Por jluizberg
Comentário ao post “Como os governos devem encarar a internet“
Nassif,
Infelizmente, acho que a coisa é um pouco mais embaixo:
“1.Separar a infraestrutura e as ferramentas dos produtos finais.
As grandes redes poderão desenvolver ferramentas e oferecê-las para portais e sítios. Mas não poderão concorrer no modelo final de negócio. E deverão obedecer a regras explícitas de neutralidade nos sistemas de buscas.”
Não é algo muito fácil de ser feito, principalmente por causa da restrições da legislação local face às dos diferentes países, e a globalidade da Internet. Então legalmente não é possível restringir a atuação das empresas estrangeiras. O que poderia ser feito é bloquear o acesso aos serviços das empresas que não atendessem aos requisitos, mas isso violaria a neutralidade da rede e significaria uma intervenção do estado na liberdade da Internet, algo completamente oposto a todo o posicionamento Brasileiro até o momento.
“2.Portabilidade nas redes sociais.
Hoje em dia, o Facebook tem porta de entrada para colocar conteúdo de outros sites; mas não tem porta de saída, impedindo o compartilhamento de seu conteúdo. E a massa de usuários que têm praticamente inviabiliza a competição para novas redes – inclusive redes temáticas. O caminho seria obrigar todas as redes a utilizar os mesmos protocolos de maneira a permitir o compartilhamento do conteúdo e de usuários. Tipo: eu, na rede Z, posso conversar com o usuário da rede A. Ou posso incorporar em minha rede o conteúdo de outras redes.”
É muito mais fácil falar do que fazer. Cada serviço tem seu protocolo, funcionalidades e dificuldades técnicas próprias, e conseguir enquadrá-los em um mesmo padrão é um pesadelo tecnológico. Além disso, a utilização de padrões tem um problema decorrente: acaba com a inovação. Se você precisa se adequar ao padrão existente, como vai introduzir novas funcionalidades? Isso nivelaria todos os serviços e acabaria com a diferenciação.
Não fiquei sabendo do debate, então não participei, mas eu faria três sugestões sobre o assunto:
– Criar uma governança global da Internet, movendo o controle para fora dos EUA, e transferindo para uma organização onde as decisões fossem tomadas em conjunto por todos os países que participam da Internet; tenho minhas dúvidas se a ONU seria o melhor lugar para isso, porque a participação lá não é homogênea, pois alguns países tem poder de veto.
– Investir na melhoria dos cabos submarinos mundiais, criando novas rotas e eliminando os gargalos regionais, que fazem com que todo o tráfego passe por um único lugar. Com rotas redundantes a Internet seria mais rápida e segura e evitaria que um país pudesse bisbilhotar todas as comunicações. Na esfera nacional, trabalhar duro na infraestrutura das cidades, elaborando padrões para que a conexão de rede passe a ser vista como infraestrutura normal, como gás, eletricidade, água e esgoto. Dessa forma, a última milha do acesso seria um serviço público, disponível para todos, e as pessoas pagariam somente pelo serviço utilizado sobre a infraestrutura.
– Na área de software, acho muito complicada qualquer restrição governamental. A Internet nasceu e cresceu baseada na liberdade e diversidade, e acho que deveria continuar assim. A principal ação governamental nesse sentido deveria ser o fomento à pesquisa, criando padrões e financiando startups que possam competir com as empresas estabelecidas. Se os padrões forem bons e os serviços funcionarem, as pessoas vão aderir naturalmente. Mas isso só vai funcionar se existirem investimentos de verdade, e proteções para que essas novas empresas não sejam simplesmente compradas pelas já existentes.
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Muito bom!
acho que sem a neutralidade a internet perde o sentido.
Achei o comentario excelente
Achei o comentario excelente mas quando o comentei falei em nome de Nassif e nao me dei conta que ficou meio pretensioso. Meus comentarios:
Ponto 1: nao entendi. Se sao “regras explicitas”, como isso se tornaria violacao da neutralidade mais tarde exceto se o governo seguir sua sugestao de bloqueamento? O que ha de errado com multas?
Ponto 2: a visao do Nassif nao era tecnica a esse pontoque voce chegou, especialmente porque ele estava falando do ponto gerencial. O que ele estava dizendo eh a respeito de migracao de conteudo sem alguem latir no ouvido a respeito de propriedade intelectual. Quanto aa conversa intra-redes, de novo, do ponto de vista gerencial ela pode ser bem mais importante pra ele do que pra alguem que tem uma ou duas redes sociais para -digamos- bate-papo entre amigos e familiares.
“Na área de software, acho muito complicada qualquer restrição governamental”:
Acho que voce interpretou errado. Ele estava falando de unificacao de protocolos intra-redes. Nao abrange diretamente desenho de software.
(Se nao for isso, acorrija me, Nassif)
“Criar uma governança global
“Criar uma governança global da Internet, movendo o controle para fora dos EUA”
Difícil tirar o controle do pai da criança. Ou se faz outra paralela, ou por enquanto tem que usar a infraestrutura americana, basicamente militar.
Além do antigo Estado
Uma concepção que se deve considerar, em razão a neutralidade da Internet, é a missão histórica de que “um aplicativo a ela significa a repetição de um interesse particular ou de todas as sociedades”. A sua dimensão global emprega o sistema de poder ou motor da história, por causa da inclusão das maneiras de exprimir as resoluções tempo/espaço/simultâneo) e consciências da vida – contra e a favor em oposição a ordem real do mundo (posto oposto).
As redes representam, fundamentalmente, o modo fragmentado deste poder de ligação para mudar os países ou deixá-los do jeito que estão: no caos espacial (passado presente, futuro se mituram). Na verdade, a internet é a evolução de valores da humanidade no espaço; mas, no ponto de vista da economia, o grau de desenvolvimento se tornou antagônico, tomado pela duplicação temporal (oposto em dividas).
Sem que os usuarios fiquem sabendo o que deles se tira qualitativamente e quantitativamente, pelo engendramento sistemático de dados dos tempos, se manipula por preço do modo de vida simultâneo, O sistema central elabora a apropriação de futuros conteúdos (o novo valor das pessoas e empresas) no qual se exprime os movimentos de dinheiro. E ao invés deste poder adaptar os usuários à natureza virtual (sua reconversão em volta social do espaço de tempo para si) os transforma em escravos; como elementos inconscientes do seu jogo de classes pagos pelo Estado.
A regulamentação da Internet no Congresso Nacional está sofrendo pressão dos bancos justamente por essa questão de governaça da neutralidade da rede: Os bancos colocaram em jogo o dinheiro alheio que representa os valores do homem em evolução com um mundo neutro, mas os usa como meios de si mesmos,
A evolução do mundo, como uso crescente dos termos da neutralidade, também, se tornou o poder da estrutura de alienação do valor do trabalho – sem o consentimento prévio do titular de valor – empregado como aplicativo da evolução dos meios de produção.