As reviravolta e “mal entendidos” do caso Heverton.

Será que só se o FBI investigar o ‘caso Heverton’, o Brasil saberá se houve suborno, propina no rebaixamento da Portuguesa? Um ano e meio depois, a vergonha só aumenta…

 

Extraido do blog do jornalista Cosme Rímoli…( http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli/sera-que-so-se-o-fbi-investigar-o-caso-heverton-o-brasil-sabera-se-houve-suborno-propina-no-rebaixamento-da-portuguesa-um-ano-e-meio-depois-a-vergonha-so-aumenta-16062015/ )

 

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O FBI levou três anos. Fez investigações pelo mundo todo e conseguiu a prisão de oito membros da alta cúpula da Fifa. Entre eles José Maria Marin. O trabalho conseguiu também a renúncia do próprio presidente, Joseph Blatter.

Desde 2013, o Ministério Público de São Paulo garante que vai tirar todas as dúvidas. Se houve corrupção, se alguém recebeu propina para que, mesmo suspenso, Héverton enfrentasse o Grêmio. Sua escalação salvou primeiro o Fluminense, depois o Flamengo do rebaixamento. E colocou a Portuguesa na Segunda Divisão.

Um ano e meio se passou e nada aconteceu. A não ser boatos, declarações ‘mal entendidas’. De prática, só a constatação que o rebaixamento para a Segunda Divisão detonou o processo falimentar da Portuguesa.

Os danos não foram suficientes para deixá-la na Série B. Foram além. Está na Terceira Divisão do Brasil. E o fracasso chegou também no âmbito estadual. Caiu para a Segunda Divisão do Campeonato Paulista.

Suas dívidas passam a R$ 400 milhões. O Tribunal Regional de Trabalho de São Paulo contabiliza 139 processos trabalhistas. O deteriorado estádio do Canindé está penhorado. O clube corre o sério risco de realmente fechar suas portas.

A atual diretoria pensa em pedir auxílio financeiro para os donos de padaria…

Enquanto isso, o Ministério Público de São Paulo não cumpre a sua promessa. Muito pelo contrário. Nada está resolvido. A falta de conclusão sobre a estranha queda da Portuguesa tem vários efeitos colaterais. O primeiro é desmoralizar o futebol neste país. A credibilidade é atingida em cheio. Promotores falam muito e não chegam à conclusão alguma.

O que aconteceu agora foi algo inacreditável. O jornalista Jorge Nicola é muito ligado à Portuguesa. Apaixonado pelo clube. Lançou um livro sobre os 10 melhores jogadores que vestiram a camisa rubro-verde. Ele conhece bem os dirigentes antigos e atuais do Canindé.

Decidiu entrevistar ontem o ex-presidente Ilídio Lico sobre o rebaixamento da Portuguesa. O presidente que renunciou foi direto na resposta publicada no Diário de São Paulo.

O jornalista perguntou se o ‘Caso Héverton’ havias sido premeditado. A resposta é direta, chocante.

“Com toda a certeza, isso foi premeditado. Um senador me falou que a Unimed pagou um dinheiro muito grosso. Mas sabe como é a Justiça no Brasil. E ninguém dá recibo. De qualquer forma, tenho esperança de que um dia isso vai dar em alguma coisa.”

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Mas há o complemento. Questionado se foi a Portuguesa ou a Unimed, Ilídio não tem dúvidas.

“Segundo o…a Unimed que pagou.”

Nicola não só publicou a entrevista. Garante que a gravou.

Só diante da repercussão, o promotor Roberto Senise Lisboa decidiu convocar Ilídio Lico para depor. Ele está de férias, em Orlando, com a família. Mas mandou avisar que já pediu a gravação da entrevista. Quando voltar ao Brasil ouvirá o ex-presidente da Portuguesa. Quando voltar…

A letargia do Ministério Público é algo inaceitável. Só existe Roberto Senise para ouvir Ilídio Lico? São Paulo é o estado mais rico da América Latina. Por que essa demonstração de descaso? Desinteresse em realmente desvendar o caso? Há alguém importante travando a investigação?

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O Gaeco, Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, anunciou com holofotes que iria investigar todos os dirigentes da Portuguesa, do Fluminense, da Unimed. Iria cruzar os dados telefônicos, bancários. E até agora, nada. Ninguém sabe se nada foi encontrado. Nem mesmo se as investigações realmente aconteceram.

Na Portuguesa, há inúmeros conselheiros que questionam a participação do ex-presidente Manuel da Lupa e do ex-vice jurídico, Orlando Cordeiro de Barros. E o próprio Ilídio. Mas sem investigação séria, a fundo, tudo fica leviano.

Depois que as suas declarações repercutiram, Ilídio falou à Fox Sports. E disse que tudo não passou de um ‘mal entendido’. O jornalista se confundiu. Errou ao transcrever a conversa.

“Eu estava no trânsito. Eu não falei que o senador falou. Ele não afirmou que foi a Unimed. Ele falou que tem o potencial para pagar. Mas não falou que era a Unimed. O senador não falou quem pagou. Disse que os interessados no rebaixamento da Portuguesa eram Fluminense e Unimed. Só isso. Se o Nicola não entendeu e fez confusão… Não vou falar quem é o senador.”

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Nicola garante que tem toda a conversa gravada. E vai entregá-la ao Ministério Público de São Paulo. Basta que alguém tenha a disposição de pedir.

O Fluminense e a Unimed ameaçam processar Ilídio Lico. Precavido, o ex-presidente garante que foi ‘mal entendido’.

O resumo da situação. Não cabe a Ilídio, Manuel da Lupa, Héverton, direção do Fluminense, do Flamengo, da Unimed resolver. E sim às autoridades brasileiras acabarem com esta pouca vergonha.

Houve ou não houve suborno de alguém para que Héverton suspenso entrasse em campo?

Alguém se vendeu para que o técnico Guto Ferreira o escalasse?

O Gaeco tem na sua história a solução de casos importantes na história deste país, de São Paulo. Máfia dos Fiscais, denúncias contra o ex-prefeito Celso Pitta, Primeiro Comando da Capital, Máfia da Cracolândia, Máfia da CNH são alguns exemplos.

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Por que não consegue chegar a fundo essa investigação?

O que impede o Gaeco de garantir que houve ou não suborno no rebaixamento da Portuguesa?

Por que Ilidio Lico esconde, não revela o nome do senador da República que teria implicado o Fluminense e a Unimed no caso? Por que as autoridades não o obrigam a falar?

As sujeiras no futebol brasileiro parecem que são jogadas embaixo do tapete. A Polícia Federal instaurou 13 processos contra o ex-presidente Ricardo Teixeira. Nenhum foi suficiente para provar nada contra o dirigente.

A Policia Federal nem imaginava que José Maria Marin recebia propina para garantir a Copa do Brasil à Traffic. Foi necessário o FBI cruzar os dados do ex-presidente da CBF e prendê-lo?

Será que o suspeito rebaixamento da Portuguesa, que pode custar a sua sobrevivência, parece que nunca terá uma conclusão? A dúvida permanecerá para sempre? Ou será necessária a presença do FBI, do Departamento de Justiça Norte-Americano no Brasil?

A situação é vergonhosa, vexatória.

Mas pelo menos fica a torcida.

Tomara que o promotor Roberto Senise esteja se divertindo em Orlando.

 

Redação

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