As limitações de Dilma e do governo na restituição da verdade, por Marcelo Auler

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

No velório de Inês Ettiene, ocorrido terça-feira (28/04) no cemitério Parque da Colina, em Pendotiba, Niterói, a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, ex-companheira de cela de Inês, foi honesta, ao se referir às limitações do governo na luta pelo restabelecimento da verdade sobre a ditadura no país.

Eleonora, que representava a presidente Dilma Rousseff – que também enviou uma coroa de flores – usou da palavra logo depois de a presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Victória Grabois, ter cobrado do governo a abertura dos arquivos da ditadura. Tanto a presidente, como a ministra militaram com Etienne na VarPalmares, organização de esquerda que se opôs ao golpe civil-militar de 1964 e, por isso, foram presas e torturadas.

“O fato de duas ex-detentas hoje estarem na presidência da República e no ministério, não significa que temos forças para abrir todos os arquivos; não significa que temos força para rever a lei da anistia. Mas, sobretudo, não duvidem daquilo que nós queremos!”

Ao encerrar sua fala, ela acrescentou, dirigindo-se à Inês Ettiene, e suavemente afagando a testa da ex-companheira de cela: “O seu legado vai constar da história e nos vai dar coragem para continuarmos!”

Na ocasião, até comentei com Álvaro Caldas, ex-preso político, jornalista aposentado e membro da Comissão Estadual da Verdade, e com Léo Alves Vieira, neto de Mario Alves, militante do PCBR que morreu sob tortura dentro do DOI-CODI do Rio de Janeiro, em 1970, algo que, confesso, me arrependo de não ter dito na hora em voz alta:

“Ministra, até compreendemos as dificuldades da presidente e do Governo nesta seara. Mas isso só torna ainda mais indispensável que, como ex-presas políticas que sofreram nas mãos dos torturadores da ditadura, as senhoras – em especial, a presidente Dilma – não deixem morrer o trabalho da Comissão Nacional da Verdade e os que ainda estão sendo realizados por diversas comissões da verdade em muitos estados, municípios e instituições espalhadas pelo país.

De nada adianta todos esses levantamentos e relatórios se eles forem parar em alguma prateleira ou gaveta do Arquivo Nacional. É preciso se criar meios para efetivamente serem implantadas as recomendações destas comissões e para que muitas das pesquisas que ainda estão em andamento possam ter continuidade para se desvendar a Verdade sobre a História recente do nosso país. Que o exemplo de Inês Ettiene dê coragem ao governo para continuar nesta luta. Assim o esperamos”.

Em tempo: Quando deixei o cemitério, Léo Alves estava indo procurar a ministra com um pedido: ele quer que a presidente Dilma receba os filhos e netos daqueles que morreram e desapareceram nas mãos de torturadores da ditadura civil-militar brasileira. Eu apoio

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador