As mudanças no governo de Haddad e a manutenção do interesse público

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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As mudanças no governo de Haddad e a manutenção do interesse público, por Alexandra Garcia Pilus
 

Os dois anos da gestão do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, têm demonstrado uma importante mudança de paradigma, em que o interesse público finalmente se sobrepõe aos interesses políticos eleitorais.

Um novo padrão de políticas públicas municipais é criado por meio de medidas populares como a criação de novos parques; a difusão na cidade da coleta seletiva; a preocupação em ocupar e dar novo significado aos espaços públicos, com atividades artísticas, esportivas, de lazer etc; e outras medidas nem tão populares, como o programa de abraços abertos e a priorização do transporte coletivo e não motorizado em detrimento do transporte individual, com a radicalização da criação de faixas exclusivas para ônibus e ciclovias ao longo de toda a cidade.

Contudo, não se pode deixar de dar destaque ao que o próprio prefeito aponta como sendo a principal ação até aqui de sua gestão: a elaboração e aprovação de um importante plano diretor estratégico para ordenar o desenvolvimento da cidade nas próximas décadas.

O novo plano diretor de São Paulo já é referência em toda a América Latina. Seus pontos foram apresentados, discutidos e já serviram de parâmetro para a realização de planos diretores Brasil afora. 

Sabe-se, porém, que este sucesso obtido na confecção de um moderno instrumento urbanístico só foi atingido devido à importante parceria constituída entre poder executivo, poder legislativo e sociedade civil em um longo processo participativo que durou mais de um ano.

Dessa maneira, causa certo pavor nos militantes da reforma urbana e, em especial, aos urbanistas paulistanos a notícia que passa a ser veiculada pela imprensa de que o vereador Nabil Bonduki se licenciará da Câmara Municipal de São Paulo para assumir a Secretaria de Cultura de Haddad no momento em que se discute a Lei de uso e ocupação do solo da cidade.

Sem demérito aos demais vereadores de São Paulo, é sabido e elogiado por todos o papel articulador e formulador desempenhado por Nabil Bonduki ao longo do processo que findou com a aprovação do plano diretor, sendo a participação dele condição sine qua non para o sucesso desta nova parceria entre os poderes e a sociedade civil.

A política de cultura é fundamental para a cidade de São Paulo e pode ter nomes importantes a sua frente escolhidos por Fernando Haddad. Mas as legislações paulistanas, como a lei de uso e ocupação do solo, o novo código de obras e as revisões das operações urbanas carecem da participação ativa de um ator político que, assim como o prefeito, teve seu mandato delegado pelo povo paulistano para cumprir tal função. A cidade de São Paulo não pode preterir de Nabil Bonduki na Câmara Municipal. 

 
Alexandra Garcia Pilus é Diretora de Políticas Urbanas para América Latina e Caribe da Rede Global de Cidades Sustentáveis
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Oxalá o modelo urbanístico de

    Oxalá o modelo urbanístico de SP sirva de inspiração para todas as cidades  brasileiras. Até quando vamos assistir o crescimento por geração expontânea e caótica das cidades? 

  2. o quase inacreditável é que

    o quase inacreditável é que uma gestão bomardeada pela direita

    e pela  grande mídia consiga ainda deixar um legado para a cidade, um plano diretor para 20 anos….

    há que fortalecer esse processo para que esse legado não  seja boicotado.

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