Aquela Coroa Ruiva e A Homerização do Telespectador

René Amaral

 

“_Boa Noite, meu nome é Leilane Neubarth e você está no Jornal da GloboNews, edição das 18:00 h.

“_ Sabe aquela empresa, daquele país do oriente, perto daquela ilha enorme que também é um país, onde tem aqueles bichos com aquela bolsa na barriga? Pois é, caiu um avião daquela empresa… 

“_Não! Não foi aquele que caiu naquele oceano perto da Índia naquele mês que tem carnaval, esse caiu, ou foi derrubado, perto daquele país que fez aquele golpe de estado, que era parte daquela república, onde tinha aquele sistema político onde não existe aquela propriedade privada…”

É assim toda noite às 18:00, o nome dela, que todo mundo já sabe, é repetido ad nauseun toda noite enquanto se balançam suas ruivas madeixas, os cabelos continuam os mesmos, já a notícia… quanta diferença. 

É a fulanização do fato, não importa que ela saiba que o voo que caiu em fevereiro era da Malaysian Airlines, o MH 370, e o que caiu ontem foi o MH 17, essa é a informação que tem que ser repetida, quantas vezes se falar do assunto, o nome da ruiva idiota é supérfluo, todo mundo sabe.

À primeira vista  podemos pensar que se trata de sério vício de linguagem, sintomas de uma educação falha e a total ausência de leitura e informação (o que parece mesmo ser verdade).

Minha enteada mais nova, até eu começar a empurrar-lhe a leitura de livros como castigo, chamava presunto de“aquele negócio rosa”.

Essa forma idiota e idiotizante de informar, entretanto, é na realidade uma estratégia de comunicação.

Cada vez mais gente vem tendo acesso às TVs por assinatura, e não é por que baixou o preço, é por que nos últimos 12 anos, as classes mais desfavorecidas tem alcançado cada vez mais acesso a produtos e serviços antes exclusivos dos abastados. 

Em sua safadeza típica, a Rede Grobo acha melhor baixar o nível do jornalismo até atingir o que eles (erroneamente) consideram como o nível da audiência, que tentar fazer essa nova audiência galgar a distância que (supostamente) os separa dos assinantes mais antigos.

É o nivelamento por baixo.

Já ocorreu na TV aberta, quando o acesso maior à eletricidade e aparelhos de TV possibilitou aos “destelevisados” o acesso à programação das TVs. Ao invés de manter o nível, relativamente mediano, e educar o telespectador, eles preferiram se bater numa luta por audiência contra emissoras que sempre atenderam à população menos instruída, as que sempre tiveram uma linguagem mais informal, e precária.

Na TV aberta verificou-se uma queda vertiginosa da qualidade dos programas, aberrações como BBB, Luciano Huck, Faustão, Regina Casé (quem diria!) pipocaram espantando o espectador mais exigente das TVs abertas, que  já eram uma merda, mas ainda tinham alguma coisa de qualidade.

Começou a migração (eu não assisto TV aberta desde 1997).

Mas a migração também acabou por atingir as multidões da nova classe média, e de novo, incansáveis na sua canalhice, as emissoras, principalmente as do sistema GROBO, resolveram nivelar por baixo.

A qualidade dos programas e do jornalismo está em franca decadência e a tentativa de manipulação corre frouxa!

Aquela senhora por exemplo, a Coroa Ruiva, que nada tem de idiota, é mestra em truques semióticos pra influenciar uma audiência que, cada vez mais se desenha como de mulheres de meia idade, baixa instrução e sem hábito de se informar. 

Elas aceitam que a notícia lhes seja transmitida de maneira (suposta e artificialmente) informal, como se fosse fofoca. Para pontuar suas tentativas canhestras de manipulação, ela (aquela coroa ruiva) bufa, suspira, faz caras e bocas, muxoxos e caretas que tem como objetivo influenciar subliminarmente a audiência, altamente receptiva a esses signos não verbais.

Isso se repete em todos os telejornais da emissora, cada vez mais apresentados por mulheres. 

As mais careteiras são aquela magricela mal vestida (Heloísa Gomide), aquela Betty Boop de meia idade (Leila Staremberg) e aquela filha de ministro  de FHChado, sósia da Maga Patalógica (Maria Beltrão).

Não espere nada melhor dos homens, os que tem ganhado maior projeção nas bancadas são justamente os dandis, os efeminados, que tem a mesma capacidade feminina de colocar, em signos e sinais não verbais, a tentativa de influenciar a opinião de quem assiste.

Verdadeiras bichas semióticas. (bicha de rodeio= pequenas bombinhas de S.João)

Quando o Willian Bonner disse que falava para Homer Simpson, não podíamos imaginar que iam tentar fazer uma Odisséia Homerizante de toda a população brasileira! 

Uma verdadeira Homeríada, ou uma Homerorróida?

Redação

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