As raízes da música de protesto, do samba ao rap, em show no Instituto Moreira Salles

Marcelo Pretto, Lincoln Antonio, Kabé Pinheiro e Rodrigo Sestrem mergulham na obra de Alberto Ribeiro e contam sobre novo espetáculo em entrevista ao jornalista Luis Nassif

Jornal GGN – Em tempos de ameaça à democracia, a arte vem a público como protesto. Assim, as músicas de crítica social, assinadas e cantadas pelo letrista Alberto Ribeiro, imprimem a chegada do Estado Novo e, mais do que nunca, dão o tom dos dias atuais. São essas canções, pouco conhecidas até então, que embalam o show “Aviso aos Navegantes – Antecedentes da canção de protesto no Brasil”, de Marcelo Pretto, Lincoln Antonio, Kabé Pinheiro e Rodrigo Sestrem. Os músicos contaram sobre o estimado espetáculo e interpretaram algumas dessas letras em entrevista ao jornalista Luis Nassif, editor do Jornal GGN. 

“Eu achei que divulgar esse disco seria um bem pras pessoas, porque ninguém conhece um disco importante e que pouca gente ouviu. Então vale a pena”, explica Marcelo Pretto

O tal disco, de nome homônimo ao projeto atual,  é 1956 e segundo o pesquisador José Ramos Tinhorão é o pioneiro da música de protesto. Alberto Ribeiro que, até então, é conhecido como compositor, em “Aviso aos Navegantes” mostra a sua voz. Hoje, o LP  é parte do acervo do Instituto Moreira Salles (IMS), da coleção de Tinhorão

“Como disco, ele [Aviso aos Navegantes] tem uma característica interessante. Dizem que no [disco] 10 polegadas cabem no máximo 8 músicas, quatro de cada lado. Ele [Alberto Ribeiro] colocou 16 músicas. Então as músicas tem 40 segundos, um minuto (…) são músicas ‘pequenininhas’ (…) músicas e letras dele, com a voz dele, o quê é o mais legal”, conta Marcelo Pretto

Marcelo Pretto. Foto: Anita Kalikies

Para o músico, o disco é também um importante elemento para a chegada do rap como arte de protesto. “Eu achei interessante esse mote [o LP de  Alberto Ribeiro], pegando algo que seja anterior ou precursor dessa cena de música de protesto (…) a coisa evoluiu até chegar no rap, que é a coisa que eu digo que tem mais poder de fogo em termos de protesto”. 

O show sobre a obra de Alberto Ribeiro será apresentado nos dias 12 e 13 de novembro, às 20h30, no palco do IMS, em São Paulo, com participação da Atriz-MC Roberta Estrela D’Alva, que traz para o palco o protesto por meio da poesia. 

“Ela é tipo um espécie de maior autoridade no Brasil do Slam. O Slam é essa coisa do rap falado, da poesia (…) E como eu estava falando, o rap pra mim é uma culminância dessa história do grito, do protesto”, diz Marcelo Pretto

Com letras e personagens sociais, o espetáculo resgata a maior parte do repertório assinado por Alberto Ribeiro e embarca em outras manifestações do gênero, do samba ao rap.

Confira a entrevista na íntegra:

Ficha técnica
Marcelo Pretto (voz)
Lincoln Antonio (piano preparado)
Kabé Pinheiro (percussão)
Rodrigo Sestrem (flauta transversal, pífano, rabeca, sax tenor e soprano)

Participações especiais
Roberta Estrela D´Alva
Tia Cida dos Terreiros

Repertório
1. Samba da utopia – Jonathan Silva
2. Plantadores de banana – Alberto Ribeiro
3. Macário – Alberto Ribeiro
4. Peixe caro – Alberto Ribeiro
5. Mestre Vicente – Alberto Ribeiro
6. Seu Cosme – Alberto Ribeiro
7. Latifúndio – Alberto Ribeiro
8. Estradeiros – Alberto Ribeiro
9. Agapito – Alberto Ribeiro
10. Expedito – Alberto Ribeiro
11. Maria Candelária – Klecius Caldas e Armando Cavalcanti
12. Gregório – Alberto Ribeiro
13. Brederodes – Alberto Ribeiro
14. Isidro – Alberto Ribeiro
15. Pedreiro Waldemar – Wilson Batista e Roberto Martins
16. Passarinho du má – Duque
17. O bobalhão – Sinhô
18. Daqui não saio – Paquito e Romeu Gentil
19. Salário mínimo – Ernani Alvarenga
20. Bateram no boi – Alberto Ribeiro

Serviço

Local: Cineteatro, do Instituto Moreira Salles (IMS)

Endereço: Avenida Paulista, 2424 – São Paulo/SP

Quando: 12 e 13 de novembro, terça e quarta, às 20h30.

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). 145 lugares.

Redação

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