Aplicativo TrateCov não foi hackeado, ao contrário do que Pazuello disse à CPI

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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"Hoje temos laudo pericial que classifica como extração indevida de dados. Não houve alterações na plataforma porque o sistema é seguro", afirma Mayra Pinheiro

Jornal GGN – Conhecida como “capitã cloroquina”, a secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, revelou à CPI da Pandemia nesta terça (25) que o aplicativo TrateCov não foi hackeado e manipulado como sugeriu o ex-ministro Eduardo Pazuello na semana passada. Para o relator da CPI, Renan Calheiros, a informação é inédita e mostra que Pazuello mentiu sobre a plataforma que gerou alarde na opinião pública por indicar o uso de cloroquina em pessoas com suspeita de Covid-19.

Mayra explicou que o aplicativo foi idealizado e gestado dentro de sua secretaria após sua visita a Manaus, no auge do colapso do sistema de saúde, com escassez de oxigênio e inúmeras mortes por asfixia. De acordo com a médica, o TrateCov foi espelhado no AndroCov, que é um estudo internacional, usado pela OMS, voltado à criação de uma ferramenta digital que forneça um “score clínico para diagnóstico de covid-19”.

“Você tem a doença e o score confirma. Esse era o cenário para Manaus, diante da necessidade de atendimento rápido à população.” Em sua defesa, Mayra disse que São Paulo também tem um aplicativo parecido em uso, mas para detectar casos de dengue. O presidente da CPI, Omar Aziz, reafirmou que no contexto da pandemia, Manaus foi “usada de cobaia”.

Pazuello, segundo Mayra, teria sido apresentado a uma versão “protótipa” do aplicativo em 11 de janeiro de 2021. Entre 11 e 20 de janeiro, o Ministério da Saúde trabalhou no cadastro de médicos de Manaus que seriam os usuários da plataforma. Na madrugada do dia 20, contudo, e segundo o relato de Mayra, um jornalista chamado Rodrigo Menegatti teria feito “uma cópia da capa inicial da plataforma, abrigou em suas redes sociais e fez simulações fora de qualquer contexto epidemiológicos, causando prejuízos à sociedade”. Isso porque a ação provocou a suspensão do app para investigação.

“Essa ferramenta poderia ter salvo muitas vidas em auxílio aos testes diagnósticos. Poderia ter ajudado as secretarias estadual e municipal de Saúde a diagnosticar precocemente os casos e prosseguir ao isolamento dos casos comprovados e acompanhar os casos suspeitos. Tudo foi perdido por essa invasão”, alegou a secretária. “A ordem do ministro [Pazuello] quando soubemos pela imprensa do uso indevido foi retirar a plataforma do ar, afastar o servidor [que tinha criado o app] para fazer a investigação necessária.”

Mayra ainda desmentiu Pazuello ao confirmar que o jornalista não conseguiu manipular ou adulterar as informações do aplicativo. “O sistema é seguro e ele não conseguiu hacker. Foi uma extração indevida de dados. O termo que foi usado é de leigos. Hoje temos laudo pericial que classifica como extração indevida de dados. Não houve alterações na plataforma porque o sistema é seguro. Foi retirado do ar para investigação.”

Senador pelo Amazonas, Omar Aziz, não digeriu bem a revelação. “Se a senhora tinha tanta certeza de que ia salvar vidas, por que não devolveu o aplicativo ao ar? A senhora deixou de salvar vidas no meu estados!”, exclamou.

Ele prometeu convocar os técnicos responsáveis pelo TrateCov à comissão.

Acompanhe o depoimento pela TVGGN:

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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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