As razões para a queda de Jango

O artigo de ontem “Dilma e a reabilitação de Jango” (http://bit.ly/18AVE49) suscitou um bom debate no meu blog.  Um dos debatedores – ilustre – foi o historiador brasileiro radicado na França, Luiz Felipe de Alencastro.

Sua hipótese é de que o golpe foi precipitado devido à quase certeza de eleição de Juscelino Kubitscheck nas eleições de 1965.

Faz todo sentido.

Há alguns anos o Ibope liberou seus arquivos para a Unicamp. Neles, há pesquisas feitas em 1964, antes do golpe. A pesquisa revelava um fenômeno até hoje atual: a diferença entre a opinião pública ampla e a chamada “opinião publicada” – aquela mais diretamente influenciada pelos grandes grupos de mídia.

No público em geral havia ampla aprovação para as “reformas de base” anunciadas por Jango. 

Em qualquer cenário eleitoral – com Jango ou Juscelino Kubitscheck do lado da situação, com Carlos Lacerda, Magalhães Pinto ou Ademar de Barros, do lado da oposição – havia folgada maioria pró-governo.

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Pouco antes de 31 de março, JK teve uma recepção consagradora em São Paulo – cidade que sempre o olhava com um pé atrás. Terminou com uma missa na Catedral da Sé e JK sendo literalmente levado nos ombros do povo até o prédio da Associação Comercial, onde iria falar.

Influenciaram esse entusiasmo o clima de euforia do período JK e os problemas econômicos herdados por Jango e tratados de forma um tanto atabalhoada. Os empresários também queriam a volta de JK.

Para uma oposição sem nenhuma viabilidade eleitoral, só havia espaço para soluções extra-eleitorais– o golpe.

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A gestão econômica de Jango equilibrava-se entre a necessidade de uma política mais ortodoxa, para combater a inflação e o desequilíbrio fiscal, e as demandas políticas, para assegurar a governabilidade.

De um lado, orientava-se por políticos mais cautelosos e inseridos no meio econômico e político convencional – como Tancredo Neves, San Thiago Dantas, Walther Moreira Salles, André Franco Montoro, Carvalho Pinto etc. Na outra ponta, era constantemente pressionado pelo ímpeto gauchesco do cunhado Leonel Brizola e de um conjunto de economistas nacionalistas, preocupados em manter a base unida.

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Sinal eloquente dessa perda de rumo ocorre em episódio que me foi narrado pelo ex-Ministro da Fazenda Walther Moreira Salles.

Ele assumiu o Ministério dentro de uma solução de compromisso com os militares, que acabou assegurando a posse de Jango em um regime parlamentarista.

Eram frequentes os atropelos nas contas públicas ou na concessão de financiamento pelo Banco do Brasil, para desalento dele e do primeiro-ministro Tancredo Neves.

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Caiu o gabinete de Tancredo, substituído por Brochado da Rocha.

Na primeira reunião do novo gabinete, foi colocado na frente de cada Ministro um trabalho escrito por Cibilis da Rocha Viana, que atropelava os planos de estabilização da economia. Moreira Salles pensou em pedir demissão, mas recebeu uma visita em seu apartamento, de Brizola e Brochado, rogando-lhe que não saísse de imediato.

Com problemas na frente fiscal e externa, no combate à inflação e no baixo crescimento, o Brasil ficou inadimplente com o Clube de Paris e havia necessidade urgente de renegociar o acordo.

Moreira Salles aceitou a missão e viajou para Paria para negociar com Giscard D’Estaing, que ele conhecia há tempos e de quem se antipatizara devido ao ar permanentemente arrogante do francês.

Antes de viajar, conseguiu o compromisso de Jango de que não autorizaria determinado projeto de lei que descontentava os franceses. Jango deu-lhe a garantia.

Moreira Salles atravessou o oceano e, ao entrar na sala de Giscard, enfrentou seu sorriso irônico. Giscard indagou-lhe da lei. Moreira Salles narrou-lhe o compromisso firmado com Jango. Giscard sorriu: “Aparentemente o senhor não está informado sobre seu governo. Ontem, o presidente Jango deu sequencia à aprovação da lei”.

A conversa morreu ali. Moreira Salles pegou o avião de volta e mandou aviso para Jango comunicando sua demissão.

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Esses volteios, idas e vindas tornaram-se cada vez mais frequentes devido à própria falta de comando de Jango. Celso Furtado assumiu a Fazenda propondo o Plano Trienal, de estabilização da economia, mas que jamais foi implementado devido às restrições políticas do grupo mais à esquerda do presidente.

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Desde o governo Vargas, a política brasileira dividira-se em duas vertentes. Do lado de Vargas, o trabalhismo e o PSD, juntando aliados de oportunidade, políticos de estados nordestinos ou da área rural, alguns industrialistas; do lado contrário, grupos empresariais paulistas apostando firmemente no udenismo de Carlos Lacerda.

 

Lacerda era o porta-voz de uma campanha sistemática da mídia mais influente da época – de jornais de maior peso, como o Estadão, o Jornal do Brasil, a rádio Globo, mas especialmente os Diários Associados, de Assis Chateaubriand.

 A estratégia era sempre passar a sensação do “eles contra nós”. Podem ser explorados desde fantasmas da Guerra Fria até preconceitos contra classes sociais ou categorias profissionais. Sempre superdimensionando os adversários.

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Na época, o fantasma eram as Ligas Camponesas, de Francisco Julião, que atuavam no nordeste. O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, em um estudo clássico de 1962 – onde previa o golpe – chegou a conviver por algum tempo com elas e, em seu trabalho, mencionava a irrelevância do movimento. Servia apenas para a criação de fantasmas inexistentes.

No seu trabalho, Wanderley antecipava que o principal estímulo ao golpismo seria a suspeita – por menor que fosse – de que haveria radicalização da parte das forças que apoiavam Jango. E não recomendava as grandes manifestações populares, por poder provocar manifestações de rua ainda maiores, mas contra o governo.

Em artigo relevante em 1963, Afonso Arinos de Mello Franco – da UDN – alertava sobre o que considerava um anacronismo de seus pares, de levantar o fantasma da guerra fria. Mas alertava que, se o governo não mostrasse pulso – e não mostrava – tudo terminaria em um golpe militar.

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A esse clima, some-se o próprio desconforto com a inflação e com as políticas econômicas erráticas de Jango. Ora se afastava das bases, tentando se fortalecer junto aos setores tradicionais; quando dava-se conta das dificuldades, voltava para buscar apoio dos correligionários. Sem comando, as bases tomaram o freio aos dentes e passaram a radicalizar.

A radicalização culminou com o Comício da Central e com o manifesto dos marinheiros, que passou aos militares a sensação de quebra de hierarquia.

***

Nenhum desses fatores está presente atualmente, nos níveis em que existiam naqueles tempos.

Em comum com aqueles anos, o fato da democracia ainda não ser um valor totalmente consolidado no país; a oposição ainda não ter desenvolvido um discurso competitivo.

Como diferença, um estamento militar mais legalista, e as novas formas de manifestação, através das redes sociais, diluindo as distorções do excesso de concentração na mídia.

Luis Nassif

66 Comentários

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  1. A principal

    A principal diferença(semelhança)é que os togados estão tentando substituir os militares, e apresentar uma alternativa anti-democrática de governança, dispensando a vontade das urnas, vide como o STF, cada vez mais, tenta invadir searas alheais a sua jurisdição.

  2. Não foi falta de pulso, foi o pulsar do nosso povo.

    Qualquer governo quando há crises no mundo e internas as “idas e vindas” estão presentes.

    O governo de Jango foi derrubado não por falta de “falta de comando”, de liderança, ou de apoio popular (pesquisas indicavam amplo apoio popular) e congressual (aprovação das reformas), da mesma forma que é histórico que governos quando atravessam crises realizam trocas de ministros.

    “Idas e vindas”, troca de ministros, e até a necessidade de um triunvirato, também ocorreram nos governos militares.

    Para se entender melhor a derrubada de governos naquela época é necessário incluir o cenário mundial, mais especificamente o da América do Sul.

    O que a “inteligência” dominante sabia é que havia o impulso da população por mudanças na estrutura cobrando a sua inclusão no jogo.

    Antes de se falar no temor de uma possível reeleição de JK, as próprias reformas de base, algumas já aprovadas no congresso, o que prova que havia liderança e comando, sustentaram a opção  do golpe.

    Não é possível se explicar como falta de comando e liderança todos os golpes militares na América Latina.

    Ao se buscar os acontecimentos mundiais que antecederam aos golpes é possível colher os dados de que o mundo passava por enorme efervescência, sobre isso escrevi analisando a cultura da época e que também serve para explicar o temor político:

    O movimento da década de 60 começou no final dos anos 50 como contestação à crise no moralismo rígido da sociedade, e a decepção do “Sonho Americano” que não conseguia mais empolgar a juventude. Ele se inicia através das artes na literatura beat de Jack Kerouac, do rock, e no cinema e no teatro de vanguarda, inclusive no Brasil. O autor Jack Kerouac introduziu a frase “Geração Beat”, ”Beatniks” para caracterizar a juventude anti-conformista, reunida em Nova Iorque naquele tempo.

    Nessa avalanche de inconformismo vários países ocidentais deram uma guinada à esquerda como a vitória de John F. Kennedy nas eleições de 1960 nos EUA, da coalizão de centro-esquerda na Itália em 1963 e dos trabalhistas no Reino Unido em 1964. Houve também uma reação extremada, juvenil, às pressões de mais de vinte anos de Guerra Fria. Uma rejeição aos processos de manipulação da opinião pública por meio dos meios de comunicação que atuavam como “aparelhos ideológicos” incutindo os valores do capitalismo, e, simultaneamente, um repúdio “ao socialismo real”, ao marxismo oficial, ortodoxo, vigente no leste Europeu, e entre os PCs europeus ocidentais, vistos como ultrapassados.

    No Brasil, a posse de João Goulart também acompanhava essas mudanças no mundo, mas com o golpe civil/militar de 64 o Brasil dava as costas às ideias rejuvenescedoras e entrava num retrocesso, uma marcha à ré, atrelado ao obscurantismo de qualquer ditadura.(…)

    http://assisprocura.blogspot.com.br/p/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_25.html

     

  3. Hipótese de Alencastro

    “Sua hipótese [de Alencastro] é de que o golpe foi precipitado devido à quase certeza de eleição de Juscelino Kubitscheck nas eleições de 1965.”

     

    No artigo de ontem, “Dilma e a reabilitação de Jango” (http://bit.ly/18AVE49), é citado o excelente documentário “O dia que durou 21 anos”, que mostra o envolvimento total do governo norte-americano no planejamento detalhado do golpe de 64, inclusive na escolha de quem seria o primeiro general-presidente, Castelo Branco (na verdade, marechal-presidente).

    Questão que precisaria ser respondida a partir da hipótese de Alencastro: Que razões teriam os EUA para que JK não fosse (re)eleito presidente?

    Se, por um lado, a hipótese faz sentido do ponto de vista da política partidaria interna e da disputa eleitoral que se aproximava, por outro, não fica claro por que um player importante como os EUA, essencial no planejamento e execução do golpe, seria motivado a interferir no Brasil (ou até a invadir o país) por ela.

    Que me lembre, nada muito relevante é mencionado no documentário que faça referência a JK, menos ainda à sua possível reeleição. E, com o perdão do trocadilho, trata-se de um documentário extremamente bem documentado. Se esta hipótese (a reeleição de JK) fosse, de fato, importante, seria de se esperar que aparecesse como tal em algum momento.

    Dado o espírito desenvolvimentista de JK e a sua abertura ao capitalismo, não seria de se esperar o oposto, que os EUA se interessassem pela reeleição de JK?

     

     

     

  4. Ou seja, pelo texto fica

    Ou seja, pelo texto fica claro a imagem que Jango sempre me transmitiu: não tinha pulso firme e uma política determinada e constante. Jango sempre me transmitiu a imagem de bonachão, não parecendo ser o homem certo para aquele momento em que a pressão udenista e da imprensa eram insuportáveis. A favor dele é que esta mesma pressão direitista era tão intensa e desonesta que nem Getúlio resistiu e tenho minhas dúvidas se alguém corajoso como Brizola conseguiria resistir.

    1. Jango não era um”bonachão” e,

      Jango não era um”bonachão” e, muito ao contrario, “tinha uma politica determinada e constante.”

      Era, inversamente ao que diz, ” o homem certo para aquele momento em que a pressão udenista e da imprensa eram insuportaveis”.

      Jango era um habil politico, como poucos em nossa historia.

      Se assim não fosse, nem chegaria a tomar posse na presidencia.

      A sua volta ao Brasil para assumir o cargo é uma das maiores lições de habilidade politica acontecida entre nos.

      Se hoje gritamos contra a agressividade da direita e a manipulação da midia, naquele tempo, a luta politica era um milhão de vezes mais dura e sangrenta.

      O texto do Nassif deve ter lhe passado essa impressão de tratar-se de um politico perdido, sem rumo, sem determinação.

      Certamente, por questão de idade, o Nassif não  conhece bem os fatos da epoca.

      Ja classificou, inclusive,o marechal Castelo Branco, como “um dos melhores presidentes da historia do Brasil”.

      So alguem que não viveu aqueles sombrios tempos poderia fazer tal afirmativa.

      Na primeira assinatura do militar como “presidente”,para mim, inclusive,  apenas um ditador, ele destruiu toda a parte saudavel do jornalismo nacional, os avanços na universidade, na ciencia, na cultura, quebrou toda a liderança politica do pais, isolou os quadros preparados das Forças Armadas, implantou o caos.

      Quem presenciou aqueles tempos sabe que Jango não teve a minima chance de fazer um milimetro alem do que alcançou.

      Aproveitou todos os espaços possiveis, que eram muito pequenos.

      Mudava do Montoro para o Carvalho Pinto para equilibrar-se numa corda bamba e conseguir chegar ao fim de seu governo para entrega-lo ao Juscelino.

      Não fez o comicio da Central por sua vontade.

      Era a sua unica e ultima opção.

      O golpe ja estava com hora marcada.

      A greve dos marinheiros liderada pelo agente americano cabo anselmo foi o golpe fatal.

      Impossivel dele se defender.

      Foi tudo milimetricamente preparado, longe de nossas fronteiras, para colocar   contra o governo as patentes militares ainda não convencidas a dar o golpe.

      Jango ainda prendeu 5 mil marinheiros, mas não havia mais possibilidade de consertar o estrago.

      É duro tirar o chapeu para nossos adversarios, mas temos que admitir, ate para não recairmos no mesmo erro, que a “greve de marinheiros” foi um “golpe de mestre”.

      Infelizmente contra o povo brasileiro, que continua pagando o prejuizo politico ate hoje.

      1. Agradeço a tua resposta e o

        Agradeço a tua resposta e o teu testemunho, porque de fato a imagem que tenho de Jango sempre foi aquela que escrevi. Aliás, coisa que o post confirmou. Eu tinha uma dúvida que não expressei, mas que você esclareceu: era a de saber se Jango fez o possível com o que tinha em mãos. Pelo visto vejo que sim.

      2. Há Não Confiabilidade!

        Jango era forte e tinha habilidade politica, muito mais do que JK e Lacerda, pois projetava, aglutinava avanços e mudanças.

        Quem gosta de mudanças politicas? Reforma agraria, reforma na educação, na economia, etc. e fatalmente na politica e estava projetando mexer nas trincheiras dos velhos senhores.

        JK não tinha esta expressão politica toda não! Era convenientemente politico. Igualmente Lacerda fazia tudo pelo e para o poder, uma metralhadora giratória, sempre à direita e junto aos mandatários dos brasileiros.

        Jango é o sujeito que tinha sobre sua liderança um painel imenso, do centro ate a extrema esquerda e ainda outros mais. Contava ainda com toda herança trabalhista do Getúlio, isto é a maioria silenciosa da senzala, ai sim os “patrões”, interesses, oligarquia, judiciário das ditas elites e velhos nomes dos mandatários do Brasil não poderiam aguentar mais avanços e perdas de poder e sabotavam, caluniaram e mentiam sobre Jango, seus pares e suas politicas. A comunicação era pouca e pertenciam a esta minoria conservadora, religiosa e internacionalista.

        Era Jango e seus grupos contra todos!

        Há mais pontos em minha opinião, o povo RJ apoiava muito Jango e não JK por causa de Brasília. E por todas as mentiras e calunias inventada, ditas sobre Jango e aos seus parceiros políticos e o que poderia ser o “futuro” do Brasil, a população em geral tinham medo ainda do retrocesso aos benefícios conseguidos da era Vargas. Pensando.  Os brasileiros queriam mais avanços da casa grande do que Vargas tinha dado, seja nas áreas sociais, econômicas trabalhistas, ponto, o terrorismo da casa grande e apoiado pelos meios de comunicação e intelectuais apontando que com os avanços dos partidários e aliados de Jango se perderia tudo já conquistado fazia o povo tremer e calar. A casa grande gritava para tudo e ameaçava ate com “a carteira assinada”.

        Realmente os comunistas, os socialistas, os nacionalistas, os desenvolvimentistas, pressionavam Jango e suas habilidades num tiroteio amigo e de espaço nos grupos que o cercavam e no rojão os brasileiros não tinham confiabilidade, a certeza no avanço com garantias já conquistadas, pois algumas correntes nesta união de forca com JANGO e sua habilidade transparecia discórdia e fraqueza e eram muitas das vezes arranjos e assentamentos politico.

         Um fator muito importante é que todos militares exceto a marinha (eram racistas e não lembro mais, ate quando não entravam negros e mulatos no clube naval de oficiais e na carreira) e suas gerações anteriores eram pobres e vinham das classes mais baixas. As historias dos militares e o golpe se dará plenamente quando se fizer um avalie intensa, pois Getúlio era justamente um oriundo militar! Como separar estes comandos e comandados do povo? Se para ascensão e liberdade na sociedade brasileira a carreia militar era a melhor porta saída. Onde houve esta quebra entre o povo e os militares? A historia do RJ é a própria ligação com Vargas e outros militares em suas origens e favelas ( as primeiras favelas e o gueto da cidade nova são feitas e toleradas por ex-militar negros e mulatos). A insubordinação na marinha tem ai a forte ligação das elites e seus meninos “brancos” contra os menos favorecidos. Dando o ar da graça de um futuro, todos os meios de comunicação expressavam, foi também um fator para o golpe de 64.

         

  5. Em 1939 assumiu a única
    Em 1939 assumiu a única paróquia de minha cidade, um padre, que logo se perfilou à UDN. O Bispado era centrista, mas se segurava no jogo de forças do estado entre a direita tradicional, o PSD, e a nova direita, a UDN; agressiva, determinada, pronta pra levar à forra, a derrota de 1932, já que a UDN – como o PSDB – sempre foram partidos eminentemente paulistas, paulicentristas. A seguir veio um juiz que chegou a dar um golpe no prefeito biônico, colocado pelo interventor do Estado, mas, pertencente à velha direita tradicional, toda ela no PSD. O PTB e outros não tinham quase nada no estado; e absolutamente nada em minha cidade. O juiz veio com total determinação de promover a UDN a qualquer custo. Junto com o padre, que funcionava como mídia, do altar de sua igreja, promoveram o enfrentamento ao aparentemente inexpugnável poderio do PSD, levando a UDN à vitória nas eleições municipais de 1950, e à quase vitória no âmbito estadual, naquele mesmo ano. Aconteceu de tudo. De santinhos católicos condenando o comunismo do PSD e bloqueio judicial de ações do mesmo partido, não faltaram garfadas. Padres, domiciliados em outros municípios, foram trazidos pra votar na UDN; enquanto a padres e seminaristas do município, mas ligados ao PSD, foram negados os direitos básicos. Dane-se a Lei, a moral, ética ou o que for. O candidato a prefeito inaugurou o instituto da compra direta de voto, mediante dinheiro, à luz do dia sem que o adversário tivesse a quem reclamar.A direita latino-americana tem 500 anos no poder. Pode ser um atraso total em matéria de progresso próprio, e em fazer seus respectivos países progredirem; mas em se tratando de manterem o poder, sempre foram eficientíssimos. 

  6. Queda de Jango

    Caros Nassif, respeito o seu ponto de vista, mas fica difícil julgar a queda de Jango desconsiderando o contexto externo, isto é, a Guerra Fria. A nossa elite sempre foi e sempre será subalterna, sendo assim, ela não arriscaria dar um passo sem antes consultar o seu patrão (Estados Unidos). Sendo assim, imputar à Jango toda a responsabilidade na sua deposição, acho apressado demais.

  7. A eleição de 1965 seria

    A eleição de 1965 seria eletrizante, com 3 grandes nomes, JK, Lacerda, pela UDN e outro não citado aqui, mas que seria candidato fatalmente, o então deputado Brizola, pelo PTB. 

  8. As razões dos que rezam pela bíblia do FT…

    Um dos grandes problemas dos acadêmicos e estudiosos, e também dos comentaristas leigos (como titia), é trazer suas razões do campo da especulação para o da assertiva, o que, naturalmente, vem impregnado das mediações de suas crenças políticas…

    Isto não é anti-natural, ao contrário, é inteligível e desejável…O problema reside, no entanto, na imperativa necessidade de conferir um ar “neutro” a esta perspectiva…

    É assim o texto do seo Nassif, soprado pelos ventos franceses do Monsieur Alencastro, oui, oui…

    Ora, ao diagnosticarem a tal “crise” econômica como um pressuposto, ou como uma das pernas das contradições que derrubaram Jango, seo Nassif, e  Monsieur Alencastro (mesmo sem querer) dão um quase-aval ao golpe, ao menos no campo econômico, justamente porque dizem-nos os “experts” que as reformas de base eram incompatíveis com os modelos rentistas defendidos pela UDN…

    E de fato eram…mas ao nos dizerem que não havia escolha, ou pior, a escolha de Jango ameaçava sua estabilidade, nossos (re)historiadores defendem, desde cedo uma premissa:

    Como hoje, dadas as enormes diferenças (como o instituto da reeleição) quem não faz escolhas ortodoxas está sempre à beira do precipício…

    Em palavras mais atuais: quem não reza pela bíblia do FT está condenado!

    Os (re) historiadores esquecem-se de que o próprio governo Jango poderia estar construindo suas opções para a sucessão (estranhamente, nem Monsieur Alencastro, nem o seo Nassif aventam esta possibilidade)…

    O que aliás, também é compreensível, haja vista que sem a reeleição, o normal para um governo como o de Jango, com tantas contradições em sua base, deixasse para decidir sobre a sucessão aos 44 minutos, fieis a tradição do varguismo, de quem eram herdeiros…Ainda mais se considerarmos que era uma eleição de tiro único (um turno só), e com o vice eleito!

    Outro flanco escancarado da tese dos nossos iluminados: Esquecem de dizer que o suposto desastre econômico de Jango é resultado direto do modelo de JK (com o pequeno interregno do maluco da vassoura), que agradava em cheio as senhores da casa grande…

    Então, para sermos corretos, Jango não foi vítima de suas “incapacidades” econômicas (será que ele tinha um Mantega?), mas da gravidade do que herdou, e com as suas demandas políticas que tinha que cumprir para ser fiel ao seu programa…Muito menos caiu por suas dubiedades, mas por ter conferido ao lado mais progressista o peso relativo correto, que correspondia ao anseio popular pelas reformas!

    O que havia em 64 (como há agora, e haverá sempre) é um conflito insolúvel de classes, ainda que mascarados e diluídos em arranjos representativos formais…

    Então, prezados, a queda de Jango, pelo golpe civil (bancado pelos gorilas débeis mentais, como Olímpyo Mourão, e outros mais inteligentes, como Castello), não foi pelo desastre econômico, ou pela possibilidade da volta de JK, e sim pelas escolhas que Jango parecia começar a tomar, assim que percebeu que não havia como conciliar as reformas de base com as bases do modelo econômico que vigia então…

    É este canto, este beco, que Lula e Dilma têm evitado desde 2002, mas que, pelo que sabemos, também não agrada o mercado (que sempre quer mais e mais sangue) e as bases mais à esquerda do governo e outras que não estão no arco de alianças…

    Assim como Jango, Lula e Dilma têm enorme apoio da população, que ao contrário das pitonisas de esquerda e de direita, rejeitam toda sorte de radicalismos, ou melhor, entendem que ser radical mesmo é transformar a realidade possível…

    Dizer que o golpe era um ataque a chance de JK é um chute grosseiro, até porque começa dizendo que havia(como há) uma enorme distância entre a opinião publicada e a opinião píblica, mas depois confere ao Ibope o status de termômetro da opinião da população e não dos grupo que pretendiam controlar seus humores…

    Bem fez titia em não frequentar a faculdade…quem lê e ouve a academia, tem vontade de chorar….ou chorar de rir…

  9. > Esses volteios, idas e

    > Esses volteios, idas e vindas tornaram-se cada vez mais frequentes devido à própria falta de comando de Jango.

    É sempre bom ver alguém que descontrói um mito com fatos e argumentos. Nada do que foi apontado pelo Nassif, evidentemente, justifica a ruptura institucional e o golpe. Mas ajuda a entender o momento sem cair na vala do maniqueísmo puro e simples que, no passado, era usado pelos golpistas e que hoje é usado pelos pededores daquela época, que são os vencedores de hoje.

    E fato também é que nem nas nossas Forças Armadas, nem nos partidos políticos de então, a democracia era um valor. Antes, a adesão à democracia era mera tática. Uma coisa é ter receio de perder uma eleição para o outro, que é um adversário. Bem diferente é o medo de ser alijado do processo político pelo outro, transformado em inimigo.

  10. Em Minas, é JK quem inicia a

    Em Minas, é JK quem inicia a costura do grande golpe. Portanto, discordo dessa história de que o militares preventivamente deram o golpe para não tê-lo como presidente eleito. JK em Minas garantiu Magalhães Pinto por meio de suas articulações, dando uma rasteira no Tancredo. Magalhães, Lacerda e o Ademar, o ‘zureta’ a tríplice aliança ficou perfeita para o golpe. Quer me dizer que JK não se dava conta disso? Tudo bem que ele estava centrado no próprio umbigo, mas deveria prever que o tiro sairia pela culatra… Ou, o que acho mais razoável pensar com todos os elementos que constituem a atuação de JK como ‘grande líder’ político: previu e consentiu, achando que poderia ser alçado dos braços do empresariado paulista, para os braços do povo como um presente entregue pelos militares. Somado a isso, o “fenômeno (desde a bíblia!) até hoje atual: a diferença entre a opinião pública ampla e a chamada “opinião publicada””, os militares desembestados e o bombardeio americano:  o quadro estava pronto! Não tinha por parte do JK, naquele momento e logo após o golpe, qualquer indicação de que o mesmo tivesse um projeto diferente para esse país além do projeto pessoal. Tanto que nas eleições indiretas pós-golpe o JK votou no Catelo Branco. Sem querer dizer que o Tancredo era o bonzinho da história, nestas eleições o mesmo votou contra o Castelo. Esse o contexto interno da época que ficou pronto e acabado para a intervenção e o projeto externo. Daí, pergunto: dentro do projeto americano para o Brasil e a América Latina, JK não seria um nome conveniente? A meu ver, sim e muito! 

    Concordo com a análise final sobre o quadro atual ser diferente, mas faltou inserir como diferencial aí a atuação do judiciário/STF como ponto negativo… o ponto negativo não nasce da atuação desse órgão máximo do judiciário na AP 470, vem de antes. Não esqueçamos dos fatos, fundamentos e decisões produzidas dentro do STF!

    O jogo é: quem é quem no atual quadro…

    Nesse jogo democrático, nós da opinião não publicada, seguimos vendo quais as variantes…

    1. Muito bem lembrado Lina. JK

      Muito bem lembrado Lina. JK agiu com oportunismo em alto grau em 64. Aliás, mesmo antes. Quando Tancredo foi candidato a Governador em  1960, JK alimentou a candidatura de um Deputado estadual dissidente do PSD (me esqueci do nome do Deputado). Isso fez com que Tancredo perdesse a eleição para Magalhães PInto. Se Tancredo tivesse ganho (com Santiago Dantas de Vice pelo PTB) a história teria sido outra. A verdade é que JK traiu Tancredo e o PSD (e o campo social democrático) pois temia que Tancredo Governador de Minas se impusesse como o candidato do PSD´à Presidência em 1965.

      JK aceitou o golpe e fez acordo com Catelo Branco, indicando José Maria Alckmin para Vice. TAncredo disse a JK ante da eleição de Castelo “Eu só teria a ganhar se votasse em Castelo, você só tem a perder”. JK vota em Castelo (como quase todos os Deputados e SEnadores do PSD) e 3 meses depois foi cassado pelo mesmo Castelo.

      A ponderação de TAncredo a JK ‘eu só teria a ganhar’ se deu em razão do fato de que Tancredo  interviu em favor de Castelo junto a Jango (para obter a famosa quarta estrela). Na verdade Tancredo era contraparente de Castelo. Mas enquanto JK votou em Castelo, Tancredo não votou e fez uma declaração de voto em que dizia que o Congresso Nacional não tinha legitimidade para fazer aquela eleição.

      Ainda no seu discurso de despedida no Senado por ocasião da cassação JK ainda defendeu o golpe contra Jango, embora foramizasse sem rompimento com os golpistas. Outro dia escutei na íntegra o discurso,

  11. Jango e JFK…e nossa síndrome de vira-latas

    Como nosso irmãos do Norte, que aceitam qualquer tese para a morte de JFK, menos a de que um maluco, sozinho, conseguiu matar o homem mais poderoso do planeta, nossa esquerda, e setores “democráticos” (os pessedistas de ontem, e seguidores de uma linha “seo Nassif”), negam-se a enxergar o óbvio:

    Jango caiu não por (apenas)causa de suas contradições, suas (apenas)fraquezas ou por sua incapacidade de enxergar as conspirações que o cercavam…Todos os governos, uns mais, outros menos, carregam todas estas “qualidades”…

    Jango caiu porque o arranjo de forças que combatiam-no enxergaram que só um golpe poderia interromper o curso político que vinha sendo tomado, ou seja, Jango pelo tamanho de seu capital político (democrático) e não por fraqueza ou tibieza…

    Caiu também porque o conjunto de forças que lhes dava sustentação, uns por ingenuidade, outros tantos por cinismo (mais ou menos como agora) desprezaram os acenos que a realidade lhes fazia, ou seja, superestimaram o capital social e político acumulado, enxergando esta como variável preponderante na disputa…Mais ou menos como uns loucos defendem por aqui, que o capital político e social de Lula e Dilma lhes permite marcar a revolução para amanhã, à tarde, talvez…

    E como nossos irmãos no Norte, nós da esquerda temos que inventar um grande Mito Reacionário para dar conta de nossos erros de avaliação, assim como eles criam teses conspiratórias para justificar o que, à primeira vista, é injustificável: o homem mais poderoso do planeta, em carro aberto, em meio a vários prédios, sem que nenhum destes tivessem ao menos uma simples checagem ou isolamento…

    Temos que dizer que o golpe derrubou um presidente “fraco”, “contraditório”, “claudicante” para justificarmos nossas próprias fraquezas…

    Mas as semelhanças com os nossos irmãos do Norte terminam aí, ou seja, até nisso nossa síndrome de vira-latas se expressa: lá, eles criaram uma tese de conspiração para endeusar o mito do presidente-herói, mártir das causas do “bem” contra o “mal”…

    Aqui, dizemos que nosso presidente era um fraco e vacilante, transferindo a ele a culpa pela própria violência que sofreu…

    Se é para continuar com isto, vai um apelo: deixem o pobre Jango descansar em paz!

    1. Se Jango fosse soma de 0 + 0?

      Podia Jango ser débil!?

      Três mortes em circunstâncias estranhas e numa mesma época? Dificil acreditar que ele não colocava ou fazia parte de algo que punha em xeque os golpistas!?

      Melhor não simplificar! Nem Sarney chegou atoa ao Governo! Jango tanto menos! Revolucionario!? Não creio! Banal!? Difícil aceitar cientificamente ser Jango uma ameba histórica!

    2. Se Jango fosse soma de 0 + 0?

      Podia Jango ser débil!?

      Três mortes em circunstâncias estranhas e numa mesma época? Dificil acreditar que ele não colocava ou fazia parte de algo que punha em xeque os golpistas!?

      Melhor não simplificar! Nem Sarney chegou atoa ao Governo! Jango tanto menos! Revolucionario!? Não creio! Banal!? Difícil aceitar cientificamente ser Jango uma ameba histórica!

  12. Brizola e a confissão do erro, meio século depois

    Brizola e a confissão do erro, meio século depois

    Prezados geonautas,

    comentário ao post: As razões para a queda de Jango

    A confissão pública de Leonel Brizola, quase meio séculos depois da ascensão e queda de Jango, é um outro fato revelador desse período de nossa história. A confissão tem um valor simbólico maior ainda, devido a personalidade de Brizola, porque foi protagonista da história, e quem conhece a história dele sabe bem como era duro na queda, pois para esse gaucho admitir o erro, levou quase meio século.

    Disse Brizola: “Ganhamos o governo de graça e não sabíamos o que fazer”

    O Brasil, somos uma nação por se fazer ainda, o que mais temos são falso-letrados, “agentezinho europeu aqui”, emendando com outras palavras de Darcy Ribeiro, como a anterior, “o mais importante é inventar o Brasil que nós queremos” (ouça aqui: Fundação Darcy Ribeiro). 

    O que ouviu Oscar Niemeyer do criolo escrivão, e que também ficou na história. Oscar Niemeyer em depoimento na delegacia nos anos 60, diante da pergunta do delegado: “o que vocês querem?”, respondeu Oscar, “Queremos mudar o mundo”, e ouviu do escrivão que registrava o depoimento e não se conteve: “Tá difícil Dr.”

    E bota difícil nisso, devorar antropofagicamente a cultura europeia e global e abrasileirá-la, como propos o Manidfesto de Oswald de Andrade, talvez uma proposta para esse século XXI, pois já são mais de dois séculos desde que D. João aportou por aqui, e desde o início, “O Trato dos Viventes” (Luiz Felipe de Alencastro, 2000).

    La nave va.

    1. Erro?

      Ué, se a frase do Brizola for contextualizada dentro do que disse Darcy, admitir que não sabe o que fazer é uma declaração política de fidelidade a crença de que é preciso inventar novas formas do que se está por fazer….

      Se colocarmos a frase de Brizola em frente a sua biografia, inclusive a sua postura frente aos seus históricos inimigos, e até a sua improvável defesa do processo legal e da vontade das urnas (no impeachment de Collor, que nenhum de nós entendeu bem, mas agora sabemos o que ele quis dizer), a frase não pode ser tomada como uma confissão de erro…

      Santo zeus, fica a pergunta: dentro da ação política, entre o que se acredita e que o que se pode fazer, quem, de fato, SABE o que fazer?

      Então ‘tá, está decretado: Jango e Brizola caíram porque não “sabiam” o que fazer…

      rsrs…E a nave vai…junto com a vaca para o brejo…

  13. Dinheiro na mão é vendaval

    Estes relatos históricos que por vêzes irrompem aqui no blog têm o condão de reforçar e concretar sempre com mais firmeza a certeza de que o Brasil foi e é comandado por amadores que produzem políticas mambenbes.

    Tivesse a política lá como hoje um rumo, um norte e uma estrela, que deixe os nossos cofres cheios e a auto estima elevada e nada disto acontece.

    Dilma, acorda!

  14. JANGO

    Entro na defesa da memória de Jango, para repetir o que o Brizola disse em entrevista; que Jango teria como dar enfrentamento às forças rebeladas e contra o Governo, pois, contava com certo apoio dentro das forças armadas. 

    Mas em seu cálculo político estavam ponderadas as  vidas de brasileiros, optando por evitar um banho de sangue, que ao fim e ao cabo, terminaria por sair derrotado( Haja vista o porta-aviões americano ancorado no RJ)

    Ou seja, fazer rastro de onça não iria assustar forças tão poderosas, mas, tão somente sacrificar a vdia de milhares de brasileiros. Foi um gesto de Estadista, de pai de família e de um político responsável.Devemos isto a ele, e a quem o auxiliou em sua decisão.

    As chamadas reformas de base, do governo Jango, de cunho nacionalista, colocariam o Brasil em patamares de desenvolvimento socioeconomico que nos permitiriam hoje nos ombrearmos com a  Coréia do Sul.

    Mas, na geopolítica americana, o Brasil fazia parte do fornecimento de minerais e petróleo, e outras matérias primas indispensáveis ao seu próprio desenvolvimento econômico e de sua afirmação imperialista.

    Mesmo, adotando a hipótese de Jango como indeciso, o que discordo, memso partindo de hipóteses que o colocam como poítico despreparado, que tembém, discordo. Há a insuperável determinação planificada dos EUA de manter sua sombra imperialista na américa do Sul, tendo o Brasil como ponte necessária a tal empenho, haja vista os documentários sobre a operação OBAN, coordenada pela CIA em todo continente Sulamericano tendo no Brasil seu centro de operações.

    Mais razoável crer que o Brasil naquele momento do golpe, não estava preparado politicamente para receber as políticas que se converteriam nas reformas de base, ou seja, não estava preparado para Jango e seu ministério. Não se esqueçam, que a elite brasileira era altamente conservadora e corrupta e, entregaria, como entregou, o Brasil de bandeija aos americanos, para se contentarem, com a s migalhas deixadas pelos ianques.

    Agora, pulando um pouco a história, comparar o Ministério do Jango com o de LULA/DILMA dá dó. E, não é pelas escolhas que fizeram, mas, pelo concerto político que se apresenta e, pelo atual nível político dos partidos da “base äliada‘. 

    Houve avanços com Lula/Dilma iniciado com a subida do PT ao poder, mas, o Lula tinha seu par perfeito o Zé Alencar que era pau-pra-toda-obra, madeira-de-lei. Dilma, teve que lançar âncoras, nas águas turvas dos portidos mais fisiológicos de que se tem notícia. 

    Como dar impulso às REFORMAS DE BASE, que ainda não nos permitiram fazer, sem sermos vitimados por um GOLPE PREVENTIVO, como o de 64, se torna o bode no centro da sala de LULA/DILMA/PT e aliados, considerando ainda, que o pré-sal assanha os vampiros instalados nas torres outrora, gêmeas.

     

     

     

    1. Porta-aviões americano

      Porta-aviões americano ancorado no Rio? Em que cais, se nem para o pequeno “São Paulo” tem doca?

      E mais para rir do que para comentar.

      1. O estado do Rio de Janeiro

        O estado do Rio de Janeiro tem quase 600 quilômetrros de costa. Um monstrengo que carrega até 5000 marines não precisa extamente em uma doca ou na Marina da Glória.

        É desinformação, ou má vontade, da sua parte, a pergunta?

  15. FATOS

    Segundo livro de autoria de Carlos Heitor Cony(amigo e biógrafo do ex-presidente), em reunião com Castelo Branco , este teria garantido a Juscelino a realização de eleição para presidente em 1965 e , com isso, por contrapartida o PSD e PTB apoiariam a eleição indireta de CB. Entretanto, tais fatos foram negados logo após a “eleição” do general que, em livro,  revelou a ocorrência nesta citada reunião de atitudes desabonadoras contra JK….Atribui-se esta “mudança de opinião”  do ditador, às pressões dos empresários e políticos paulistas.

  16. As imorredouras e injustificáveis teses dos golpistas de 64

    AS IMORREDOURAS E INJUSTIFICÁVEIS TESES DOS GOLPISTAS DE 64 – Há uma análise débil por parte de inúmeras pessoas e historiadores em geral, que tristemente sobrevive ao longo do tempo. Essa débil análise diz respeito ao longo e modorrento rol de “razões” que teriam dado causa à queda de João Goulart. Essas análises partem de uma premissa equivocada e insanavelmente equivocada, desde sempre. Qual seja, a premissa de que o rol de “razões”, sejam elas quais forem a respeito da hipotética ‘debilidade’ de Jango, foram a causa do golpe de 64. Isto é ampla, geral e irrestritamente falso!

     

    Jango foi derrubado porque sofreu um golpe de estado, e ponto final. Todos os pontos finais existentes na face da Terra! Não interessa se o governo Jango era fraco, claudicante, indeciso, se não tinha apoio popular, se não tinha apoio ou sustentação política, etc. Isto não tem importância alguma! Mesmo se todas essas fictícias causas fossem verdade (e não são), o fato é que jamais, nunca se pode admitir, ontem ou hoje, que um governo caia porque é fraco, débil ou claudicante! Esta é a tese dos golpistas! Quer dizer então que o fato de um governo ser indeciso e não contar com apoio ou sustentação popular justifica golpes de estado contra este governo?

     

    Mais do que isto, outra das estúpidas teses justificacionistas, dos golpistas, é a de dizer que Jango preparava um “golpe de esquerda”, e que por isso forças civis e militares anteciparam-se ao tal de “golpe de esquerda”… É outra pérola dos golpistas, enredados pelos próprios atos de brutalidade contra a democracia, a legalidade e a Constituição! Quer dizer então que os próprios golpistas admitem que utilizaram a tese do ‘golpe preventivo’! Para mim, foi isto mesmo. O golpe de 64 foi sim um ‘golpe preventivo’, não pelas razões apresentadas pelos golpistas, o que veremos logo a seguir.

     

    Ocorre que este discurso, além de canalha ao extremo, é a porta aberta para as já conhecidas invasões do Iraque, derrubadas de governos como o de Salvador Allende e do próprio Jango. Este mequetrefe discurso de ‘golpe preventivo’ é uma ode ao golpismo e não é possível que ainda hoje pessoas com um mínimo de tirocínio político caiam nesta lábia fajuta! 

     

    Voltando ao tal de “golpe preventivo”. Foi isto mesmo, mas não porque Jango planejasse dar um ‘golpe de esquerda’, mas sim porque o PTB, em que pese a brutalidade da oposição e da quadrilha máfio-midiática da época, vinha num crescente contínuo e progressivo desde a primeira eleição, em 1946, passando pela morte de Getúlio Vargas e culminando, nas eleições legislativas de 1962, com o estrondoso resultado eleitoral do partido de Jango, que desbancou pela primeira vez a UDN no parlamento e que conseguiu emparelhar com o até então imbatível PSD. Em 1962, o PSD elegeu 118 parlamentares e o PTB elegeu 116.

     

    Ou seja, ao contrário das esdrúxulas e absolutamente fantasiosas teses de que Jango e o PTB não tinham apoio popular, a realidade concreta e objetiva dos fatos demonstra justamente o contrário! Jango tinha intenso apoio popular e o PTB crescia cada vez mais ao longo do tempo!

     

    Por fim, e depois desta pequena e breve explanação, destaco que a própria democracia liberal burguesa, conhecida de todos pela alcunha de “Estado Democrático de Direito”, prevê maneiras legais de interromper um mandato popular. Porque não fizeram com Jango o que fizeram com Collor em 1992 (impeachment)? Seria perfeitamente legal e não representaria golpe algum! E se o governo Jango era assim tão débil, porque não esperaram a eleição de 1965? Não esperaram porque JK do PSD era o favorito, porque Lacerda da UDN jamais seria eleito (a UDN é que estava desmoronando, igual ao PSDB atual) e porque o PTB, com Jango ou Brizola, vinha com força total para o pleito seguinte, ameaçando inclusive a eleição do supostamente imbatível Juscelino Kubitschek.

     

    Não há nada que justifique o golpe de 64, nada, absolutamente nada! O Brasil vivia em perfeitas condições legais, democráticas, a eleição de 1965 estava logo ali e se o governo Jango era débil (mentira cabal e absoluta), bastava aos golpistas esperar o próximo pleito ou praticar um impeachment contra Jango, por dentro das vias legais e constitucionais. Não entrei na questão internacional, mas também é inegável a participação dos EUA no golpe, com financiamentos a campanhas eleitorais da direita através do IBAD (comprovado via CPI em 1963), com subornos a empresários e militares golpistas e com o apoio operacional, político e logístico (vide os telefonemas trocados pelo embaixador Lincoln Gordon com os presidentes norte-americanos).

     

    O golpe de 64 foi ‘preventivo’, foi utilizado para barrar o avanço das forças populares que só faziam crescer, de forma ininterrupta, desde 1946. E é injustificável sob qualquer ponto de vista por onde se queira analisá-lo.

    1. FED

      Concordo com a indignação do Diogo nesta e vou mais longe um pouquinho, entrando no dileto campo das teorias conspiratórias, onde o discurso do Keneddy falando em acabar com o FED é apontado como a pressão no gatilho que disparou a bala que o matou e a admiração do Jango por ele e suas políticas.

      1. President John F Kennedy Secret Society Speech version 2

        [video:http://www.youtube.com/watch?v=zdMbmdFOvTs][video:http://www.youtube.com/watch?v=xhZk8ronces&feature=related]

         CHECK Executive Order 11110 THE FED RESERVE SAID LIKE HALL & OATES I CANT GO FOR THAT NO CAN DO
        ( QUOTE ) In 1961, at my direction, sales of silver were suspended by the Secretary of the Treasury. As further steps, I recommend repeal of those Acts that oblige the Treasury 

    2. Um Texto Irrepreensível – Jango

        Caro Prof Diogo Costa

       

        Fabuloso . Wonderful .

       

       Esperamos que , na sua rotina do dia a dia, tenhas este mesmo equilíbrio  capaz de notabilizar a riqueza de vocabulário, a ética ,  , o capricho e a firmeza de propósito.

       

        Congratulações

       

       

      Ari Rocha

    3. Jango

      Diogo, seus argumentos estão totalmente comprovados em recente biografia de João Goulart. O golpe foi dado contra as reformas sociais e engendrado pelos eternos atores garantidores do acordo de elites que ainda persiste. O fato, simplesmente, refletiu o possível, na época, para toda a América Latina. Daí Cuba ter-se tornado o escândalo do século passado. Enfim, um episódio inevitável.

    4. Este comemtário do Diogo Costa merece ser destacado como Post.

      Há vários pontos de vistas sobre a queda de Jango. Mas a visão que trata a  luta dos EUA pela hegemonia na América Latina é a que mais prospera. Fato que foi evidenciado pela ação truculenta da  Operação Condor. Os EUA somente aproveitaram a oportunidade, juntando as peças do cenário internacional com o mosaico da vida política nacional aparentemente instavel. Tal instabilidade foi fabricada em alguns cenários desdobrados com lideranças dúbias, que deixavam o verniz de atos pre-fabricados de provocação de animos contra o status quo conservador da época. Ambos cenários,internacional e nacional guardavam entre si seu senso ideológico intrínseco de guerra fria. Não analisar o golpe de 64 com as perspectivas do desenho ideológico internacional é fazer uma análise primaria, que não busca o conflito de interesses economicos que faz a baliza dos fatos históricos de todas as guerras entre as nações,incluindo neste contexto os golpes de estados instataneos e pontuais desdobrados em nações subdesenvolvidas. A consequencia disso tudo é que hoje temos um Brasil sem educação e saúde. O Brasil só faz inchar como uma bolha de desenvolvimento, onde a concentração de renda dá o tom da democracia que privilegia somente os setores da classe dominante. Ter saúde garantida no Brasil de hoje significa ter plano de saúde. A escola pública não tem a qualidade da escola da decada de 60 e 70. Puvelizaram os direitos do cidadão, identificados como demandas populares, mas sem a garantia da qualidade. Hoje, o Brasil vive uma  bolha de demanda social, cuja explosão pode resvalar em um novo golpe com consequencias mais drásticas do que aquelas ocorridas no Golpe de 64. Digo isto, porque temos forças paramilitares do tráfico e de diversos setrores do crime organizado, que  fogem do controle do precário Estado Brasileiro, que está longe de ser classificado de Estado  Democrático de Direto, na pratica.Porque? A visão de política pública é eleitoreira e traz o verniz da fisiologia imediatista da conquista de colegios eleitorais. O cobertor  do orçamento público é curto quando se trata de alcançar as necessidades mais urgentes do povo brasileiro e transformá-las em Plano de Governos subsequentes e Plurianuais. Por outro lado, a cultura de corrupção está sempre presente na vida pública brasileira com a mesma intensidade e permissividade que acontecia em 64.

  17. Se essas teorias forem

    Se essas teorias forem verdadeiras, estamos a caminho de novo golpe!

    Assim como JK foi “enganado” em suas expectativas, a mineira “Dilma” pode cair da MESMA FORMA!

    Eu não confiaria no PIG e no Judiciário, juntos eles têm a informação e a lei, precisa de outra coisa para um golpe?

  18. Análise bem feita

    Muito boa análise Nassif. Não creio que estamos a beira de um golpe, mas os próximos anos deverão ser decisivos para nossa ainda imatura democracia.

  19. De onde tiraram  que  jk era

    De onde tiraram  que  jk era rejeitado pelos norte-americanos ? O jk,  da Aliança para o Progresso,  o que  boicotou Lott, o que traiu Jango, o que apoiou Castelo, o que indicou Magalhães Pinto e hoje é homenageado com séries da Globo ?

       O que os yankees temiam era a popularidade e , ainda mais, as reformas de base de Jango, a guinada à esquerda do governo brasileiro , o contínuo crescimento do PTB  ,  superando o PSD de jk ( O PMDB da época..). 

       Incomodava muito a possibilidade de um novo mandato para Jango ou a vitória de Brizola, em franca ascençaõ,  em 65..  O esquerdismo  reafirmando-se na América Latina,  após a amarga experi~encia de Cuba ?

        O resto é cortina de fumaça, efeito especial, disgressões  com intuito de esconder a verdade…

     

  20. Comentaristas do blog

    Em determinados post, como este, os comentaristas do blog dão uma aula nos reconhecidos analistas nacionais.

    Por isso, este é considerado o melhor blog nacional de debate político.

    Parabéns a todos. (comentaristas e leitores)

    1. Perdidos no tempo

      Você está ncluindo o Marven e o Mauricio Pereira?

      Hehehehehe

      Dois paralisados na informação e perdidos no tempo. Sempre fico impressionado com esses caras.

  21. Por falar em Golpe

    Prezados,

    É emblemática a imagem do jatinho da PF, tendo ao fundo o carro tanque-combustível de uma MN, no aeroporto de Congonhas -SP, que já participou de tantos eventos heterodoxos…

    Eu se fosse o Zé Dirceu e o Genoíno, não entraria neste jatinho, nem a pau. Só depopis de trocar por combustível da Petrobrás.

     

     

     

     

    1. Ele deveria ir preso algemado

      Ele deveria ir preso algemado e de camburão, como qualquer pessoa que comete crimes, que sorte ele estar no Brasil. Em países honestos e sem a presença de partido que prega a ilegalidade ele estaria preso  em prisão perpétua se não condenado à morte. Em resposta à opinião de gope dos militares, eu tinha 13 anos e não foi bem assim, e eu estava servindo o exercito em 1970, e quem mais torturou, foram os civis que havia no governo, estive na operação pente fino em Jacupiranga/SP e região, onde foi recolhido farto material comunista, fardas soviéticas, dolares, campos de treinamento, com instrutores russos, isso eu ví. e as bombas atiradas em portões principais de quarteis, onde estavam de sentinelas soldados como eu que estavam servindo ao serviço militar obrigatóri, e diagam-me a nossa presidente que tambem torturou no araguaia, os contrários aos seus ideais, jogou bombas, matando diversos jovens, assaltou  bancos, e até hoje não se sabe o destino do fruto desses assaltos, com a palavra, ela para não deixar dúvidas.

  22. Jango e o Comunismo

    O Brasil de um povo Democrático:

    Nas décadas de 60/ 70, mais de 80% da população Brasileira não queria a implantação do regime comunista, pois a população já sabia dos fatos que aconteciam na Rússia/ Cuba e por isso apoiaram o golpe militar (ler Jornais da época), que deu origem ao regime Militar e não a uma ditadura, como muitos dizem. No regime militar que governou o Brasil não existia a pessoa do ditador, pois os Generais que presidiam o país naquela época, ficavam 4 anos e nada mais. Nos países comunistas, os ditadores ficam até morrer, caso de Stalin na Rússia, Mao Tse-Tung na China, Fidel Castro em Cuba e tantos outros.

    Lembro que entre 1932-1933, só na Ucrânia, morreram em torno de 7 milhões de pessoas, vítimas do regime comunista implantado pelo Stalin na URSS. A Ucrânia não concordava com o comunismo.

    Um dia desses li o seguinte:

    Estranhamente, artistas e “intelectuais” que denunciavam a tortura brasileira, visitam Cuba e chegam a tecer homenagens a Fidel e a seu algoz-adjunto, Che Guevara.
    Causa infinda perplexidade a “angelização” de Fidel e a “satanização” de Pinochet por parte de algumas pessoas. Pinochet foi ditador por 17 anos; Fidel está no poder a 50 anos. Pinochet promoveu a abertura econômica e iniciou a redemocratização do país, retirando-se após ser derrotado em plebiscito e em eleições democráticas como senador vitalício. Fidel Castro considera uma obscenidade a alternância no poder, preferindo submeter à nação cubana à miséria e à fome, para se manter ditador, Pinochet deixou a economia chilena numa trajetória de crescimento sustentado de 6,5% ao ano.
    Uma moeda só é verdadeira quando tem dois lados, logo a comissão da verdade é falsa, pois só tem um lado.

    As pessoas sempre fogem de Cuba/ Rússia/China… Nunca para Cuba/ Rússia/China… Alguns artistas, jornalistas e “intelectuais” que defendem as idéias esquerdistas estão sempre viajando para EUA, França, Inglaterra… Estranho Né! Discurso diferente de atitude.

    Sou a favor da Democracia ampla e plena, logo sou contra um regime Militar, contudo a história deve ser contada de forma verdadeira e justa.

    Os guerrilheiros de esquerda, no Brasil e em toda America do Sul, não queriam a Democracia e sim a implantação do regime comunista, conforme diversas entrevistas concedidas por vários ex-guerrilheiros. Os Militares em toda a America do Sul eram apoiados pelos EUA enquanto os guerrilheiros de esquerda eram apoiados pelos comunistas, Rússia e Cuba. Isso é um fato e não poderá ser distorcido em nome da história de nosso país.

    Estamos diante de um impasse: Ou se respeita a anistia de 1979 e ponto ou devemos contar a verdade por inteiro. Essa comissão da verdade não poderá contar uma história tendenciosa aos que queriam o comunismo, colocando os guerrilheiros de esquerda como heróis. Os crimes ocorreram nos dois lados e ninguém deve aceitar que os guerrilheiros de esquerda tinham carta branca para matar qualquer pessoa. Se for para contar a verdade, resgatando a história do nosso País, “vamos resgatar o que realmente aconteceu de verdade e não o que interessa a alguns”. Investigar alguns militares pelos crimes que eles cometeram sou a favor, agora não investigar os crimes que os guerrilheiros de esquerda cometeram e colocar eles como heróis da nação, seria um absurdo e uma afronta a verdadeira história de nosso país.

    Muitos Soldados do Exército Brasileiro entre 18 e 25 anos foram executados pelos guerrilheiros; E as famílias deles como ficam? Não contam? Não são Brasileiros? A esquerda pode matar e tudo bem? E as bombas que os guerrilheiros explodiram? Bancos que assaltaram? Insisto; Se é realmente para resgatar a história, não devemos jogar sujeira para debaixo do tapete, seja ela de esquerda ou de direita.

    Quanto ao movimento “Diretas Já”, devemos aos Brasileiros Democráticos da década de 80, pois os guerrilheiros de esquerda em nenhum momento quiseram a Democracia, mas sim a implantação de um regime totalitário dos proletariados , ou seja,  o comunismo.

    Em resumo, o regime Militar foi um remédio amargo, contudo garantiu uma transição para a Democracia que temos hoje, impedindo o avanço do comunismo na America do Sul.

    A propósito,

    Alguns ex-guerrilheiros de esquerda, que hoje estão no poder, acreditam que uma mentira repetida por mil vezes se torna uma verdade. Essa teoria da psicologia foi muito utilizada no comunismo da URSS e pelo regime nazista da Alemanha no século passado. A turma do mensalão, PT e outros partidos de esquerda, estão tentando usar a teoria descrita acima, repetindo que o mensalão não existiu que foi uma farsa e uma tentativa de golpe para derrubar o PT.

    A turma do PT e de outros partidos de esquerda foi eleita para acabar com a corrupção no Brasil e não para dar continuidade aos desvios nos cofres públicos que ocorreram em governos anteriores. Essa desculpa de

    que o roubo não começou com o PT não justifica o roubo do PT, pois desculpas/ discursos desse tipo não funcionam mais.

     O Brasil é um país formado pela miscigenação de muitos povos “Imigrantes da Europa, África e Ásia”, com os povos Indígenas aqui já existentes, logo essa teoria da mentira que se torna uma verdade não irá funcionar pois não está no DNA desse Forte e Democrático Brasil.

    Muitos “intelectuais”, políticos, jornalistas… Dizem que os jovens mudam o mundo! Será que eles são usados apenas como massa de manobra? Algumas pessoas bem experientes fazem a cabeça daqueles que não tem experiência alguma, incitam o espírito guerreiro/ aventureiro dos jovens e os estimulam a fazer aquilo que interessa as Raposas, será? Talvez isso tenha acontecido nas décadas de 60 e 70 no Brasil. Recomendo a leitura de um velho comunista, o Jacob Gorender, que hoje reconhece o quanto foi inocente ao acreditar no discurso de certas raposas.

    O Regime Democrático é sem sombra de dúvidas a melhor forma de se governar uma Nação. “Salvador da pátria não existe”. A história mostra claramente que onde isso foi ventilado, as conseqüências foram catastróficas. Posso citar alguns exemplos; Em Cuba o Fidel apareceu como o Salvador dos pobres e oprimidos, hoje Fidel pensa que tudo em Cuba pertence a ele. No partido dos trabalhadores da Alemanha, década de 1930, foi o Hitler que apareceu como salvador e todos nós sabemos no que deu, mais de 50 milhões de pessoas mortas na Europa. Na URSS foi o Stalin, sem comentários. Na África temos vários exemplos, seja de esquerda ou de direita. Na America do Sul, nos dias de hoje, estão aparecendo vários exemplos de salvadores da pátria e por aí vai. Em fim, não devemos acreditar em salvadores da Pátria, pois é só através da Democracia que um povo é respeitado.

    Como vivemos em uma Democracia, sugiro o plebiscito/ enquete sobre o período de 1964 até 1985, com as opções abaixo:

    A-) Devemos respeitar a anistia de 1979 e ponto final.
    B-) Apurar os crimes dos Militares e dos Guerrilheiros de esquerda.
    C-) Apurar os crimes apenas dos Militares.
    D-) Apurar os crimes apenas dos guerrilheiros de esquerda.

     

    Abraços a todos!

    Força Brasil!

    1. A) Anistiar torturadores e

      A) Anistiar torturadores e assassinos, que estavam à serviço da Ditadura (ilegítima, pois era fruto de um Golpe de Estado que rasgou a Constituição e a jogou no lixo), é garantir a impunidade dos mesmos para sempre. E é também uma garantia para que os atuais e futuros torturadores fiquem impunes.

      E é pedir para que venhamos a ter novos Golpes e Ditaduras, com mais casos de prisões ilegais, torturas, sequestros, assassinatos e desaparecimentos patrocinados pelos futuros Ditadores de plantão. 

      B) Os tais guerrilheiros de esquerda já foram devidamente acusados, torturados, julgados e condenados. Veja o caso de Dilma, por exemplo. Somente quem não conhece lhufas sobre história do Brasil na época da Ditadura Militar é que não sabe disso.

      C) Apurar os crimes dos militares, que estavam à serviço da Ditadura, é mais do que obrigação. É uma questão de Justiça, mesmo. 

      D) Resposta Igual à da alternativa B. 

    2. Concordo com tudo esplanado,

      Concordo com tudo esplanado, não houve golpe e sim um desejo do povo, que não queria o comunismo, o Jango, nunca pensou que um dia seria presidente do Brasil, só o foi porque o louco do Janio renunciou(Forças ocultas), ele Jango foi um dos presidentes mais medíocres que já houve no Brasil, todos os presidentes militares, morreram na miséria, fato que não acontece nos dias atuais.Eu tinha 13 anos na época do dito golpe que não foi golpe.

  23. revelações

    http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/11/1372493-jornalistas-revelam-trechos-que-chico-buarque-pediu-para-omitir-de-livros.shtml

     

    Jornalistas revelam trechos que Chico Buarque pediu para omitir de livros

    “O colega disse a Chico: ‘Agora nós vamos lá na casa do teu pai queimar aquela livralhada socialista. Ele deu o nome do cara, eu botei e depois ele pediu para tirar”, relatou Werneck. Diante da insistência dos colegas de debate e da plateia, ele revelou que o colega era o hoje advogado Miguel Reale Jr.

  24. Ainda a UDN

    Concordo com a tese de Alencastro. Comentei aqui ontem sobre a ausência de, um único, presidente na cerimônia de chegada dos restos mortais de Jango a Brasília. Fernando Henrique Cardoso, que foi convidado para o evento, alegou problemas de saúde para não comparecer.

    Sem colocar em dúvida sua justificativa, me pergunto, não seria natural que mandasse um representante? Emitisse um comunicado? Afinal, sua recuperação não o impediu de escrever crônicas para o Estado. Tivemos, em lugar do comunicado,  apenas uma alegação semelhante a usada para explicar sua ausência ao Congresso quando dos festejos da Constituinte. No mínimo intrigante para quem  diz que cortou diverticulite ‘pela raiz’ em sua página do Facebook (se referindo a doença sofrida).

    Alguns aqui já fizeram o cotejo dos dias em que vivemos com a época do golpe a Jango. Muitos fatos são diversos, mas há um item fundamental que persiste: Uma parte da classe política, que já usufruiu e usufrui ainda do poder, parece sempre menos empenhada com a democracia diante da possibilidade de ver este poder fugir, por completo, de suas mãos. Eleição boa, parece ser só aquela que se ganha…

    A não participação de FHC e de seu partido num ato, visivelmente de desagravo, é indicativa de quão democrata e republicano o partido é de fato. Qualquer semelhança com a velha UDN, não é mera coincidência.

  25. Texto muto bom

    O texto é muito bom. Só faltou, na minha humilde opinião, falar sobre questões como a opção de parcela do empresariado optar por um projeto de “desenvolvimento” associado ao capital externo, sobre a operação Brother Sam, o IPES, etc, ou seja, analisar a participação dos EUA no golpe aqui e nos outros países da América Latina, os quais também passavam por um processo crescente de saída da zona de influência dos Estados Unidos, o que ocorre também agora. 

  26. Queda de Jango

    Pelo que entendi na matéria, os Estados Unidos (CIA) nada teve a haver com o golpe de 31 de março de 1964. O curioso é que naqueles tempos os golpes militares pululavam na America Latina, não se tinha democracia praticamente em nenhum país da América do Sul. Será que o problema era aqui mesmo? Não seria um processo engendrado pelos americanos para evitar a ascenção do Comunismo, via União Soviética? Afinal se caçavam comunistas em  não udenistas, pessedistas, progressistas… enfim, a preocupação estava com o partido internacional.

  27. GOLPE E CONTRA-GOLPE.

    Creio, que a deposição de JANGO, em 1964, foi uma página de incerteza ao nosso país, nem os militares sabiam dos rumos que tal feito levaria, com o ” ACIDENTE AÉREO”, que vitimou o general presidente que queria eleições para presidente imediatas, a linha DURA das forças armadas ficou no poder até a DEPOSIÇÃO do GENERAL FROTA pelo GEISEL, cuja permanencia na presidencia, estava ameaçada por seu ministro do exercito, ora, citado, havia uma articulação interna no exercito, para a DEPOSIÇÃO de GEISEL, e, o mesmo com a ajuda do FIGUEIREDO E DO ORLANDO(IRMÃO DO PRESIDENTE), reuniram na madrugada da saída de FROTA, comandantes militares, e com o apoio de todos FROTA CAIU, algum tempo depois, assumiu FIGUEIREDO, que só tinha 12 ministérios e estava com seus dias contados, por decisão unânime das forças armadas a ser o último general no poder.Devemos dar a turma do geisel, muitos créditos, agora eu pergunto a todos, ALGUM PRESIDENTE MILITAR É MILIONÁRIO, OU DEIXOU SUA FAMILIA MILIONÁRIA?, já os civis é tudo vergonhosoinfelizmente desde ARTHUR BERNARDES que ao deixar o Palácio do Catete, teve a polícia que ir a sua casa e retirar toda a louça que a EX Primeira dama os levou, até os dias de hoje temos muitas surpresas com nossos políticos, pena, mas o que me deixa orgulhoso, é que nosso país e maior que isto tudo.

  28. documentario do Jango

    Bom documentario, para se conhecer um passado não tão distante, como disse um filosofo

    aqueles que não conhecem a historia estão condenados a repeti-la, para essa geração atual

    que praticamente desconhece a historia recente do País.

  29. documentario do Jango

    Bom documentario, para se conhecer um passado não tão distante, como disse um filosofo

    aqueles que não conhecem a historia estão condenados a repeti-la, para essa geração atual

    que praticamente desconhece a historia recente do País.

  30. A interpretação de Alencastro

    Ainda que inusual, a interpretação de Luis Felipe de Alencastro para as razões da queda de Jango (o medo da eleição de JK), para mim, não chega a ser novidade. Aliás, suspeito que haja uma memória discursiva por trás dela, que percorreu caminhos acadêmicos que passam pela França.

    Meu antigo professor Antonio Carlos Peixoto, morto há um ano e meio (http://www.psb40.org.br/not_det.asp?det=2033), e que havia sido professor em Paris à época em que Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso também se ocupavam de atividades docentes por lá, costumava desfiar longamente a mesma interpretação em suas aulas.

  31. JK e o golpe

    Nassif, você só esquecer de dizer uma coisa: JK apoiou o golpe, inclusive articulou o apoio do seu partido (PSD) à eleição indireta de Castello Branco dias depois.

  32. E os EUA?

     

    Colegas jornalistas, diplomados ou não.

    É que os supostos leitores, escrevem aqui com tanta qualidade e as vezes profunididde, que se parecem jornalistas formadores de opiniões ou críticos. Há até “desinformadores”… com qualidade também.

    As vezes, vossos comentários completam o texto principal deixando-o rico. As vezes combatem o texto e o deixam vazio.

    Creio que isto atende o que planejou o visionário Nassif quando da idealização deste espaço digital .

    Vamos ao texto principal.

    Para mim, o texto em análise teria sentido caso eu nunca tivesse visto o documentário “O dia que durou 21 anos”.

    Aquilo ali não é um documentário qualquer, onde o autor pode manobrar dados e situações e levar a audiência ao engano. Ali estão narradas em formas de vídeos, audios, entrevistas e documentos,  o dia à dia do golpe. Não deixam espaços para dúvidas.

    Todas as teses de que militares planejaram o golpe, de que JK tinha interesses, de que a empresários queriam derrubar Jango, de que a cúpula do catolicismo também, de que foi um contra-golpe, etc, ficam vazias após assitir este vídeo.

    Hoje estou convicto de que os EUA planejaram, financiaram, promoveram e por fim derrubaram o presidente João Goulart. Através da CIA e outros serviços eles promoveram o caos, financiando a direita, os conservadores. Quanto a esquerda radical e os sindicalistas,  eles não precisaram financiar, pois estes em nome de seus interesses ideológicos e trabalhistas, tumultuam, fazem pressão, boicotam, exatamente no momento em que um presidente que mais defende eles, está em apuros, tomando pau de tudo que é lado.

    Os EUA escolheram o Castelo Branco. Eles empossaram os militares e continuaram a mandar no Brasil nos anos seguintes. Até hoje a influência deles é forte. E se Lula e Dilma quiserem falar grosso com eles…caem também. As vezes pegamos uma Dilma reclamando em discurso da ONU sobre a espionagem deles, mas isto está dentro do que eles permitem que as nações falem. Não pode passar disto.

    E os militares, e os políticos?

    Foram apenas os meios pelo qual os EUA deram o golpe. A massa de manobra.

    Qual é mais fácil acreditar? É mais fácil acreditar que quase todas as democracias sul americanas estavam fracassadas a partir da década de 60 e que os militares destas nações,  de repente se sentiram com desejos de salvar e governar suas respectivas nações ou é mais fácil acreditar que uma força maior estrangeira planejou a troca dos governos civis pelos militares, tão somente porque através destes,  teriam 100% destas nações sob sua tutela,  para não correr riscos durante Guerra Fria?

    Entendo hoje que até houve um fator interno…mas foi menor.

    Mas, posso mudar de opinião.

    Assistam:

    http://www.youtube.com/watch?v=3lo7cNsc23A

     

  33. Verdade exumada

       A matéria “Verdade exumada” da revista Carta Capital de 06/11/2013 lança um facho de luz sobre o golpe de 64. O pesquisador Luz Antonio Dias estudou os arquivos de pesquisas do IBOPE daquela época. Estes registros só foram liberados para o público em 2003, ou seja, foram praticamente 40 anos em que se construiu a imagem de um Jango titubeante. Quando esta imagem é confrontada com os dados históricos revelados, verifica-se que o apoio da população ao presidente João Goulart era muito grande e ameaçava até mesmo JK num possível pleito em 1965.

      As pesquisas do IBOPE no período mostram que Juscelino tinha 35,6% de intenção de voto no Rio de Janeiro e 31,8% em São Paulo. No entanto, quando se apresentava ao eleitor a hipótese de João Goulart ser candidato à Presidência, 51% dos eleitores do Rio e 40% dos paulistanos afirmavam que votariam nele. 

       Abaixo, um pequeno trecho da entrevista com o pesquisador (link da matéria no final):

    CC: O que revelavam essas pesquisas?

    LAD: A primeira, sem indicação de contratante, revelava amplo apoio à reforma agrária, com um índice superior a 70% em algumas capitais. A outra, realizada em São Paulo a pedido da Fecomercio na semana anterior ao golpe, apontava que 72% da população aprovava o governo Jango. Entre os mais pobres a popularidade alcançava 86%. Esse mesmo estudo revela que 55% dos paulistanos consideravam as medidas anunciadas por Goulart no Comício da Central do Brasil, em 13 de março, como de real interesse para o povo. Mas o acervo doado pelo Ibope é muito maior. Coletei mais de 500 páginas de pesquisas feitas entre 1961 e 1965 a revelar a dimensão do apoio popular a Jango e como ele tinha grandes chances de vitória caso disputasse as eleições.

    CC: Esse apoio era sólido o bastante para garantir uma vitória?

    LAD: Tenho elementos para acreditar que sim. Em junho de 1963, Jango era aprovado por 66% da população de São Paulo, desempenho superior ao do governador Adhemar de Barros (59%) e do prefeito Prestes Maia (38%). Além disso, uma pesquisa eleitoral realizada em março de 1964 revela que, caso fosse candidato no ano seguinte, Goulart teria mais da metade das intenções de voto na maioria das capitais pesquisadas. Apenas em Fortaleza e Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek tinha porcentuais maiores.

    http://www.cartacapital.com.br/revista/773/verdade-exumada-5637.html 

  34. Dois  documentários  são 

    Dois  documentários  são  fundamentais  para  entendermos  o movimento de 64 :  Jango,  de Silvio  Tendler,  e  O 21 dia que  durou  21 anos.  Neles  estão  os  relatos,  de viva voz  ou através  documentos  ,  incluindo  os dos conspiradores,  do  golpe  de  64.

       Afirmar  que  o  jk  incomodava,  que  ganharia  fácil a eleição de 65….uma  falácia.

            Lacerda,  pela  UDN,  Jk pelo  Psd  e  Jango ou Brizola  pelo  PTB..seria  a  hora  da  verdade!  Da   vitória da Democracia  no Brasil.

           Lacerda,  depois  do suicídio de Getúlio  não tinha a menor chance leitoral. Perderia até  no  Rio.

          Jk  seria  sustentado pelo PSD, o equivalente ao  PMDB de hoje, o homem da Aliança  para o Progresso,  de Brasília,  contraditório,  com franca simpatia dos norte-americanos, mas,  na  campanha  política-eleitoral seria  denunciado pelas forças progressistas  do  PTB, em  forte  ascensão, carente apenas da definição do candidato,  se Jango  ou  Brizola, para  empolgar  as massas…

          Jk,  a vaidade e ambição em pessoa,  acreditou que,  com  o  golpe,  afastados  seus verdadeiros  concorrentes,  Jango e/ou Brizola, teria apoio  dos fardados,  já que apoiara  Castelo,  após sua  indicação de Magalhães  Pinto  frustar-se,  e  após  sabotar  Lott  nae eleição  de  60,  pois  êle representaria  o domínio do  governo  pelo  PTB de Jango,  vice-presidente….ganhara a confiança  dos  gorilas…Deu-se  mal…

                Hoje,   joaquim  barbosa,  seria  o  lacerda  ou  o  jk  ? 

  35. Fatores Estruturais

    Sr. Nassif creio que há falta de fatores objetivos no texto que observa apenas fatores subjetivos, a militarização de toda America foi possível pela negociação do pós guerra, que colocou o Brasil como área de influência dos EUA e como nossa elite nunca foi corajosa, imagina em conjuntura internacional desfavorável, é que não seria mesmo. Nada que já não ocorrece em toda nossa história breve de País. 

  36. Análises muito justas e bem

    Análises muito justas e bem fundamentadas. Além da contribuição do Professor Felipe Alencastro, por quem nutro grande admiração. 

    Concordo em partes com a tese de que o golpe de 1964 foi um golpe preventivo contra a iminente vitória de JK em 1965. É verdade que a direita no país detestava JK, mas se sabia muito bem que JK não era de esquerda, longe disso, era centrista assumido, de extremo-centro mesmo. Seu governo presidencial teve inúmeras realizações, mas as reformas mais simples, “as de base” passaram em branco. Ele não era nem tão radical nem tão popular como Vargas. Quem retomou o que Vargas começou em 1951 e não pode levar a frente não foi JK, mas foi Jango. João Goulart que era efetivamente, então, uma ameaça à direita. É verdade que Jango passou a imagem de perdido. É verdade também que as reformas de base não tinham nada de revolucionárias. Mas no Brasil ser trabalhista e social-democrata já é ser revolucionário. 

    Em 1965 JK era franco favorito. Isso tirava o sono da direita nacional, é verdade. Mas o que devia assustar mesmo era a possibilidade real de entrar na disputa um candidato verdadeiramente progressista, mais à esquerda. E tínhamos então dois nomes fortes: Leonel Brizola e Miguel Arraes. Nessa altura, 1964, Brizola, então deputado federal por Guanabara, já era um mito no Rio Grande do Sul e trazia o sul do Brasil consigo por inércia. Arraes era então governador de Pernambuco, com muitas realizações e um ótimo governo, o que o tornou muito popular, não só entre os pernambucanos, mas em todo o nordeste. Dificilmente qualquer um dos dois levaria as presidenciais de 1965, mas dariam muita dor de cabeça. Dificilmente levaria, mas imagine uma chapa Brizola-Arraes em 1965? Com o aopio do governo federal, do PTB e do PCB poderiam ter chances reais. E a direita não dava sinais de caminhar unidada: Ademar de Barros. Lacerda e Jânio Quadros manifestavam, então, inflexíveis na vontade de se lançar candidatos. Além da tida como certa candidatura de JK. Em 1964 o governo Jango deu sinais claros de estar caminhando mais para a esquerda. Uma eventual chapa Brizola-Arraes com apoio do presidente Jango poderia ser muito competitiva.

    Havia a percepção geral, na elite brasileira e entre os militares também, de que JK era a solução. E Jango com sua virada para a esquerda poderia por tudo a perder. Era preciso por um ponto-final nessa situação o quanto antes. Ainda mais que se Arraes ou Brizola ou os dois se efetivassem como lideranças nacionais, o clima esquentaria mesmo. Foi nesse contexto que o JK se comportou muito mal. Não foi o pior presidente da história, longe disso, teve grandes realizações (mas que não se exagere nisso, ele não está no mesmo nível de um Vargas ou de um Lula, muito longe disso), mas foi talvez um dos piores ex-presidentes. JK poderia muito bem ter sido ativo contra o golpe cívico-militar, mas preferiu ser omisso. Muito conveniente! Todos acreditavam que os militares ficariam no governo apenas até o término do mandato constitucional de Jango e que, então, “respeitada” a Constituição, tudo voltaria a ser como antes, com uma disputa entre Lacerda e JK (JK como grande favorito), sem o medo de uma vitória mais à esquerda com Arraes ou com Brizola. JK convenientemente foi omisso diante do golpe contra o presidente da República, que havia sido seu vice, contra alguém que um dia foi seu amigo, além de ter sido omisso em um golpe contra a República em si mesma, da qual foi presidente e a qual um dia jurou defender, contra a Constituição a qual também jurou defender. Foi uma vergonha. Com isso, não acredito que ele tenha participado ativamente do golpe, apenas me parece que conveniente e covardemente ele se omitiu. Pensou mais em voltar a ser presidente em 1965 do que na República. E deu no que deu. 

    Por favor Nassif, se você ou um dos leitores vir que falei uma grande asneira, por  favor corrijam. Não sou historiador profissional e nunca tive acesso a fontes que pudessem confirmar essa minha interpretação dos fatos.

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