As frases mais bombásticas da despedida demolidora de Sergio Moro

"O presidente me disse expressamente que queria ter uma pessoa de contato pessoal dele [na PF], a quem pudesse ligar, colher informações"

Foto: Agência Brasil

Publicado, originalmente, às 13:00 de 24 de abril

Jornal GGN – Sergio Moro confirmou na manhã desta sexta (24) sua saída do governo Bolsonaro. O ex-ministro da Justiça desembarcou com uma série de acusações e revelações graves sobre o presidente, indicando que a troca do diretor-geral da Polícia Federal e de outros cargos estratégicos na corporação teriam motivação política e pessoal. Bolsonaro está preocupado e quer acesso privilegiado a inquéritos que tramitam na Suprema Corte, no Rio de Janeiro e Pernambuco, disse Moro.

O GGN selecionou os trechos mais polêmicos do pronunciamento de Moro. Confira abaixo:

***

“Não é aceitável de maneira nenhuma essas indicações políticas. Quando começa a se preencher cargos técnicos por questões políticas e partidárias, o resultado não é bom para corporação.” 

“O grande problema é a violação de uma promessa que me foi feita, de que eu teria carta branca. Em segundo lugar, não haveria causa para substituição. Em terceiro lugar, está claro que há interferência política na PF, o que gera um abalo na credibilidade… não na minha, mas no governo. Ia ter impacto na PF.”

“O problema é que, nas conversas com o presidente, ficou claro que a intenção era de trocar não só o diretor-geral, mas outros superintendentes, novamente o do Rio de Janeiro. Outros superintendentes viriam em seguida, o superintendente em Pernambuco. Sem que me fosse apresentada uma razão, uma causa para realizar
esses tipos de substituições.”

“Ontem conversei com o presidente, falei que seria interferência política, ele disse que seria mesmo. Falei que isso teria impacto para todos, que seria negativo. Mas, para evitar uma crise durante uma pandemia – não tenho vocação para carbonário, acho que é momento inapropriado para isso – eu sinalizei: ‘vamos então substituir o [Maurício] Valeixo por alguém que represente a continuidade dos trabalhos, um perfil absolutamente técnico, mas uma sugestão minha. Na verdade, nem minha da própria PF.”

“O presidente tem preferência por nomes que seriam da indicação dele. Não sei quais exatamente. O problema é: por que trocar?”

“O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa de contato pessoal dele, a quem pudesse ligar, colher informações, colher relatórios de inteligência, seja diretor ou superintendente. Não é papel da PF prestar esse tipo de informação. As informações tem de ser preservadas. Imagine se na Lava Jato, o ministro da Justiça, a presidente Dilma ou ex-presidente Luis [Inácio Lula da Silva] ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações sobre a investigação em andamento.”

“É algo que entendi inapropriado. O grande problema não é quem entra, mas por que entra.”

“Claro que, depois de tantas pressões para ele [Valeixo] sair, ele manifestou a mim que era melhor sair, mas nunca voluntariamente, sim decorrente dessa pressão que, ao meu ver, não é apropriada.”

“Eu não assinei o decreto [de exoneração]. Em nenhum momento eu fui comunicado. Ele me ligou dizendo que sairia um decreto de exoneração a pedido, e ele disse que não poderia fazer nada. O fato é que não existe nenhum pedido feito de maneira formal. Fui surpreendido, achei que isso foi ofensivo.”

“O presidente me falou que tinham inquéritos no STF e que a troca também seria por esse motivo. Isso não é motivo para troca e gera grande preocupação.”

“Enfim, eu sinto que tenho o dever de tentar proteger a PF. Por todos esses motivos, busquei solução alternativa, para evitar uma crise política durante a pandemia. Acho que o foco tinha que ser a pandemia, mas entendi que não posso deixar de lado meu compromisso com o estado de direito.”

“Acabou que tem sinalização de que o presidente não me quer no cargo.”

“Eu tive outras divergência, assim como dei apoio em outras circunstâncias. Como ministro, tentei preservar a questão da hierarquia. Não vou falar aqui das divergências, fica para outra ocasião.”

“Meu entendimento é que não tinha como aceitar essa substituição. Há uma questão da minha biografia como juiz, da lei, do respeito, da impessoalidade no trato com as coisas. Seria um tiro na Lava Jato se houvesse substituição de delegados, superintendes
naquela ocasião. Não me senti confortável. Tenho que preservar minha biografia, mas acima de tudo tenho que preservar o compromisso que tinha com o presidente, para combater corrupção, crime organizado e crimes violentos.”

“É certo, ele [Bolsonaro] tem competência, ele indica o diretor da PF, mas ele assumiu o compromisso comigo de que seria escolha técnica, que eu faria essa escolha. Não tem causa consistente [para troca]. Percebendo que essa relação política pode levar a relações impróprias entre o presidente e o superintende e o diretor-geral, é algo que eu não posso concordar.”

“Vou empacotar as minhas coisas e providenciar minha carta de demissão. Não tenho como persistir no trabalho sem preservar a autonomia da PF ou sendo forçado a sinalizar concordância com interferência política na PF, cujos resultados são imprevisíveis.”

“Vou procurar mais adiante um emprego. Não enriqueci no serviço público, nem como magistrado nem ministro. Quero dizer que, independente de onde eu esteja, sempre vou estar à disposição do País para ajudar onde quer que seja.”

 

Redação

23 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    1. Como assim, “do nada político”? Moro sempre foi representante das forças que se aglomeravam no PSDB, não foi? Forças essa, diga-se, que continuam ativíssimas em Dória, por exemplo, e que eventualmente fingem opor-se ao PSDB.

      Se não se fizer nada essas forças vão acabar com nosso país.

  1. Palhaçada! O sujeito está com o biquinho fechado pelo menos desde agosto de 2019 e agora disse que tem preocupação com a PF. Que as escolhas são técnicas?
    Pode tocar o berrante que isso é história para o gado.
    Quer dizer que levar o sujeito que era um dos suspeitos de vazar tudo é mais um pouco da sua operação para a imprensa com a finalidade de perseguição contra o governo e sobretudo o presidente Lula não tinha nada de político?
    Sujeitinho pernóstico esse camisa preta do Paraná.
    Já veio tarde.

  2. O maior FDP deste país, aqele que é responsável direto pelo estado de coisas atual, aquele que violou a constituição e se associou a mídia golpista em prejuízo de toda uma nação com milhões de pessoas para desestabilizar o país, destruir milhões de empregos e empresas, etc etc etc vem agora falar em preservar o estado de direito?
    É para rir?
    Moro, você deveria sair direto para a prisão, bandido lesa pátria.

    1. Os governos que mais aparelharam e deram importancia para a pf foram os governos petistas, e o que receberam em troca? Antes a pf era como o ar, sabia-se que existia mas ninguem via, amontoada em predinhos caindo aos pedaços na boca do lixo……

  3. O Moro é um criminoso e chefe de quadrilha como deu a entender o intercept, que foi usado por outros picaretas, incluindo-se aí fardas e togas, para dar um golpe na democracia. Mas como é de se esperar, pilantras não tem ética e as traições fazem parte do seu meio.

  4. O “problema” é que Sérgio Moro sabia muito bem quem era o Jair Messias Bolsonaro, até então um dos candidatos a presidência da república. Depois, já para o segundo turno, com as tratativas para ser o ministro de Bolsonaro para a pasta da justiça, ele ganhou mais um tempo adicional para conhecer o tempestivo candidato e refletir melhor sobre aceitar ou não, tão contraditório cargo. Enfim, a ambição dos inconsequentes é indomável e contando em dar o golpe do baú, no governo Bolsonaro, e conquistar a fortuna de uma cadeira no STF, ele viajou na fantasia de Super Herói para tentar voar alto e caiu, feito Ícaro, estatelado no mar bravio da vaidade, do egoísmo e da ambição desmedida.

    1. Mais ou menos o que pensei. Ou temos um ex juiz e ministro extremamente burro em fazer acusações sem condições de provar ( quem sabe hábitos adquiridos na lava jato), ou um presidente em fazer, ao ministro da justiça, um pedido para aceitar um pau mandado que enviaria a ele relatórios de inquéritos em andamento.

  5. …”não posso deixar de lado meu compromisso com o estado de direito.”
    Não canso de repetir: o cinismo e a cara-de-pau de desse sujeitinho não têm precedentes.

  6. Santo Moro, que não aprova indicação política mas que condenou Lula por atos indeterminados, santo conselheiro de Rosa Weber, que condenou Dirceu porque a literatura permitia… E assim vai.

    Certa estava Dilma: não tá restando pedra sobre pedra…

  7. Tudo canalhice e calhordice. O rato viu a melhor hora pra deixar o barco que está afundando e lançar sua candidatura q 2022. Agora, cá entre nós, esse bozo é um celenterado completo, pois creio que se aguentasse ele até a indicação para próximo ministro do STF, o gambá sairia calado e feliz. Mas, agora, precisa arranjar emprego e a mídia canalha vai ter 2 anos pra prepará-lo pro cargo de presidente,

  8. Tudo canalhice e calhordice. O rato viu a melhor hora pra deixar o barco que está afundando e lançar sua candidatura q 2022. Agora, cá entre nós, esse bozo é um celenterado completo, pois creio que se aguentasse ele até a indicação para próximo ministro do STF, o gambá sairia calado e feliz. Mas, agora, precisa arranjar emprego e a mídia canalha vai ter 2 anos pra prepará-lo pro cargo de presidente.

  9. Esqueceram de mencionar o grande ATO FALHO que o cara cometeu: Ao contar, com orgulho, quando impediu a soltura do Lula, por ordem do Desembargador. “Estava claro que o juiz era incompetente, agi para que não se cometesse uma PRISÃO ILEGAL.”. O tipo queria dizer uma LIBERAÇÃO ILEGAL. Não foi isso mesmo, ou ouvi errado?

  10. Colaborou sempre com o bolsonaro lhe passando informações de processos sigilosos que andavam na pf, como o bozo sempre mostrou indicando que sabia de fatos que não devia saber.
    Confessa que recebeu pedido do bozo que queria relatórios diretos da pf e o moro não o advertiu que isto é crime nem o denunciou.
    Colaborou usando toda a capacidade técnica, de conhecimento, tecnológica, de inteligência da pf para NÃO chegar em perto do queiroz.
    Em resumo delatou o chefe e delatou sua própria cumplicidade. Crimes na veia.
    Agora quando ia receber, apesar de tanta baixeza ao bozo, um chute no trazeiro, resolveu dar uma de artista. Mas fez foi uma delação dos crimes que cometeu.
    Quando serão presos?

  11. Antes tarde do que nunca. De tudo o que Moro disse em seu pronunciamento, o que mais me chamou a atenção, foi ele ter admitido que nem a Presidente Dilma e nem o, então Ministro da Justiça dela, Eduardo Cardoso, tentaram interferir na PF e na Lava Jato. Apesar de tardio, isso foi um atestado de idoneidade a ex-presidente.
    Aliás, o excesso de republicanismo de Dilma foi sua desgraça, pois ela tinha motivos de sobra para ter interferido na PF. Vale lembrar que, na época, especialmente durante as eleições de 2014, alguns agentes da corporação postaram nas mídias sociais ofensas a presidente. Algo nada ético e passível de punição, de acordo com o estatuto dos servidores. Outro abuso foi o grampo ilegal na cela do doleiro Alberto Youssef na carceragem da PF em Curitiba, que até hoje não foi esclarecido. E o que falar das inúmeras operações espalhafatosas para conduzir coercitivamente suspeitos no esquema de corrupção da Petrobras – Lula, entre eles. Sempre vazadas com antecedência para a Rede Globo. E tudo sob a vista grossa do, então, Diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, que permaneceu intocável. Aliás, ele até se aposentou no cargo. Mas a cereja do bolo foi o acordo de cooperação ilegal entre a República de Curitiba e o Depto. de Justiça dos EUA. No entanto, Dilma e Eduardo Cardoso nada fizeram para impedir tais abusos. Deixaram a coisa correr solta. Seja porque estavam acuados demais pelos lavajatistas, seja porque foram incapazes de avaliar a fundo a gravidade da situação e as possíveis consequências dessas irregularidades. Deu no que deu.

  12. Eu presto atenção no que os Ratos dizem mas eles não dizem nada:

    “O problema é: porque trocar?”

    $érgio Moro

    “O meu entendimento é que não tinha como aceitar essa substituição. Há uma questão da minha biografia como juiz, da lei, do respeito, da impessoalidade no trato com as coisas. Seria um tiro na Lava Jato se houvesse substituição de delegados, superintendes
    naquela ocasião. Não me senti confortável. Tenho que preservar minha biografia, mas acima de tudo tenho que preservar o compromisso que tinha com o presidente, para combater corrupção, crime organizado e crimes violentos.”

    E cadê o Queiroz?

    Se o problema era a troca, porque o Moro concordou com a substituição?

    “Eu sinalizei: ‘vamos então substituir o [Maurício] Valeixo por alguém que represente a continuidade dos trabalhos, um perfil absolutamente técnico, mas uma sugestão minha. Na verdade, nem minha da própria PF.’”

    $érgio Moro

    O problema não era mais a troca, mas a indicação do substituto, da qual o Moro não abria mão.

  13. Moro é um criminoso, com comportamento criminoso, que agora denuncia alguém igual a ele: um presidente que é um criminoso, e que, inclusive, confessou isso algumas vezes(sonegação, apartamento funcional, nepotismo e funcionários fantasmas em seu gabinete e dos filhos). Agora, confessou de novo que precisa ter pessoas no comando da PF que, com informações privilegiadas e possívelmente com a suspensão de investigações, o ajudem a proteger a si próprio, aos filhos-bandidos e aos outros criminosos que o cercam. Pobre Brasil! Pobre Povo Brasileiro!

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador