Biden faz chamamento à união na posse: “Há um ataque à democracia e à verdade”

Jornal GGN – “É um dia histórico, de esperança, determinação e renovação. Hoje celebramos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa: a democracia. A vontade do povo foi ouvida e concretizada. A democracia é preciosa e frágil, mas a democracia prevaleceu.”

Foi com essas palavras que o democrata Joe Biden abriu seu discurso de posse como presidente dos Estados Unidos, na tarde desta quarta (20), encerrando a era do extremista de direita Donald Trump após uma eleição acirrada com desdobramentos dramáticos, que atraíram os olhos de todo o mundo.

Como “primeiro ato” presidencial, Biden pediu um minuto de prece silenciosa em respeito aos mais de 400 mil norte-americanos que morreram na pandemia do novo coronavírus. “Vamos honrá-los nos tornando a Nação que podemos ser”, disse Biden que, ao contrário de Trump, apareceu em público usando máscara.

Enquanto Trump se despediu da Casa Branca com um discurso marcado por auto-elogios e lamentações por ter a reeleição prejudicada “pelo vírus chinês”, Biden fez um chamamento à união.

Ele prometeu defender a Constituição e a democracia dos Estados Unidos contra inimigos externos e terroristas domésticos, citando os supremacistas brancos e apoiadores de Trump que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro.

“Unidos vamos combater a raiva, ressentimento, extremismos, ilegalidades, violência, doenças e desemprego. Juntos podemos consertar os erros, dar emprego ao povo, educação às crianças, superar esse vírus mortal, reconstruir a classe média, criar saúde para todos, seguir adiante como força e referência para o mundo”, disse Biden.

“Como cidadãos e líderes que juraram honrar a Constituição, precisamos vencer as mentiras. Eu entendo que muitos veem o futuro com medo e receio, preocupados com seus empregos. Mas a resposta não é recuar ou entrar em facções, desconfiando daqueles que são diferentes de você, que têm uma crença diferente da sua ou uma fonte de noticia diferente. Precisamos acabar com essa guerra, mostrar tolerância e estar dispostos a nos colocar no lugar do outro.”

Católico, o novo presidente dos EUA tratou a crise como um “momento de provação”. “Há um ataque à democracia e à verdade; há um vírus feroz que mostra a desigualdade social. Temos crise climática, o papel dos EUA no mundo. Qualquer um desses itens seria um desafio sozinho, mas temos todos ao mesmo tempo. Passaremos por esse momento de provação com ousadia”, afirmou.

O democrata ainda mandou uma “mensagem para além das fronteiras: os Estados Unidos passaram por um teste e saíram melhor do que antes. Vamos recuperar nossas relações com o mundo, liderar não pela força, mas pelo nosso exemplo. Seremos parceiro em prol da paz e segurança.”

“OS SONHOS NÃO SERÃO MAIS POSTERGADOS”

Biden não elencou suas metas para o início de governo, mas disse que há senso de urgência e “muito a ser reconstruído”. “Poucas pessoas em nossa história tiveram desafios maiores ou viveram momentos mais difíceis do que esses que estamos vivendo. Um vírus assolando nosso País, ceifando tantas vidas quanto os EUA perderam na Segunda Guerra Mundial. Milhões de empregos perdidos. Mas os sonhos não serão mais postergados, não mais”, prometeu.

Segundo Biden, “as forças que nos dividem são profundas e reais”, mas “história, fé e razão mostram o caminho da união”. “Não tem progresso sem união, apenas caos”. Se dirigindo aos eleitores de Trump, ele acrescentou: “Se vocês discordarem, tudo bem, é isso o que representa a democracia, o direito de discordar em paz. Mas a discórdia não precisa levar à desunião. Prometo a vocês que serei o presidente para todos os americanos.”

Biden disse acreditar que os Estados Unidos podem melhorar para as próximas gerações. Esse será o legado. E a prova de que a mudança é possível, segundo ele, é que décadas atrás, a intolerância contra negros e os direitos negados às mulheres era uma realidade imoral sustentada pela sociedade norte-americana. Mas hoje ascende à vice-presidência da República uma mulher negra, Kamala Harris.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • A verdade,como sempre,é a verdade de quem escreve a história, no caso, os vencedores.
    Os falcões do norte voam,voam e não saem da mesmice de se acharem os donos do mundo.
    Os discursos são sempre os mesmos. Enquanto isso,o dragão chinês avança e não tão silenciosamente como antes.

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