
Roberto Campos dizia que estatística é como biquini: mostra tudo, menos o essencial.
É possível desenvolver várias estatísticas sobre o Covid-19: número absoluto, número per capita, invocar maior ou menor taxa de exames etc. O que não dá é para desconsiderar a comparação de números da mesma natureza.
Os dados sobre a cidade de São Paulo positivamente não convalidam o otimismo com que governador e prefeito – com João Gabardo como porta-voz – tratam a questão do isolamento.
Vamos a alguns dados extraídos do DataGGN – nome que se dá a todo mundo que tem uma planilha de dados.
A métrica mais utilizada é a média diária semanal. Ou seja, tira-se a média de 7 dias – inclusive para eliminar o efeito fim-de-semana, na qual as folgas de trabalho reduzem o número de notificações.
Por esse indicador, a média diária de óbitos no estado de São Paulo é a mais alta de todos. Mas São Paulo é também o estado mais populoso, logo o número absoluto pode não refletir a situação.
Então vamos analisar a tendência. Compare com outros estados complicados: Rio de Janeiro, Amazonas, Ceará e Pernambuco. Até o Rio de Janeiro revela redução na média diária de óbitos. Mas São Paulo permanece impassível, sem sair do lugar.
Aí se alega que tem que se separar a cidade de São Paulo do ABC – como se ambos fossem ilhas isoladas, e a contaminação de um lado não afetasse do outro. Mas vamos separar.
A tabela abaixo é especificamente sobre casos novos no município de São Paulo. Houve uma queda na última semana? Ótimo: Mas foi depois de um enorme salto, a partir de 27 de maio. A curva continua muito acima do início de maio. Até Recife mostra refluxo, ABC fica ligeiramente elevada.
Em relação a óbitos novos há uma pequena queda na última semana, mas longe de configurar uma tendência.
Obviamente deve haver explicações estatísticas para esses dados. O que não foi explicado até agora é: para onde irão essas curvas quando o isolamento for flexibilizado?

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