Agenda de país 3: para um plano de governo imediato

Se Dilma Rousseff quiser, de fato, implementar a agenda positiva, falta apenas olhar para seu próprio governo.

O Brasil aspira ser uma democracia social. Para tanto necessita ser competitivo, saber como se inserir na economia global e como dosar direitos sociais e competitividade.

Se Dilma quiser montar o mosaico do desenvolvimento social, tem à mão todas as peças.

Competitividade

Infraestrutura – além das concessões, basta recuperar os estudos iniciais da EPL (Empresa de Planejamento e Logística) visando criar condições estruturais para aumentar a eficácia dos investimentos públicos.

Inovação – tem um enorme aparato – constituído do MCTI (Ministério de Ciências, Tecnologia e Inovação), Sebrae, Inmetro, Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), Universidades Federais, Finep, BNDES, entidades empresariais, como a CNI – e uma linha já definida no Plano Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação.

Formação – Ciência Sem Fronteiras e Pronatec são políticas bem concebidas e mal implementadas. Basta reavaliar seus métodos e dar foco na gestão.

Financiamento da infraestrutura – além do BNDES, há um conjunto de novos instrumentos, como as debêntures de infraestrutura e, pela desvalorização cambial, instrumentos de captação de financiamento externo. E um mercado de capitais e de fundos aguardando apenas uma taxa Selic na normalidade.

Promoção comercial – a Apex (Agência de Promoção das Exportações) continua um trabalho intenso de promoção comercial. Tem que se envolver novamente o Itamarati.

Modelos para PMEs – existem experiências bem sucedidas de inserção de pequenas e micro empesas nas cadeias produtivas das maiores, com o Sebrae nacional capitaneando projetos junto ao pré-sal e junto às empresas que constituem o MEI (Mobilização Empresarial pela Inovação).

Indústrias criativas – há grupos formados no meio empresarial e no âmbito do Ministério da Cultura trabalhando as novas indústrias criativas (audiovisual, aplicativos, design).

Políticas de compras públicas – o PDP (Plano de Desenvolvimento Produtivo) do Ministério da Saúde, as encomendas da indústria da defesa e do pré-sal – mais os aportes do Plano Brasil Maior – estão ajudando a consolidar novos setores de maior valor tecnológico. Precisam de ajustes.

Gestão pública

Desburocratização – O Ministério da PME, de Guilherme Afif, iniciou um trabalho de desburocratização. Por outro lado, o grande Nelson Machado trabalhou em um projeto visando dotar todos os ministérios de análises de custo. O desenho dos processos e de uma nova estrutura do Estado brasileiro poderia ser conferido a um Grupo de Trabalho externo à máquina. Não haveria nenhum resultado imediato, mas seriam plantadas as sementes para uma futura reforma do Estado – nos moldes que o presidente norte-americano Dwight Eisenhower encomendou a Nelson Rockefeller.

Desenvolvimento regional

A pernambucana Tânia Bacelar de Araújo e o mineiro Clelio Campolina Diniz têm estudos primorosos para calçar uma política de desenvolvimento regional e começar a planejar as metrópoles do futuro.

Há muito mais, um enorme acervo de diagnósticos e de instituições aptas a desempenhar tarefas.

Luis Nassif

26 Comentários

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  1. Ciência sem fronteiras

    Olá Nassif e leitores,

    Trabalho com graduação em engenharia e gostaria de dar um pitaco no Ciência sem Fronteiras.

    Primeiro: o aluno tem a possibilidade de ir muito cedo ao exterior, muito no começo do curso, o que faz com que o aproveitamento seja baixo, desta forma sugiro que seja restrito a quem possua entre 50% de 80% do curso completado.

    Segundo: a nota para classificação deve levar em conta a nota do ENEM, com pontuação de mínima de 500, um pouco mais alta da atual, o que irá restringir o acesso e melhorar muito a qualidade do aluno que é mandado ao exterior.

    Terceiro: deve-se levar em conta o desempenho do aluno no curso. Sugiro a inclusão da nota relativa, que é a média geral do aluno, dividida pela média geral de sua turma. Classificaríamos os 10 ou 20% melhores apenas. Hoje, como somente o ENEM é levado em conta, alunos quem tem desempenho pífio em seu curso acabam tendo oportunidades melhores que alunos que se destacam. Ressalta-se que a nota do vestibular (ou ENEM), em geral, não tem relação alguma com o desempenho no curso. Alunos com altíssimas notas no vestibular podem ter média muito abaixo de sua turma, como também alunos que entraram em 6a ou 7a chamada podem estar entre os primeiros.

  2. Luis Nassif e orgãos demais

    Caro Luís. Vc. está certo, mas há orgãos demais, funcionários demais, despesas demais. Se reduzisse em 80 % seria mais produtivo, pois o pessoal não pisaria um no pé do outro…

  3. Faltou o combate efetivo à corrupção

    Tendo a lava jato como exemplo, faltou o combate efetivo à corrupção, que desvia bilhões. Mas pra quem tem um projeto de permanecer no poder, o combate à corrupção pode fazer cessar a fonte financeira.

    1. Seu comentário é de uma

      Seu comentário é de uma burrice explicita ou maldade extrema.

      Coloque os adjetivos na ordem que você quiser.

      Mudo de opinião se voce disser onde falta o combate efetivo

      à corrupção ou quem tem projeto de permanecer no poder.

      Vou ajudá-lo. Por acaso não seriam os atores da Privataria Tucana?

      Ou aqueles que comandaram e comandam com desfaçatez e

      roubalheira impiedosa o Estado mineiro e o paulista?

      1. Amigo Walter

        Em primeiro lugar amigo Walter, respeite a opinião do companheiro. Segundo, vc não entendeu o que ele colocou: “Faltou combate a corrupção”, ele quis dizer antes dela acontecer, pois depois que jornais e revistas e delações avisam, ai já foram 100 bilhões pro ralo”. Não esqueça que uma boa parte do PT quer “enquadrar a PF e o Ministério Público”. Não leve pelo lado partidário, sem emoçoes partidárias e sim pelo conteúdo. saudações

        1. Parece-me, meu caro Claudio

          Parece-me, meu caro Claudio Antonio, que a sua emenda

          ficou pior que o soneto.  Explico-me: Como se combater a

          corrupção antes dela acontecer? No máximo, previne-se.

          Por outro lado não reconheço que “boa parte do PT queira

          enquadrar a PF e Ministério Público”. Ainda que fosse fato,

          não seria sem tempo. Não costumo ter emoções partidárias.

          Legais, sim. O pau que bate num partido, deve também

          bater em outro partido. Quantos corruptos do psdb foram

          processados e presos,  a começar pelos transportadores

          de 450 Kg. de cocaina, trensalão, Banestado, ah, tá bom

          deixa prá lá. 

  4. Arcaico

    Quando se olha para o próprio umbigo, tudo isso parece revolucionário.

    Quando se levanta a cabeça para olhar em volta, putz,… são instituições arcaicas, com objetivos arcaicos, ambições paroquiais,… Qualquer start up californiana tem condições de crescer muito mais, ter acesso a muito mais tecnologia, com muito menos entraves burocráticos e carga tributária.

    Não dá para ter liderança com um governo que come 40% da riqueza nacional e retorna menos de 3%. Não dá. O foco está errado. Esse “Estado como motor da Economia’ é motor de fusca. No fundo, nossos políticos são iguaizinhos ao Itamar dos anos 90, que pediu pela volta do Fusca. Olha se a frase da Dilma não é igual: a mandioca, a grande conquista (?) dos brasileiros…

    É o aroma nafatlínico do social-desenvolvimentismo, impregnando corações e mentes. Tudo muito arcaico. Sai da frente, Estado! Deixa o brasileiro trabalhar!

  5. Para percorrer o “caminho das pedras”…

    …É preciso ter pés e cabeça.

    Vivemos tempos difíceis, em que o mérito se depreza e a “esperteza” é vangloriada; vale menos quem instrui que quem engana e assim vamos caminhando… quem sabe o tempo recoloca as coisas em seu lugar.

  6. Agenda 3
    A faca e o queijo : falta combinar com quem não quer comer ,
    além de detestar queijo . E entende que agenda 3 seriam seus tres olhos :
    O do mercadante frias , o do zé das couves e o seu próprio , perdido ,
    que só vê o fundo do poço.

  7. Estado fomentador da economia -Até quando ?

    O problema não é o PT e sim o estado brasileiro e a sua sistemática de existência. 

    Enquanto imperar esse modelo de estado fomentador e indutor do desenvolvimento, não esperem nada desse pais . 

    Desafio alguém a mostrar algo que o governo gerencie que realmente funcione. Vejo os comentários do Nassif , citando vários orgãos governamentais ou com ligação direta com o governo. O erro é conceitual. Esse modelo não funciona .

    Vamos enxugar o estado, torná-lo mínimo e deixar a iniciativa privada com o resto. Veja a caca que a madame mandioca fez, foi controlar na marra o preço da energia e agora o preço…. Culpa da chuva, da Grécia, da crise inventada ….

     

     

    1. É… nosso empresário

      É… nosso empresário nacional só quer saber de estado quando é para tomar empréstimo “de pai para filho” do BNDES e quando é para licitar obras milionárias. Mas reclama e chora quando é para recolher impostos…

  8. O pessoal do Estado mínimo

    O pessoal do Estado mínimo ignora uma observação muito importante que o André Araujo fez recentemente. Todos os países de primeiro mundo possuem uma relação funcionarios públicos / população MUITO maior que a do Brasil (não tenho os números exatos de cabeça, mas a proporção lá é 10 – 20% e aqui é 3 ou 4%). Eles querem oferecer melhores serviços sem pessoas. Não estou falando de aspone, e também não estou falando que não é preciso melhorar a produtividade. Mas dizer que tem muita gente é simplesmente ignorar os fatos por uma pseudo religião mercadológica.

    Alguem acha que ta sobrando policial, médico, professor, assistente social? Ta sobrando gente para planejamento, gestão, execução? O que ta sobrando é assessor parlamentar, e outros aspones que só servem para empregar parente ou gente de estrutura partidaria. Igual aquele jovem do PSDB do Espirito Santo que bate cartão e vai embora… O mesmo que “luta contra a corrupção” em pseudos movimentos do tipo Muda Brasil e etc… Não digo que não exista também na esquerda… O fato é, saiam da bolha e vamos debater com racionalidade… O problema não é quantidade, e sim função / produtividade. Sugiro adotar a estratégia da direita quando falam sobre direitos humanos: Sabe o “ta com dó, leva pra casa?”… “Gosta de Estado mínimo? Vai morar na favela… “

    O retorno de 3% de impostos pra população é um fato… Mas olhem o orçamento federal… mais de 40% vão para pagar os juros da dívida publica… (https://jornalggn.com.br/noticia/gasto-do-brasil-com-juros-da-divida-publica-e-o-3%C2%BA-maior-do-mundo-aponta-fmi)… Ai os genios da direita acham que tem que demitir gente e adoram aumentar juros! E ainda querem tirar uma de sabichões… Quem aqui tem titulo público? Eu não tenho… Ou seja… 40% de tudo que eu e todo o povo paga, vai para umas 10 mil pessoas, se tanto… 

    Se quiser ser primeiro mundo, vai la e estuda como eles fazem e fizeram para tanto… O dia que fizerem isso, vão parar de falar baboseira… Nenhum país avançado atingiu tal ponto de desenvolvimento com Estado minimo. Parem de ler Constantino e estudem os classícos. Comecem por Adam Smith, e depois a gente conversa.

  9. Debatendo o tabu da centralização

    Tanto em regimes comunistas quanto nos capitalistas a questão da centralização dos poderes econômico e político me parece importante demais para ser desprezada. E nossa mais dolorida e renitente chaga não está no resultado nacional e sim nas desigualdades desses poderes econômico e político. E há o mercado internacional, sim, mas também o nacional. Geralmente os governos comunistas centralizam o poder político enquanto nos capitalistas, o poder econômico é que tende a ser centralizado. Será que poder econômico precisa significar poder político? Será que não há como evitar a ingerência sobre o que é público pelas forças do poder privado? Será que sempre haverá corrupção? Digo, corrupção da natureza pública do estado, voltando-o sempre para o “socorro” e o suporte preferencialmente aos grandes grupos privados?

    Adotando políticas centralistas, de poucas e enormes empresas da iniciativa privada, estatais ou autarquias pode ser que o resultado nacional melhores mas isso não fará do Brasil um país próspero. Assim se é importante que nos modelos para as PMEs contemple-se a “inserção de pequenas e micro empesas nas cadeias produtivas das maiores”, bem o fazem, como você apontou, Tânia Bacelar de Araújo de Pernambuco e o mineiro Clelio Campolina Diniz ao examinarem as políticas de desenvolvimento regional. Talvez seja uma boa ideia pensarmos em, além de transformar cidades menos populosas em metrópoles,  incentivarmos a prosperidade e a autosuficiência de cidades, além da criação de novas pequenas e prósperas cidades. Os EUA, para quem gosta de comparações com esse país estrangeiro, apesar de ter população e área perecidas com as nossas, tem 3 vezes mais unidades municipais… Não que seja, esse país, nenhum modelo de promoção de desigualdades de oportunidade mas será que conseguiremos ser um grande país – em todos os aspectos, econômico, político, prosperidade e participação – sem que todos sejam contemplados?

    1. Complementando talvez seja

      Complementando talvez seja essa a hora de pensarmos menos em sermos individualmente VIPs, com grandes “amigos” – na verdade, sócios – deputados, juizes e senadores, fidalgos enfim, para pensarmos em cidadania e patriotismo. Talvez seja bom, nesse momento, pararmos de pensar no que o país pode fazer por nós e pensarmos no que podemos fazer pelo nosso país, como disse um presidente de um outro país…

  10. Falta tudo

    Grande nassif oráculo grego. Falta tudo…e tem orgãos demais…peixadas demais…dinheiro pelo ralo (110 bilhões) e poucos, mas poucos resultados. Estado inchado e ineficiente e vamos ser sinceros, 39 ministérios nem em Marte existe. E outra coisa, em 10 anos a Coréia do sul fez uma revolução na educação e em Ciência e Tecnologia. Estamos a mais de 12 anos com essa “lenga lenga”. Boas ideias as suas, porém lá em cima ninguém quer escutar, nem a gerente. saudações

  11. Ah tá. Entendi.

    Vou contar uma história que me foi passada por um amigo carioca quando em visita ao Rio à trabalho. Dizia ele: “Eu moro pertinho da favela de Jacarezinho e lá como em todas favelas do Rio quem manda são os traficantes. Cara, os camaradas são gente boa, basta você não se meter com eles. Se você precisa de alguma coisa, por exemplo, médico, remédio e até uma grana para pagar uma dívida, eles emprestam na maior, sem juros. Bem, se eles precisarem de você, não para o tráfico, mas um favor tipo levar uma encomenda sem abrir, esconder um bagulho na sua casa, ai você tem de ser “amigo” também. O local antes era horrível, o poder público nunca foi lá, mas agora tem ruas asfaltadas, luz, água encanada, muito comércio e sabe porque? Os camarada, meu irmão. Eles conhecem um bocado de gente de grana e ajudam a comunidade”. Eu fiquei perplexo. Então disse: você é a favor do tráfico? resposta: “Não, mas dane-se quem se vicia. A maioria são os riquinhos e se podem pagar problema deles. Esses riquinhos não tão nem ai prá gente. Vivem se exibindo com seus carrões, mas quando vem aqui comprar os bagulhos ficam com o rabo no meio das pernas, porque aqui o bicho pega”. Ainda não acreditando no que ouvia, disse: você tem raiva dos ricos? resposta: “Claro que sim, porque esses … são um bando de mascarados exibidos”. E quando você for rico aonde vai morar? resposta: “No Leblon. Meu irmão, lá é o ó-do-borogodó”. Ah tá. Entendi. O que isto tem haver com o assunto? Tudo. Como pode haver tanto recurso disponível se quem esta no poder para ordená-lo são “traficantes da ilusão”? O Brasil nunca vai dar certo nas mãos de quem mente, engana, mata, rouba e se enriquece às custas do povo. Você é amigo do poder? Tá bravinho? Ah tá. Entendi. 

  12. A tendência de associar a

    A tendência de associar a economia antiga à racionalidade da digitação monetária, avaliando somente os resultados dos bancos, assumiu o desenvolvimento completo para toda gama de crescimento formalmente aplicado no país, pelo fato de que as relações sociais não precisam ser condicionadas aos investimentos externos.

    A contribuição mais valiosa para o mercado de dinheiro, oferecida no momento pelos bancos e agências de investimentos, são as transferências especulativas montadas sobre o regime de crise; justamente para frustrar um plano sistemático de governo.

    Devido o eterno problema da tal relação de continuidade do domínio público, a moda mundial é confundir tudo que é moderno; inventando uma corrente de retrocessos da memória racional para defender para si o valor da razão social – sem dar-se ao Estado o significativo histórico que se designam aos conceitos de fatos da origem.

  13. Ué, mas ela não era a Super Gerente?

    Uma Super Gerente deveria saber utilizar as ferramentas que tem à disposição… 

    Lula vivia dizendo que ela era suuuuper competente. Já está comprovado que não.

    Vai saber o que ele tomava na época pra acreditar nisso, né? Talvez a gente não tenha percebido a extensão dos danos que o álcool provocou nos neurônios dele… o grande Brahma…

  14. Se quando Dilma tinha

    Se quando Dilma tinha aprovação de 60 por cento não quis -ou não teve capacidade – de implementar o que o Nassif arrolou, imagina agora que ela tem um sexto disso. A meta de Dilma é ir até o fim,não renunciar (não acredito que haverá o impeachment )  e não entregar um país financeiramente quebrado e com pib um fio de cabelo acima do zero  para 2018. O resto é perfumaria. 

  15. Preço relativo do desenvolvimento e o dilema: mudar ou não

    Excelente artigo do Cláudio:

    Mais calorias, mais “grandes” religiões no mundo?

    Mais sanduíches, mais missa?

    Vi na banca de revistas uma tal de Mente e Cérebro com uma chamada bombástica: Estudo associa surgimento de religiões modernas ao acúmulo de calorias. Achei que leria umas cinco ou seis páginas mas, infelizmente, só duas.

    Mas a idéia é a seguinte: alguns autores, em um artigo (cujo título a matéria não cita, né, redator?) na Current Biology, parecem afirmar que a maior oferta de alimentos é um fator causador do crescimento de “grandes” religiões.

    Ok. Aí eu parei de ler a revista, já que nem o título do artigo era citado e pesquisei. Eis o autor, Nicolas Baumard. Agora, eis o artigo (dentre outras publicações interessantes), com os links originais da página do prof. Baumard:

    Baumard, N., Hyafil, A., Morris, I., and Boyer, P., (2015) Explaining the Axial Age: How Energy Capture Favored Ascetic Wisdoms and Moralizing Religions, Current Biology (Supplemental Information) See also Science’s coverage, as well as Konika Banerjee and Paul Bloom’scomment article in Current Biology.

    Fiz questão de colocar em forma de citação para ver se alguém na revista desperta para a realidade. Agora, vamos fazer o trabalho informativo que a revista não fez. Vejamos o resumo do artigo, em partes.

    Background: Between roughly 500 BCE and 300 BCE, three distinct regions, the Yangtze and Yellow River Valleys, the Eastern Mediterranean, and the Ganges Valley, saw the emergence of highly similar religious traditions with an unprecedented emphasis on self-discipline and asceticism and with ‘‘otherworldly,’’ often moralizing, doctrines, including Buddhism, Jainism, Brahmanism, Daoism, Second Temple Judaism, and Stoicism, with later offshoots, such as Christianity, Manichaeism, and Islam. This cultural convergence, often called the ‘‘Axial Age,’’ presents a puzzle: why did this emerge at the same time as distinct moralizing religions, with highly similar features in different civilizations? The puzzle may be solved by quantitative historical evidence that demonstrates an exceptional uptake in energy capture (a proxy for general prosperity) just before the Axial Age in these three regions.

    Pronto. Entendi o problema. Existe uma questão histórica interessante sobre a convergência do que Douglass North chamaria de instituições informais, na forma de religiões. Ou seja: por que é que tantas religiões de características normativas similares, apareceram na mesma época? Bela questão. Vejamos mais um pouco.

    Results: Statistical modeling confirms that economic development, not political complexity or population size, accounts for the timing of the Axial Age. Conclusions: We discussed several possible causal pathways, including the development of literacy and urban life, and put forward the idea, inspired by life history theory, that absolute affluence would have impacted human motivation and reward systems, nudging people away from short-term strategies (resource acquisition and coercive interactions) and promoting long-term strategies (self-control techniques and cooperative interactions).

    Ah, agora sim. Na revista que comprei (e com a qual já antipatizo, tamanha a falta de informações básicas como a simples referência bibliográfica), nada de muito detalhado sobre isto e já entram numa de “vamos ver as outras opiniões” sem, sequer, reconhecer que muitas críticas não fazem nem sentido, já que não partem do mesmo modelo estatístico para discutir os problemas do mesmo, etc.

    Esta história de “meta-crítica” que começa dizendo que o uso da estatística não pode porque eu não sei estatística, mas não vou admitir isto (tudo com hífens…) não cola nos leitores deste blog, bem mais sofisticados do que imagina a vã imaginação de certos jornalistas. Sempre que vejo algo assim, fujo. Mas vamos em frente.

    Mais sobre calorias e religião…qual é o mecanismo?

    A escassez/abundância de alimentos importa? Vejamos o que diz o próprio autor.

    Finally, the effect of affluence on religion could be understood in terms of life history theory [2], specifically focusing on the contrast between a ‘‘fast’’ strategy, with short-term investment of resources (e.g., early reproduction, more off-spring, and less nurturing), and a ‘‘slow’’ strategy, with opposite characteristics [23, 27]. Shifts of strategies are known to be triggered by environmental cues, such as the harshness or unpredictability of environments; they result in lower or higher degree of cooperation [22, 24, 28] and in investment in the self [29], a phenomenon originally described by Maslow in his ‘‘pyramid of needs’’ model [30, 31]. [Baumard, N. (2015), p.3]

    O estudante de Economia que já avançou um pouco no curso reconhecerá vários elementos importantes neste trecho. Afinal, a estratégia, a natureza, a escassez, a diferença entre curto e longo prazo, a imprevisibilidade e o investimento não são termos tão estranhos assim, não? O argumento tem aquela história do Maslow que, se não serve para explicar a origem de nossas preferências (como destacam McKenzie e Tullock no cap.3 do antigo The New World of Economics, 1978, um belo livro-texto básico desconhecido por aqui), serve para ilustrar como economistas entendem (e complementam) o argumento de Baumard:

    Maslow apparently has observed that people fulfill a higher percentage of their physiological needs than other needs. Our line of argument suggests that this may have been the case because the price of physiological need fulfillment is lower than the prices of fulfilling the other needs. [McKenzie, R.B. & Tullock, G. (1978). The New World of Economics – Explorations into the Human Experience, Richard D. Irwin, 1978, p.49]

    Afinal, como diz Baumard:

    In this life history perspective, a massive increase in prosperity and certainty during the Axial Age may have triggered a drastic change in strategies, shifting motivations away from materialistic goals (acquiring more wealth, higher social status) [23] and short-term aggressive strategies (‘‘an eye an eye’’) [24], typical of fast life strategies, toward long-term investment in reciprocation (‘‘do unto others.’’) and in self-development (variously described as the ‘‘good life’’ or ‘‘self-actualization’’ in Maslow’s original theory). This shift in priorities progressively would have impacted religious and intellectual traditions through a transmission bias, in favor of doctrines and institutions that coincided with the new values [2, 4, 32]. In a nutshell, at some point in the middle of the first millennium BCE, old ‘‘ritual’’ religions emphasizing short-term strategies would have been supplanted by new ‘‘spiritual’’ religions that emphasized long-term strategies through asceticism and self-control techniques.

    Repare como o argumento é, basicamente, o mesmo de McKenzie & Tullock: a oferta de alimentos triggered (“disparou”, ou “disparou o gatilho de”, ou, simplesmente, “mudou o preço relativo de X em relação a Y”) a cooperação, tornando o custo de oportunidade de cooperar menor do que o de não cooperar.

    O restante do artigo (que é bem pequeno, por sinal) especifica a amostra e os controles utilizados no modelo (que é um Poisson). Pode-se ver nos links acima que o autor deixa disponível tanto o artigo original como o mesmo complementado com algumas observações adicionais sobre as variáveis utilizadas.

    Pois é. A discussão do autor é importante porque nos remete aos bons e velhos problemas que a Nova Economia Institucional levanta na discussão sobre o desenvolvimento econômico, notadamente na sua dimensão histórica (e inescapável?).

    Para terminar, uma imagem que, se não vale mais do que mil palavras, deveria ao menos ensejar uma discussão séria (ou seja, que tenha, no mínimo, mil palavras…).

    Reza para Deus fazer passar logo a crise, ou apenas faça a saudação à mandioca (e ao milho).

    UPDATE: Antes que eu me esqueça, leitor, veja como aquela história de explicar tudo pela ética protestante (ou católica) do capitalismo não é um argumento bom. Eu tinha feito um resumo sobre isto em uma nota de aula (aqui), usando o argumento de Plateau & Hayami (1998) e, agora, vou ter que atualizar com esta hipótese das calorias. Mas o mais bacana é, como já dizem por aí, que Weber não é assim tão poderoso…na melhor das hipóteses, mais um fator potencialmente causal.

     

  16. Agenda real, primeiros passos…..

     Sobreviver politicamente, já as possiveis “agendas positivas”, dependem alem da sobrevivência politica, de sobreviverem ao aprofundamento do “ajuste fiscal”, e sempre estarem vigilantes no quesito de sobreviverem a qualquer incursão de intimoratos e bravateiros membros dos MPs variados, e de seus comparsas da midia, afinal provas nem são necessárias para qualquer projeto ser torpedeado por estes seres tão probos, basta uma notinha de jornal, que qualquer investidor de “agenda positiva”, desiste do negócio. ( As possiveis “debentures para estrutura” , já são encaradas pelo mercado como um papel de risco, alem de economico-financeiro, a “Lava-Jato” acrescentou ao risco deste tipo de papel, um sério componente juridico e politico – é até mensuravel com um novo modelo de analise, exclusivamente jabuticaba ).

      Fora estes “minimos e pontuais” entraves, e outros somenos importantes, como: Ministros batendo cabeça, ou querendo manter seu feudo intacto, entidades publicas que se degladiam a todo instante em busca de protagonismos economicos, politicos e egolatras, alguns inclusive com certos ressentimentos referentes a algumas atitudes passadas esgrimidas pela “Gerentona”, como nos casos da EPL, EMBRAPII, APEX, CNI – sem falar de como ela é “amada” no Itamaraty.

        Nem preciso comentar sobre as reduções da Petrobrás relativas a investimentos, uns 40% são quase um nada, ou a atual paralisação de quase todos os projetos relativos a Defesa – só o dos submarinos esta andando, não graças a nós, mas a complacência francesa. ( E tb. devido ao presuntivo 1o Ministro, Eduardo Cunha, que não quer perder seu feudo eleitoral e de seus cupinchas no Rio de Janeiro ).

        Portanto, tirando estes “minimos” óbices, para uma “agenda positiva”, só falta o pontapé inicial, afinal está tudo “mamão com açucar ” , tipo com Sheik e Guerrero é Mengão Campeão.

  17. Guerra cibernética: Mapa em tempo real do cyber ataque

    Será que começou a guerra, a queda da bolsa da China é o estopim?

    After a series of cyber failures involving first UAL, then this website, then the NYSE which is still halted, then the WSJ, some have suggested that this could be a concerted cyber attack (perhaps by retaliatory China unhappy its stocks are plunging) focusing on the US. So we decided to look at a real-time cyber attack map courtesy of Norsecorp which provides real time visibility into global cyber attacks.

    What clearly stands out is that for some reason Chinese DDOS attacks/hackers seem to be focusing on St. Louis this morning.

    Whether this is related to the series of suspicious cyber failures today, is so far unclear, although if there is a connection at least there is a way to keep track of the first global cyberwar in real-time.

    1. Suspeita que a Nyse quebrou

      What began as a glitch in pre-market trading turned into the NYSE’s longest trading halt since Hurrican Sandy battered the East Coast. The ever-increasing complexity of US equity markets combined with an ever-decreasing pool of greater fools leaves windows open on down days (for it appears these ‘glitches’ only ever occur on down days) for markets to break. While NYSE traders defended the very market structure they have abhorred in the past as evidence that today was “not a failure,” we can’t help but find CNBC’s Scott Wapner’s amusing remark that “if retail investors want low cost liquid trading they are going to have learn to live with it” the perfect post-mortem for a rigged system brimming with confident insiders ever excited to take mom-and-pop’s money.

      As Bloomberg reported, “What began Wednesday morning with a seemingly workaday software glitch soon escalated into one of the most startling computer outages in Wall Street history — and, for the Big Board, a race against the clock.”

        

      At the 9:30 a.m. opening bell, traders’ orders for some stocks weren’t reaching the proper destinations for processing. Techies were frantic to fix the problem. At about 9:32 a.m., they succeeded.

       

      Two hours later, boom.

       

      One floor trader started shouting, “My handheld’s down! My handheld’s not working!” He and other traders hurried over to a ramp on the trading floor where NYSE executives usually meet with them to explain any problems. Not today. Three hours later, still nothing. Everyone was just standing around.

       

      “The order flow wasn’t being entered into the display books on the trading floor,” said Pete Costa, president of Empire Executions Inc. who’s worked at the exchange in downtown Manhattan for 34 years. “As soon as that happened, the exchange shut down to understand what was going on.”

       

      Every computer screen “went this pukey, canary yellow color,” Costa said. “That means the stock has stopped trading.”

      NYSE BREAK #1 Occurred shortly before the market open as the SNB-driven rebound from overnight weakness was beginning to fade…

      Stocks rallied into the open while the NYSE was broken.

      The issues were resolved shortly after the market opened… and stocks then plunged:

       

      The tumbling stock market meant there was only one option:

      NYSE BREAK #2 Occurred shortly before the European close…

       

      And once again… stocks ripped higher and the world rejoiced that Greece and China didn’t matter after all.

       

      But then, once that problem was resolved, stocks plunged again, which left only one option for the PPT which learned its lesson from China where if there is selling, just halt the stocks being sold.

      NYSE BREAK #3 – The Big One started shortly after the European close with stocks near the lows of the day…

      CNBC went into full “turmoil” mode:

       

      And this happened:

       

      The NYSE CEO told CNBC that he “didn’t know” if the early halts and glitches were related to the catastrophe that halted the entire exchange for almost 4 hours. Well as a help for him, here is a simple chart from Nanex that shows the last group of trades before the NYSE Blackout were in the same stocks they reported an issue with earlier in the day…

       

      Simply put – they were related.

      Why does the market break? Here’s why: an ever increasing level of complexity in the market structure (as machines game each other to death)…

       

      … Meets an ever-decreasing pool of greater fools:

       

      But why 4 hours?

        

      RUHLE:  Why not roll over to your fail system, your backup? 

       

      FARLEY:  We chose the least disruptive option for customers.  So if we had moved to our Disaster Recovery Center, which was an option, customers would have had to do a good deal of work to be able connect to that new Disaster Recovery Center. 

       

      Contrast that with what we chose to do, which was root out the problem, put a plan in place to fix it, fix it, reopen the New York Stock Exchange, and there was no work for the customers to do to connect to the New York Stock Exchange.

      So, to summarize, the NYSE has a disaster recovery center which… they choose not to use because it is an inconvenience to clients who would rather be unable to trade!

      Maybe there was a different angle altogether: with China crashing and halting 70% of the market, the US had just one response:

      Here is the “official” reason according to the NYSE CEO:

        

      RUHLE:  And do you attribute this to a system upgrade? 

       

      FARLEY:  I’m not 100 percent certain, because as I said, most of the day I spent with customers and staff.  There was a configuration problem in our system.  It likely had to do with an upgrade, but that is premature, and it’s something that will come about as part of a full analysis of the situation.

      Of course it’s not the first time NYSE has been halted (as MotherJones reports)

        

      It’s not the first time a random event has interrupted the 223-year-old stock exchange. Most memorably, the NYSE closed following V-J Day, when troops returned at the end of World War II, and for three full days after the terrorist attacks of September 11, 2001. But the NYSE has closed for everything from the funerals of major world figures—such as Queen Victoria of England (1901), Rev. Martin Luther King, Jr. (1968), and Richard Nixon (1994)—to extreme heat (August 4, 1917).

       

      Here is a brief history of events that halted trading at the New York Stock Exchange.

       

      September 1873: The collapse of the Jay Cooke & Company, a major financial institution, caused the New York Stock Exchange’s first closure, for 10 days, due to market calamity.

       

      July 1914: The start of World War I in Europe shuttered the exchange for four months, the longest closure on record.

       

      May 25, 1946: The NYSE shut down due to a railroad strike, part of one of the largest waves of strikes in US history.

       

      1967 – 1996: Over this span of 29 years, eight ferocious blizzards either delayed the opening bell or closed the exchange early.

       

      February 10, 1969: A snowstorm dubbed the “Lindsay Storm” shuttered the stock exchange for a day and a half amid 15.3 inches of snow.

       

      July 21, 1969: This closure was planned, to celebrate the Apollo 11 moon landing.

       

      July 14, 1977: The NYSE closed due to a major blackout across New York City.

       

      October 27, 1997: A failsafe instantaneously stopped all trading for 30 minutes after the Dow Jones Industrial Average plunged 350 points.

       

      May 6, 2010: The same circuit breaker that closed the NYSE in 1997 halted trading after a “flash crash” caused by automated high-frequency trading.

       

      September 11, 2001: Terrorist attacks closed the exchange through September 14. The exchange also closed exactly a year later to mark the anniversary of the attacks.

       

      October 29 – 30, 2012: The NYSE shut down while Hurricane Sandy battered the Eastern Seaboard. It was the first time a weather event closed the market for two full days in 124 years, after a snowstorm that dumped more than 40 feet of snow closed the exchange in 1888.

      And won’t be the last: as we wrote last year, the entire market is now like the infamous “social-network” stock CYNK that never existed: it too was pumped up to ridiculous valuations on no volume, not to mention no revenues, no profit and no employees … and then when the selling began it was quietly halted.

      Permanently.

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