Acidente em plataforma operada pela BP e iniciativas de contenção do vazamento

Por Thales Viegas

No dia 20 de abril de 2010, a explosão em uma plataforma de petróleo no Golfo do México (EUA) matou 11 pessoas. Desde então, o vazamento de hidrocarbonetos da formação rochosa não foi controlado. Os 1.500 metros de profundidade do poço em relação à lâmina d’água dificultam o controle do derramamento de petróleo. A plataforma Deep Horizon era de propriedade da empresa Transocean, mas estava sendo operada pela BP – formalmente conhecida como British Petroleum. A princípio a BP estimou o vazamento em mil barris de petróleo por dia. Dias depois ela já admitia que a vazão pudesse ser de pelo menos 5 mil barris/dia, o equivalente a 800 mil litros. Valor que também foi adotado pelas autoridades americanas. À época outros cálculos indicavam valores para a vazão que variavam entre 12 mil e 95 mil barris/dia. 

Diante de tantas estimativas o governo americano constituiu um grupo (Flow Rate Technical Group) que se encarregaria de padronizar as estimativas do fluxo do derramamento de petróleo no Golfo do México. Entretanto, membros desse grupo vinham apontando a impossibilidade de realizar cálculos sem dispor de vídeos de alta resolução e diante da falta de qualquer forma de medida do fluxo. Nesse contexto, a BP informou que no pior cenário o oleoduto poderia estar expelindo cerca de 100 mil barris/dia do poço. No dia 11 de junho o Flow Rate Technical Group publicou que o derramamento poderia estar entre 20 e 40 mil barris/dia. Na semana seguinte um grupo de cientistas liderado pelo Secretário de Energia Steven Chu já estimava o vazamento entre 35 e 60 mi barris/dia. A Woods Hole Oceanographic Institution estimou que fossem 50 mil. Já a Universidade do Texas de Austin estimou que o fluxo pudesse variar de 22 mil e 30 mil barris/dia. Se a referência utilizada para os cálculos for de 40 mil barris/dia, o vazamento já teria derramado cerca de 2,2 milhões de barris desde o acidente até o dia 14/06/10. Independente da exata magnitude da vazão, este já é considerado o maior desastre ambiental da história da indústria petrolífera. Se o valor de 40 mil barris/dia estiver correto o volume de petróleo derramado pelo Exxon Valdez pode estar vazando a cada 8-10 dias no Golfo do México. Pelo menos quatro Estados americanos foram atingidos pela mancha de petróleo:  Alabama, Florida, Louisiana e Mississipi.

Chama a atenção o fato de que em 31 de março de 2010, Obama havia anunciado que abriria milhões de quilômetros quadrados para a exploração no Golfo do México e no norte do Alaska. Até o acidente vinham operando no Golfo do México 3.858 plataformas de perfuração submarina. Juntas elas produziam cerca de 1,6 milhão de barris/dia, um terço da produção do país. De acordo com a Agência Nacional de Energia, esta região é essencial para assegurar a oferta futura do planeta: deveria fornecer meio milhão de barris/dia acima de sua produção atual até 2014. O fato é que a fronteira de produção denominada offshore profundo representou metade do aumento da oferta mundial de petróleo cru ao longo da última década – cerca de 4,3 milhões de barris/dia. Já a oferta de petróleo convencional não experimenta um crescimento líquido desde 2005. Estimativas da CERA apontam que a produção de petróleo de águas profundas deverá dobrar de 6% para 12% nos próximos 20 anos. Dentre as últimas dez maiores descobertas de reservas realizadas nos últimos dois anos, seis delas estão situadas em águas profundas.

Possíveis Causas do Acidente

Ainda não há conclusão sobre a causa do acidente com a plataforma. As investigações sobre a causa estão centradas basicamente em duas hipóteses: i) problemas no processo de cimentação e; ii) falha do Blowout Preventer (BOP). Inúmeros problemas incomuns foram identificados no BOP, o que torna o caso permeado de mistério, deixando margem para especulações de diversas naturezas. Segundo inquérito interno da BP a explosão ocorreu porque a tampa do poço teria falhado devido a uma bolha de metano que escapou do poço, foi lançada pela coluna de perfuração e se expandiu rapidamente, porque rompeu várias barreiras de segurança e lacres de cimento até explodir. Tudo isso teria ocorrido ao longo da cimentação. De fato a fase de cimentação envolve um elevado risco de blowout. De acordo com um estudo de 2007 da Minerals Management Service, o cimento foi um fator relevante em 18 das 39 rupturas em plataforma ocorridas no Golfo do México, entre 1992 e 2006.

Depois da explosão, o BOP deveria ter sido ativado automaticamente para evitar o derramamento de petróleo. Em caso de falha, também poderia ser ativado manualmente pelo operador de perfuração. Representantes da BP também sugerem que pode ter ocorrido um vazamento hidráulico. Imagens de raios-X mostraram que as válvulas internas de prevenção estavam parcialmente fechadas e estava restringindo o fluxo de petróleo. Ainda não se sabe se elas se fecharam automaticamente ou manualmente por meio de veículo operado remotamente.

Esse acidente alerta para o fato de que os procedimentos de segurança podem falhar, incluindo o BOP (blowout preventer). Trata-se de um sistema de segurança na saída para o solo oceânico. Por causa do acidente, o tubo que liga o poço à plataforma foi danificado sendo impossível acessá-lo. Os BOPs constituem a mais moderna resposta da indústria para o blowout e não haviam falhado desta forma antes. O evento aumenta as exigências de segurança e tendem a reduzir a probabilidade de algo semelhante se repetir. A BP alertou que ocorreu um número inédito de falhas e muitos detalhes ainda não foram esclarecidos. Há também relatos de possíveis problemas na própria construção da plataforma Deepwater Horizon, no ano de 2001, nos estaleiros coreanos da Hyundai. Este tipo de plataforma semi-submersível utiliza um sistema de geo-posicionamento dinâmico que lhe permite permanecer fixa em relação a um ponto no fundo do mar. São utilizados sensores de correntes e ventos para ativar os motores e mantê-la fixa. Esta tecnologia corresponde ao que tem de mais moderno no segmento offshore da indústria.

No dia 29 de maio o New York Times divulgou que há um ano a BP tinha informações quanto aos riscos naquela plataforma. No dia 22 de junho de 2009, em documentos internos à companhia, um engenheiro de perfuração sênior chamado Mark E. Hafle alertou que o revestimento de metal que a empresa queria usar no poço poderia sofrer um colapso sob altas pressões. No entanto, ele relativizou afirmando que a ocorrência do problema estaria associada a um cenário pessimista – raro, mas possível. Depois de outros acidentes envolvendo a empresa, especialmente desde 2007, a BP vinha tentando reverter sua política (ineficiente) de cortes de custos, a qual também estava sendo associada aos incidentes ocorridos.

Ademais, segundo memorando dos representantes da Comissão de Energia e Comércio dos EUA que investiga o caso, antes da explosão os operadores da plataforma receberam três alarmes sobre problemas de fluxo no poço. A BP teria informado que o primeiro alarme teria ocorrido 51 minutos antes da explosão, quando o fluxo superou o padrão de bombeamento. O segundo aviso teria ocorrido aos 41 minutos antes da explosão, quando houve um inesperado aumento de pressão. O último alerta veio 18 minutos antes da explosão, “diante de pressões anormais e da presença de lodo, quando o bombeamento foi interrompido abruptamente”. Também há indícios de que os operários da plataforma tentaram controlar a pressão antes da explosão. Imagens oferecidas pela BP mostram como o petróleo estava saindo pelas quatro válvulas da estrutura instalada. De acordo com o memorando os dados sugerem que a tripulação pode ter tentado intervenções mecânicas nesse ponto para controlar a pressão, mas logo depois, o fluxo saiu do controle, a pressão aumentou dramaticamente e ocorreu a explosão. Mesmo diante das informações que vão surgindo ao longo das investigações ainda não foi possível identificar a causa que está na raiz do acidente. Por isso, não se pode presumir a priori que tenha havido problemas técnicos, falha humana, ou mesmo negligência de alguma das empresas envolvidas nas atividades, seja ela a operadora ou as prestadoras de serviço. Diante da magnitude das consequências desse evento é razoável esperar que as investigações sejam conduzidas com eficiência e celeridade, a fim de que seja identificada a causa para evitar outras ocorrências dessa natureza.

Iniciativas de Contenção do Vazamento

1)      Estrutura de Contenção em forma de funil (Tampa ou Cúpula): sucesso parcial

2)      Operação “Top Kill”: abandonada em definitivo

3)      “Mangueira” gigante: não absorve grandes quantidades do petróleo

4)      Dispositivo em forma de funil – Lower Marine Riser Package (LMRP) Cap: bem sucedido

5)      Queimada controlada: poliu o ar (proibida no Brasil)

6)      Dispersantes: desperta controvérsias quanto ao seu efeito líquido para o meio ambiente

A BP vem utilizando diferentes mecanismos para tentar conter o vazamento. Ela aplicou a técnica top kill, que consiste em tentar selar o vazamento com injeção de grande quantidade de um fluido de alta densidade – um híbrido de lama e concreto. A empresa chegou a injetar mais 2,4 milhões de litros de lama. O objetivo era equilibrar a pressão exercida pelo fluxo que tenta sair do poço com o peso da lama injetada – processo de hidrostática. A estratégia top kill se mostrou mal sucedida, sendo abandona em definitivo. A empresa falhou depois de estimar uma probabilidade de sucesso da operação em cerca de 60-70%. Trata-se de um procedimento difícil de ser executado, altamente delicado e sem precedentes a esta profundidade. A empresa também adotou a operação “junk shot“, que consiste em introduzir uma variedade de materiais a alta temperatura, composto por uma mistura de água, argila e químicos. Ela também usou misturas de uma variedade de materiais a alta temperatura como bolas de golfe velhas, pedaços de pneus e de borracha para bloquear o vazamento. Este também seria um processo complexo. É provável que os insucessos nessas operações estejam associados ao fato de que a BP subestimou a taxa de vazão e superestimou a sua capacidade de conter aquela taxa com o procedimento de top kil.

Outra tentativa foi a de posicionar uma tampa (em formato de funil) sobre o poço. Ela foi colocada sobre o oleoduto contra a pressão provocada pelo vazamento. A estrutura pesava cem toneladas e tinha 12 metros de altura. A caixa tinha uma cúpula na parte superior, de onde saia um encanamento por meio do qual o petróleo seria bombeado para um navio na superfície. Sua capacidade de armazenamento era de 128 mil barris (20,4 milhões de litros). Após uma longa operação a caixa foi posicionada, mas teve de ser removida depois que foi detectado que, devido às baixas temperaturas, estavam se formando cristais de gelo que tapavam a cúpula. A técnica envolve muitos desafios. Ela nunca havia sido tentada antes. A BP chegou a utilizar 12 robôs-submarinos (ROV´s) simultaneamente nessas iniciativas.

Por fim, no dia 3 de junho a BP instalou um funil de contenção sobre o poço com quatro aberturas para que o petróleo fluísse via duto para um navio-tanque na superfície. Ele começou a capturar um volume crescente de petróleo, embora não deva alcançar a totalidade do vazamento. Trata-se de uma versão modificada dos esforços precedentes realizados pela BP. Este “funil” foi reprojetado com válvulas que podem fechar-se lentamente, ajudando a evitar a concentração de hidratos gasosos, que fizeram a primeira tentativa fracassar. Contudo, ainda era necessário instalar equipamentos e sistemas para assegurar que o petróleo e o gás que flui possa ser recuperado e levado a um lugar seguro. Inicialmente o dispositivo capturava cerca de mil barris/dia. No dia 11 de junho a captura já alcançava a capacidade máxima de 18 mil barris/dia.  Por isso, a BP instalaria um segundo dispositivo do tipo, denominado Q4000, que poderia conter entre 20 e 28 mil barris/dia. Em meados de junho o governo americano requisitou à BP um plano de contenção do petróleo. Ela desenvolveu uma estratégia que previa expandir a capacidade de captura de petróleo para entre 40 e 53 mil barris/dia no final de junho e de 60 a 80 mil barris/dia até meados de julho. Até o dia 14 de junho a empresa teria atingido uma recuperação acumulada de 150 mil barris de petróleo

Todavia, o funil é uma solução parcial e temporária. A solução definitiva poderá levar dois meses. No início de maio a BP começou a construção de outros dois poços (de alívio) no local para tentar aliviar a pressão até estancar o vazamento em definitivo, mas as obras só devem ser concluídas em agosto. A empresa não acredita que resolverá o problema antes disso. O fato é que a tecnologia para encontrar petróleo a estas profundidades existe e está avançada, mas a tecnologia para administrar um desastre a esta distância não.

Cálculos preliminares realizados por um painel de cientistas indicam que o poço aberto já teria deixado fluir entre 71 e 147 milhões de litros de petróleo. Todavia, engenheiros afirmam que o tipo de petróleo que sai daquele poço é de um grau API mais leve. Ele evapora com mais rapidez pela superfície e é mais fácil de queimar. Também aparenta responder melhor ao uso de dispersantes, que ajudam a reduzi-lo. A BP vem lançando milhões de litros de diluentes no oceano. Biodegradáveis, apesar de considerados tóxicos, os produtos fragmentam a napa e facilitam a eliminação pelas bactérias. A BP em nenhum momento considerou a hipótese de usar explosivos nucleares no poço como alguns sugeriram. Outra técnica de limpeza utilizando cabelos também foi aventada, mas não havia sido adotada ainda. Os EUA decidiram construir barreiras de contenção (“ilhas“ de areia) para dificultar o aumento da mancha de petróleo no Golfo do México. O governo deve enviar a conta de US$ 360 milhões para a BP pagar a obra.

O início da temporada de tempestades tropicais, compostas por ventos fortes e furações pode complicar os trabalhos. Um furacão dificultaria as operações de limpeza, das quais participavam mais de 20 mil pessoas e 1.700 navios no início de junho. Mais de US$ 6 milhões diários vêm sendo gastos com os trabalhos. A BP já teria gastado mais de US$ 1,6 bilhão nas operações de limpeza da área, cinqüenta dias depois do acidente. A empresa calcula que os custos para reparar todo o problema podem chegar a US$ 5 bilhões. Outras analistas apontam valores muito superiores, mas ainda é cedo para se saber o custo total do acidente.

De acordo com o jornal “Financial Times”, as principais petroleiras se distanciarão da BP. O discurso corrente das empresas é que se forem seguidas as “melhores práticas” do setor é possível evitar acidentes ecológicos como esse. As petroleiras asseguram que planos de perfuração contam com sistemas redundantes que permitem acompanhar bem as pressões nos poços e que também seguem as operações em tempo real de terra para detectar qualquer problema que possa surgir. Os poços têm também inúmeras barreiras para o caso de ocorrer qualquer acidente, mas não está ainda claro se a BP vinha aplicando todas essas salvaguardas.

Desdobramentos

Um evento dessa natureza e magnitude produz diversos efeitos. Estão entre as principais implicações do acidente: os impactos ambientais; as mudanças regulatórias; a adoção de novos procedimentos pelas empresas; a alteração na estrutura de custos da indústria; as possíveis mudanças nas condições de oferta e demanda dos insumos e produtos finais da indústria e; os desdobramentos relativos ao fluxo de caixa e a sobrevivência da BP. Foi apresentada aqui uma primeira aproximação das formas de manifestação dessas implicações.

O vazamento de petróleo põe em risco pântanos nos EUA, que são difíceis de limpar. Ele ameaça um ecossistema rico, com muitos manguezais e estuários, que já havia sido afetado pelo furacão Katrina (2005). O acidente vem causando graves prejuízos ao setor da pesca e do turismo, colocando em xeque a capacidade de gestão de crises do governo Obama. A região afetada concentra 40% dos pântanos costeiros americanos e um setor pesqueiro ativo. A atividade pesqueira deve permanecer proibida em parte da região.

No dia 27 de maio o Presidente Barack Obama ordenou a suspensão das atividades em 33 poços em águas profundas e ampliou moratória sobre novas perfurações na região para o período de seis meses. Também foram adiados vários projetos petrolíferos em frente à costa do Alasca. Assim, o crescimento da produção ficou praticamente congelado no país. Entretanto, as consequências da catástrofe para o abastecimento devem ir muito além dessas restrições. A incerteza sobre o futuro das perfurações petrolíferas em águas profundas é agora considerável nos Estados Unidos e em outros lugares. O vazamento também levou a Noruega, que há 40 anos foi pioneira em exploração marítima, a suspender novos licenciamentos no Mar do Norte, pelo menos no curto prazo. Já a Inglaterra não seguiu essa tendência e permitiu a manutenção das atividades offshore. A indústria teme que as autoridades decidam ampliar a moratória em seus países.

Muito se especula sobre o futuro da indústria, em especial sobre a exploração em águas profundas e ultraprofundas. Há analistas como Jeff Rubin que comparam este acidente com o acidente de Chernobyl, sugerindo uma possível estagnação nessa modalidade de exploração como teria ocorrido com a energia nuclear.  No entanto, grande parte dos analistas percebe as mudanças relativas ao ambiente regulatório e aos custos não devem tolher o crescimento da exploração nessa fronteira de produção num horizonte temporal maior. Não há evidências de correlação positiva entre a profundidade e a probabilidade de ocorrência desse tipo de evento.

Diante das cifras desse acidente, a princípio, a multa do governo norte-americano não deverá ser o maior desembolso, pois a multa máxima prevista para esses casos é de US$ 75 milhões. O governo debate um aumento significativo deste teto. A BP comprometeu a pagar US$ 500 milhões para estudo sobre impacto ambiental do acidente. A BP chegou a informar que estaria gastando US$ 33 milhões por dia. Segundo a empresa os custos são cinco vezes maiores que os estimados originalmente para conter o desastre. Analistas de JPMorgan projetam um custo total de U$ 29 bilhões. Para o editor de negócios da BBC Robert Peston estes custos poderiam chegar a US$ 24 bilhões (ou vinte bilhões de euros). Apesar de os gastos serem grandes, a BP pode arcar com eles. Os US$ 33 milhões gastos diariamente pela empresa britânica com as operações no golfo do México representam 13% dos lucros diários da BP do ano de 2009.

Mesmo assim, diante dos sucessivos fracassos nas tentativas de conter o vazamento e da grande mácula causada na imagem da empresa, as agências de risco rebaixaram recorrentemente o rating da empresa no mercado financeiro. Até o dia 11/06 o preço da ação da BP atingiu US$ 33,97. Cinqüenta e um dias depois do acidente, a empresa havia perdido mais de 40% de seu valor de mercado, o equivalente a US$ 84 bilhões. A empresa pode correr riscos de sofrer take over hostil caso suas ações continuem se desvalorizando ainda mais, ou seja, a BP pode ser comprada por outra companhia. O fato relevante a se destacar aqui é que o patrimônio da BP cotado em bolsa de valores ficou menor, o que não corresponde à perda de fluxo de caixa. São as operações de contenção de petróleo que oferecem ameaça à liquidez da empresa e não as variações de preços de suas ações no mercado financeiro. A BP arrecadou mais de US$ 16 bilhões no ano passado e cerca de US$ 6 bilhões no primeiro trimestre de 2010. Em 2009, a empresa pagou cerca de US$ 10,5 bilhões em dividendos. A BP chegou a declarar que pagaria dividendos relativos ao primeiro trimestre de 2010, mas foi bastante contestada. No dia 14 de junho ela anunciou que vai atrasar o pagamento de US$ 2,6 bilhões em dividendos até que a sua crise esteja equacionada. Neste dia suas ações caíram para US$ 31,3 (8%) e atingiram o menor valor dos últimos 14 anos. Comparando com 2009 a empresa havia perdido 50% de ser valor.

Concluindo, a região do Golfo do México e seus arredores estão sofrendo fortes danos, que tendem a ser minorados apenas com o passar dos anos. Este acidente pode provocar mudanças significativas nas exigências mínimas dos Estados Nacionais quanto aos procedimentos de exploração em águas profundas. Todavia, o incidente não parece suficiente para inviabilizar as atividades dessa natureza. Os custos da exploração offshore podem se elevar como já ocorre com os prêmios de seguro. Por fim, a BP deverá sofrer um impacto muito grande não só no seu fluxo de caixa, mas no seu patrimônio. Ela tende a se reduzir vendendo ativos para não desaparecer.

Referências

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http://infopetro.wordpress.com/2010/06/21/acidente-em-plataforma-operada-pela-bp-e-iniciativas-de-contencao-do-vazamento/

 

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