto e da maconha

          – pela igualdade de direitos civis e combate à homofobia

          – a favor da imigração estrangeira para adiar o problema demográfico

          – pelo respeito incondicional ao direito de Povos Indígenas e Sem Terra

          – pela continuidade da desconcetração regional de renda

          – a favor de progressividade em reforma tributária 

          – a favor da redução do Estado Penal

          – consciente da importância do desenvolvimento ecosustentável

          Passar bem.

          1. Ou caga ou desocupa a moita.

            Mas que droga é esta? Diz que não lê, e não responde, mas responde a todos?

            Que tipo de sujeito autoritário é este que quer inventar um debate onde ele diz que não considera o que não lê, mas lê e responde?

            Até quando esta farsa vai continuar de pé.

            Esta é a noção de democracia que alimentamos aqui?

            Basta ser gay para ser portador de algum passe livre para a incoerência ou para o autoritarismo?

          2. Ou caga ou desocupa a moita.

            Sinceramente Obelix

            Onde está a incoerência e o autoritarismo

            Existe um acordo de civilidade em qualquer debate e eu me considero no direito de expor minhas incoerências até mesmo para que possa reconhece-las de público e certificar- me de que são incoerentes.

            Seu comentário é estranhamente moralista

            Vivemos em um mundo em que o “senso comum” se permite armadilhas sociais para o estrupro feminino ou a execução pública de “diferentes” . Intelectualmente é uma incoerência sua não reconhecer até o direito a “enfase no tema” que as VÍTIMAS” tem. É da democracia e não adianta ficar PUTIN da vida que este problema existencial da sociedade não vai ser atenuado por um discurso higienista de definições laboratoriais restritas a uma placa de Petri de micróbios direitos ou esquerdos.

            O Debate pede generosidade

            Diogo

            No caso você esclarece mas seu viés é de mania de perseguição. De uma chance a minoria por que é delas em geral a semente da sobrevivência. Toda Maioria já foi em algum momento da adaptação uma minoria. Comissão da Verdade é bom para todos os Gêneros e Números.

          3. O que alguns militantes mais
            O que alguns militantes mais agressivos tem esquecido é que tolher a liberdade de manifestação agindo como um pittbull, é que se parece com fascismo reacionário. Se fosse para responder a provocações de alguns que passaram por aqui, seria infantil, mas se entenderia.
            Quanto mais eu vejo essa migração do PT para os caminhos já percorridos pelo PSDB, mais eu me espanto com a precisão da história narrada pelo George Orwell no 1984. 2 patas bom, 4 patas ruim!

        2. O sujeito escreve a opinião
          O sujeito escreve a opinião dele de modo coerente, respeitoso, e vem um “bobagem” entre outras expressões injuriosas. Para quê?
          Era um momento tão grave assim?
          Não existe uma forma mais civilizada de discordar dos outros?

          1. Não ligo Monier

            Quem grita perde a razão. E só faz isso porque não tem argumentos mesmo.

            Tem gente que não é interessada em debate ou processo civilizatório.

      2. Gunter

        Não irei adiante e somente para te colocar na fogueira!

        Sei

        “É referência por dois motivos. Primeiro, pela inigualável capacidade de entender a história de acordo com as forças sociais e políticas que a compõem e/ou interferem na democracia representativa. Segundo, pelo não-dogmatismo. Quando surge um fenômeno novo, Wanderley não se prende ao dogmatismo nem às suas próprias primeiras conclusões. É capaz de analisar, re-analisar e tornar a analisar, acompanhando os fenômenos e conformando suas análises ao que observa.”

        Gunter não crê que você esta com vontade suficiente para analisar. Rindo. Que em minha opinião seguem o teu curso de opiniões, exceto do Apoio a Marina ( ideológico, sair de um para outro, não a sua ideologia ). Importante numa visão acima do momento, as manifestações de junho e um niilismo inconsequente é um, como também  traidores da causa.

        Gunter, ” o divisor de águas explicitado pelo movimento e a importância da manifestação difusa de insatisfação como sinal de esgotamento dos canais convencionais”. Ponto a realidade e a politica exposta crua!

        A mídia como elemento de pressão sobre as políticas públicas.Na democracia representativa, os meios de comunicação se constituem no instrumento mais eficiente de influenciar políticas econômicas. (…)

         – A mídia não pode ser o bode expiatório do PT ou de qualquer um! “Fica fácil jogar no seu colo a incompetência, dicotomia entre politica social e políticos em geral.”

        “As instituições capilares como meio de arregimentação políticaOs principais agentes da política brasileira são os partidos tradicionais, sindicatos, igrejas e interesses difusos influenciados pela mídia. Todos com capilaridade garantindo massa crítica de votos.”

        Esta massa não é tanta massa critica e foi provado na ultima eleição, ainda são ativo, vivos certamente.

        A informação esta sendo verificada e democratizada, mais rápida e debatida: “Um comentário bem posto de um blog é capaz de derrubar a matéria do maior jornal brasileiro pelo simples efeito viral”

        Veja aqui Gunter.

         “Ao que eu rebatia: “De Wanderley, certamente que sim, assim que aceitar o ativismo online como um dado da realidade, irreversível, e o caos atual como a desordem que precede a nova ordem, uma realidade que surgiu com o advento das novas tecnologias e com as quais se terá que conviver, disciplinar e institucionalizar. E esse processo civilizatório será pavimentado pelo conhecimento, sabedoria e engenho dos verdadeiramente cultos, como Wanderley”.”

        Agora querido Gunter:

        “A explosão dos “micróbios” ou “micropoderes” provocou uma diluição na estrutura de poder, no arcabouço institucional das democracias representativas. Ou se criam novos modelos, capazes de canalizar essa explosão de demandas, dotando o país de uma nova institucionalidade, ou se viverá sob a ótica da instabilidade política permanente.”

        O que ele diz diluição é exatamente a VOLTA Dada  representatividade e democracia que com a demanda não existirá a curto e médio prazo, novo modelo? Nova constituinte? Mais a instabilidade é real!

        Saiu assim como esta não repare!

         Um retalho em concha

        abs.

      3. A fina flor do fascio.

        O maior conjunto de mentiras, dissimulações e meias-verdades da História do blog.

        Depois de ler, um incauto poderá acreditar que Eduardo Campos (que esteve no governo até ontem, e deve seu capital político a ele) e Marina são a força renovadora da política brasileira.

        Todas as contradições do PT são apresentandas como sentenças de “morte”.

        Já as contradições do campo do Iluminado são relativas, ou “besteiras”.

        Repetindo: desonesto, fraco intelectualmente e politicamente indefensável.

        Eu, se fosse a Dilma, aprovava logo esta PL 122, para deixar estes palhaços sem discurso.

        Eles imaginam que as expressões de conservadorismo se acabam com uma lei.

        Pobres coitados.

        Os números de registros policiais até o processo, nos casos vinculados às leis contra o racismo, revelam subnotificação, e resultados (sentenças) pífios, ou seja, raramente se apuram, e quase nunca acabam por punir o agente.

        No caso das mulheres, nem todo o endurecimento arrefeceu os números de mortes e agressões, a ainda seguem enfrentando todas as barreiras de um Estado inclinado ao machismo, e o que é pior: mesmo com aumento de promotoras, juízas e delegadas.

        Eu citaria outros casos relacionados com outras condutas, que não as de gênero, como alcoolismo e direção.

        Ou seja, não basta a criminalização para deslegitimar uma prática socialmente aceita, ao contrário, sem o acúmulo necessário, a sociedade (e também o Estado) rejeitam seu processamento, e só aumentam os conflitos, principalmente no caso dos discriminados com menor capital social (os mais pobres).

        Mas os talebãs do arco-íris acreditam que não, que o mundo deve parar para legislar para a causa gay.

        Eu sugiro que paguemos uma passagem para este pessoal ir passar férias na Nigéria.

        Quem sabem deem valor ao ambiente que têm aqui?

         

      4. Gunter, discordo de dois

        Gunter, discordo de dois pontos em seu lúcido comentário.

        1) Há sim uma grande diferença na política econômica adotada pelo PT e naquela defendida pela oposição. Não sei se os conceitos de esquerda e direito, nos temros que você colocou, sejam adequados, mas é claro o norte desenvolvimentista da política adotada desde a eleição de Lula(na verdade, já no fim de seu primeiro mandato)e a política econômica financista(justificada pela retórica neoliberal)do governo FHC. Os juros brasileiros não eram apenas mais altos, mas muito mais altos que os juros internacionais(chegaram a escandalosos 45%!)e o motivo não tem nada a ver com necessidades econômicas, mas com os interesses do setor financeiro, nacional e internacional, fortemente vinculados com os partidos de direita, principalmente o PSDB.

         

        2) Vejo uma grande diferença entre a “endireitada” do PSDB e aquela do PT. Primeiro, o PSDB nunca foi esquerdista, a social-democracia está apenas em seu nome e nunca foi adotada por seus governos(vide as políticas higienistas adotadas por estados governados pelo PSDB). O PSDB sempre foi exatamente o que era o PMDB, sua criação se deu por mera desavença no comando da sigla em SP, sob as ordens de Orestes Quércia. Memso nessa dispúta interna do PMDB paulista, o PSDB deixa clara sua vertente elitista, sendo um partido supostamente de intelectuais, em oposição ao “caipira” Quércia, prova do desprezo que os tucanos sempre tiveram pelo povo brasileiro. Por outro lado, ao contrário do PSDB, o PT é sim um partido com bases sociais, talvez o único partido brasileiro realmente estruturado em movimentos sociais(qual a base social do PSDB?Os tucanos só têm o PIG, com o que eles acreditam poder manipular a população).

        Concordo com muito do que você disse, mas atribuo maior parte disso a “banda podre do PT”, formada por políticos oportunistas que só agem em benefício próprio, como Palocci, Marta Suplicy, Mercadante, Eduardo Cardozo, etc. Não vejo a Dilma, por exemplo, fazendo parte desse grupo(apesar de, infelizmente, refém dele), vejo na Dilma uma estadista que, certa ou errada, age de boa-fé e colocando os interesses do país em primeiro lugar. O caso da Dilma é que ela não possui a relação histórica com o partido, e se preocupa menos com ele do que com seu governo.

        1. Há diferenças sim, Daytona

          entre algumas posturas em economia.

          O uso extensivo de transferências de renda é um modo de fazer tributação progressiva, isso foi bem diferente, só que não necessariamente foi um ‘comando’ ideológico, mas uma possibilidade também proporcionada por conjuntura. Há indícios, mas não certezas, de que outros partidos fariam semelhante se pudessesm. De qualquer modo, daqui para a frente isso virou política de estado o que não autoriza que se façam ‘demonizações usando o medo popular de u eventual fim de Bolsa-Família.

          Quanto aos juros há controvérsias se houve mesmo redução por ideologia. Certamente houve a possibilidade pela contínua queda dos juros no exterior. Mas ainda preciso pôr isso num gráfico.

          Os 45% de agosto/1998 eu considero uma fraude eleitoral, mas isso eu comentei muito em 2010. Não há novidade nisso. 

          Tem as diferenças das bases originais de apoio, sim. Mas com as transmutações dos últimos anos muito ficou diluído. 

          Eu não estou falando que o PT é à direita do PSDB. Nem que é mais à direita do governo FHC.

          Estou falando que o resultado médio, dado o peso de ‘direita’ no governo atual ficou muito parecido ao que viria a ser um retorno de oposição (que não seria tão à direita como no período 1995-2002.)

          E veja-se o lado legal: não houve nenhuma mudança relevante em legislações em 11 anos, não se reverteu nada do governo anterior (o que nem é problema para mim porque concordo com esse consenso em economia.)

          Então, há diferenças, mas mais infladas por propaganda que outras coisas. Talvez para alguns analistas pareçam seignificativas, para mim não são, é questão de diagnóstico.

           

          1. Gunter, novamente, não sei o

            Gunter, novamente, não sei o que você entende por ideologia, mas o norte desenvolvimentista do PT e o financista do PSDB são duas tendências inegáveis e irreconciliáveis existentes entre os dois partidos. Não sei se o desenvolvimentismo pode ser considerado uma ideologia de esquerda(foi praticado por Vargas, JK, os militares), mas o financismo tucano é claramente vinculado ao que consideramos a direita.

            É óbvio que um governo tucano adotaria uma política econômica radicalmente distinta. Não acredita em mim?Ouça o que dizem os assesores econômicos do Aécio, pessoas como Armínio Fraga e André Lara Resende, a defesa da ortodoxia radical é uma constante, e as críticas ao governo do PT por (graças a Deus)não praticá-la também.

            Outro ponto no qual as diferenças são visíveis é a política externa. De maneira alguma um governo tucano adotaria a mesma política externa praticada pelo governo Lula, de aproximação com África e América Latina e independência em relação aos EUA.

  12. O autor resvalou em uma

    O autor resvalou em uma questão, que é o efeito viral das redes sociais. Em geral se fala de viral para se referir a abobrinhas como fotos engraçadas ou vídeos criativos e inócuos.

     Pensando sobre a causa desses rolezinhos, estou convencido que não é consciência politica de esquerda ou vontade de afrontar a policia e o poder por algum bando pré PCC. Agora esse texto dá um bom nome. É simplesmente o efeito viral, com as mídias sociais fazendo a comunicação explodir em níveis exponenciais, que os jornais não conseguiam, fazendo com que um passeio de 50 pessoas vire uma manifestação de 10.000, sem esforço. 

    Explodindo os níveis de comunicação, sem o filtro político-ideológico de um editor, que selecionava o que era repercutido.

    Esses rolezinhos são mera reunião de jovens, que utilizaram uma ferramenta que dissemina convites rapidamente, de modo viral, sem controle de quantidade pelo autor. Comentava com amigos que na época em que o facebook lançou a ferramenta “eventos”, surgiu uma discussão juridica interessante. Houve casos em que o sujeito convidava amigos para um aniversario, e de repente havia 5.000 confirmados. Exatamente pelo efeito viral, e pela falta de poder do usuário sobre a ferramenta. 

    Lembro de ver noticia de pessoas pensando em processar alguem. Mas quem? A questao era: processar quem disseminou o convite, o que meramente aceitaram convite, ou o dono da ferramenta causadora do dano, que é o Facebook?

    Entre brigar com o bilionário Facebook ou com a periferia, os shoppings preferiram atacar de liminar contra quem não tem dinheiro e conhecimento ou disposição para contratar um bom advogado.

    Entre o direito fundamental de ir e vir e de se reunir pacificamente do pobre, ou a liberdade economica do Facebook em criar uma ferramenta que permite reunir dez mil pessoas no espaço de outra empresa, sem autorizacao, e lucrar bilhões com isso, os shoppings preferiram atacar os direitos  do primeiro grupo, mais numeroso, mas fraco juridicamente.

    A partir de junho, fiquei decepcionado com o tom do blog, que via toda a juventude que saiu as ruas como de direita.

    Ninguém conseguiu formular que tudo começou pequeno, pelo preço das passagens, pauta da esquerda. E que explodiu em milhões de pessoas, pelo efeito viral, quando da violência policial – que chegou a ganhar o nome de Revolução do Vinagre – sendo a luta contra a violência policial outra pauta de esquerda.

    O grande elo entre os rolezinhos e as manifestações de junho é este efeito viral, fruto da comunicacao em rede, e que veio  mudar a forma de fazer politica. O efeito já existia,cabendo lembrar o exemplo do governante romeno nos idos de 1988/1989, com milhões de pessoas na porta do palácio para tira-lo de lá. Mas os intermediários mudaram.

    Dessa vez não foram os jornais, nem os partidos, nem os sindicatos. A cada dia de jornada em junho, dúzias de eventos eram criados. Mas somente um movimento até entao irrelevante (e de esquerda!) como o Passe Livre é que tinha grande adesão.

    Eeles conseguiram o requisito momentâneo da pauta certa, da credibilidade, da espontaneidade, e da capacidade de se conectar pelas mídias com pessoas interessadas em se mobilizar. Foram apenas 20 centavos. Mas recuaram. E a policia, até entào truculenta, mas agora sem poder  de reação contra a massa gigantesca que estava nas ruas, cessou a violência, ainda que momentaneamente, e desde então vem tentando sufocar manifestações de outro modo.

    Houve uma vitória politica, ainda que não seja aquela desejada. E a vitoria foi alcançada com outras ferramentas, outras instituições, que não as antigas donas das ruas, com a ajuda deste efeito viral.

  13. Três coisas nessa

    Três coisas nessa história:

    1) É relativamente fácil perceber uma regularidade de comportamento no tempo em que a juventude de cada geração das classes médias sai às ruas dizendo “eu existo”. A pauta é importante, é claro. Mas mais importante do que ela mesma é que cada um desses espasmos é bem mais do que um espasmo porque é deles que surgem as novas lideranças que irão oxigenar os processos propriamente políticos. Hoje, graças a deus e tb aos homens, temos uma classe média mais ampla e diversificada e os agitos do ano passado mostram isso: as análises que já existem registram a existência de diversos movimentos e grupos de reivindicações sobrepostos, alguns típicos da esquerda política, outros menos evidentes e outros da pauta tradicional de nossas direitas. E pelo que consegui observar, essa galera do Movimento Passe Livre tem cabeça boa e métodos de organização mais arejados. Espero que prosperem, melhorando nossos costumes políticos muito hierarquizados e por isso tendentes à mesmice e à inércia;

    2) Eu acho que as manifestações fizeram chacoalhar um governo ensimesmado que tendia à inércia. E sejamos claros, apesar da torcida contra, o federal reagiu melhor do que os estaduais. MUITO MENOS do que eu gostaria (p.ex, doeu na alma ver “nosso” ministro da justiça oferecer tropas federalizadas para os governos estaduais “conterem a malta”), mas apresentou a pauta dos médicos cubanos, aqui em SP fez registrar a preocupação na história dos corredores de ônibus e continuou a se notabilizar pela pauta social (na educação, onde olho cotidianamente, as cotas já estão se estabilizando, o novo sistema de ingresso via Enem tb, tudo isso associado com essa maravilhosa expansão do sistema público federal e às oposições só sobrou jogar para a platéia mais tradicional e rancorosa tentando frear esses movimentos ) ;

    3) Há muito mais o que falar, mas daí vira um artigo acadêmico….Mas tem um ponto implícito no WGS que talvez não se capte facilmente: os novos modos de arregimentação mobilizam apenas franjas das possibilidades identitárias contemporâneas e nisso diferem dos tradicionais, que acabam virando o centro da vida dos seus partiicpantes. Por isso a tendência é que sejam mesmo efêmeros.   

  14. Sobre os protestos de junho de 2013 e os novos atores políticos

    Prezado Nassif, Escrevi o seguintes texto 0 dia 25 de junho de 2013 e o compartilhei entre colegas e amigos no Facebook. Como o debate continua queria repassá-lo através dos comentários no seu blog. Cordialmente Pedro David Manifestações no Brasil e o surgimento de um novo sujeito político. Está em crise a democracia? Pedro David Montes Mireles (cientista político) Quando o Movimento Passe Livre em São Paulo iniciou mais uma de suas campanhas contra as tarifas de transporte público não imaginava a repercussão de sua ação na sociedade brasileira. Por que despertou subitamente uma sociedade aparentemente apática, desinteressada nos assuntos públicos e nas questões da política local, estadual ou federal? Por que partiu para o protesto tomando massivamente as ruas de centenas de cidades no Brasil? Será que estas manifestações ao longo do país estão revelando o nascimento de um novo ator político e uma nova forma de fazer política que não tem sido capaz de ser reconhecidos e entendidos pelos governos, partidos e a intelectualidade? Os Movimentos sociais e o movimento cívico que toma as ruas Os movimentos sociais têm mantido sua atividade ao longo da década. Apesar de suas dificuldades conseguiram ganhar posições e ter atendidas em alguns casos suas demandas pelo Estado. Mantiveram uns mais que outros, uma posição autônoma respeito aos governos do PT e obtiveram atenção a suas demandas. Alguns se debilitaram porque acabaram cooptados pela disposição e dependência de recursos estatais e outros não encontraram adesão a seu radicalismo. Com toda sua história de lutas, derrotas e vitórias os movimentos sociais fazem parte do sistema político brasileiro. Portanto, não devemos esquecer que o estopim dos protestos de junho de 2013 no Brasil se inicia com uma campanha promovida por um Movimento social organizado: Movimento Passe Livre fundado no Fórum Social Mundial de Porto Alegre em 2005. Destarte, não foi uma iniciativa de um grupo de aventureiros despolitizados que decidiram fomentar a desordem urbana. Mas é dessa convocatória que se difunde a possibilidade de empreender uma agregação massiva e difusa de reclamações de toda ordem. Mas por que os cidadãos “acordaram” desta vez e não em outras oportunidades? Certamente não há uma explicação única. O que percebemos é um acúmulo de décadas de insatisfação perante as promessas da ordem democrática (igualdade, participação, cumprimento de ofertas eleitorais, fim da impunidade, controle e segurança pública, prevalência da lei e combate irrestrito à corrupção, políticas sociais que ampliem a quantidade e qualidade dos serviços públicos) e a responsabilização do Estado, e suas instituições, os governantes e os atores políticos (partidos, movimentos e sindicatos) do fracasso da política e ação do poder público para resolver os problemas sociais e para atender a diversidade de demandas de todos os setores sociais. No caso concreto do atual governo Dilma há uma percepção cidadã que a governabilidade e estabilidade política do governo torna o custo da barganha muito alto. O governo da Presidente Dilma paga o preço de ter apostado sua sustentação política à direita e o ônus dessa escolha conservadora agora é cobrado nas protestas cidadãs que alvejam sua imagem e seu governo. Por isso o caráter da protesta tem se tornado massivo, difuso e até contraditório. Foi impulsionado por vias eletrônicas, através das denominadas redes sociais e tem mobilizado, inicialmente jovens da classe media urbana das metrópoles, na sua maioria estudantes e depois contagiado a outros setores sociais (aposentados, profissionais, técnicos, pais de família, informais e funcionários públicos). Esse caráter difuso do movimento tem alimentado todo tipo de reclamações que podem ser entendidas positivamente como parte da inexperiência desses jovens e adultos com a organização e atividade política. Há políticos, como a ex-ministra e ex-candidata à Presidência da República Marina Silva, que observam e avaliam com entusiasmo o surgimento de um novo sujeito político e um novo ativismo, o que ela denomina “ativismo autoral”. Para Marina Silva esse ativismo tem como grandes ideais melhorar a representação e ampliar a participação política; Mas o que o caracteriza é o que chama de “dispersão dispersiva”. Neste ativismo móvel: “é multicêntrico. Não tem lideranças fixas, as lideranças são móveis… Cada um, como é livre, baixa a âncora ou levanta a âncora. Se está ou não concordando com aquela causa, vai à luta, vai à praça; Há uma liberdade, uma mobilidade. Não existe a existe a velha forma de comando e se pode negociar pelo conjunto porque é um processo horizontal e com grande quantidade de pessoas…Vivemos um momento de agregação dispersiva, pessoas que vão se agregando em cima de ideais maiores e mais difusos. As pessoas querem ética na política, querem um mundo melhor. Isso possibilita uma agregação, mas que é dispersiva… Porque ao estar integrados a estes grandes ideais, as pessoas se dispersam para as suas causas. Isso faz uma dispersão agregadora.Imantadas por este grande ideal as pessoas vão se agregando, uma em torno das outras… (entrevista jornal Valor, p. A22, de 21 de junho de 2013). Da leitura pós-moderna da realidade que se depreende das declarações de Marina Silva decorre uma avaliação otimista do que ela denomina “novo sujeito político” que teria capacidade, segundo sua esperança, de que “consiga fazer do Brasil uma nova referência”. Em contraste os fatos têm apresentado, no mínimo, um movimento cívico cada vez mais ingênuo, romântico, desinformado e no pior dos casos intolerante e centrifuga. O que mais nos deixa dúvidas na avaliação de Marina Silva é que ela parece prescindir na sua análise do fenômeno das manifestações e protestos as lutas antagônicas pela igualdade social. Parece que para ela não existissem diferenças e contradições de classe, de interesses de classe, de relações e origem social. Parecesse que acredita que movimentos sociais, partidos políticos e sindicatos e sua rica bagagem de organização, mobilização, recursos e experiência de lutas estaria ultrapassado para lidar com a realidade que imporia o novo sujeito político como protagonista das transformações sociais. O certo é que no Brasil e no mundo não há clivagem entre modernidade e pós-modernidade. A nosso modo de ver nesta sociedade capitalista do início do século XXI se mantém vigentes todas as contradições de classes o que implica que a construção da história do Brasil e sua democracia não devem deixar de incluir, dialeticamente, “o velho e o novo”. O papel do Estado de Direito, os movimentos sociais organizados e os partidos e instituições democráticas O fato de não compartilhar a visão otimista daqueles que como Marina Silva veem o surgimento de um novo sujeito político não significa que desvalorizemos o movimento de mobilização cidadã que toma conta de centenas de cidades brasileiras. Há sem dúvida aspectos relevantes e positivos nas manifestações cidadãs quando os protestos trazem a crítica livre, despojada e até irreverente à pauta de reivindicações de políticas públicas. È importante e saudável para a vida social o desenvolvimento da cidadania ativa e participativa. E esse esforço envolve um aprendizado de crítica e que posteriormente deveria ser algum modo de organização e proposta. Por outro lado, temos observado com preocupação a promoção autônoma das manifestações tem dado lugar a abertas demonstrações de anti-política, intolerância e admiração pelo autoritarismo. Por isso acreditamos que perante uma cojuntura crítica como a que aparentemente atravessamos não há como prescindir das diversas expressões democráticas do sistema político democrático. Movimentos sociais e partidos políticos com todas suas limitações e contradições, contam com um histórico de contribuições à redemocratização do país e a consolidação do Estado de direito no Brasil. Se reconhecemos nelas há responsabilidade nesta crise não podemos pensar na solução dos problemas sem contar com essas organizações. A experiência, capacidade e recursos que têm essas entidades para se recriarem não devem ser subestimados. Do mesmo modo pretender atacar e condenar indiscriminadamente às instituições do Estado responsabilizando-as de todas as mazelas da sociedade revela no mínimo ingenuidade ou desinformação. O Estado, apesar de seus gargalos burocráticos, tem realizado e realiza importantes esforços de ampliação de serviços sociais e principalmente na última década tem se tornado um instrumento para produzir crescimento, estimular a geração de emprego, distribuir produto social e renda, combater à desigualdade e reduzir a pobreza. Além disso, os poderes do Estado e as instituições democráticas têm atuado com relativa autonomia e produzido resultados apesar de seus limites e conflitos internos. A configuração do sistema político brasileiro não há deixado que surja qualquer crise que provoque paralisia decisória que afete o funcionamento democrático. A cidadania se constrói com propostas não só com protestos Por isso acreditamos que o melhor das expressões das manifestações e protestos deveria, para continuar dando sua contribuição inovadora a construção democrática, passar a outro patamar de ação coletiva: organizar de algum modo seus interesses difusos e participar da luta política democrática. Somente assumindo responsabilidades públicas, ou seja, se estruturando para elaborar e apresentar propostas de políticas públicas, os novos atores cívicos poderão efetivamente transcender. Iniciativas cidadãs, como aquela que deu origem à denominada “Lei da ficha limpa” tem se demonstrado bem sucedidas e uma prova de como se pode contribuir efetivamente à modernização do sistema político. Senão surgem essas propostas em curto prazo se irá impor entre essas massas difusas a pauta das forças da antipolítica que pretendem a desestabilização do regime democrático, e cuja ação consciente ou inçonscientemente favorece o fortalecimento de projetos políticos autoritários. A história passada, e sobretudo a recente, tem mostrado como a ação de movimentos que se geraram sob princípios de sem “horizontais, apartidários e apolíticos” favoreceram posteriormente, e a curto prazo, o triunfo de projetos políticos conservadores e até reacionários. Observamos essas experiências em Chile, Argentina, México, Espanha, Portugal, Grécia, França, Itália e Inglaterra. O que vemos com preocupação no Brasil é como, nesse movimento que ganhou força massiva e difusa nas cidades, o horizontal tem se tornado amorfismo espasmódico, o apartidário se transformou em anti-partidário e o apolítico se manifesta cada vez mais como repúdio geral à política. Certamente setores à direita do espectro político (incluída a grande mídia inimiga do petismo) tentarão reorientar a seu favor o movimento de protestos e usá-lo para derrotar a reeleição da Presidente Dilma Rousseff… Mas que garante que terão sucesso nessa arriscada empreitada… As manifestações parecem questionar não somente a toda a representação política (governo e oposição) como também as instituições que compõem o sistema político. Cidadania democrática envolve autocrítica e responsabilidade individual e social A construção e desenvolvimento democráticos envolve a responsabilidade de governantes e governados. E esse esforço de crescimento cívico não é possível sem autocrítica. Aos governantes e atores partidários e movimentos sociais organizados lhes corresponde a autocrítica pela deficiente atividade política e sua insensibilidade com as demandas que tem vindo da população. Por outro lado, se os cidadãos que se mobilizaram e, sobretudo aqueles que permaneceram em seus trabalhos e domicílios não reconhecem sua responsabilidade sobre os resultados deficitários dos produtos da democracia não estarão em condições de produzir qualquer renovação. E pior o mais provável é que reproduziram novas formas de dominação e exploração das maiorias essas sim populares. A qualificação cidadã passa por não delegar exclusivamente nos representantes o protagonismo da política o que implica acompanhar criticamente as decisões sobre os assuntos de interesse público, dedicar maior tempo à busca de informação para realizar um melhor e eficaz controle e fiscalização da ação do poder público. A este esforço deveriam se somar as propostas de reforma política que ampliem as margens de participação cidadã além dos eventuais processos eleitorais. Em defesa da democracia e a cidadania participativa Nesta conjuntura não há espaço para hesitações respeito à defesa da ordem democrática. Ela é imperfeita, porém tem demonstrado sua capacidade para aperfeiçoar suas instituições. A democracia é um sistema complexo de instituições políticas e sociais que se constrói e renova permanentemente. Sua virtude radica nessa capacidade. Gerações de homens e mulheres lutarão para instituí-la e a nós corresponde preservar o melhor de suas realizações e participar autocrítica e responsavelmente de suas transformações. Mas jamais devemos consentir nem aceitar que suas deficiências sejam motivos para justificar sua destruição. Por isso nesta hora a defesa da democracia aparece em primeiro plano. Na legítima mobilização cidadã devemos discriminar os elementos de manifestação autoritária que se encontram inseridos nessa agregação difusa. O isolamento dos grupos autoritários deve ser uma expressão da responsabilidade social dos que participam do movimento de protesto nas cidades brasileiras. Pretender a melhoria da representação, a luta pela ética na política e ampliação da participação nos assuntos públicos significa distanciar-se de qualquer empreendimento anti – sistêmico que promove o golpismo. É dever de todo cidadão que quer realmente o desenvolvimento e ampliação dos direitos e das liberdades democráticas denunciar, enfrentar e derrotar politicamente os projetos autoritários que se escudam nos protestos e se aproveitam da massificação destes para promover sua agenda desestabilizadora. Somente na defesa da ordem constitucional, da legitimidade das instituições democráticas e das autoridades eleitas poderão ser promovidas e introduzidas todas as ações de modificação ou reforma para produzir mudanças políticas substanciais no Estado democrático de direito. Fora desse campo de ação somente resta a fragmentação, involução política e o autoritarismo.

  15. Nassif,procure dar ouvidos

    Nassif,

    procure dar ouvidos também pro Luiz Antonio Machado da Silva, ele não é de falar muito, teve que cortar um pedaço da língua há um tempo atrás, mas é um gigante. Tô procurando puxar assunto com ele; perguntar sobre maranhão, rolezinho… Mas ele já falou dessas coisas há muito tempo. Só a palavra que é nova; a cena que é nova: o sentido é mesmo não é de hoje. O Michel Misse não dá mais entrevista, não: enjoou.

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