As inflexões na diplomacia

O Prof.Marco Aurelio Garcia tem toda razão. Não há diplomacia “tecnica” ou “pratica”, ela é sempre politica mas essa politica pode mudar na essencia ou por nuances e inflexões em diferentes governos, mesmo que do mesmo Partido. Pela nova moldura do Itamaraty haverá uma clara inflexão melhor ajustada aos interesses permanentes do Brasil, enquanto que o tom da anterior diplomacia era a de prestigiar regimes, governos, instituições e personagens que na visão dos seus formoludares eram contra a ordem global, nem precisava ser de esquerda, o bom era sempre quem fosse anti-americano na percepção deles.

Nesse caminho surgiram as fracassadas operações de Honduras e do Irã mas havia fracassos anteriores, como o patrocinio gratuito a fundo perdido de regimes anti-brasileiros no Paraguai, Bolivia, Equador e Venezuela e de certa forma na Argentina. O Brasil gastou recursos, prestigio e liderança abonando elementos nitidamente contrários aos interesse a longo prazo do Brasil, como Lugo e Morales, e pior ainda, como Chavez, sem que se saiba o que o Pais ganhou com isso. O caso mais grave pelas suas dimensões é o da Venezuela, aonde um regime que só existe criando tensão anti-democratica e contra a ordem global, se mantem no poder em clara dissonancia com o país, com medidas cada vez mais autoritarias, regime para o qual o Brasil abriu creditos de US$6 bilhões que serão contestados se Chavez cair. 

NaBoNa Bolivia, pais que tem a mior fronteira seca com o Brasil, essa politica suicida apoiou e apoia um regime amalucado, que mudou o nome da Republica para PLURINACIONAL BOLIVIA, um governo desagregador que hostiliza a região mais rica e produtiva do pais enquanto pretende fazer voltar a lei aos temos pre-colombianos, com 31 codigos civis cada um de acordo com uma tribo, o Brasil nem sequer foi convidadao a participar da exploração das reservas de litio, as maiores do mundo, que Morales ofereceu à França, a Russia, a China mas se esqueceu de oferecer ao Brasil ao menos por gratidão.

Essa politica externa perdeu por uma orientação de dificil compreensão uma real chance de um brasileiro ganhar a diretori-geral da UNESCO, apostaram em um candidato que era considerado perdedor desde o começo, mas o maior dos erros dessa diplomacia foi o isolamento na votação do Conselho de Segurança na votação da 4ª rodada de sanções contra o Irã. Pode-se tambem registrar o fracasso geral da politica de “badalação” da China pensando que dela teria o apoio para a cadeira permanente do CS em troca do reconhecimento valiosissimo para os chinesesde ser a China uma “economia de mercado”, o que não é. O Brasil pagou e não levou,  abonou a ficha da China na OMC e hoje tem na China o maior opositor à cadeira no Conselho, mostrando que nessa questão tinha razão o Embaixador Abdenur e não o Ministro Amorim, que o demitiu por causa disso.

Na area interna do Itamaraty a desastrosa gestão Pinheiro Guimarães, afastando todos os seus desafetos, mas todos mesmo, por espirito de revanche a nata da diplomacia brasileiroa os Embaixadores mais experientes foram ou aposentados ou rebaixados, alguns em situações inacreditaveis, como Graça Lima, ex-Embaixador junto à União Europeia, hoje Consul em Los Angeles, ou Omar Chofi, Embaixador junto à OEA, hoje Consul em Nova York, no Instituto Rio Branco fez miseria, a começar por tornar seus livrecos como leitura obrigatoria, rebaixando o nivel do concurso de admissão como se a diplomacia fosse um concurso de agente penitenciario.

O pior foi a formulção pelo Secretario Geral da Doutrina Pinheiro Guimarães, que diz que o mundo deve ser visto como um conflito entre ricos e pobres, entre o Sul e o Norte, como nos tempos da Conferencia de Bandung, um mundo dos tempos das chanchadas da Atlantida, o novo mundo que nasceu apos o fim da URSS é completamente diferente mas o radar dessa diplomacia caolha não captou. Não há mais esse simplificação de antagonismos, hoje a ordem global é multipolar, não tem mais a URSS mas tem o Brasil, a China, a India e a Russia , tambem a Africa do Sul como novas forças poderososas na ordem global, há conflito tambem, mas é outro conflito, aquele dos tempos da Guerra Fria acabou mas a politica exterior “mais premiada do mundo” ficou lá atrás, nos tempos da brilhantina, vê o mundo com oculos Ray Ban de Cantinflas, quando o mundo hoje é mais complicado, mais conectado, mas interdependente, os conflitos são difusos por assunto, não há mais  Fla x Flu, bons bandidos contra mocinhos, é preciso mais sofisticação do que os coitadinhos contra os de olhos azuis.

Ao mesmo tempo investiu em uma liderança na America do Sul que simplesmente não existe, o o Brasil não lidera nada, não teve sequer o voto dos companheiros na eleição do BID que substitiu

Enrique Iglesias, tinha um bom candidato já dentro da instituição, João Sayad, mas o Itamaraty fez corpo mole e não conseguiu o voto nem dos paises  mamadores do Brasil, não tem o apoio da Argentina para coisa alguma, o Paraguai vive de achacar (com sucesso) o Brasil por causa de Itaipu, usina que não lhe custou um centavo, a Bolivia trata o Brasil com o maior desprezo, os unicos paises respeitosos com o Brasil no continente são o Peru, o Chile e a Colombia, que ironia,  exatamente os paises que o Brasil nunca badalou, é uma especie de epitafio dessa diplomacia que esperamos mude de rota, tom, cara e estrategia.

Luis Nassif

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