Banco estrangeiro: amigo ruim das horas ruins

Valor publicou ontem à tarde uma análise do FMI – insuspeita de radicalismos nacionalistas, portanto – sobre o comportamento dos bancos internacionais nos países emergentes, especialmente durantre a crise.
 

Nestes países, segundo o estudo, eles controlam 44% dos empréstimos, 42% dos depósitos e 44% dos lucros totais.

E representaram uma “relação insignificante” com o aumento do crédito ali.

Pior, quando a coisa apertou, a partir da crise de 2008, “eles reduziram mais seus financiamentos que os bancos domésticos”.

No Brasil, antes de FHC, os bancos privados respondiam apenas por 9,5% dos ativos totais do sistema bancário brasileiro. Este número mais que dobrou até o fim do governo FHC, quando chegaram a 20% de participação. Hoje têm aproximadamente o mesmo peso.

Sua participação no crédito, entretando, fica abaixo disso: em torno de 17%. Praticamente metade do crédito brasileiro provém das instituições públicas.

No varejo, eles chegaram comprando o Banespa (Santander, espanhol) e o Banestado (HSBC, inglês), mas há anos se retraíram. O Santander ainda não desistiu, embora não ande lá bem das pernas no setor, e o HSBC está vendendo 75% de suas agências, para se focar apenas nos centros urbanos e no segmento de alta renda.

No gráfico do post você vê que eles avançaram sobre nosso mercado na onda neoliberal, mas não acompanharam um crescimento da economia fundado na expansão do consumo popular e na democratização do crédito.

Mas é no “filé” – as grandes negociações, com fundos estrangeiros, com a emissão de títulos de emprersas brasileiras no exterior, as fusões e aquisições – que eles têm concentrado seus negócios.

E, com as dificuldades geradas pelo novo espasmo da crise e a forca em que se vêem metidas suas matrizes, não é de esperar que tenham muito fôlego para acompanhar os países que não interromperem seu crescimento.

Esta é a resposta para o título da matéria do Valor: “Para que servem os bancos estrangeiros”.

Não tem sido para trazer capital produtivo, mas para levar o lucro de operações negociais que o sistema bancário brasileiro lhes permite.

Na China – e nenhum deles foge de lá – só que pode é ter 25% do capital de instituições nacionais. Participam dos lucros, mas também do investimento, em lugar de serem agenciadores de negócios, apenas.

Por: Fernando Brito

Luis Nassif

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