Aquífero Guarani terá sistema de dados unificado

A Agência Nacional de Águas (ANA) deverá concluir sistema brasileiro de informações do Aquífero Guarani em seis meses. O prazo foi definido entre ANA, Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM), ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME).

Nos próximos anos, o Nó Nacional de informações será interligado ao nó dos demais países que estão sobre o reservatório: Argentina, Paraguai e Uruguai. O primeiro passo, antes, será reunir os dados fornecidos pelos estados brasileiros (São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

A organização das informações de um dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo deverá ser disponível numa única plataforma para facilitar a gestão e o acompanhamento da quantidade da água do aquífero. A proposta foi estabelecida dentro do Programa Estratégico de Ação (PEA) do Sistema Aquífero Guarani (SAG) publicado há pouco mais de um ano pelos quatro países que integram o reservatório (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).

As últimas avaliações realizadas para o PEA ajustaram a área total do Aquífero Guarani em 1,087 milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a 92% da estimativa original. O Brasil é o país com maior espaço do reservatório, tendo 61% da área. Em seguida, vem a Argentina, que está sobre 21% do SAG, Paraguai com 8%, e Uruguai com 3%.

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O PEA também define as responsabilidades estruturais entre todas as nações envolvidas no programa. O Comitê de Sistema de Informações ficou a cargo da Argentina. O Brasil será responsável pelo Comitê de Monitoramento e Modelação, enquanto que, o Paraguai, do Comitê de Capacitação e Difusão, e Uruguai, do Escritório de Articulação.

A população que vive na área de ocorrência do SAG é de aproximadamente 30 milhões. Nas áreas de afloramento, ou seja, quando as águas do Guarani emergem naturalmente à superfície, a população é de 3,7 milhões (12,5% da área total do aquífero).

Estudos mais recentes também apontam para uma reserva total de 30 mil quilômetros cúbicos de água, aproximadamente. Segundo o gerente de águas subterrâneas da ANA, Fernando Roberto de Oliveira, considerando as áreas de recarga, ou seja, locais próximos a cabeceira de rios e lagos que recebem constantemente água das chuvas, o Aquífero Guarani arrecada cerca de 1 mil quilômetros cúbicos por ano, exatamente o total absorvido, no mesmo período, pelas atividades humanas.

Portanto, se fosse necessário dobrar a quantidade de água utilizada atualmente, considerando as 30 milhões de pessoas que vivem sobre o aquífero, o reservatório levaria 30 mil anos para se esgotar.

As zonas de afloramento são mais suscetíveis aos impactos das atividades humanas. Segundo o relatório do PEA, a contaminação também pode ocorrer em áreas próximas onde o basalto que recobre o aquífero está fraturado.

Mesmo assim, as análises de amostras apontaram que a contaminação, considerando o SAG inteiro, é mínima. Antes de chegar no reservatório, a água é filtrada e purificada naturalmente através da percolação (fluxo da água através do solo). Essa é a vantagem de reservas subterrâneas em relação às águas de rios e lagos.

Além do abastecimento público, existem várias aplicações econômicas das águas do Guarani, como o desenvolvimento de atividades industriais e agroindustriais (climatização de ambientes, secagem de madeira; fermentação de cevada para produção de cerveja; culturas em estufas; aquicultura; operações intensas de descongelamento), e o desenvolvimento do turismo com a instalação de estâncias hidrotermais.

A espessura das rochas arenosas que recobrem o sistema oscila entre 200 e 800 metros. E a profundidade do reservatório chega a atingir 1.800 metros, em algumas localidades – diferenças que contribuem na variação da temperatura da água entre 20 graus centígrados e 60 graus centígrados.

Para se ter ideia, apesar de 70% da Terra ser coberta de água, apenas 2,5% constitui-se de água doce. Desse total, 99% correspondem à parcela de águas subterrâneas, e os outros 1% ao volume de água doce superficial (rios e lagos). O Brasil tem 18% da água doce do planeta.

Redação

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